LUIZA
Aquele leilão foi muito mais humilhante do que eu poderia imaginar.Escutar aquelas pessoas dando lances para tirar minha virgindade, fez eu me sentir um objeto. Eu só queria que aquilo acabasse. Só queria me trancar em algum lugar e chorar.De repente quando os lances terminaram, e vi uma mão estendida para mim. Eu nem resisti, só peguei a mão dele e fui junto com ele para o quarto. Assim que cheguei no quarto, acabei tendo uma outra crise de ansiedade. Não conseguia respirar, mi coração ficou acelerado, e a sensação era que eu ia morrer, e eu não conseguia parar de chorar. Se tinha uma coisa que eu não fazia ideia, era o que estava passando na cabeça daquele homem. Eu não sabia o que ele acabaria fazendo comigo ali, e aquilo era apavorante. Surpreendente ele pareceu está preocupado comigo, e me perguntou se eu queria ir ao hospital, e eu apenas balancei a cabeça que não, e ele ficou parado me observando. Depois de um tempo que parecia infinito, vi que aquele homem pediu mais tempo na recepção, e eu confesso que fiquei aliviada pelo fato de não ter que ficar com mais nenhum outro homem aquela noite, e ao mesmo tempo apavorada do que poderia ter motivado ele a pedir mais tempo no quarto comigo. Afinal de contas, até então na minha cabeça, ninguém pagaria uma quantia tão alta, e ainda pagaria um valor adicional por mais tempo, para não querer receber cada centavo do investimento, pelomenos não naquele lugar.Só que para minha surpresa, assim que ele terminou de falar com a recepção da boate, ele colocou as coisas dele na mesa, o blazer na cadeira, virou pro lado e foi dormir. Eu fiquei sem entender, mas quando ele virou para dormir, parecia que tinham tirado um peso de uma tonelada das minhas costas. Ele deve ter dormido por aproximadamente 4 horas. Depois de sensação de alívio ao perceber que aquele homem havia ido dormir, vieram os questionamentos na minha cabeça.Primeiro: Por que um homem tão boniti precisaria pagar para ficar com uma mulher? Ele era relativamente alto, com certeza se exercitava, porque tinha um certo porte. Estava de camisa social, mas ainda assim dava para perceber os ombros largos dele. O cabelo era castanho claro, os olhos claros, meio cor de mel e a barba pra fazer. Enquanto estava acordado, toda hora ele passava as mãos pelos cabelos. Ele certamente deveria ter várias mulheres aos pés dele.Definitivamente eu tinha muitas dúvidas.Segundo: Por que alguém pagaria mais de R$20.000,00 por uma noite inteira com alguém, e foi dormir?Terceiro: Por que ele parece tão frio e distante?Enquanto eu estava ali nos meus pensamentos, ele acordou. Ainda em silêncio, colocou os sapatos, foi até o banheiro, tomou um banho, pois escutei o barulho do chuveiro, saiu do banheiro, pegou suas coisas, vestiu o blazer e já estava girando a maçaneta para ir embora.Sem pensar muito eu segurei o braço dele.— Por favor, não vai embora — falei em meio ao desespero.— Oi? — ele me perguntou confuso.— Você pagou caro — eu disse. — Tem o direito de ficar comigo.— Garota, eu não vim com a intenção de ficar com ninguém — falou friamente. — Eu só paguei pelo leilão porque vi que você estava com medo.Eu fiquei ainda mais confusa.— Eu te agradeço por isso. Mas, já que você pagou, você não gostaria de receber seu pagamento?— Garota, eu não entendo — disse ainda mais confuso.— Achei que você ficaria feliz em não ter que se submeter a isso.— E eu fiquei — falei respirando fundo. — Mas, se não for com você hoje, será com algum estranho amanhã, e eu prefiro que seja com você. Pelo menos poderei dizer para mim mesma que a minha primeira vez foi com alguém de bom coração, que não me conhecia e mesmo assim tentou me ajudar.