Amy estava deitada na cama do seu pequeno quarto alugado, segurando o telefone enquanto ouvia a voz suave de sua mãe. O frio lá fora contrastava com o calor que sentia ao ouvir Melissa do outro lado da linha. Ela tomou um fôlego profundo antes de iniciar a conversa.— Mãe, acho que... encontrei algo que talvez dê um propósito para a minha vida — disse Amy, com uma mistura de animação e incerteza.Do outro lado, Melissa fez uma pausa, como se estivesse tentando entender o que aquilo significava. — E o que é, querida? Conte-me tudo.Amy sorriu ao lembrar do dia anterior. — Ontem eu tive um pequeno acidente. Escorreguei no gelo enquanto fazia compras no mercadinho, e um jovem islandês chamado Einar veio me ajudar. Ele estava com um inglês bem enferrujado e usou um aplicativo para me sugerir trocar as botas escorregadias — ela riu, recordando o momento. — Foi um encontro engraçado e, ao mesmo tempo, tão genuíno.Melissa riu junto com a filha. — E o que houve depois?— Ele se ofereceu pa
As manhãs em Grímsey eram silenciosas, banhadas pela luz pálida do sol de inverno. Amy começava cada dia em sua pequena hospedagem, envolta em camadas de roupas quentes, com uma caneca de chá nas mãos enquanto esperava pela chegada de Einar. Ele aparecia pontualmente, batendo levemente à porta com um sorriso tímido, uma pasta repleta de papéis e um dicionário islandês debaixo do braço. — Góðan daginn, Amy — cumprimentava ele, com um entusiasmo que sempre arrancava risadas dela. — Bom dia, Einar! — ela respondia, tentando imitar a pronúncia. Ele apenas ria e corrigia pacientemente. A pequena pousada onde Amy morava se transformava em uma sala de aula improvisada. Einar ensinava com paciência, apontando palavras e frases simples, repetindo até que Amy se sentisse confortável. — Ég er Amy Summers. Ég kenni tónlist. — Eu sou Amy Summers. Eu ensino música — repetia ela, lentamente. Einar sorria, encorajando-a. — Excelente! Mas tente isso: Ég er ekki Aurora, ég er bara Amy.Amy
Zoe nunca imaginou que viver um romance seria tão... público. Desde que assumira seu relacionamento com Ethan, os holofotes estavam mais brilhantes do que nunca. As manchetes pipocavam em todos os sites e revistas de fofoca: “Zoe Smith está namorando o gerente da melhor amiga! Veja detalhes do casal improvável que conquistou Hollywood”“Atriz é vista com namorado em clima descontraído: casamento à vista?”“Zoe Smith está grávida? Entenda por que ela decidiu assumir o relacionamento agora.”As especulações iam desde o fato de Ethan ser “fora do padrão” para Zoe — um gerente dedicado, mas sem o encanto da indústria cinematográfica — até teorias absurdas sobre como Zoe teria decidido namorá-lo para escapar dos paparazzi. Havia até fotos antigas, tiradas antes de eles se tornarem um casal, mostrando encontros casuais que, na época, não pareciam suspeitos. “Amigos ou algo mais?” era o que as manchetes questionavam agora, com a vantagem do retrospecto. No entanto, nada disso parecia a
Marcus definhou por um bom tempo após o término com Amy, ele não sabia para onde ir, o que deveria fazer, ou como deveria fazer, a única certeza que ele tinha era que havia uma pessoa que dependia dele, que precisava que ele lutasse contra todo aquele sentimento e que se recuperasse.Sophie voltara a ser fechada quando Marcus entrou no loop de depressão, e ver sua pequena filha voltar a ser fechada o fez acordar para vida. Sophie precisava de um pai, precisava de alguém que desse o que ela mais queria e precisava, amor.Um dia, logo após ver sua filha chegar em casa com os olhos úmidos por conta do choro, Marcus perguntou o que havia acontecido, então Sophie simplesmente gritou a plenos pulmões que era culpa dele, que sempre era.Tinha sido um dia de pais e filhos na escola, e ela era a única criança sozinha, a única que o pai sequer se importava se ela estava bem ou não. Sophie chorou, chorou como se aquilo doesse mais do que um enorme corte, chorou como se seu coração tivesse sido q
