Capítulo 2 – O início de mais um pesadelo

LUIZA

Aluguei um pequeno apartamento de um quarto em Porto Alegre, e comecei na mesma semana a trabalhar em uma cafeteria. Apesar de tudo, eu precisava ser feliz pela minhas mãe, e apesar de não vê ainda uma forma disso acontecer, eu precisava tentar.

Depois de quase 3 meses que eu havia me mudado para Porto Alegre, recebi a ligação de uma "agência de modelos'. Segundo eles, tinham visto minhas fotos nas redes sociais e gostariam de me contratar para alguns trabalhos como modelo.

Para isso eu precisava me mudar para São Paulo, porém eles pagariam minhas despesas como passagem de avião, hospedagem, entre outros custos, e que só quando eu chegasse lá e começasse a trabalhar, que eu iria pagando parcialmente as despesas que tivessem comigo.

Decidi aceitar, achava que na pior das hipóteses, se eu não me adaptasse, eu voltaria para Porto Alegre.

Sai de Porto Alegre em um vôo em direção a São Paulo, e chegando lá, o combinado seria que teria alguém com uma plaquinha com o meu nome me aguardando no aeroporto.

No desembarque vi uma mulher com uma placa com o meu nome Luiza Prado na mão, fiz sinal para ela e nos apresentamos.

— Oi, sou a Luiza da Plaquinha.

— Prazer Luiza, me chamo Karla. Seja bem vinda! Vamos que vou te levar - falou me ajudando com as malas.

No caminho fiquei observando e admirando a cidade. Nunca tinha vindo a São Paulo, e estava encantada com tantos prédios, e como eram altos.

Depois de alguns minutos, não sei exatamente quantos, pois me distrai observando tudo no caminho, nós chegamos no que parecia ser uma boate e então perguntei:

— Achei que você iria me levar para onde vou ficar hospedada?

— Sim, mas tem alguém aqui querendo falar com você — falou com um sorriso, que naquele momento eu não consegui decifrar.

Entramos e lá dentro as luzes eram escuras. Vi um palco, um bar, algumas garotas muito bonitas passando, muitos homens altos e fortes de terno e gravata, que deduzi serem seguranças.

Karla foi me guiando por um corredor que tinha uma porta no final, e que dava para um escritório.

Na porta do escritório pude observar dois seguranças, que pareciam dois armários. A Karla bateu na porta e alguém mandou entrar, e nós entramos.

— Com licença Chefe, eu trouxe sua encomenda — Karla falou arqueando uma sobrancelha e com um sorriso de canto — Na hora que ela falou "encomenda", franzi minha testa, e ali já vi que tinha algo muito estranho.

— Nossa, muito mais linda do que nas fotos — aquele homem falou sentado em uma cadeira giratória, encostando os cotovelos na mesa, e esfregando as mãos.

— E aparentemente é bilhete premiado — disse sorrindo e completou — Certamente está no lacre.

— Que maravilha! Pode se retirar Karla, que eu vou entrevistar a moça - falou girando a sua cadeira para o lado, e se levantando lentamente.

Eu comecei a ficar com muito medo. A essa altura eu já tinha certeza, de que isso não era nada do que tinham combinado comigo anteriormente

— Pode sentar Luiza — o "Chefe" falou se aproximando, me fazendo dar passos para trás.

— Não obrigada, estou bem em pé.

— Como preferir — disse se encostando na mesa, e cruzando seus pés um no outro.

Tive vontade de correr, de gritar por socorro. Eu estava com um péssimo pressentimento, mas ainda assim, nada do que eu pensei se comparava ao que estava por vir.

— Luiza é o seguinte, o Maguila que está aí fora, vai te levar para conhecer seu quarto e suas colegas de trabalho — disse apontando para a porta — Hoje estamos fechados, então amanhã será seu primeiro dia. As meninas te dirão os horários das refeições. Alguma dúvida?

— Sim, o que exatamente eu vou fazer aqui?

Ele ri de forma irônica.

— Ah! ah! ah! Você ainda não entendeu?

— Eu recebi uma ligação, onde me falaram de uma trabalho como modelo — falei inocentemente achando que ainda tinha o que argumentar.

— Aqui não é muito diferente, só que ao invés de passarela, temos palco, e por aqui, assim como nos trabalhos de modelo, quanto mais linda você é, mais grana você ganha.

— E se eu não quiser ficar aqui?

— Você não tem escolha, afinal deve um bom dinheiro para a casa.

— E quanto eu devo para a casa?

— Aproximadamente R$20.000,00 — falou alisando a barba.

— Tu só pode está brincando? — perguntei achando que poderia ser uma brincadeira de muito mal gosto.

— Você teve um dia de princesa em Porto Alegre não teve? Shopping? Clínica de estetica? Dentista? Salão de beleza? Além da passagem de avião? Ah, e o táxi até aqui, estou correto?

— Ninguém me falou que eu teria que pagar por tudo me prostituindo.

— E você achou que sairia de graça? Quem você pensa que eu sou? O Papai Noel? — falou sendo irônico.

— O acordo seria que com os trabalhos de modelo, eu pagaria parcialmente as despesas. Eu não quis ir no salão, nem na clínica e muito menos no shopping — argumentei — Uma pessoa se apresentou para mim como uma "personal stylist" da agência, e falou que eu precisava dar um jeito no meu visual.

Ele me olhou com um cara de deboche, e minha vontade era cuspir na cara dele.

— Eu não tenho como pagar — falei sem conseguir impedir que as lágrimas caissem.

— Tem sim, boneca! Você vai me pagar com o seu trabalho.

— Eu não posso me prostituir, eu sou...

— O que? Virgem? Não se preocupe com isso. Você não imagina o quanto que os clientes daqui estão dispostos a pagar por uma b***** lacradinha.

Eu não consegui me segurar, e as lágrimas começaram a cair novamente.

— Uma última coisa, até você pagar a sua dívida, seu celular está confiscado — falou estendendo a mão, e então completou — É só por garantia.

Enquanto eu estava o encarando, ele perguntou:

— Você prefere me entregar ou peço pro Maguila revistar sua bolsa e sua mala?

Entreguei meu celular, antes que ele mandasse o tal Maguila mexer nas minhas coisas.

— Se você não tem mais perguntas, pode se retirar —falou abrindo a porta — O Maguila vai te levar até seu quarto, e vai te ajudar com as malas.

Me retirei e vi o tal Maguila de frente a porta.

Apesar dele ser muito grande, ele não me dava medo, pelo contrário, foi a primeira pessoa dentro daquela boate que parecia ser amigável.

Ficamos por todo o caminho andando em silêncio, até chegar na porta do quarto.

— Moça, esse é o seu quarto — falou e nós paramos de frente a porta, então ele continuou — Olha só, eu imagino o quanto você deve está com medo, mas as meninas acabam acostumando com o tempo, e boa parte delas acaba gostando. Nem todas as meninas vem parar aqui como no seu caso, achando que é uma coisa, e era outra. Algumas vem para fazer a vida, e algumas mesmo que venham enganadas, acabam se adaptando.

Fiquei escutando tudo que ele me falava, mas ainda assim era aterrorizante saber que eu não tinha outra opção, e teria que perder minha virgindade me prostituindo.

Ate que ele abriu a porta do quarto das garotas para mim.

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