ParisSai da empresa como um furacão. Sei que essa não era a atitude ideal, que deveria esclarecer o que aconteceu, mas não consegui. Fiquei em choque, principalmente porque quase me deixei levar. Eu acabaria naquele chão com ele... ou só demitida mesmo porque ele descobriria a minha farsa assim que as roupas começassem a sair.Droga! Essa brincadeira já perdeu a graça. Nunca quis tanto que um homem visse tudo de mim, nem meu ex.— Chegou a tempo. Estamos indo a uma festa. Bora? — Inalda convidou enquanto Barbara pintava seus lábios de vermelho, concentrada nos contornos.Minhas amigas estavam se maquiando. Lindas em roupas extravagantes e sensuais.— Estou cansada, meninas! Acho que vou passar a noite na minha caminha.— Que nada! Reage, tira a roupa de feiosa, bota um cropped e vamos curtir. — Insistiu.Por alguns instantes, enquanto as olhava, até esqueci que estava caracterizada. Faz semanas que venho negando convites, passando minhas noites na cama com pensamentos nada permitidos
JoshuaDepois de levar Lucile até a casa dos seus pais e encarar um almoço emotivo, cheio de recordações de nossa infância e adolescência, decidi passar na academia da empresa. Precisava correr até cansar meu cérebro. Não consegui esquecer o beijo que dei em Paris. E confesso que quero beijá-la novamente. Não vou tentar entender isso. Se é algo que sinto, dane-se, vou sentir até a última gota. Esse sou eu.Estava na esteira quando vi Theo subir na que estava ao meu lado. Ele não era funcionário, mas tinha acesso livre a todos os lugares da empresa, assim como Lucile. Na verdade, ele não trabalhava, era sustentado pelos pais e irmão mais velho, porque apenas o mais velho podia ficar à frente da empresa dos seus pais quando o “velho” se aposentasse. Coisas da família dele, e ele não se importava com isso. Ganhava uma mesada generosa e sabia como administrar para manter o estilo de vida sem risco de falência no futuro. Além disso, costumava dizer que se tudo desse errado, eu o empregaria
JoshuaPairou um silêncio que ele quebrou, enquanto diminuía o ritmo do aparelho para uma caminhada.— E você, meu amigo, como anda seu coração? Ainda vazio de paixões?Na hora a imagem de Paris veio a minha mente. E me ouvi dizendo:— Sabe a minha secretária atual...— O canhão? A coisa mais feia que trabalha aqui? — me interrompeu, antes que eu confessasse que a beijei.Não gostei da forma como ele falou dela, menos ainda da careta.— O nome dela é Paris. E ela não é isso que disse. — Nem repetiria a palavra.— Ela é horrível, e você não pode negar.— Toda mulher é bela, Theo. Paris só precisa despertar suas melhores características.— As verrugas?— Um dermatologista deixaria a pele dela exatamente como deveria ser — retruco. — E ela já mencionou que consultou uma. Vai tirar.— Aquele aparelho horroroso, aqueles óculos.— Pelo que vejo, pode ser retirado o aparelho. Seus dentes parecem perfeitos. Talvez o dentista só esteja enrolando para receber mensalidades. Coisas assim acontece
ParisSegunda-feira acordei sem saber com que “cara” ir ao trabalho. Como precisava do dinheiro e de esclarecimentos, coloquei minha fantasia e fui. Sinceramente, estava começando a me acostumar a ser a Paris “feia”. Eu mesma já fazia a montagem toda manhã. Com o passar dos dias passou a ser algo natural. Só a maquiagem que Barbara precisava fazer para ficar o mais real possível o tom sem vida. Mas até isso eu conseguia fazer quando ela não estava disponível, só demorava muito.— Bom dia, Sandra! — cumprimentei minha amiga do trabalho.— Bom dia, flor! Prepare-se para trabalho em dobro — avisou.— Por que?— Já tem quase meia hora que o CEO chegou.— Eita! Deixa eu enfrentar o trabalho então. — Me despedi dela e fui para o elevador, me
