ParisSegunda-feira acordei sem saber com que “cara” ir ao trabalho. Como precisava do dinheiro e de esclarecimentos, coloquei minha fantasia e fui. Sinceramente, estava começando a me acostumar a ser a Paris “feia”. Eu mesma já fazia a montagem toda manhã. Com o passar dos dias passou a ser algo natural. Só a maquiagem que Barbara precisava fazer para ficar o mais real possível o tom sem vida. Mas até isso eu conseguia fazer quando ela não estava disponível, só demorava muito.— Bom dia, Sandra! — cumprimentei minha amiga do trabalho.— Bom dia, flor! Prepare-se para trabalho em dobro — avisou.— Por que?— Já tem quase meia hora que o CEO chegou.— Eita! Deixa eu enfrentar o trabalho então. — Me despedi dela e fui para o elevador, me
ParisDepois do trabalho, para comemorar o meu romance não iniciado, decidi me arrumar e ir tomar sorvete com minhas amigas, em uma sorveteria dentro do campus.— Arrumar? Você quer dizer colocar a fantasia, certo?Colocar a fantasia que acabei de tirar? Ela deve estar brincando.Só de lingerie, deixo a blusa que estava prestes a vestir de lado e a encaro.— Não. Vou me arrumar. Não vou andar pelo campus caracterizada.— Você aceitou a aposta — retruca. — Sem colocar nenhuma regra.— E vou cumprir. Pelo menos no meu emprego, onde já me viram daquele jeito. Aqui, não adianta ficar reclamando toda vez, vou continuar andando normal.— Inalda, fala alguma coisa. Ela está burlando a aposta outra vez.Minha amiga cantarola, fingindo que não é com ela.<
BarbaraAlguns meses antesFingi que não notei o barulho da porta se abrindo, continuei em cima de Michael, cavalgando, gemendo de forma a tirar a atenção dele de barulhos externos.— Desculpe, eu... — ouvi a voz de Inalda e me virei saindo de cima dele de forma que ela e Paris pudessem ver quem era. Sabia que elas viriam juntas.Se eu gostava de Michael... Talvez sim, talvez não. Se Paris era minha melhor amiga... eu não diria isso. Eu tinha inveja dela desde que nos conhecemos e sempre quis provar que sou melhor. Colocar um chifre em sua cabeça foi o melhor jeito. Ela precisava saber que não era tudo isso que as pessoas insistiam em ficar chamando-a. Linda, educada, gentil, inteligente... a porra da mulher perfeita.Eu estava cansada de ouvir e ver as pessoas a elogiando. Me enchia de &o
ParisMeses atrásEstávamos de férias e eu aproveitei para passar um tempo com meus pais.Como já começaríamos com muita coisa na faculdade e só consegui algumas semanas de férias no trabalho como assistente na biblioteca, cheguei de viagem antes do prazo.Mandei uma mensagem para minhas amigas avisando que estava chegando e acabou que Inalda também estava no aeroporto. Companhia para voltar.Barbara não respondeu as nossas mensagens. Não sabia se chegou a visualizar porque ela desativa esse recurso.Voltamos falando sobre nossas férias e o que poderíamos fazer nos próximos dias, antes de as aulas voltares.Eu estava ansiosa para ver meu namorado. Faz quase uma semana que não o vejo. Sinto falta do seu carinho. Ele me trata como uma princesa, o que compensa muito não ser o rei do sexo ou seu pau não ser nem mesmo médio. Já tive outros dois namorados antes dele e senti a diferença. Os outros eram mais paixão, Michael é mais amor e mimos. Adoro ser mimada.Ouvi gemidos assim que Inalda
