Charles e Melissa achavam que a vida pacata de Oakland era tudo o que eles sonhavam e precisavam, até conhecerem Los Angeles e finalmente conseguirem ter os sonhos mais profundos deles realizados. Agora, sentados na varanda de uma de suas padarias, observando as luzes da cidade acenderem enquanto o sol se punha, eles se permitiam um momento de gratidão. A brisa suave da noite carregava o cheiro de pão recém-saído do forno e café, um lembrete silencioso do que haviam conquistado.Ter Amy por perto novamente tornava tudo ainda mais especial. Depois de tanto tempo sentindo sua falta, eles agora tinham a filha de volta, podendo vê-la sempre que quisessem. Em alguns momentos, Melissa se pegava pensando em como era tudo quando Amy começara no mundo da música. O primeiro show, a primeira vez que voltou para casa depois de tanto tempo… até mesmo a vez que ela decidiu ir embora, largar a carreira e se redescobrir. Foram quase cinco anos de muita angústia, sem saber ao certo se voltaria para ca
O vento frio cortava as ruas silenciosas de Grímsey enquanto Einar caminhava em direção ao porto. O dia começava cedo na ilha, e ele já estava acostumado à rotina tranquila que a vida ali oferecia. Após meses turbulentos, sentia-se em paz novamente, apreciando cada detalhe do seu cotidiano.Seu trabalho como pescador e guia turístico o mantinha ocupado, e, sempre que podia, visitava sua pequena sobrinha. A menina era a alegria da família, engatinhando alegremente dentro de casa e rindo de qualquer coisa boba que o tio fizesse. Passar tempo com ela o fazia perceber como a simplicidade da vida ainda o encantava. Nos finais de tarde, quando o sol tingia o céu com tons alaranjados, ele gostava de sentar-se à beira do mar, observando as ondas quebrando contra as pedras, sentindo-se conectado com aquele lugar que sempre foi seu lar.Mas, mesmo em meio a toda essa serenidade, havia uma inquietação silenciosa dentro dele. Nos últimos dias, ele havia pensado bastante em Amy. Ele se lembrava da
O vento frio de Grimsey soprava contra a janela da casa de Einar enquanto ele se acomodava no sofá, aproveitando seu raro dia de folga. Havia uma xícara de café quente em suas mãos, e ele estava prestes a abrir um livro quando o celular vibrou sobre a mesa de centro.Amy Summers.Um sorriso se formou em seu rosto ao ver o nome dela brilhando na tela. Fazia meses desde a última vez que conversaram de verdade. Ele deslizou o dedo para atender e logo a tela iluminou-se com o rosto familiar da amiga. Amy parecia radiante, com os cabelos soltos e um moletom confortável, o fundo da chamada mostrava um sofá luxuoso, provavelmente de sua imensa e luxuosa mansão em Los Angeles.— Você ainda está vivo! — Amy brincou, rindo. — Achei que tivesse sido engolido pelo mar ou virado um eremita.— E você ainda fala rápido demais. Meu inglês está enferrujado, preciso de você para praticar. — Einar respondeu, seu sorriso se alargando.— Eu também preciso de você! — Ela suspirou. — Sinto tanta falta da ca
Amy mal teve tempo de respirar nas últimas semanas. Sua agenda estava um caos — turnês, ensaios, entrevistas, reuniões. O tempo parecia escapar por entre seus dedos, e, no meio disso tudo, ela mal conseguia ver Marcus e Sophie. Era como se sua vida tivesse se tornado um ciclo interminável de voos, palcos iluminados e noites solitárias em quartos de hotel.Naquela noite, no entanto, ela finalmente estava em casa. A mansão que dividia com Zoe e seus pais parecia mais silenciosa do que o normal. Zoe havia saído para um evento, seus pais estavam em um jantar romântico em um restaurante Michelin em Los Angeles, e Amy se jogou no sofá, exausta. O estofado macio parecia abraçá-la, mas nem mesmo o conforto da própria casa conseguia aliviar o peso da exaustão. Seus olhos vagaram pelo teto, enquanto sua mente se enchia de pensamentos sobre as últimas semanas.Seus dedos deslizaram automaticamente pelo celular, e ela abriu a conversa com Marcus. A última mensagem trocada entre eles era de dois d
