CAPÍTULO 1

Joshua

Estou cansado. Chega! Secretárias bonitas são um problema. Tudo se confunde com assédio. É a terceira que sai da empresa esse ano e ainda estamos em junho. Quando que um “bom dia” virou “quero te comer”?

Estou cansado de frivolidades. Poderia simplesmente foder sem compromisso com elas, mas... Não posso. Meu nome é muito exposto no mundo dos negócios e preciso manter minha pose de marido apaixonado por minha esposa doente. É isso, mais uma vez terei que entrevistar secretárias. Já está virando rotina.

Cheguei em casa, joguei minha pasta no sofá e fui direto ao gazebo, onde Lucile gostava de ficar.

Ela estava em sua cadeira de rodas — o que só acontecia quando não se sentia disposta —, mexendo com as flores. Seus cabelos castanhos soltos e seu robe branco a deixam com a aparência de um anjo. Era quase uma pintura aquela bela mulher cheirando uma rosa e sorrindo brevemente. Lucile é linda.

Me aproximo.

— Boa noite, querida! — Beijo seu rosto. E ela me encara com seus intensos olhos cor de mel.

— Boa noite! — sorriu. — Parece de mal humor, outra vez.

— Desculpe, não queria trazer esse estresse para dentro de casa.

— O que aconteceu? — Ela não esqueceria o assunto. Gostava de saber e me aconselhar sobre tudo na minha vida.

Claro que algumas coisas eu não deixava ela saber. Limites. Apesar de que a curiosidade dela a fazia insistir em assuntos muitos particulares... se é que me entende.

Suspiro antes de revelar:

— Eu sorri para minha secretária e ela sentou em meu colo. — Passo as mãos nos cabelos, enquanto a danada ri da minha situação. — Era só um agradecimento. Foi só um sorriso.

Porra, agora tenho que policiar até meus sorrisos?

— Você pode só explicar a coisa toda para ela.

— Eu disse. Disse que sou um homem bem casado e que ela entendeu errado, que nunca ia rolar nada entre nós.

— E ela?

— Pareceu entender. E quando fui procurá-la para saber sobre a minha agenda do dia seguinte, ela havia sumido. Foi quando recebi uma ligação do recursos humanos dizendo que ela informou sobre a demissão. — Balancei a cabeça negando. — Custa ser profissional? Eu não pretendia demiti-la se tivesse entendido seu lugar.

— Todas querem um pedacinho do todo poderoso Joshua Anderson — brinca.

Só suspirei e ela riu.

— Vamos contar a verdade, Josh. Eu vou morrer em pouco tempo. Você não precisa mais se privar de ter uma vida amorosa nesse período. E as pessoas precisam saber o que fez por mim.

Ouvi suas palavras enquanto lembrava da minha melhor amiga chegando em minha porta em um dia chuvoso, desesperada, enxarcada e em prantos, com a pior notícia que poderia ouvir.

— Josh?! — a voz de Lucile me trouxe de volta ao presente.

Nos casamos semanas depois daquela conversa. Lucile estava linda e feliz. No dia do nosso casamento a doença ficou esquecida para que ela pudesse viver seu momento.

Só nossas famílias sabiam a verdade. Os outros apostaram em uma gravidez devido a pressa, e nós nem nos importamos em desmentir ou confirmar.

— Sim. — Me virei para ela e segurei sua mão fria. Ela devia estar muito tempo fora de casa. Aqui está frio.

— Estava no mundo da lua?

— Desculpe. Me distrai com lembranças.

— Vamos entrar. Está frio. Sinto que vou congelar.

E ainda assim saiu do aconchego de casa. Essa mulher é teimosa quando se trata das suas flores. Precisa vê-las todos os dias, como um ritual. Eu nem tento impedir. Não sou louco de deixá-la brava.

— Claro, querida. Você já jantou?

— Não. Estava esperando você.

— Desculpe o atraso — peço sincero. Ela ri. — O que foi?

— Você me pareceu um marido de verdade.

Rio também.

— Eu sou um marido de verdade. Venha, deixe essa cadeira.

Ainda sorrindo e negando com a cabeça, ela se levantou e segurou o braço que ofereci.

Era engraçado que mesmo Lucile sendo uma mulher linda, nunca despertou meu lado sexual, apenas o protetor. Realmente nos víamos como irmãos. Eu a protegeria com a minha vida. A amo como se fosse uma querida irmã. E todo dia dói saber que pode ser o último juntos.

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