Dois anos depoisJoshuaO choro da nossa menina invadiu o quarto do hospital.— Qual será o nome dela? — perguntei enquanto a entregava a uma Paris chorosa. O médico havia me entregado essa pequena tão frágil e suja.Paris a segurou e chorou mais. Beijei sua cabeça e acariciei a cabecinha da nossa menina. Ela tinha bastante cabelo. Aposto que será tão linda quanto a mãe.— Lucile — Paris falou, fazendo meu coração errar uma batida.Eu sentia que de alguma forma minha melhor amiga voltou para nós. Só que dessa vez não a amaria como irmã, e sim como filha.Relutei um pouco quando o médico me colocou para fora para cuidar das garotas.Tinha um pequeno exército esperando na sala de espera. Os pais de Paris, os meus, Theo e Inalda que também carregava uma barriga, do segundo filho, e Sandra que se tornou grande amiga da minha mulher. O primeiro filho de Theo e Inalda estava com os avós corujas que não perdem tempo em mimá-lo.— Lucile nasceu — anunciei.Todos ficaram emocionados ao ouvir o
— O que houve? — olhei para Lucile sem saber o que fazer. Várias possibilidades terríveis vinha a minha mente.Lucile estava na minha porta. Seu olhar desesperado, seu corpo enxarcado pelo dia chuvoso e em prantos. Em todos esses anos que somos amigos nunca a vi assim.Ela me encarava. Abriu a boca para dizer algo, porém não saiu nenhum som além do choro.Reagindo, a puxei para dentro de casa e peguei uma toalha e uma manta.— Precisa se enxugar ou vai pegar um resfriado.Ela começou a se enxugar devagar, como se nem soubesse o que estava fazendo.Demorou para que começasse a falar e, quando começou, senti meu coração se partir por ela.Minha melhor amiga havia descoberto uma doença terminal.Enquanto falava, ela começou a chorar descontroladamente. E a única coisa que pude fazer foi abraçá-la, me amaldiçoando por não ter o poder de curá-la.Quando finalmente consegui que se acalmasse e contasse direito, soube que o médico disse que teria no máximo um ano.Ela ficava repetindo: Como el
JoshuaEstou cansado. Chega! Secretárias bonitas são um problema. Tudo se confunde com assédio. É a terceira que sai da empresa esse ano e ainda estamos em junho. Quando que um “bom dia” virou “quero te comer”?Estou cansado de frivolidades. Poderia simplesmente foder sem compromisso com elas, mas... Não posso. Meu nome é muito exposto no mundo dos negócios e preciso manter minha pose de marido apaixonado por minha esposa doente. É isso, mais uma vez terei que entrevistar secretárias. Já está virando rotina.Cheguei em casa, joguei minha pasta no sofá e fui direto ao gazebo, onde Lucile gostava de ficar.Ela estava em sua cadeira de rodas — o que só acontecia quando não se sentia disposta —, mexendo com as flores. Seus cabelos castanhos soltos e seu robe branco a deixam com a aparência de um anjo. Era quase uma pintura aquela bela mulher cheirando uma rosa e sorrindo brevemente. Lucile é linda.Me aproximo.— Boa noite, querida! — Beijo seu rosto. E ela me encara com seus intensos olho
Paris Barbara deixou o taco de sinuca bater sobre a mesa com força, causando um barulho que me assustou um pouco.— Merda! — reclamou chateada.Eu também estava irritada. Se não fosse os dois idiotas querendo opinar no nosso jogo, eu poderia ter ganhado, mas os imbecis conseguiram tirar minha atenção. E, pelo jeito, a de Barbara também. E as gargalhadas de Inalda não ajudam em nada. A mulher de cabelo azul conseguia se concentrar em qualquer coisa, em qualquer lugar.Olhei para Barbara e apenas dei de ombros. Já imaginava que esse era o motivo da sua ira. Aqueles malditos machos intrometidos.Antes que eu pudesse responder ao comentário que Barbara não fez, Inalda se adiantou:— Esse é o mal de ser uma aparição, Paris. Ser bonita tudo bem, mas você é ignorante de linda.Peguei minha cerveja e virei tudo. Os imbecis ainda estavam ao nosso redor. Será que eles acham que vamos transar porque mostraram interesse? Fala sério!Não retruquei a fala da minha best friend. Inalda era minha melh
