JoshuaAntes de abrir os olhos já sabia como seria o meu dia, uma dor de cabeça se insinuava enquanto meu corpo não queria sair da cama. Eu devia ter adivinhado que isso aconteceria depois de uma reunião com pessoas gripadas. Acho que as máscaras não foram suficientes.Me arrastei até a beirada da cama e peguei o celular.Sei que precisava levantar e tomar remédio, mas falta força. Sempre fui fraco quando o assunto é gripe. Meu pai costuma rir do exagero, mas minha mãe sempre me mimava. Até hoje é assim. Posso até imaginar ela aqui me fazendo uma sopa enquanto ele resmunga “um homem desse tamanho caído por uma gripezinha”.Sorrio com o pensamento enquanto faço a ligação.O telefone foi atendido no terceiro toque.— Alô! — ouvi a voz de Paris do outro lado. Foi nessa hora que me questionei se realmente havia amanhecido ou se liguei no meio da madrugada.Olhei a hora no celular e suspirei aliviado. Era quase início de expediente na empresa.— Aqui é o Joshua. Peguei um resfriado. Vou pr
JoshuaNa manhã seguinte, acordei bem melhor. Fui pegar o celular que estava na cama jogado e vi algo estranho no lençol branco. Parecia um tipo de inseto, sei lá.Olhei com muita curiosidade.Demorei a entender aquilo, até que me veio à mente o rosto de Paris e o momento em que achei que faltava algo.Porra! Era isso, a verruga dela estava na minha cama.— Que porra é essa? — resmunguei saindo da cama e indo para o banho, onde joguei a verruga no lixo. Era de borracha tipo um silicone. Algo está muito errado.Enquanto tomava banho me lembrei dos alunos na faculdade dizendo que não a conhecia quando eu mostrava a foto e a chamando de deusa quando eu perguntava pelo seu nome.— Tem mesmo alguma coisa errada — resmunguei sozinho.Antes de ir trabalhar, fiz alguns contatos com pessoas influentes na escola e consegui algumas fotos da única Paris que estuda lá. Tinha o mesmo nome e sobrenome da que trabalhava comigo. Era a minha Paris, mas sem óculos, aparelho, verrugas, e com o cabelo e a
ParisQuase tive um infarte ao ver Joshua na universidade. Eu estava saindo da biblioteca e tive que esfregar os olhos para ter certeza de que não estava imaginando coisas.Uma aluna olhou em direção a biblioteca e ele quase me viu, mas me escondi a tempo. Não queria que ele me visse assim. Ainda não.— Aquele homem está te procurando e procurando uma feiosa que nunca vi. — Uma das alunas de medicina veio me contar, ela apontava para um Joshua que mostrava o celular para um aluno. Devia ser uma foto minha fantasiada. — É um gato. Está pegando?Ignoro a pergunta.— Se ele perguntar pode dizer que já fui embora, por favor. Agradeço — pedi e já comecei a andar em direção contrária. — Estou atrasada demais.Nem olhei para trás. Não tinha intimidade nenhuma com a garota para ela vir me perguntar quem pego ou deixo de pegar. Também não sei se ela dará o recado. Só preciso fugir, por enquanto.Estava chegando ao quarto quando recebi sua ligação.Fiquei tão emocionada que parei no meio do cam
ParisNo dia seguinte ao que aconteceu na sua casa, Joshua apareceu no trabalho disposto e estranho. Ele sempre estava me encarando, analisando. Tive vontade de perguntar se era por causa do que aconteceu em sua casa ou se ele recebeu algum vídeo. Mas o dia passou e acabei empurrando para o dia seguinte, que seria o que eu contaria tudo.Claro que Michael não aceitou bem que não fui ao encontro.Quando cheguei em casa, tive a certeza.— Meu Deus! Essa é você? — Barbara enfiou o telefone na frente do meu rosto.Segurei para ver direito o que ela mostrava e um frio tomou conta do meu estômago. Era a porra de um gif que o miserável fez de eu tirando e colocando seu pau na minha boca.Sinceramente, está cada dia mais difícil confiar nas pessoas. Se seu namorado faz isso, como confiar em alguém?O rosto estava censurado de forma que até minha cicatriz não poderia ser vista.— Também recebi isso. E claro que não é a Paris. — Inalda riu. Sabia que ela queria me proteger.— Por que achou isso
JoshuaQuando bateram na minha porta logo de manhã, imaginei que fosse Paris. Ela sempre batia para saber se cheguei mais cedo. Costumo chegar antes dela alguns dias.Quando olhei para a porta foi uma tremenda surpresa. Segurei o sorriso ao vê-la.— Pois não — perguntei a uma Paris nervosa e sem fantasia.Impossível não ficar chocado com sua beleza. E mais ainda com o fato de que ela continuava a mesma para mim. Era como se eu sempre a tivesse visto assim. Aquela combinação perfeita de beleza exterior e interior.— Posso falar com o senhor? — perguntou.Acho justo brincar um pouco com ela. Afinal, ela brincou comigo, independente dos seus motivos.Coloquei minha expressão mais séria e disse:— Estou esperando a minha secretária. Como você não foi anunciada, acredito que ela ainda não chegou. — Encostei os cotovelos na mesa. — Estou livre esse tempo. Mas qual seria o assunto?— Senhor Anderson... — Levantei a sobrancelha ao ouvi-la me chamando assim. Não escondia que era a minha Paris.