— Me desculpa, mas eu preciso realmente ir — falou girando a maçaneta.Ele simplesmente abriu a porta e saiu.Eu não sei bem explicar, mas assim que ele saiu daquele quarto me senti desprotegida novamente.Eu fui andando em direção ao meu quarto, e me senti aliviada pela boate está vazia. Ao entrar no quarto, todas as meninas estavam dormindo. Eu fui ao banheiro, tomei um banho, escovei os dentes, e fui dormir.Quando acordei, a Bruna, a Nanda e a Tati estavam acordadas, e assim que me viram, as gurias correram pra minha cama pra saber como tinha sido tudo e como eu estava.— Barbie você está bem? — perguntou Bruna.— Como foi ontem? — dessa vez foi Nanda que perguntou.— Barbie, R$20.000,00, tu tem noção? Tá podendo garota — falou Tati sorrindo.Eu contei para elas tudo que tinha acontecido, ou melhor, que não tinha acontecido, e elas ficaram incrédulas.De repente, a porta abriu e as meninas fizeram um gesto para eu parar de falar.A Renata entrou de cara fechada, veio em minha direção e falou:— Loira, não vem se criar por conta do lance de ontem não tá? Fique sabendo que você precisa comer muito feijão com arroz para se igualar com as mais antigas.Eu fiquei sem entender e sem saber o que responder. Nitidamente aquela guria não foi com a minha cara, e não fez questão nenhuma de esconder.— Renata, deixa a menina, ela não fez nada — disse Nanda.— Deixa eu te dar um aviso: Se cruzar meu caminho eu atropelo — falou me encarando.Ela saiu do quarto batendo a porta furiosa.— Não liga Barbie — disse Nanda. — Ela está com raiva porque ela já fez programa com o cliente bonitão que pagou o lance do leilão.— Ele é cliente antigo daqui?— perguntei.— Ele passou a vir de uns meses para cá — disse ela. — As vezes escolhe alguma menina, as vezes só fica bebendo. Mas ele nunca fica com a mesma menina, e as meninas comentam que ele não beija na boca, mas sempre dá umas caixinhas generosas.Fiquei pensativa, e ainda achando aquele homem uma incógnita.Fomos almoçar e eu percebi algumas meninas me olhando com um olhar meio intimidador.Bruna me disse para não ligar, que elas estavam com inveja e se sentindo ameaçadas, pois ninguém nunca havia pago um valor tão alto por uma virgindade aqui.— Como alguém pode invejar esse tipo de coisa? — perguntei.— Vai por mim, a rivalidade feminina por aqui é forte. Depois do almoço, voltamos para o quarto, o dia foi passando e logo chegou a noite para o meu desespero. Eu fui ficando com medo por saber que de hoje não passava.Ainda estava no quarto me arrumando, quando o Maguila bateu na porta:— Barbie, se apressa. Você já tem cliente.Meu coração disparou, eu agora não tinha mais como fugir. O que eu poderia fazer? Não vinha nada em minha mente, então só desisti de tentar achar uma saída.— Já estou indo — respondi com o coração disparado e a voz trêmula.Respirei fundo e fui em direção a porta, como quem está indo para um abatedouro.A Bruna e a Nanda que ainda estavam no quarto, me desejaram boa sorte e eu saí.O Maguila falou que o meu cliente já estava no quarto me esperando, e me levou até ele.Abri a porta e meu cliente estava lá sentado me esperando.— Você?— Oi! — disse ele. — Como você está? Eu sorri e enfim pude soltar o ar que estava preso, e então respondi:—Aliviada.... Bem aliviada. Mas, confesso que não esperava te vê novamente aqui.— Por que não?— As gurias comentaram que você nunca escolhe a mesma pessoa.— Não sabia que eu estava sendo tão observado — falou enquanto tirava o blazer.— Tu tem que concordar que tu é muito bonito, e deve ser uma das poucas excessões por aqui.Ele riu de canto, e falou:— Hoje você está mais tranquila?