LUIZA Eu me chamo Luiza Schneider e vou contar um pouco da minha história para vocês. Sou do interior do Rio Grande do Sul, de uma cidade chamada Vale Real e meus pais tinham uma pequena propriedade rural. Eles trabalharam na roça a vida inteira. Minha mãe era uma mulher linda, confiante e muito alegre, mas que foi perdendo sua vaidade, sua confiança e a alegria com o passar dos anos. Meu pai era uma pessoa desprezível e eu não me lembro se ter olhado para ele alguma vez na minha vida com admiração. Eu e a minha mãe tínhamos medo dele. Ele era um alcoólatra, bebia todos os dias, mas não precisava estar bêbado para mostrar o quanto era desprezível. Ele sempre batia na minha mãe e depois a obrigava a se trancar no quarto com ele. Eu lembro que quando eu tinha uns doze anos, a minha mãe levou uma das piores surras da sua vida. Eu havia ido para a escola e quando voltei a vi caída na cozinha, desacordada, toda cheia de hematomas e com um dos olhos inchados. Eu consegui pedir a
LUIZA Aluguei um pequeno apartamento de um quarto em Porto Alegre, e comecei na mesma semana a trabalhar em uma cafeteria. Apesar de tudo, eu precisava ser feliz pela minhas mãe, e apesar de não vê ainda uma forma disso acontecer, eu precisava tentar. Depois de quase 3 meses que eu havia me mudado para Porto Alegre, recebi a ligação de uma "agência de modelos'. Segundo eles, tinham visto minhas fotos nas redes sociais e gostariam de me contratar para alguns trabalhos como modelo. Para isso eu precisava me mudar para São Paulo, porém eles pagariam minhas despesas como passagem de avião, hospedagem, entre outros custos, e que só quando eu chegasse lá e começasse a trabalhar, que eu iria pagando parcialmente as despesas que tivessem comigo. Decidi aceitar, achava que na pior das hipóteses, se eu não me adaptasse, eu voltaria para Porto Alegre. Sai de Porto Alegre em um vôo em direção a São Paulo, e chegando lá, o combinado seria que teria alguém com uma plaquinha com o meu nome me ag
LUIZA Ao abrir a porta o Maguila falou:— Meninas, essa é a nova colega de vocês. Por favor mostrem a ela a cama que ela vai dormir, onde guardar suas coisas e os horários das refeições. Tinham sete meninas no quarto e quatro beliches. Logo uma Ruiva muito bonita e com cara de menina se aproxima. — Prazer, me chamo Tatiana, mas pode me chamar de Tati — falou alisando o meu braço, e completou — Você parece uma Barbie Eu dei um sorriso de canto para ela, mas não conseguia parar de chorar. Uma moça negra, também muito bonita e bem alta, com cara de modelo da Victoria secret vem em seguida. — Não chora — falou limpando minhas lágrimas — Nós estamos nessa juntas. Ah, e meu nome é Bruna.Ela me abraçou e eu desmoronei abraçada com ela. — Eles mentiram para mim, me falaram que era um trabalho de modelo — falei respirando fundo, tentando controlar o choro — E para completar eu contrai uma dívida de R$ 20.000,00, que tipo de gente faz uma coisas dessas? Uma morena de cabelos longos
LUIZADepois que a gente acordou, fizemos nossa higiene, tomamos café da manhã e fizemos a faxina do local que também ficava por nossa conta. Fui até as gurias que estavam pintando as unhas e perguntei para a Nanda:— Nanda, tu pode me explicar agora como faz para se livrar da dívida daqui?— Sim minha Barbie, eu vou te explicar, se liga só — falou fechando o esmalte, e se virando para mim — A hora do programa aqui é R$500,00. 70% é da casa e 30% da garota. Caso você consiga fazer três programas por noite, a porcentagem passa a ser 40%, e se conseguir cinco clientes na noite a porcentagem vai pra 50%. Independente de quantos programas você fizer no dia, você precisa pagar para a casa R$200,00 por dia de hospedagem e alimentação. Então, se você fizer um único programa por dia, você vai estar aumentando a sua dívida com a casa, porque seu ganho de comissão por um único programa é de R$150,00., entendeu?Assenti com a cabeça, demostrando que estava entendendo.— A maioria das meninas dep