— Morar juntos? — Amy repetiu, piscando algumas vezes, tentando absorver a ideia. Seu coração acelerou com a proposta repentina, e ela desviou o olhar por um instante, buscando as palavras certas. — Mas eu não queria ficar longe dos meus pais. Já passo tanto tempo fora…Marcus sorriu de leve, como se já esperasse aquela resposta. Ele entrelaçou os dedos aos dela e a puxou suavemente para mais perto, querendo que ela sentisse sua segurança.— E quem disse que você precisa ficar longe deles? — Ele ergueu a sobrancelha, seus olhos brilhando com ternura. — Eu posso comprar uma mansão no mesmo condomínio de novo. Assim, você pode me ver todos os dias e ainda estar perto deles. E quem sabe, até trazer seus pais para jantar sempre que quiser.Os olhos de Amy brilharam com a proposta. A ideia de ter o melhor dos dois mundos soava como um sonho.— Você faria isso? — A empolgação transparecia na sua voz, e ela apertou levemente as mãos dele, como se quisesse garantir que era real.— Faço qualqu
Amy arrumou a mesa com carinho, garantindo que tudo estivesse perfeito para o jantar em família. As velas estavam acesas, a comida servida e a atmosfera aconchegante. Ela passou um olhar atento sobre os detalhes, certificando-se de que cada talher estava no lugar certo e o aroma delicioso dos pratos preparados enchesse o ambiente com um calor acolhedor. Quando Marcus chegou, recebeu um sorriso radiante de Amy, que o puxou para dentro, sentindo um calor familiar em seu peito. O aroma da comida tornava tudo ainda mais especial, criando uma sensação de lar.— Estou feliz que veio. — Ela segurou a mão dele, entrelaçando seus dedos, o olhar brilhando de expectativa.— Eu não perderia isso por nada. — Ele beijou sua testa, sentindo-se em casa ao lado dela.Durante o jantar, entre risadas e conversas animadas, Amy e Marcus compartilharam a novidade de forma natural, mas não menos emocionante. Zoe e Melissa estavam envolvidas na conversa, perguntando sobre os pratos, comentando sobre o sabor
Einar nunca havia deixado sua terra natal por muito tempo. O frio cortante da Islândia sempre fora seu lar, um lugar onde ele conhecia cada estrada, cada montanha e cada cheiro do oceano. Mas agora, algo dentro dele queimava mais forte que qualquer lareira acesa em uma noite de inverno. Isabelle.Foi por ela que ele decidiu enfrentar a incerteza de um novo continente. Ele precisava vê-la novamente, precisava dizer a ela o que sentia. Com esse pensamento, embarcou na primeira parte de sua jornada: comprar roupas apropriadas e, o mais importante, tirar seu passaporte. O processo não foi tão complicado quanto ele imaginava, mas cada passo parecia um obstáculo entre ele e o momento de encontrá-la. Ainda assim, ele seguiu em frente, determinado.Com o passaporte em mãos e uma mala simples com suas novas roupas, Einar comprou a passagem para o destino que, ao mesmo tempo, o empolgava e o aterrorizava: Istambul, a cidade onde Isabelle estava. O voo parecia interminável, cada minuto uma etern
Einar segurou o telefone por alguns instantes antes de apertar o botão para ligar. Amy atendeu quase de imediato, sua voz carregando um tom de surpresa e animação ao reconhecê-lo.— Einar! Que surpresa! Como você está?— Melhor do que nunca. — Ele sorriu, trocando um olhar com Isabelle, que estava ao seu lado. — Encontrou-se com Isabelle? Me diz que sim. — Amy choramingou do outro lado. — Eu fiz o possível para encontrá-la. — Einar riu sentindo as bochechas corarem. — Nós visitamos alguns países e decidimos que é hora de ir até você. Nós estamos indo para Los Angeles e espero que tenha um espaço para mim e minha namorada.Amy riu, sentindo uma mistura de felicidade e nostalgia.— Eu vou perguntar para a minha mãe. Mas, claro, você sabe que sempre há um lugar para você aqui. — Amy disse animada. — Quando chegam?— Hum… se nenhum voo atrasar, amanhã a noite.— Certo, me avise se precisarem de algo, vou falar com minha mãe e organizar as coisas para vocês.— Obrigado Amy. — Einar disse