ParisDepois do trabalho, para comemorar o meu romance não iniciado, decidi me arrumar e ir tomar sorvete com minhas amigas, em uma sorveteria dentro do campus.— Arrumar? Você quer dizer colocar a fantasia, certo?Colocar a fantasia que acabei de tirar? Ela deve estar brincando.Só de lingerie, deixo a blusa que estava prestes a vestir de lado e a encaro.— Não. Vou me arrumar. Não vou andar pelo campus caracterizada.— Você aceitou a aposta — retruca. — Sem colocar nenhuma regra.— E vou cumprir. Pelo menos no meu emprego, onde já me viram daquele jeito. Aqui, não adianta ficar reclamando toda vez, vou continuar andando normal.— Inalda, fala alguma coisa. Ela está burlando a aposta outra vez.Minha amiga cantarola, fingindo que não é com ela.<
BarbaraAlguns meses antesFingi que não notei o barulho da porta se abrindo, continuei em cima de Michael, cavalgando, gemendo de forma a tirar a atenção dele de barulhos externos.— Desculpe, eu... — ouvi a voz de Inalda e me virei saindo de cima dele de forma que ela e Paris pudessem ver quem era. Sabia que elas viriam juntas.Se eu gostava de Michael... Talvez sim, talvez não. Se Paris era minha melhor amiga... eu não diria isso. Eu tinha inveja dela desde que nos conhecemos e sempre quis provar que sou melhor. Colocar um chifre em sua cabeça foi o melhor jeito. Ela precisava saber que não era tudo isso que as pessoas insistiam em ficar chamando-a. Linda, educada, gentil, inteligente... a porra da mulher perfeita.Eu estava cansada de ouvir e ver as pessoas a elogiando. Me enchia de &o
ParisMeses atrásEstávamos de férias e eu aproveitei para passar um tempo com meus pais.Como já começaríamos com muita coisa na faculdade e só consegui algumas semanas de férias no trabalho como assistente na biblioteca, cheguei de viagem antes do prazo.Mandei uma mensagem para minhas amigas avisando que estava chegando e acabou que Inalda também estava no aeroporto. Companhia para voltar.Barbara não respondeu as nossas mensagens. Não sabia se chegou a visualizar porque ela desativa esse recurso.Voltamos falando sobre nossas férias e o que poderíamos fazer nos próximos dias, antes de as aulas voltares.Eu estava ansiosa para ver meu namorado. Faz quase uma semana que não o vejo. Sinto falta do seu carinho. Ele me trata como uma princesa, o que compensa muito não ser o rei do sexo ou seu pau não ser nem mesmo médio. Já tive outros dois namorados antes dele e senti a diferença. Os outros eram mais paixão, Michael é mais amor e mimos. Adoro ser mimada.Ouvi gemidos assim que Inalda
JoshuaDepois de dois dias tentando fingir que nada havia acontecido e tratando Paris apenas como minha secretária, me vi como um idiota a seguindo até a faculdade, onde soube que estudava. Não literalmente seguindo. Fui depois do trabalho, depois de passar em um bar e tomar uma dose de uísque sem parar de pensar nela.— Com licença, você conhece uma aluna do último ano chamada Paris? — perguntei a um rapaz que passava segurando um skate.Com meus trinta e cinco anos, estava me sentindo deslocado entre tantos jovens.— Claro! Todos conhecem a deusa Paris.— Deusa? — Pelo jeito ela sofre bullying por sua aparência. Preciso realmente ajudá-la a se encontrar.— Ela está na biblioteca. — Uma garota de dred rosa, que ouviu a conversa, respondeu. Enquanto as outras do grupinho dela cochichavam sobre a minha aparência.Elas devem achar que sou surdo. Garotas frívolas que nunca viram um homem de verdade.— Obrigado! — agradeci e me afastei antes de ser grosseiro com essas pessoas. Não gostei