— Agora sim — falei suspirando. — Não sei bem explicar, mas me sinto segura com você.FelipeDepois que sai daquela casa noturna, fui para casa, tomei um banho e tomei meu café da manhã, e em seguida fui para a empresa.Esse dia foi um daqueles, onde eu saia de uma reunião para entrar em outra, porém, eu não consegui me concentrar em nenhuma delas. Aquela garota, e aquele pedido antes de eu ir embora não saiam da minha cabeça.Naquele momento eu tive certeza que ela estava ali contra a sua vontade dela.Por mais que eu quisesse ser indiferente, eu não conseguia. Eu tinha que fazer alguma coisa.Eu sai da minha última reunião, e fui direto para aquele lugar. Cheguei lá, paguei pela noite toda com ela, e pedi para que levassem ela direto para o quarto.Vê a cara de alívio que ela fez quando me viu, fez eu ter certeza que eu estava fazendo o que era certo.Ela entrou no quarto depois de dizer que estava aliviada de me vê, e o segurança fechou a porta— O que você faz aqui? — ela falou com um sorriso no rosto.— Queria conversar com você — disse a ela. Ela se sentou na ca
Decidida a descobrir que era o dono da boate, me aproximei do Maguila perguntei:— Oi Maguila, tudo bem? Você sabe o nome do dono da boate?— Barbie, esse cara é do tipo de gente que você tem que tomar o máximo de distância.— Eu não vou me aproximar dele, eu só precisava saber o nome.— Poxa Barbie, não sei se posso te passar esse tipo de informação.— Confia em mim Maguila, por favor — pedi na esperança de descobrir algo relevante. — Ninguém nunca saberá que foi você que me falou.— Não se trata só disso — disse ele olhando ao redor. — Pelo que eu sei, esse cara é um assassino sangue frio, e eu tenho medo de você se encrencar.— Eu não vou, eu prometo.— Tá bom Barbie! Eu vou confiar em você — disse novamente olhando para os lados, na intenção de vê se alguém poderia está escutando. — Eu não sei o nome dele, mas o apelido dele é Lobo. Ele é chefão em um dos morros do Rio de Janeiro, mas não sei exatamente qual. — Muito obrigado Maguila — falei o abraçando. — Eu vou ficar te devendo
FELIPE Eu não podia me envolver ainda mais. Eu estava ali para ajudar aquela garota a se livrar daquele lugar, e não podia confundir as coisas, sem falar que eu precisava manter o foco.Falei para mim mesmo: Relações práticas, sem envolvimento, lembra Felipe?O banho gelado não resolveu muito, e eu sabia que seria difícil aguentar as torturantes horas que eu ainda teria que ficar ali, sem poder tocar nela. Quando sai do banheiro, vi que ela estava dormido, e eu respirei aliviado.Deitei do outro lado, fiquei observando o quando ela era linda. Toda linda, da cabeça aos pés. Eu sorri ao lembrar que ela me deixou louco só em beijá-la. De uma coisa eu já sabia, aquela garota estava mexendo muito mais comigo do que eu queria admitir.Acabei dormindo enquanto eu olhava para ela.Quando já estava amanhecendo, eu me acordei e ela ainda dormia. Coloquei os sapatos, pequei o celular e as chaves do carro que estavam em cima de uma mesa, e dei um beijo na testa dela antes de ir embora sem acord
LUIZA Acordei com o Maguila me chamando.— Barbie... Barbie .... Acorda.— Oi Maguila, o que aconteceu?— Vamos, o chefe está te chamando na sala dele.Eu levantei, escovei os dentes, troquei de roupa, e fui até a sala do chefe.Quando cheguei, a Renata estava lá sentada no sofá.— Pode entrar Barbie! Feche a porta — disse ele.— Não sei o que essa Guria te falou, mas eu não fiz nada de errado.— Calma Barbie! Só te chamei por que precisamos esclarecer alguns detalhes. Acho que por estar aqui a pouco tempo, você ainda não entendeu algumas regrinhas da casa.— Hum.Eu ja imaginava o que vinha pela frente, então ele começou a falar.— Primeiramente, meus parabéns! Para uma virgem, até que você soube da uma chave de perna bem dada no playboy — falou ironizando.Minha única reação foi revirar os olhos de tédio.— Só tem um problema Barbie — falou ele se levantando da cadeira, e se aproximando de mim. —Ontem eu recebi a reclamação de um cliente que informou que estava indo em sua direção
