O sol refletia suavemente nas paisagens brancas de Grímsey, uma pequena ilha isolada que agora era o refúgio de Amy. Aos 24 anos, ela havia se tornado uma mulher diferente. Sua vida antes repleta de holofotes, grandes shows e turnês mundiais, agora era marcada pela serenidade e pelo som do vento cortando as montanhas geladas.Amy caminhava pela trilha que levava à casa do seu mais novo amigo e confidente, que ficava próxima ao mar. O aroma fresco de pinho e sal invadia seus pulmões enquanto ela sentia o casaco grosso proteger sua pele do frio cortante. Era difícil acreditar que já haviam se passado quatro anos desde que decidira largar tudo para se reencontrar.Ao longe, ela avistou Einar empilhando lenha perto da casa. Ele levantou o olhar e, ao vê-la, abriu um largo sorriso, o tipo de sorriso que aquecia até os dias mais frios. Einar, com seus cabelos loiros bagunçados e barba curta, agora falava inglês com uma fluência impressionante, e Amy, por sua vez, dominava o islandês com mae
Já dentro da casa, o cheiro de chocolate quente invadiu o ambiente aconchegante. A lareira crepitava suavemente, aquecendo o ar gelado que ainda escapava das frestas das janelas. Amy segurava a caneca quente entre as mãos, soprando levemente a superfície para esfriar a bebida. Einar se sentou ao seu lado, suspirando fundo, e olhou para o horizonte além da janela.— Em breve você fará 25 anos — comentou Einar, virando-se para ela com um sorriso discreto. — Já faz um tempo que você está aqui.Amy ergueu as sobrancelhas, surpresa com o lembrete. — Nem me fale. Parece que foi ontem que eu estava tropeçando na frente do mercado pela primeira vez. — Amy riu lembrando da primeira vez que viu Einar. — E pensar que anos depois, continuo escorregando.Einar deu uma risada baixa, assentindo. — Mas agora você anda como se fizesse parte deste lugar. Quase uma islandesa de verdade. — Einar sorriu ladino. — Apesar dos escorregões ainda frequentes.Os dois riram juntos, mas a alegria deu lugar a um
O shopping estava movimentado, o som de risadas, conversas e o tilintar de sacolas se misturava ao fundo enquanto Sophie e Marcus caminhavam lado a lado cercados por três seguranças. Ela segurava a mão dele com firmeza, olhando ao redor como se procurasse algo, mas o verdadeiro motivo de sua inquietação não estava à vista.— Está tudo bem, minha estrela? — Marcus perguntou preocupado com o devaneio da filha.— Huh? — Sophie piscou sem olhar diretamente para alguma coisa. — Está sim, papai. Estou pensando no que podemos fazer.— Quer ver alguma coisa específica, Sophie? — Marcus perguntou, observando a filha com atenção.— Hm... talvez alguns vestidos? — Ela respondeu rápido demais, os olhos castanhos evitando o olhar dele.Marcus ergueu uma sobrancelha, desconfiado, mas não questionou. Ele sabia que Sophie era transparente demais para conseguir esconder qualquer coisa por muito tempo.— Tudo bem. Vamos para a loja de vestidos, então. — Ele apertou levemente a mão dela, guiando-a para
Os meses passaram, e finalmente Amy decidiu voltar para Los Angeles. Ela não avisou ninguém de sua chegada, planejando fazer uma surpresa para todos. Quando o táxi parou em frente à mansão que um dia foi seu lar, Amy desceu com uma mala de rodinhas e uma mochila nos ombros. O ar quente de Los Angeles a envolveu, trazendo um misto de nostalgia e excitação. Seu coração batia acelerado enquanto ela subia os degraus da entrada. Com uma inspiração profunda, apertou a campainha.O som ecoou dentro da casa e, por um momento, tudo ficou em silêncio. Amy olhou para a porta com expectativa, seu peito apertado pela ansiedade. Passaram-se alguns segundos antes que o som de passos apressados se aproximasse do outro lado. A porta se abriu, revelando Ethan com os cabelos bagunçados e o rosto sonolento. Ele piscou algumas vezes, claramente tentando processar o que via diante de si.— Amy? — Ele disse, ainda pasmo, como se estivesse diante de uma miragem. Os olhos dele se arregalaram de incredulidad
