Era o dia do aniversário de Amy Summers. A cidade estava em polvorosa, com flashes de câmeras e jornalistas ocupando as ruas em frente ao luxuoso hotel onde aconteceria sua coletiva de imprensa. Amy estava sentada no camarim, vestindo um elegante vestido azul-celeste de alças finas que destacava sua nova imagem confiante e madura. Seu cabelo curto, que mal passava dos ombros, estava perfeitamente arrumado, e o brilho nos olhos refletia a mistura de ansiedade e determinação.Ethan entrou no camarim com um sorriso encorajador. Ele vestia um terno impecável, o semblante calmo transmitindo segurança.— Está pronta? — ele perguntou, observando-a com atenção.Amy respirou fundo, ajeitando a postura. — Acho que sim.Ethan segurou sua mão por um instante. — Você não está sozinha. Vamos enfrentar isso juntos.Ela assentiu, um sorriso grato escapando por seus lábios. — Obrigada, Ethan.A sala de conferências estava lotada. Câmeras de vídeo, microfones e celulares apontavam na direção de Amy
Marcus jogou o copo de whisky vazio na mesa, o som ecoando pela sala silenciosa. Seu peito estava apertado, e ele não podia ignorar a declaração de Amy na coletiva. Ela ainda o amava. Aquelas palavras ecoavam em sua mente como uma música que ele não conseguia parar de ouvir. Sem pensar muito, levantou-se, pegou o moletom jogado no sofá e calçou um par de tênis. O habitual terno impecável ficou de lado. Hoje, ele era apenas um homem desesperado.Com as chaves na mão, ele saiu de casa em passos rápidos, ligando o carro com uma urgência incomum. Enquanto dirigia pelas ruas iluminadas, sua mente corria ainda mais rápido. O hotel onde Amy estava parecia estar a um mundo de distância, mas ele não podia se atrasar. Não agora.No hotel, Amy terminava de assinar os últimos álbuns e fotos para os fãs que ainda aguardavam por ela. Seu sorriso era gentil, mas havia algo distante em seus olhos. As palavras que confessara sobre Marcus ainda pairavam em sua mente. Ela não esperava que as coisas foss
Amy sentou-se na beira da cama, o olhar perdido nas memórias que fluíam como um rio turbulento. Marcus ficou em pé, a poucos passos dela, os ombros tensos e os olhos fixos no rosto dela, como se cada palavra fosse uma ponte que ele temia atravessar, mas sabia que precisava.Marcus conseguia ouvir as batidas do seu coração pulsando como o tambor de uma guerra invisível, ecoando em seu peito com urgência. Não conseguia ler a expressão de Amy como antes e isso o deixava ansioso, eram quase cinco anos de diferença da doce menina de vinte anos.— Desculpe, — Amy começou, a voz baixa, quase um sussurro. Ela ergueu os olhos para ele, as lágrimas ameaçando cair. — Por ter sumido. Por não ter enfrentado tudo isso antes. Eu estava... com medo, Marcus.Ele franziu o cenho, prestes a interrompê-la, mas ela ergueu uma mão, pedindo silêncio.— Medo de não ser autêntica. De não saber quem eu era. — Ela respirou fundo, tentando organizar os pensamentos. — Minhas músicas não eram minhas. Elas eram do
Marcus suspirou, passando a mão pelos cabelos bagunçados enquanto sentava na beira da cama. Seus olhos ganharam um brilho suave, misto de saudade e ternura.— Sophie sentiu muita falta de você, Amy. Ela falava de você quase todos os dias... até tentou me convencer a te procurar várias vezes. — Ele soltou uma risada fraca. — Agora que está prestes a fazer dez anos, ela já entende melhor tudo o que aconteceu. Desde a morte de Rose, até a sua repentina mudança de país.Amy sentiu um aperto no peito. Pensar em Sophie, doce e esperta, partia seu coração. Ela sabia o quanto a menina tinha se apegado a ela e como a ausência repentina poderia ter sido confusa.— Eu... sinto muito por ter desaparecido daquele jeito — disse Amy, a voz embargada. — Nunca quis machucar Sophie. Ela é uma garota incrível. Não merecia ter passado por essa turbulência com a gente.Marcus assentiu, a compreensão estampada em seu rosto.— Você foi importante para ela, e sempre será, se quiser.Amy respirou fundo, busca