O sol refletia suavemente nas paisagens brancas de Grímsey, uma pequena ilha isolada que agora era o refúgio de Amy. Aos 24 anos, ela havia se tornado uma mulher diferente. Sua vida antes repleta de holofotes, grandes shows e turnês mundiais, agora era marcada pela serenidade e pelo som do vento cortando as montanhas geladas.Amy caminhava pela trilha que levava à casa do seu mais novo amigo e confidente, que ficava próxima ao mar. O aroma fresco de pinho e sal invadia seus pulmões enquanto ela sentia o casaco grosso proteger sua pele do frio cortante. Era difícil acreditar que já haviam se passado quatro anos desde que decidira largar tudo para se reencontrar.Ao longe, ela avistou Einar empilhando lenha perto da casa. Ele levantou o olhar e, ao vê-la, abriu um largo sorriso, o tipo de sorriso que aquecia até os dias mais frios. Einar, com seus cabelos loiros bagunçados e barba curta, agora falava inglês com uma fluência impressionante, e Amy, por sua vez, dominava o islandês com mae
Já dentro da casa, o cheiro de chocolate quente invadiu o ambiente aconchegante. A lareira crepitava suavemente, aquecendo o ar gelado que ainda escapava das frestas das janelas. Amy segurava a caneca quente entre as mãos, soprando levemente a superfície para esfriar a bebida. Einar se sentou ao seu lado, suspirando fundo, e olhou para o horizonte além da janela.— Em breve você fará 25 anos — comentou Einar, virando-se para ela com um sorriso discreto. — Já faz um tempo que você está aqui.Amy ergueu as sobrancelhas, surpresa com o lembrete. — Nem me fale. Parece que foi ontem que eu estava tropeçando na frente do mercado pela primeira vez. — Amy riu lembrando da primeira vez que viu Einar. — E pensar que anos depois, continuo escorregando.Einar deu uma risada baixa, assentindo. — Mas agora você anda como se fizesse parte deste lugar. Quase uma islandesa de verdade. — Einar sorriu ladino. — Apesar dos escorregões ainda frequentes.Os dois riram juntos, mas a alegria deu lugar a um
Amy olhava para as nuvens através da janela minúscula do avião e se perguntava o que exatamente estava fazendo de sua vida. Era estranho pensar que dois anos atrás tinha ido para Los Angeles apenas com uma bolsa de roupa, o violão de seu pai e uma promessa feita para si mesma.A garota havia saído de Oakland assim que fez 18 anos, sendo incentivada por seu padrasto e sua mãe. Foram longos meses treinando antes de finalmente colocar os pés em um palco, aos 19 anos. Ainda se lembrava da sensação de entrar em um palco para fazer a abertura do show de outra cantora que já estava no ramo há mais de 10 anos.Ser ovacionada após cantar uma música antiga dessa mesma cantora, seu coração saltava como se tivesse levado um susto. Seus pelos se arrepiaram e ela finalmente percebeu que ser cantora era algo que a deixava animada.Mas meses após lançar sua carreira, Amy se perguntava se ela gostava realmente de ser cantora, ou se aquilo era só fruto de uma promessa feita para seu pai.Após a morte d
Amy soltou uma risada nasalada lembrando-se da tarde de piquenique. De fato, boa parte de suas músicas eram as escritas por seu pai, e todas elas eram aclamadas e extremamente sentimentais. Posts em redes sociais elogiavam aquelas músicas e até mesmo eram usadas nas biografias de alguns perfis de fãs.A cantora saiu brevemente de seu devaneio ao ouvir o homem ao seu lado bufar. Ela olhou de canto de olho e o viu encarar o computador de forma irritada. O homem sentindo-se observado olhou para Amy, seus olhos se encontraram por um instante e a cantora se viu perdida no verde dos olhos alheio. Ela tinha a sensação de já o ter visto em algum lugar, mas não sabia ao certo onde.Quando ele franziu o cenho, Amy pigarreou e desviou o olhar sentindo-se envergonhada por encará-lo, mas logo esqueceu-se da situação e voltou a olhar para a janela.A cantora olhou para o celular e viu a data, novamente outra lembrança tomou conta de sua mente, uma das últimas lembranças felizes que tinha tido com