TheoFinalmente sai daquele restaurante e entrei no primeiro bar que encontrei. Pensar em Paris e Joshua me deixava mal. Mais ainda por saber que o errado fui eu. Quem acabou com todas as chances com ela fui eu. Mas quando poderia imaginar que a deusa morena era a secretária canhão?Meu amigo enxergou além das roupas feias e do corpo malcuidado. Poderia ter sido eu.E saber que estão juntos e que não tenho chance não é o suficiente para apagar o quanto a desejei e ainda desejo. É... a primeira mulher que amo acaba comigo com uma lição de moral esmagadora. E o que mais dói é saber que eu não sou esse imbecil que escolhe a mulher pelos padrões que a sociedade impõe. Já me apaixonei e até sai em algumas vezes com mulheres fora desse padrãozinho de merda. Mas era sempre escondido, porque meus amigos sempre apareciam com mulheres lindas.Eu me convenci que também precisava disso. Que era vergonhoso minhas conquistas serem “menos” que as deles.Chega disso! Acabou. Posso até ouvir o meu pau
ParisDepois que saímos do restaurante, Joshua e eu fomos para um concorrente e jantamos ao som de jazz e das nossas risadas pelo que aconteceu.— Me desculpe, mas eu adorei a cara do seu amigo ao me ver mudando diante de todos, passando da feia para a mulher que ele seguia. Foi cômico.— Depois converso com ele. E pode esperar que ele vai admitir o erro e pedir perdão. Conheço aquele cabeçudo.— Desde que ele entenda que tenho dono. — Mordi o lábio pensando em coisas nada descentes que poderíamos fazer essa noite, entre quatro paredes.— Ah é? E quem é esse tal dono?— Um homem ciumento que não gostaria nada de te ver me tocando assim. — A mão dele estava em minha coxa por baixo da mesa, indo para calcinha.— E o que ele faria se eu dissesse que quero te comer nessa mesa?O clima divertido já era. Podia sentir o tesão exalando de nós.— Ele eu não sei, mas eu direi que prefiro a mesa da sua casa.— Garçom. A conta, por favor.Ri demais do seu jeito. Porém realmente fomos embora. E ne
Joshua— Como foi? — perguntei após meu amigo fechar a porta da minha sala.No dia seguinte ao “pedido de desculpas” de Theo, ele apareceu novamente na empresa. Dessa vez seu sorriso ao desejar bom dia a Paris foi sincero. E veio acompanhado com uma brincadeira sobre não termos dormido.— Uma lição de moral atras da outra e ela nem precisa abrir a boca pra isso. — Balançou a cabeça negando. — Cara, como fui perder essa mulher para você? Fui muito cego?— Está com raiva porque não interferi no que ela fez no restaurante? — perguntei o que queria ter perguntado ontem, mas fui interrompido por problemas no novo produto.— Não. Estou com raiva de mim. Fico imaginando detalhes que poderia ter visto. Como você descobriu?— Relaxa. Eu só descobri porque ela perdeu uma verruga falsa na minha cama.Ele sorriu safado.— Na sua cama?— É, mas naquele dia não aconteceu nada. Depois que achei, fui atrás da verdade. Não foi nada difícil descobrir.— E não me contou — resmungou.— É. Não te contei.
