JoshuaFaz mais de quinze dias que estou trabalhando com Paris, e já nem sei como seria a minha vida sem ela. Me acostumei com seu trabalho, com sua presença alegre e competência. Ela é uma pessoa incrível, não abaixa a cabeça, mas também não perde a razão. Além de termos gostos musicais parecidos, também gostamos de filmes de ação e livros de mistério, entre outras coisas.A conversa com ela se desenvolve sem dificuldades, seja em assuntos da empresa ou coisas pessoais. Acho que ela sabe tanto sobre mim quanto meus melhores amigos. Também sei muito sobre ela, suas amigas, seu desejo de se formar e ter seu próprio consultório, sobre sua família.A única coisa que não me atrevi a perguntar é sobre sua aparência. Mas confesso, quero ver Paris arrumada, bem cuidada. Ela merece externar toda beleza do seu interior.Tenho planos de levá-la a um evento de lançamento de celular no próximo mês. E gostaria que ela fosse diferente do que vejo no trabalho.— Senhor Anderson?— Sim.— Ouvi algo d
Joshua— Boa tarde, marido! — Lucile cumprimenta. Ela está na sala, deitada no sofá com uma manta e tomando um chá. Seus cabelos castanhos estão presos em uma trança.— Boa tarde, esposa! Como passou o dia?— O de sempre. Médicos, conversar com meus pais. A única diferença foi que o Theo esteve aqui.— É difícil para ele também.— Eu sei. Mas não quero falar sobre como essa doença maldita machuca todos que amo. Me fala sobre você. Como foi seu dia de trabalho com a Paris?Me sento e coloco seus pés no meu colo.— Produtivo. Pretendo levar ela para o evento que te falei.— Isso é excelente!— Quanta empolgação. Até parece que falei que vou levar a chefe das lideres de torcida para um baile.— Não deixa de ser parecido.— Nada a ver. Se trata de trabalho.— Tá. Tá. Se você diz. — Ela deixa a xicara sobre a mesa de centro. — Eu vou deixar aquela garota incrível. Está decidido.— E se ela não quiser?— Acha que ela vai recusar o pedido de uma moribunda? — seu rosto expressa decepção.— Se
ParisEncontrei Joshua na academia hoje. Foi quase um teste de resistência evitar encarar seu corpo perfeito. Ele fica incrível de terno, mas de camiseta chega a ser demoníaco. É muito pecado esse corpo.E pior foi ele me deixando toda atrapalhada com seu jogo de palavras. Cheguei a sentir a queda da esteira, mas consegui me equilibrar e ele pausou o aparelho antes do desastre. A queda ia ser o evento do dia. A feia caindo da esteira.Já imagino as fofocas.Eu não sabia o que dizer, então ele ligou o aparelho novamente. Pude focar no treino. Ou pelo menos fingir que estava focada. Certeza que o ritmo do meu coração não era por causa do exercício.Quando ele se foi, babei um pouco na sua bunda enquanto ia em direção ao vestiário e depois consegui focar no treino de verdade. Há dias que queria treinar aqui.E quando vi que ele realmente transferiu o dinheiro pela empresa, decidi que precisava mostrar que estava levando a sério o que eu disse sobre me cuidar. O que ajudaria a não ter tan
JoshuaA semana está muito agitada com o lançamento do celular e um contrato que surgiu de última hora.Eu não queria abusar da boa vontade de Paris, porque ela já me disse que estuda e trabalha. Mas não vai ter jeito. Pelo menos hoje terei que fazer isso.Fui até a mesa dela. Ela estava tão concentrada que não me viu, parado, a observando trabalhar.Quando finalmente me viu, notei o quanto se assustou. Foi impossível resistir, me apoiei ficando bem perto e encarando seu olhos atrás da lente grossa do óculos. Não importa o que me dizem, ela é linda para mim. Há algo nela que eu quero descobrir.O que está pensando? Estamos trabalhando, lembra-se? E você não tem direito de machucar esse menina. Engoli em seco com meus pensamentos inoportunos.Dava para perceber que minha presença mexia com ela. Se eu a envolver e descobrir que toda essa curiosidade foi só o desejo por uma aventura, ela pode sair quebrada. Paris não merece isso.Sem me decidir sobre o que queria ou sentia, voltei para