LUIZASai do quarto e sinceramente não sei como consegui andar por aquele corredor. Minhas pernas não paravam de tremer, e as lágrimas começaram a cair.Quando cheguei próximo ao palco, o Chefe viu que eu estava chorando e parece não ter gostado muito.— Alguém da um guardanapo pra essa garota limpar o rosto — falou com cara de desdém.A Bruna me entregou um guardanapo e me ajudou a limpar o rosto e a maquiagem.Respirei bem fundo algumas vezes, para controlar a vontade de chorar.Ele me puxou pelo braço e me levou para o meio do palco.Ele falou sussurrando:— Se inventar alguma gracinha, vai ter consequência! Coloca um sorriso nessa cara, que você não está indo para a forca não.Era exatamente assim que eu me sentia, como se eu estivesse indo para a forca.Confesso que quando estava no palco eu pensei em pegar o microfone e pedi ajuda, mas sabia que ali só tinham homens nojentos, que concordavam com toda aquela atrocidade.Eu sabia que se abrisse minha boca, eles me matariam e eu tin
LUIZAAquele leilão foi muito mais humilhante do que eu poderia imaginar.Escutar aquelas pessoas dando lances para tirar minha virgindade, fez eu me sentir um objeto. Eu só queria que aquilo acabasse. Só queria me trancar em algum lugar e chorar.De repente quando os lances terminaram, e vi uma mão estendida para mim. Eu nem resisti, só peguei a mão dele e fui junto com ele para o quarto. Assim que cheguei no quarto, acabei tendo uma outra crise de ansiedade. Não conseguia respirar, mi coração ficou acelerado, e a sensação era que eu ia morrer, e eu não conseguia parar de chorar. Se tinha uma coisa que eu não fazia ideia, era o que estava passando na cabeça daquele homem. Eu não sabia o que ele acabaria fazendo comigo ali, e aquilo era apavorante. Surpreendente ele pareceu está preocupado comigo, e me perguntou se eu queria ir ao hospital, e eu apenas balancei a cabeça que não, e ele ficou parado me observando. Depois de um tempo que parecia infinito, vi que aquele homem pediu
FelipeDepois que sai daquela casa noturna, fui para casa, tomei um banho e tomei meu café da manhã, e em seguida fui para a empresa.Esse dia foi um daqueles, onde eu saia de uma reunião para entrar em outra, porém, eu não consegui me concentrar em nenhuma delas. Aquela garota, e aquele pedido antes de eu ir embora não saiam da minha cabeça.Naquele momento eu tive certeza que ela estava ali contra a sua vontade dela.Por mais que eu quisesse ser indiferente, eu não conseguia. Eu tinha que fazer alguma coisa.Eu sai da minha última reunião, e fui direto para aquele lugar. Cheguei lá, paguei pela noite toda com ela, e pedi para que levassem ela direto para o quarto.Vê a cara de alívio que ela fez quando me viu, fez eu ter certeza que eu estava fazendo o que era certo.Ela entrou no quarto depois de dizer que estava aliviada de me vê, e o segurança fechou a porta— O que você faz aqui? — ela falou com um sorriso no rosto.— Queria conversar com você — disse a ela. Ela se sentou na ca
Decidida a descobrir que era o dono da boate, me aproximei do Maguila perguntei:— Oi Maguila, tudo bem? Você sabe o nome do dono da boate?— Barbie, esse cara é do tipo de gente que você tem que tomar o máximo de distância.— Eu não vou me aproximar dele, eu só precisava saber o nome.— Poxa Barbie, não sei se posso te passar esse tipo de informação.— Confia em mim Maguila, por favor — pedi na esperança de descobrir algo relevante. — Ninguém nunca saberá que foi você que me falou.— Não se trata só disso — disse ele olhando ao redor. — Pelo que eu sei, esse cara é um assassino sangue frio, e eu tenho medo de você se encrencar.— Eu não vou, eu prometo.— Tá bom Barbie! Eu vou confiar em você — disse novamente olhando para os lados, na intenção de vê se alguém poderia está escutando. — Eu não sei o nome dele, mas o apelido dele é Lobo. Ele é chefão em um dos morros do Rio de Janeiro, mas não sei exatamente qual. — Muito obrigado Maguila — falei o abraçando. — Eu vou ficar te devendo