CAPÍTULO 4

Joshua

Depois de me despedir da ruiva, decidi não ficar mais. Sai do local e liguei para o Theo, meu melhor amigo, e chamei para beber comigo mais tarde. Primeiro eu passaria em casa para saber como Lucile está.

Ao chegar em casa a encontrei dormindo.

Tomei um banho rápido, lhe dei um beijo de boa noite e sai.

Theo já me esperava no bar.

— Pedi algo leve, já que amanhã ainda precisamos acordar cedo — ele disse depois que nos cumprimentamos.

Me sentei ao seu lado no balcão do bar que costumamos frequentar.

— O que é leve para você “fígado de aço”?

— Uísque. Era isso ou água.

— Excelente escolha — brinquei.

Enquanto conversávamos, as bebidas foram servidas.

— Como estão as coisas? Fiquei sabendo que contratou uma secretária nova e feia.

Reviro os olhos para seu comentário e para o fato de alguém ter fofocado para ele. Esse incorrigível deve estar comendo alguma funcionária de língua solta.

— Contratei uma secretária nova e menos propicia a problemas, como disse que faria. Mas ela não é feia, só não se cuida. Essa palavra “feia” — faço aspas — é muito depreciativa e sabemos que usá-la para definir uma mulher pode mexer com ela para sempre. Sem contar que com os procedimentos disponíveis, e com dinheiro, pode se ter praticamente a aparência quiser.  

Era realmente o que eu pensava. O que Paris, a moça que escolhi, tinha que mais diminuía sua beleza escondida era superficial, algo que cuidados e profissionais ajudariam.

— Gostei do discurso caloroso — debocha. — Eu preciso ver, mas, pelo que soube, é um canhão. E tem canhões que nenhum processo estético resolve.

Percebi que esse seria um assunto que ele vai adorar por um longo tempo. Theo tem esse defeito. Quando se trata de mulheres ele é bastante superficial. Lucile sempre diz que um dia ele vai “quebrar a cara” sendo assim.

— Não fale assim, Theo. Não sabemos sobre a vida dela — disse e virei minha bebida. Estava precisando mesmo de um álcool com meu amigo idiota.

— As pessoas são responsáveis por se cuidar. — Deu de ombros.

— E você foca demais na aparência.

— Claro, amigo, eu sou um gato. Só combino com gatas. E não venha me dizer que já namorou uma... como posso dizer... descuidada.

Ri. Aparência, esse era o maior defeito do meu amigo, mas tirando isso seu coração é imenso.

— Fica longe da empresa. Não quero que diga nada que possa magoar aquela moça. Ela pode ser tudo que preciso. E eu não suporto mais fazer entrevistas. Seja um bom amigo.

— Tá bom. Tá bom. Vamos mudar de assunto. Como foi lá na casa? Alguém interessante?

Minha vez de dar de ombros.

— Uma ruiva. Foi satisfatório.

— Credo! Sexo satisfatório é uma merda. Você devia ter uma amiga fixa. Alguém confiável e gostosa, claro. Alguém que te deixe mais que satisfeito.

— Estou bem assim.

— Vai mentir para outro. Nem Lucile acredita nisso.

— Minha vez de pedir para mudarmos de assunto.

Ele só deu seu sorriso cínico e pediu mais um drink. Aposto que Lucile e ele ficam discutindo minha vida sexual quando não estou por perto. Ter amigos abusados é isso.

Ficamos no bar conversando até pouco mais de meia noite, quando fui para casa descansar e ele foi para o seu apartamento com duas morenas que não paravam de olhar em nossa direção. Era para ser uma para cada, mas dispensei. E elas não se importaram em dividir o safado do meu amigo.

Realmente sinto falta da liberdade de uma troca de olhar se tornar uma tórrida noite de sexo... Isso até acontece, mas quero fora de uma casa de swing. Quero saber quem é a pessoa comigo, conversar... É ser muito exigente? Devo estar mentalmente mais velho que a minha idade mostra.

Dormi rindo desse pensamento.

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