Joshua— Como foi? — perguntei após meu amigo fechar a porta da minha sala.No dia seguinte ao “pedido de desculpas” de Theo, ele apareceu novamente na empresa. Dessa vez seu sorriso ao desejar bom dia a Paris foi sincero. E veio acompanhado com uma brincadeira sobre não termos dormido.— Uma lição de moral atras da outra e ela nem precisa abrir a boca pra isso. — Balançou a cabeça negando. — Cara, como fui perder essa mulher para você? Fui muito cego?— Está com raiva porque não interferi no que ela fez no restaurante? — perguntei o que queria ter perguntado ontem, mas fui interrompido por problemas no novo produto.— Não. Estou com raiva de mim. Fico imaginando detalhes que poderia ter visto. Como você descobriu?— Relaxa. Eu só descobri porque ela perdeu uma verruga falsa na minha cama.Ele sorriu safado.— Na sua cama?— É, mas naquele dia não aconteceu nada. Depois que achei, fui atrás da verdade. Não foi nada difícil descobrir.— E não me contou — resmungou.— É. Não te contei.
JoshuaOs dias passaram. E Paris e eu estávamos cada dia mais apaixonados. Conheci meus sogros e fui aprovado depois de um extenso interrogátorio.As pessoas falaram um monte de bobagens sobre nós nas redes sociais e sites de fofocas, mas nem ligávamos.Até pensei que os idiotas que perseguiam Paris fariam algo, porém eles levaram a sério as minhas ameaças e nunca mais ouvimos falar deles.Os pais de Lucile sabiam a verdade sobre o nosso casamento e vieram me procurar para reforçar que não acreditavam em nenhuma daquelas fofocas. Tivemos uma conversa onde expus tudo, inclusive o conteúdo da carta que a filha deles deixou para Paris. Eles se emocionaram e literalmente me disseram para mandar todos ao inferno e ser feliz.E foi o que fiz.Paris passava todo o tempo possível comigo. Raramente ia ao seu quarto na faculdade. Só mesmo quando a saudade da amiga apertava. O que não era muito frequente já que a amiga também estava ocupada com meu melhor amigo. Acho que podemos marcar algo em q
ParisOuço a voz de Josh avisando que chegou, mas não ouço a porta se fechar, como sempre. Ele é muito silencioso. Sempre avisa porque já me assustou algumas vezes.Ainda me lembro do nosso aniversário de um mês de namoro. A forma que falou comigo me machucou. Mas percebi que machucou muito mais a ele. Algo como aquilo nunca mais aconteceu. Acho até engraçado quando estamos discutindo e ele se controla para falar baixo enquanto grito feito louca.Talvez eu tenha me acostumado com a forma como ele resolve nossas brigas me jogando nos ombros, me levando para o quarto e reafirmando que ninguém mais seria capaz de ser todo meu e eu não seria capaz de ser de mais ninguém. Adoro quando ele me fode com força, exigindo que eu repita que sou sua.Sorrindo com essas lembranças, me olho no espelho mais algumas vezes e tento engolir a vergonha. A fantasia ficou perfeita em mim. A máscara, as orelhinhas, calcinha, sutiã e algumas tiras. Tudo muito sensual em tom preto. Ajeitei meus cabelos, pronta
Dois anos depoisJoshuaO choro da nossa menina invadiu o quarto do hospital.— Qual será o nome dela? — perguntei enquanto a entregava a uma Paris chorosa. O médico havia me entregado essa pequena tão frágil e suja.Paris a segurou e chorou mais. Beijei sua cabeça e acariciei a cabecinha da nossa menina. Ela tinha bastante cabelo. Aposto que será tão linda quanto a mãe.— Lucile — Paris falou, fazendo meu coração errar uma batida.Eu sentia que de alguma forma minha melhor amiga voltou para nós. Só que dessa vez não a amaria como irmã, e sim como filha.Relutei um pouco quando o médico me colocou para fora para cuidar das garotas.Tinha um pequeno exército esperando na sala de espera. Os pais de Paris, os meus, Theo e Inalda que também carregava uma barriga, do segundo filho, e Sandra que se tornou grande amiga da minha mulher. O primeiro filho de Theo e Inalda estava com os avós corujas que não perdem tempo em mimá-lo.— Lucile nasceu — anunciei.Todos ficaram emocionados ao ouvir o