JoshuaDepois de dois dias tentando fingir que nada havia acontecido e tratando Paris apenas como minha secretária, me vi como um idiota a seguindo até a faculdade, onde soube que estudava. Não literalmente seguindo. Fui depois do trabalho, depois de passar em um bar e tomar uma dose de uísque sem parar de pensar nela.— Com licença, você conhece uma aluna do último ano chamada Paris? — perguntei a um rapaz que passava segurando um skate.Com meus trinta e cinco anos, estava me sentindo deslocado entre tantos jovens.— Claro! Todos conhecem a deusa Paris.— Deusa? — Pelo jeito ela sofre bullying por sua aparência. Preciso realmente ajudá-la a se encontrar.— Ela está na biblioteca. — Uma garota de dred rosa, que ouviu a conversa, respondeu. Enquanto as outras do grupinho dela cochichavam sobre a minha aparência.Elas devem achar que sou surdo. Garotas frívolas que nunca viram um homem de verdade.— Obrigado! — agradeci e me afastei antes de ser grosseiro com essas pessoas. Não gostei
JoshuaAntes de abrir os olhos já sabia como seria o meu dia, uma dor de cabeça se insinuava enquanto meu corpo não queria sair da cama. Eu devia ter adivinhado que isso aconteceria depois de uma reunião com pessoas gripadas. Acho que as máscaras não foram suficientes.Me arrastei até a beirada da cama e peguei o celular.Sei que precisava levantar e tomar remédio, mas falta força. Sempre fui fraco quando o assunto é gripe. Meu pai costuma rir do exagero, mas minha mãe sempre me mimava. Até hoje é assim. Posso até imaginar ela aqui me fazendo uma sopa enquanto ele resmunga “um homem desse tamanho caído por uma gripezinha”.Sorrio com o pensamento enquanto faço a ligação.O telefone foi atendido no terceiro toque.— Alô! — ouvi a voz de Paris do outro lado. Foi nessa hora que me questionei se realmente havia amanhecido ou se liguei no meio da madrugada.Olhei a hora no celular e suspirei aliviado. Era quase início de expediente na empresa.— Aqui é o Joshua. Peguei um resfriado. Vou pr
JoshuaNa manhã seguinte, acordei bem melhor. Fui pegar o celular que estava na cama jogado e vi algo estranho no lençol branco. Parecia um tipo de inseto, sei lá.Olhei com muita curiosidade.Demorei a entender aquilo, até que me veio à mente o rosto de Paris e o momento em que achei que faltava algo.Porra! Era isso, a verruga dela estava na minha cama.— Que porra é essa? — resmunguei saindo da cama e indo para o banho, onde joguei a verruga no lixo. Era de borracha tipo um silicone. Algo está muito errado.Enquanto tomava banho me lembrei dos alunos na faculdade dizendo que não a conhecia quando eu mostrava a foto e a chamando de deusa quando eu perguntava pelo seu nome.— Tem mesmo alguma coisa errada — resmunguei sozinho.Antes de ir trabalhar, fiz alguns contatos com pessoas influentes na escola e consegui algumas fotos da única Paris que estuda lá. Tinha o mesmo nome e sobrenome da que trabalhava comigo. Era a minha Paris, mas sem óculos, aparelho, verrugas, e com o cabelo e a
ParisQuase tive um infarte ao ver Joshua na universidade. Eu estava saindo da biblioteca e tive que esfregar os olhos para ter certeza de que não estava imaginando coisas.Uma aluna olhou em direção a biblioteca e ele quase me viu, mas me escondi a tempo. Não queria que ele me visse assim. Ainda não.— Aquele homem está te procurando e procurando uma feiosa que nunca vi. — Uma das alunas de medicina veio me contar, ela apontava para um Joshua que mostrava o celular para um aluno. Devia ser uma foto minha fantasiada. — É um gato. Está pegando?Ignoro a pergunta.— Se ele perguntar pode dizer que já fui embora, por favor. Agradeço — pedi e já comecei a andar em direção contrária. — Estou atrasada demais.Nem olhei para trás. Não tinha intimidade nenhuma com a garota para ela vir me perguntar quem pego ou deixo de pegar. Também não sei se ela dará o recado. Só preciso fugir, por enquanto.Estava chegando ao quarto quando recebi sua ligação.Fiquei tão emocionada que parei no meio do cam