JoshuaOs dias passaram. E Paris e eu estávamos cada dia mais apaixonados. Conheci meus sogros e fui aprovado depois de um extenso interrogátorio.As pessoas falaram um monte de bobagens sobre nós nas redes sociais e sites de fofocas, mas nem ligávamos.Até pensei que os idiotas que perseguiam Paris fariam algo, porém eles levaram a sério as minhas ameaças e nunca mais ouvimos falar deles.Os pais de Lucile sabiam a verdade sobre o nosso casamento e vieram me procurar para reforçar que não acreditavam em nenhuma daquelas fofocas. Tivemos uma conversa onde expus tudo, inclusive o conteúdo da carta que a filha deles deixou para Paris. Eles se emocionaram e literalmente me disseram para mandar todos ao inferno e ser feliz.E foi o que fiz.Paris passava todo o tempo possível comigo. Raramente ia ao seu quarto na faculdade. Só mesmo quando a saudade da amiga apertava. O que não era muito frequente já que a amiga também estava ocupada com meu melhor amigo. Acho que podemos marcar algo em q
ParisOuço a voz de Josh avisando que chegou, mas não ouço a porta se fechar, como sempre. Ele é muito silencioso. Sempre avisa porque já me assustou algumas vezes.Ainda me lembro do nosso aniversário de um mês de namoro. A forma que falou comigo me machucou. Mas percebi que machucou muito mais a ele. Algo como aquilo nunca mais aconteceu. Acho até engraçado quando estamos discutindo e ele se controla para falar baixo enquanto grito feito louca.Talvez eu tenha me acostumado com a forma como ele resolve nossas brigas me jogando nos ombros, me levando para o quarto e reafirmando que ninguém mais seria capaz de ser todo meu e eu não seria capaz de ser de mais ninguém. Adoro quando ele me fode com força, exigindo que eu repita que sou sua.Sorrindo com essas lembranças, me olho no espelho mais algumas vezes e tento engolir a vergonha. A fantasia ficou perfeita em mim. A máscara, as orelhinhas, calcinha, sutiã e algumas tiras. Tudo muito sensual em tom preto. Ajeitei meus cabelos, pronta
Dois anos depoisJoshuaO choro da nossa menina invadiu o quarto do hospital.— Qual será o nome dela? — perguntei enquanto a entregava a uma Paris chorosa. O médico havia me entregado essa pequena tão frágil e suja.Paris a segurou e chorou mais. Beijei sua cabeça e acariciei a cabecinha da nossa menina. Ela tinha bastante cabelo. Aposto que será tão linda quanto a mãe.— Lucile — Paris falou, fazendo meu coração errar uma batida.Eu sentia que de alguma forma minha melhor amiga voltou para nós. Só que dessa vez não a amaria como irmã, e sim como filha.Relutei um pouco quando o médico me colocou para fora para cuidar das garotas.Tinha um pequeno exército esperando na sala de espera. Os pais de Paris, os meus, Theo e Inalda que também carregava uma barriga, do segundo filho, e Sandra que se tornou grande amiga da minha mulher. O primeiro filho de Theo e Inalda estava com os avós corujas que não perdem tempo em mimá-lo.— Lucile nasceu — anunciei.Todos ficaram emocionados ao ouvir o
— O que houve? — olhei para Lucile sem saber o que fazer. Várias possibilidades terríveis vinha a minha mente.Lucile estava na minha porta. Seu olhar desesperado, seu corpo enxarcado pelo dia chuvoso e em prantos. Em todos esses anos que somos amigos nunca a vi assim.Ela me encarava. Abriu a boca para dizer algo, porém não saiu nenhum som além do choro.Reagindo, a puxei para dentro de casa e peguei uma toalha e uma manta.— Precisa se enxugar ou vai pegar um resfriado.Ela começou a se enxugar devagar, como se nem soubesse o que estava fazendo.Demorou para que começasse a falar e, quando começou, senti meu coração se partir por ela.Minha melhor amiga havia descoberto uma doença terminal.Enquanto falava, ela começou a chorar descontroladamente. E a única coisa que pude fazer foi abraçá-la, me amaldiçoando por não ter o poder de curá-la.Quando finalmente consegui que se acalmasse e contasse direito, soube que o médico disse que teria no máximo um ano.Ela ficava repetindo: Como el
JoshuaEstou cansado. Chega! Secretárias bonitas são um problema. Tudo se confunde com assédio. É a terceira que sai da empresa esse ano e ainda estamos em junho. Quando que um “bom dia” virou “quero te comer”?Estou cansado de frivolidades. Poderia simplesmente foder sem compromisso com elas, mas... Não posso. Meu nome é muito exposto no mundo dos negócios e preciso manter minha pose de marido apaixonado por minha esposa doente. É isso, mais uma vez terei que entrevistar secretárias. Já está virando rotina.Cheguei em casa, joguei minha pasta no sofá e fui direto ao gazebo, onde Lucile gostava de ficar.Ela estava em sua cadeira de rodas — o que só acontecia quando não se sentia disposta —, mexendo com as flores. Seus cabelos castanhos soltos e seu robe branco a deixam com a aparência de um anjo. Era quase uma pintura aquela bela mulher cheirando uma rosa e sorrindo brevemente. Lucile é linda.Me aproximo.— Boa noite, querida! — Beijo seu rosto. E ela me encara com seus intensos olho