Capítulo 6 – Ele é uma incógnita

LUIZA

Aquele leilão foi muito mais humilhante do que eu poderia imaginar.

Escutar aquelas pessoas dando lances para tirar minha virgindade, fez eu me sentir um objeto. Eu só queria que aquilo acabasse. Só queria me trancar em algum lugar e chorar.

De repente quando os lances terminaram, e vi uma mão estendida para mim. Eu nem resisti, só peguei a mão dele e fui junto com ele para o quarto.

Assim que cheguei no quarto, acabei tendo uma outra crise de ansiedade.

Não conseguia respirar, mi coração ficou acelerado, e a sensação era que eu ia morrer, e eu não conseguia parar de chorar.

Se tinha uma coisa que eu não fazia ideia, era o que estava passando na cabeça daquele homem. Eu não sabia o que ele acabaria fazendo comigo ali, e aquilo era apavorante.

Surpreendente ele pareceu está preocupado comigo, e me perguntou se eu queria ir ao hospital, e eu apenas balancei a cabeça que não, e ele ficou parado me observando.

Depois de um tempo que parecia infinito, vi que aquele homem pediu mais tempo na recepção, e eu confesso que fiquei aliviada pelo fato de não ter que ficar com mais nenhum outro homem aquela noite, e ao mesmo tempo apavorada do que poderia ter motivado ele a pedir mais tempo no quarto comigo. Afinal de contas, até então na minha cabeça, ninguém pagaria uma quantia tão alta, e ainda pagaria um valor adicional por mais tempo, para não querer receber cada centavo do investimento, pelomenos não naquele lugar.

Só que para minha surpresa, assim que ele terminou de falar com a recepção da boate, ele colocou as coisas dele na mesa, o blazer na cadeira, virou pro lado e foi dormir.

Eu fiquei sem entender, mas quando ele virou para dormir, parecia que tinham tirado um peso de uma tonelada das minhas costas.

Ele deve ter dormido por aproximadamente 4 horas.

Depois de sensação de alívio ao perceber que aquele homem havia ido dormir, vieram os questionamentos na minha cabeça.

Primeiro: Por que um homem tão boniti precisaria pagar para ficar com uma mulher?

Ele era relativamente alto, com certeza se exercitava, porque tinha um certo porte. Estava de camisa social, mas ainda assim dava para perceber os ombros largos dele. O cabelo era castanho claro, os olhos claros, meio cor de mel e a barba pra fazer. Enquanto estava acordado, toda hora ele passava as mãos pelos cabelos. Ele certamente deveria ter várias mulheres aos pés dele.

Definitivamente eu tinha muitas dúvidas.

Segundo: Por que alguém pagaria mais de R$20.000,00 por uma noite inteira com alguém, e foi dormir?

Terceiro: Por que ele parece tão frio e distante?

Enquanto eu estava ali nos meus pensamentos, ele acordou. Ainda em silêncio, colocou os sapatos, foi até o banheiro, tomou um banho, pois escutei o barulho do chuveiro, saiu do banheiro, pegou suas coisas, vestiu o blazer e já estava girando a maçaneta para ir embora.

Sem pensar muito eu segurei o braço dele.

— Por favor, não vai embora — falei em meio ao desespero.

— Oi? — ele me perguntou confuso.

— Você pagou caro — eu disse. — Tem o direito de ficar comigo.

— Garota, eu não vim com a intenção de ficar com ninguém — falou friamente. — Eu só paguei pelo leilão porque vi que você estava com medo.

Eu fiquei ainda mais confusa.

— Eu te agradeço por isso. Mas, já que você pagou, você não gostaria de receber seu pagamento?

— Garota, eu não entendo — disse ainda mais confuso.

— Achei que você ficaria feliz em não ter que se submeter a isso.

— E eu fiquei — falei respirando fundo. — Mas, se não for com você hoje, será com algum estranho amanhã, e eu prefiro que seja com você. Pelo menos poderei dizer para mim mesma que a minha primeira vez foi com alguém de bom coração, que não me conhecia e mesmo assim tentou me ajudar.

— Me desculpa, mas eu preciso realmente ir — falou girando a maçaneta.