FELIPESai daquela casa noturna, e tudo que rolou essa madrugada com Luiza não saia do meu pensamento. Nós não tínhamos chegado nem perto de consumar o ato, mas já tinha sido incrível. Nunca tive tanta química assim com uma mulher antes. Tudo com ela parecia que se encaixava perfeitamente.Fui direto para casa, eu não iria trabalhar. Liguei logo cedo para minha secretária, cancelando todas os meus compromissos.Ainda no carro, liguei para o Henrique, um amigo de longa data, que certamente conhecia umas pessoas, que me levariam ao tal Lobo.LIGAÇÃO ON.— Alô Henrique.— (Atende sonolento) Alô.— Henrique irmão, desculpa está te ligando a essa hora, mas a parada é meio urgente.— De boa cara, fala aí. Eu já tinha que acordar mesmo, e você na verdade me fez um favor.— Então cara, eu vou direto ao assunto. Eu preciso chegar em um cara conhecido como Lobo, dono de morro no Rio de Janeiro. Foi tudo que eu consegui descobrir sobre o cara.— Meu irmão, eu já ouvi falar sobre esse cara. Se fo
FELIPE O Lobo ficou um tempo me encarando, e em seguida perguntou:— A que devo honra do palyboy aqui no meu morro?— Eu gostaria de propor um negócio para você — falei meio apreensivo, mas tentando demostrar firmeza.— Manda aí playboy, mas seja rápido para não atrapalhar o meus corre.— Eu quero pagar a dívida de uma das garotas da sua boate em São Paulo — falei sem rodeios.O Lobo franzil as sobrancelhas, e parecia não entender do que se tratava.Ele pegou o celular, se afastou e começou a falar com alguém. Parecia irritado, e xingou com vários palavrões a pessoa do outro lado.Ele voltou, ainda com o semblante irritado, e perguntou:— Do que se trata a dívida Playboy? Quero ver se as histórias batem.— A Luiza, a garota ao qual eu vim pagar a dívida, recebeu uma proposta para se mudar para São Paulo, na promessa de que trabalharia como modelo. Antes de sair de Porto Alegre onde morava, compraram roupas, sapatos, levaram ela no salão, em clínica de estética, e até em dentista. Pa
FELIPELevei a Luiza para ficar na minha cobertura no Morumbi, e assim que abrimos a porta ela falou:— Nossa Felipe, que lugar lindo, aqui é enorme.— Obrigado! Quero que você se sinta em casa aqui. A despensa e a geladeira estão cheias, tem alguns vinhos na adega, deixei um cartão em cima da mesa com senha. Pode usar a hora que quiser e para o que quiser. Nós sentamos um pouco no sofá, a Luiza estava curiosa para saber como eu havia conseguido a liberdade dela da casa noturno, e pude perceber que quando eu contei ela ficou bem impressionada com tudo.— Tu se arriscou muito! Graças a Deus que você está aqui em segurança, mas foi um risco muito grande, e poderia ter dado muito errado. Mesmo achando que tu se arriscou demais, eu queria te agradecer por tudo — disse com um sorriso. — Por tudo mesmo! Eu nunca conseguirei te agradecer o suficiente.— Você não precisa me agradecer — falei retribuindo o sorriso. — Você sofreu uma injustiça, e eu vi que poderia fazer algo a respeito.Nós doi
LUIZA.LIGAÇÃO ON— Alô, Luiza? — atendeu aparentemente surpreso, principalmente pela hora.— Oi Felipe.— Está tudo bem?— Não, não está.— Luiza, o que aconteceu? — perguntou preocupado.— Eu...eu... Tô sentindo sua falta —falei com a voz embargada.— Acredito que você tenha feito uma visita a adega, não é mesmo? — falou de uma forma meio descontraída.— Sim, fiz e agora estou considerando dormir na sua varanda, para não ter que levantar.— Ha ha ha. Estou perto, me espera que vou passar aí — disse sorrindo. — Chego em 10 minutos.Desligamos, e fiquei aguardando ele.De repente escuto o Felipe Falando:— Você sabe que vai acordar com uma baita de uma ressaca amanhã, não sabe? Ele estava escostado em pé, na porta de vidro que dá para varanda, lindo como sempre, com uma roupa de quem ainda não chegou em casa do trabalho, um terno escuro, sem gravatá e uma camisa social por dentro. Aí meu Deus, eu tinha esquecido o quando ele é lindo e.... Que homem. Eu não falei nada, só olhei p