Paris— Pronta para ir? — Josh perguntou ao fim do expediente, se aproximando da minha mesa.— Estou nervosa — confessei.Peguei minha bolsa e segui com ele até o elevador.— Não precisa. Lucile é uma pessoa muito especial. Vocês vão se dar bem.— Assim espero.Ela realmente parecia saber sobre nós. O que é estranho, já que são casados.Ele segurou minha mão e apertou até o elevador parar para outros funcionários, quando puxei discretamente. Eles não precisam de um escândalo.Quando entramos no carro, ele voltou a segurar, enquanto o motorista manobrava para fora do estacionamento. Dessa vez permiti. E aproveitei cada segundo.— Por que tanto olha o relógio? Paris? Paris? — Ele chamou minha atenção.Por que? Nem percebi que estava olhando o relógio, mas foi só ele falar para a imagem de Michael me vir a mente.— Com você, até me esqueci a ameaça de Michael — comentei suspirando.— Ameaça? — seu rosto ficou sério, me encarando. — Ele é o seu ex que te traiu, não é? — balancei a cabeça
JoshuaDepois do jantar com Lucile, onde ela não contou os termos no nosso casamento, mas deixou claro que esperava que eu fosse feliz, Paris parecia mais relaxada e confiante sobre nós, pelo menos é o que parecia.Decidi levá-la para almoçar comigo no dia seguinte. A levei a um restaurante que costumava frequentar com o Theo. Só não esperava a reação ridícula dos frequentadores, muito menos dos funcionários.Ela estava com a fantasia, que agora até acho divertida. E todos a olhavam e cochichavam. Isso os frequentadores, porque os funcionários mal olhavam para ela.— Quer sair daqui? — perguntei antes de fazermos os pedidos. — Esperava mais educação dessas pessoas que se dizem da alta sociedade — falei alto para que me ouvissem, mas não fez muito efeito.— Não. Deixem curtir a feia exposta. Eu sei quem sou e mesmo que essa fosse a minha verdadeira aparência, eu não teria vergonha dela. Apenas eu sei de mim.— E eu continuaria apaixonado. — Seu sorriso tímido foi a melhor resposta.Par
ParisFiquei tão preocupada com Lucile quando Josh me deixou em casa. Eu sei que é a mulher do homem que amo, mas não pude evitar de gostar dela e de me sentir mal por sua doença. Ela me pareceu sempre tão gentil.Barbara não estava no quarto, nem Inalda. Sei que Barbara está assim por causa do que Michael me contou, ela parece que sente que estou com a mão pronta para lhe dar uns bons tapas. Também, depois do que Josh disse a ela. Merecido.Chifre é uma coisa, ameaça e ser cumplice em estupro e chantagem é outra. Se sair qualquer vídeo meu, coloco eles na cadeia, nem que seja a última coisa que faço.Inalda com certeza está com seu ex atual namorado.Tomei um banho, coloquei meu baby-doll com estampas de estrelas e me sentei na frente do computador. Ainda tinha muita coisa para fazer nesse último semestre que virá, além de várias pesquisas sobre tudo que preciso no futuro.Era quase meia noite quando o sono se tornou mais forte que minha determinação. Nenhuma das minhas colegas de qu