— O que houve? — olhei para Lucile sem saber o que fazer. Várias possibilidades terríveis vinha a minha mente.Lucile estava na minha porta. Seu olhar desesperado, seu corpo enxarcado pelo dia chuvoso e em prantos. Em todos esses anos que somos amigos nunca a vi assim.Ela me encarava. Abriu a boca para dizer algo, porém não saiu nenhum som além do choro.Reagindo, a puxei para dentro de casa e peguei uma toalha e uma manta.— Precisa se enxugar ou vai pegar um resfriado.Ela começou a se enxugar devagar, como se nem soubesse o que estava fazendo.Demorou para que começasse a falar e, quando começou, senti meu coração se partir por ela.Minha melhor amiga havia descoberto uma doença terminal.Enquanto falava, ela começou a chorar descontroladamente. E a única coisa que pude fazer foi abraçá-la, me amaldiçoando por não ter o poder de curá-la.Quando finalmente consegui que se acalmasse e contasse direito, soube que o médico disse que teria no máximo um ano.Ela ficava repetindo: Como el
JoshuaEstou cansado. Chega! Secretárias bonitas são um problema. Tudo se confunde com assédio. É a terceira que sai da empresa esse ano e ainda estamos em junho. Quando que um “bom dia” virou “quero te comer”?Estou cansado de frivolidades. Poderia simplesmente foder sem compromisso com elas, mas... Não posso. Meu nome é muito exposto no mundo dos negócios e preciso manter minha pose de marido apaixonado por minha esposa doente. É isso, mais uma vez terei que entrevistar secretárias. Já está virando rotina.Cheguei em casa, joguei minha pasta no sofá e fui direto ao gazebo, onde Lucile gostava de ficar.Ela estava em sua cadeira de rodas — o que só acontecia quando não se sentia disposta —, mexendo com as flores. Seus cabelos castanhos soltos e seu robe branco a deixam com a aparência de um anjo. Era quase uma pintura aquela bela mulher cheirando uma rosa e sorrindo brevemente. Lucile é linda.Me aproximo.— Boa noite, querida! — Beijo seu rosto. E ela me encara com seus intensos olho
Paris Barbara deixou o taco de sinuca bater sobre a mesa com força, causando um barulho que me assustou um pouco.— Merda! — reclamou chateada.Eu também estava irritada. Se não fosse os dois idiotas querendo opinar no nosso jogo, eu poderia ter ganhado, mas os imbecis conseguiram tirar minha atenção. E, pelo jeito, a de Barbara também. E as gargalhadas de Inalda não ajudam em nada. A mulher de cabelo azul conseguia se concentrar em qualquer coisa, em qualquer lugar.Olhei para Barbara e apenas dei de ombros. Já imaginava que esse era o motivo da sua ira. Aqueles malditos machos intrometidos.Antes que eu pudesse responder ao comentário que Barbara não fez, Inalda se adiantou:— Esse é o mal de ser uma aparição, Paris. Ser bonita tudo bem, mas você é ignorante de linda.Peguei minha cerveja e virei tudo. Os imbecis ainda estavam ao nosso redor. Será que eles acham que vamos transar porque mostraram interesse? Fala sério!Não retruquei a fala da minha best friend. Inalda era minha melh
Joshua— Senhor Anderson, as candidatas aguardam. — Fui avisado por Nice, funcionária do recursos humanos.A acompanhei até a sala onde ocorreria as entrevistas. Já está virando minha segunda sala depois de tantas entrevistas com secretárias. Sinto falta da senhora Martins. Tive que aposentá-la ano passado. Ela foi secretária do meu pai. Ele a cedeu para me ajudar e nunca mais a devolvi. Mas a mulher precisava descansar, mesmo sendo muito eficiente. Mais de quarenta anos na profissão. Fico feliz que esteja viajando com os bônus que recebeu tanto da minha parte quanto do meu pai, ela merece.Suspiro pensando se terei a sorte de encontrar alguém profissional dessa vez. Pedi que Nice selecionasse apenas pessoas acima de quarenta anos e sem olhar para aparência como costuma fazer.Assim que entrei, percebi que ela não levou a sério minha exigência. Todas as candidatas eram lindas e pareciam loucas para dar o golpe no CEO de rosto marcado. Era assim que algumas pessoas me chamavam. Outros m