Amy fechou a porta do quarto com um suspiro profundo. Era o mesmo quarto que havia deixado anos atrás, mas parecia ao mesmo tempo familiar e estranho, como se fosse um retrato desbotado de outra vida. O espaço estava impregnado com resquícios de sua antiga identidade: prateleiras repletas de troféus, cadernos de anotações musicais, vestidos que usara em turnês, e fotografias que contavam uma história de sucesso e sacrifício. Cada canto daquele quarto parecia sussurrar fragmentos de memórias que ela não sabia se queria relembrar ou esquecer.Sentou-se na cama, deslizando os dedos pela colcha macia. Olhou para a parede oposta, onde ainda estava pendurado um enorme pôster da "Aurora" em uma de suas primeiras turnês mundiais. A imagem a encarava com um sorriso confiante e um olhar que agora lhe parecia distante. Amy Summers havia se tornado Aurora muito jovem, e na época, tudo parecia glamoroso e excitante. Mas agora, ela via outra coisa. Via a pressão, a dor e os anos de um peso insusten
Após a breve conversa com Zoe, a atriz saiu do quarto avisando que tomaria café e sugerindo que Amy fizesse o mesmo. Amy suspirou, tomou um gole de café na xícara que segurava, e então suspirou, esboçando um sorriso antes de seguir em direção à cozinha.— Bom dia, família! — saudou animadamente, colocando a xícara na bancada e abraçando sua mãe pelas costas.— Como você está? Escutamos o barulho vindo do seu quarto. Zoe comentou que você estava tirando coisas da parede. — Melissa afastou-se levemente do abraço para olhar a filha, dando-lhe um beijo carinhoso na bochecha.— Quero mudar o meu quarto, tirar a identidade visual da Aurora e deixá-lo mais com a minha cara. — Amy riu ao se sentar à mesa, enquanto Charles colocava um prato com panquecas à sua frente. — Obrigada, pai.Charles respondeu com um sorriso e um beijo no topo da cabeça dela antes de voltar a servir mais panquecas para Ethan e Zoe, que já estavam à mesa.— Podia ter deixado isso para a tarde — comentou ele, colocando
No jardim amplo e bem cuidado da mansão, a brisa fresca da noite acariciava suavemente os rostos de Amy e Ethan enquanto os dois caminhavam lado a lado. A luz da lua filtrava-se pelas folhas das árvores, lançando sombras delicadas no chão de pedra. Amy segurava uma caneca de chá, apreciando a sensação de estar em casa.— Você tem se sentido bem desde que voltou? — Ethan quebrou o silêncio, os olhos atentos observando o rosto de Amy enquanto ela parava para admirar as flores recém-plantadas.Amy assentiu, um pequeno sorriso nos lábios. — Sim, acho que sim. Estar aqui me dá uma sensação de conforto. É bom estar com minha família, mas, ao mesmo tempo, sinto que ainda estou me adaptando a tudo. Ainda sou... diferente de quem eu era antes.Ethan, sempre paciente, inclinou levemente a cabeça. — É compreensível. Você passou por muitas mudanças. E agora, voltar para um lugar tão familiar pode ser um desafio. Mas você parece mais forte, Amy. É visível o quanto a doce e frágil menina se torno
Marcus estava sozinho em seu quarto. A escuridão se fazia presente, interrompida apenas pela luz suave de um abajur no canto, que projetava sombras longas e inquietas pelas paredes. Ele se encontrava encostado na poltrona de couro próxima à janela aberta, sentindo a brisa fresca da noite em sua pele. Vestia apenas uma bermuda cinza, os pés descalços apoiados no chão frio. Na mão, um copo de whisky, o líquido âmbar refletindo a luz fraca.Ele inclinou a cabeça para trás, fechando os olhos por um instante. As imagens de Amy surgiram em sua mente como uma avalanche, impossível de conter. Seu coração ainda pulsava mais rápido do que o normal desde o momento em que a vira na cafeteria. A sensação de vê-la ali, tão próxima, após anos de ausência, o desestabilizara completamente.“Ela voltou… e nunca mais vai embora”, ele repetiu para si mesmo, as palavras de Amy ecoando em sua mente. Uma fagulha de esperança parecia querer se acender dentro dele, mas ele a apagava rapidamente, recusando-se