Joshua— Senhor Anderson, as candidatas aguardam. — Fui avisado por Nice, funcionária do recursos humanos.A acompanhei até a sala onde ocorreria as entrevistas. Já está virando minha segunda sala depois de tantas entrevistas com secretárias. Sinto falta da senhora Martins. Tive que aposentá-la ano passado. Ela foi secretária do meu pai. Ele a cedeu para me ajudar e nunca mais a devolvi. Mas a mulher precisava descansar, mesmo sendo muito eficiente. Mais de quarenta anos na profissão. Fico feliz que esteja viajando com os bônus que recebeu tanto da minha parte quanto do meu pai, ela merece.Suspiro pensando se terei a sorte de encontrar alguém profissional dessa vez. Pedi que Nice selecionasse apenas pessoas acima de quarenta anos e sem olhar para aparência como costuma fazer.Assim que entrei, percebi que ela não levou a sério minha exigência. Todas as candidatas eram lindas e pareciam loucas para dar o golpe no CEO de rosto marcado. Era assim que algumas pessoas me chamavam. Outros m
JoshuaDepois de me despedir da ruiva, decidi não ficar mais. Sai do local e liguei para o Theo, meu melhor amigo, e chamei para beber comigo mais tarde. Primeiro eu passaria em casa para saber como Lucile está.Ao chegar em casa a encontrei dormindo.Tomei um banho rápido, lhe dei um beijo de boa noite e sai.Theo já me esperava no bar.— Pedi algo leve, já que amanhã ainda precisamos acordar cedo — ele disse depois que nos cumprimentamos.Me sentei ao seu lado no balcão do bar que costumamos frequentar.— O que é leve para você “fígado de aço”?— Uísque. Era isso ou água.— Excelente escolha — brinquei.Enquanto conversávamos, as bebidas foram servidas.— Como estão as coisas? Fiquei sabendo que contratou uma secretária nova e feia.Reviro os olhos para seu comentário e para o fato de alguém ter fofocado para ele. Esse incorrigível deve estar comendo alguma funcionária de língua solta.— Contratei uma secretária nova e menos propicia a problemas, como disse que faria. Mas ela não é f
Paris Seis da manhã, acordei e me tranquei no banheiro para um banho antes da minha entrevista. Ainda não sabia como seria a questão da aposta.Talvez as duas loucas me deixem trabalhar normalmente. Apesar de que não ligo. Vai ser divertido de qualquer forma. Eles podem descobrir a verdade, mas se preciso digo que uma fase ruim me deixou seja lá como eu deva ficar.Com esses pensamentos, sai do banheiro e encontrei as duas me esperando sentadas em suas camas com caixas e um sorrisinhos.— Achei que poderia escapar — brinquei, enxugando o rosto enquanto usava uma toalha cobrindo meu corpo.— Sem chance. — Barbara declarou.— Me desculpe, amiga, mas parece muito divertido para não fazer. — Inalda declarou abrindo uma das caixas.— Então vamos nos divertir. — Sentei na cadeira da única penteadeira em nosso quarto e elas vieram. Barbara indicava o que Inalda precisava fazer porque ela era estudante de direito, não entendia nada de maquiagem, assim como eu.Todas nós tínhamos planos para q
ParisPrimeiro dia de trabalho.Cheguei na empresa alguns minutos antes do horário, para começar a me acostumar com o lugar, conhecer.A recepcionista era uma jovem de cabelos platinados e corpo de modelo de passarela. Talvez seja preconceito por tudo que já vi e vivo, mas esperei ela me tratar mal por causa da minha aparência atual.Qual não foi minha surpresa ao ouvir:— Bom dia! Posso ajudá-la? — o sorriso em seu rosto era bastante gentil.Devolvi o sorriso.— Sou a nova secretária do senhor Anderson. Me chamo Paris.— Ah, seja bem-vinda! Me chamo Sandra. Agradeci e ela perguntou:— Já tem seu cartão de acesso e as informações sobre seu local de trabalho?— Sim. Último andar. — Isso, logo que sair do elevador verá a sala, que antecipa a do CEO, a sua. Lá também tem uma pequena cantina onde as secretárias dele preparam café, sala de impressão e tudo que necessitar para não precisar descer desesperadamente atrás de uma cafeteria ou copiadora.— Ótimo. Obrigada pela gentileza.— Que