Ele simplesmente abriu a porta e saiu.

Eu não sei bem explicar, mas assim que ele saiu daquele quarto me senti desprotegida novamente.

Eu fui andando em direção ao meu quarto, e me senti aliviada pela boate está vazia. Ao entrar no quarto, todas as meninas estavam dormindo. Eu fui ao banheiro, tomei um banho, escovei os dentes, e fui dormir.

Quando acordei, a Bruna, a Nanda e a Tati estavam acordadas, e assim que me viram, as gurias correram pra minha cama pra saber como tinha sido tudo e como eu estava.

— Barbie você está bem? — perguntou Bruna.

— Como foi ontem? — dessa vez foi Nanda que perguntou.

— Barbie, R$20.000,00, tu tem noção? Tá podendo garota — falou Tati sorrindo.

Eu contei para elas tudo que tinha acontecido, ou melhor, que não tinha acontecido, e elas ficaram incrédulas.

De repente, a porta abriu e as meninas fizeram um gesto para eu parar de falar.

A Renata entrou de cara fechada, veio em minha direção e falou:

— Loira, não vem se criar por conta do lance de ontem não tá? Fique sabendo que você precisa comer muito feijão com arroz para se igualar com as mais antigas.

Eu fiquei sem entender e sem saber o que responder. Nitidamente aquela guria não foi com a minha cara, e não fez questão nenhuma de esconder.

— Renata, deixa a menina, ela não fez nada — disse Nanda.

— Deixa eu te dar um aviso: Se cruzar meu caminho eu atropelo — falou me encarando.

Ela saiu do quarto batendo a porta furiosa.

— Não liga Barbie — disse Nanda. — Ela está com raiva porque ela já fez programa com o cliente bonitão que pagou o lance do leilão.

— Ele é cliente antigo daqui?— perguntei.

— Ele passou a vir de uns meses para cá — disse ela. — As vezes escolhe alguma menina, as vezes só fica bebendo. Mas ele nunca fica com a mesma menina, e as meninas comentam que ele não beija na boca, mas sempre dá umas caixinhas generosas.

Fiquei pensativa, e ainda achando aquele homem uma incógnita.

Fomos almoçar e eu percebi algumas meninas me olhando com um olhar meio intimidador.

Bruna me disse para não ligar, que elas estavam com inveja e se sentindo ameaçadas, pois ninguém nunca havia pago um valor tão alto por uma virgindade aqui.

— Como alguém pode invejar esse tipo de coisa? — perguntei.

— Vai por mim, a rivalidade feminina por aqui é forte.

Depois do almoço, voltamos para o quarto, o dia foi passando e logo chegou a noite para o meu desespero. Eu fui ficando com medo por saber que de hoje não passava.

Ainda estava no quarto me arrumando, quando o Maguila bateu na porta:

— Barbie, se apressa. Você já tem cliente.

Meu coração disparou, eu agora não tinha mais como fugir. O que eu poderia fazer? Não vinha nada em minha mente, então só desisti de tentar achar uma saída.

— Já estou indo — respondi com o coração disparado e a voz trêmula.

Respirei fundo e fui em direção a porta, como quem está indo para um abatedouro.

A Bruna e a Nanda que ainda estavam no quarto, me desejaram boa sorte e eu saí.

O Maguila falou que o meu cliente já estava no quarto me esperando, e me levou até ele.

Abri a porta e meu cliente estava lá sentado me esperando.

— Você?

— Oi! — disse ele. — Como você está?

Eu sorri e enfim pude soltar o ar que estava preso, e então respondi:

—Aliviada.... Bem aliviada. Mas, confesso que não esperava te vê novamente aqui.

— Por que não?

— As gurias comentaram que você nunca escolhe a mesma pessoa.

— Não sabia que eu estava sendo tão observado — falou enquanto tirava o blazer.

— Tu tem que concordar que tu é muito bonito, e deve ser uma das poucas excessões por aqui.

Ele riu de canto, e falou:

— Hoje você está mais tranquila?

— Agora sim — falei suspirando. — Não sei bem explicar, mas me sinto segura com você.

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