ParisSai da empresa como um furacão. Sei que essa não era a atitude ideal, que deveria esclarecer o que aconteceu, mas não consegui. Fiquei em choque, principalmente porque quase me deixei levar. Eu acabaria naquele chão com ele... ou só demitida mesmo porque ele descobriria a minha farsa assim que as roupas começassem a sair.Droga! Essa brincadeira já perdeu a graça. Nunca quis tanto que um homem visse tudo de mim, nem meu ex.— Chegou a tempo. Estamos indo a uma festa. Bora? — Inalda convidou enquanto Barbara pintava seus lábios de vermelho, concentrada nos contornos.Minhas amigas estavam se maquiando. Lindas em roupas extravagantes e sensuais.— Estou cansada, meninas! Acho que vou passar a noite na minha caminha.— Que nada! Reage, tira a roupa de feiosa, bota um cropped e vamos curtir. — Insistiu.Por alguns instantes, enquanto as olhava, até esqueci que estava caracterizada. Faz semanas que venho negando convites, passando minhas noites na cama com pensamentos nada permitidos
JoshuaDepois de levar Lucile até a casa dos seus pais e encarar um almoço emotivo, cheio de recordações de nossa infância e adolescência, decidi passar na academia da empresa. Precisava correr até cansar meu cérebro. Não consegui esquecer o beijo que dei em Paris. E confesso que quero beijá-la novamente. Não vou tentar entender isso. Se é algo que sinto, dane-se, vou sentir até a última gota. Esse sou eu.Estava na esteira quando vi Theo subir na que estava ao meu lado. Ele não era funcionário, mas tinha acesso livre a todos os lugares da empresa, assim como Lucile. Na verdade, ele não trabalhava, era sustentado pelos pais e irmão mais velho, porque apenas o mais velho podia ficar à frente da empresa dos seus pais quando o “velho” se aposentasse. Coisas da família dele, e ele não se importava com isso. Ganhava uma mesada generosa e sabia como administrar para manter o estilo de vida sem risco de falência no futuro. Além disso, costumava dizer que se tudo desse errado, eu o empregaria
JoshuaPairou um silêncio que ele quebrou, enquanto diminuía o ritmo do aparelho para uma caminhada.— E você, meu amigo, como anda seu coração? Ainda vazio de paixões?Na hora a imagem de Paris veio a minha mente. E me ouvi dizendo:— Sabe a minha secretária atual...— O canhão? A coisa mais feia que trabalha aqui? — me interrompeu, antes que eu confessasse que a beijei.Não gostei da forma como ele falou dela, menos ainda da careta.— O nome dela é Paris. E ela não é isso que disse. — Nem repetiria a palavra.— Ela é horrível, e você não pode negar.— Toda mulher é bela, Theo. Paris só precisa despertar suas melhores características.— As verrugas?— Um dermatologista deixaria a pele dela exatamente como deveria ser — retruco. — E ela já mencionou que consultou uma. Vai tirar.— Aquele aparelho horroroso, aqueles óculos.— Pelo que vejo, pode ser retirado o aparelho. Seus dentes parecem perfeitos. Talvez o dentista só esteja enrolando para receber mensalidades. Coisas assim acontece
ParisSegunda-feira acordei sem saber com que “cara” ir ao trabalho. Como precisava do dinheiro e de esclarecimentos, coloquei minha fantasia e fui. Sinceramente, estava começando a me acostumar a ser a Paris “feia”. Eu mesma já fazia a montagem toda manhã. Com o passar dos dias passou a ser algo natural. Só a maquiagem que Barbara precisava fazer para ficar o mais real possível o tom sem vida. Mas até isso eu conseguia fazer quando ela não estava disponível, só demorava muito.— Bom dia, Sandra! — cumprimentei minha amiga do trabalho.— Bom dia, flor! Prepare-se para trabalho em dobro — avisou.— Por que?— Já tem quase meia hora que o CEO chegou.— Eita! Deixa eu enfrentar o trabalho então. — Me despedi dela e fui para o elevador, me