A cantora pop ainda se sentia tomada por uma mistura de emoções após o reencontro com Marcus. Voltando para a mansão que dividia com seus pais e Zoe, ela foi recebida pela familiar tranquilidade daquele lugar que sempre parecia envolvê-la com um manto de segurança. Era tarde, mas o silêncio confortável da casa a acolhia, como se entendesse que ela precisava de um momento para respirar e assimilar tudo o que havia acontecido.Amy acordou com os primeiros raios de sol atravessando as cortinas finas do quarto. Ela se espreguiçou devagar, envolta da tranquilidade do amanhecer. Hoje era o dia do aniversário de Sophie, a quem ainda não tinha visto desde que chegara.Era o dia de passar um tempo significativo com a garotinha que não via a tanto tempo, embora ansiosa, sabia que esse momento era essencial para reconstruir o laço que havia sido interrompido pelos anos de ausência.O cheiro reconfortante de café fresco se espalhava pela casa. Após se vestir com algo simples — jeans confortável e
Dois dias após o aniversário de Sophie, a vida parecia retomar seu ritmo normal, mas ainda havia uma atmosfera de expectativa no ar. Quando o celular de Amy vibrou com uma ligação de Marcus, ela sorriu involuntariamente. Desde que tinham se reencontrado, havia uma tensão latente entre eles, algo não resolvido que pairava como uma promessa.— Quer jantar comigo hoje? — Marcus perguntou sem nem mesmo dar oi para Amy.— Oi para você também. — Amy riu quando Marcus murmurou um pedido de desculpas. — Claro. Algum motivo especial?— Sophie está na casa dos meus pais. Minha mãe e ela estão decidindo os últimos detalhes do vestido para a festa do fim de semana. Achei que seria uma boa oportunidade para termos uma noite tranquila.— Tudo bem, vou me trocar e vou até aí.A ligação terminou rapidamente e então a cantora correu para se trocar, não queria parecer desesperada com aquele jantar, mas não queria dar a impressão que fazia pouco caso de Marcus.Quando chegou à casa de Marcus, Amy foi re
Amy olhava para as nuvens através da janela minúscula do avião e se perguntava o que exatamente estava fazendo de sua vida. Era estranho pensar que dois anos atrás tinha ido para Los Angeles apenas com uma bolsa de roupa, o violão de seu pai e uma promessa feita para si mesma.A garota havia saído de Oakland assim que fez 18 anos, sendo incentivada por seu padrasto e sua mãe. Foram longos meses treinando antes de finalmente colocar os pés em um palco, aos 19 anos. Ainda se lembrava da sensação de entrar em um palco para fazer a abertura do show de outra cantora que já estava no ramo há mais de 10 anos.Ser ovacionada após cantar uma música antiga dessa mesma cantora, seu coração saltava como se tivesse levado um susto. Seus pelos se arrepiaram e ela finalmente percebeu que ser cantora era algo que a deixava animada.Mas meses após lançar sua carreira, Amy se perguntava se ela gostava realmente de ser cantora, ou se aquilo era só fruto de uma promessa feita para seu pai.Após a morte d
Amy soltou uma risada nasalada lembrando-se da tarde de piquenique. De fato, boa parte de suas músicas eram as escritas por seu pai, e todas elas eram aclamadas e extremamente sentimentais. Posts em redes sociais elogiavam aquelas músicas e até mesmo eram usadas nas biografias de alguns perfis de fãs.A cantora saiu brevemente de seu devaneio ao ouvir o homem ao seu lado bufar. Ela olhou de canto de olho e o viu encarar o computador de forma irritada. O homem sentindo-se observado olhou para Amy, seus olhos se encontraram por um instante e a cantora se viu perdida no verde dos olhos alheio. Ela tinha a sensação de já o ter visto em algum lugar, mas não sabia ao certo onde.Quando ele franziu o cenho, Amy pigarreou e desviou o olhar sentindo-se envergonhada por encará-lo, mas logo esqueceu-se da situação e voltou a olhar para a janela.A cantora olhou para o celular e viu a data, novamente outra lembrança tomou conta de sua mente, uma das últimas lembranças felizes que tinha tido com