Anthony Narrando
Quando desliguei o telefone, ainda estava com um sorriso estampado no rosto. Ela atendeu. Ela atendeu! Era o que eu mais queria. E mal sabia ela, mas ela seria minha. Tudo o que ela não percebeu na nossa conversa era que eu só estava começando o jogo. Cada palavra dela, cada resistência, só me fazia querer mais. Fiquei ali, com o telefone na mão, encarando a tela por mais um momento, tentando entender o que acontecia dentro de mim. Ela foi rude, direta demais, sem nenhuma emoção. Quase fria. E me perguntei: por que? Eu, que sempre consegui tudo o que queria — seja nos negócios, seja nas mulheres — não entendia como ela não se derretia ao meu charme. Não era normal. Nenhuma mulher, até agora, me enfrentou dessa maneira. Mas algo nela... algo nela mexeu comigo. Ela mal sabe, mas ela vai ser minha, eu só preciso ter paciência. Um sorriso involuntário apareceu no meu rosto enquanto a ideia se firmava na minha cabeça. Não era só desejo. Era mais. Algo mais profundo. A sensação de ter sido rejeitado, mesmo que levemente, só aumentava a vontade de vê-la novamente, de provar para ela que sou tudo o que ela precisa. Não sei se estava me apaixonando, mas sabia que era algo mais forte que simples atração. Eu queria ela. E ninguém me diz não sem sofrer as consequências. Dormindo com a imagem dela na minha mente. Dia Seguinte. No dia seguinte, acordei cedo, mais cedo do que o normal. Talvez fosse a ideia de Ana Kelly que estava me consumindo, talvez fosse o fato de ela ser diferente de todas. Encarei o espelho no banheiro, e a reflexão que vi era a mesma de sempre: seguro, determinado, pronto para mais um dia. Tomando um banho rápido, vesti o terno que sempre usava para impressionar e, ao sair do quarto, encontrei a empregada já com o café pronto na mesa. — Bom dia, chefe! — Josefa me cumprimentou com aquele sorriso que sempre tinha para me fazer o dia mais leve. — Bom dia, Josefa. Como está? — Perguntei, pegando a xícara de café. — Tudo bem, tudo bem... — Ela respondeu com um tom animado. — Aliás, a Bárbara deixou uma mensagem para você. Eu ri para mim mesmo, sabia que Bárbara queria algo, como sempre. Mas não estava a fim de responder agora. — Diz para ela no escritório. Não vou responder agora. Josefa sorriu de lado, mais curiosa do que realmente interessada no motivo. — O que aconteceu com o senhor? Está mais radiante hoje. Vi até um brilho nos seus olhos. Levantei uma sobrancelha tomando mais um gole do café, e pegando um misto quente que ela sabe que eu amo. — Você viu o passarinho verde, foi patrão? — Ela balançou a cabeça esperando uma resposta. — Passarinho verde? Não. Mas vi uma passarinha de mais ou menos 1,50 m, cabelos negros e a boca desenhada. — Eu ri, gostando da leveza do momento. Mas a ideia de Ana Kelly não saía da minha mente. Enquanto tomava meu café, o telefone vibrou e eu vi que era o meu advogado. Atendi imediatamente. ligação On — Bom dia, doutor. O que aconteceu? — Bom dia, Anthony. Tenho uma viagem de negócios importante em dois dias. Precisamos discutir algumas questões da empresa e estou contando com a sua presença lá. Vai ser um evento essencial para o futuro dos nossos negócios. Eu respirei fundo, tentando focar no trabalho. Mas minha mente voltava para Ana Kelly a cada segundo. Seria tão bom se ela fosse. Pensei. Ela ficaria bem comigo nesse tipo de evento. Não estava certo, mas eu gostava da ideia de ter ela ao meu lado, do meu jeito. — Claro, pode contar comigo. Me avise sobre os detalhes e eu confirmo. Ligação Off Desliguei o telefone, agora com mais uma coisa para focar. Mas, ao mesmo tempo, a ideia de Ana Kelly no meu caminho era forte demais para ignorar. — Vai ser interessante... — Falei baixinho, para mim mesmo. — Ela não sabe, mas vou conquistá-la. Depois de terminar meu café, me despedi de Josefa. — Vou sair agora. Se alguém ligar, avisa que estou a caminho do escritório. Ela balançou a cabeça, com um sorriso simpático. — Está bem, chefe. Tenha um bom dia! Levantei da mesa, pegando a chave do carro e seguindo para o escritório. O trânsito estava calmo naquela manhã, e eu não pude deixar de cantarolar, batendo levemente no volante. A sensação de liberdade era boa, mas, de novo, minha mente voltava para Carla e o que ela tinha me dito. Desprezando-me? Ainda mexe comigo. Mas, aos poucos, eu afasto esses pensamentos. Ana Kelly dominava meus pensamentos agora. Quando cheguei no prédio e subi até o meu escritório, a primeira coisa que vi foi a figura de Bárbara, sentada na minha cadeira, completamente à vontade, como sempre. — Bárbara, o que você está fazendo aqui? Sai da minha cadeira. — Falei, já irritado, sem a menor paciência. Ela olhou para mim, surpresa, não entendendo de onde vinha tanta frieza. — O que aconteceu, Anthony? — Ela perguntou, tentando entender meu tom ríspido. — Nada. Só não quero você aqui. Vá procurar o que fazer. — Fui direto ao ponto, sem perder tempo. Ela se levantou devagar e tentou se aproximar de mim, quase como se tentasse tocar o meu braço. Sem paciência, me afastei. — Se você não sair, a situação vai piorar para você, Bárbara. Ela, teimosa, tentou novamente, mas eu a bloqueei, com os olhos afiados. — Não vou repetir. Se você não sair, ou a porta da rua está aberta. Vai embora, pior do que à Carla. Ela me olhou com raiva, mas não falou nada. Saiu com raiva estampada no rosto. Quando finalmente me sentei na minha cadeira, abri meu telefone e vi a foto de Ana Kelly. Sorri para a tela. — Você vai ser minha. Só preciso ser paciente. — Murmurei, com um sorriso satisfeito, preparando-me para o próximo movimento.......Ana Kelly NarrandoDesci as escadas devagar, sentindo ainda o peso da noite mal dormida. O cheiro de café fresco invadiu minhas narinas antes mesmo de eu chegar à cozinha. Quando coloquei os pés no cômodo, Karen já estava sentada à mesa, comendo uma torrada, e me olhou com aquele ar de quem já sabia que eu tinha algo para contar.— Bom dia, dorminhoca! — Ela disse, com um sorriso malandro. — Dormiu bem?Revirei os olhos, pegando uma xícara e me servindo de café antes de responder.— Dormir? Mal fechei os olhos e você já estava pulando na minha cama.Ela deu de ombros, mastigando mais um pedaço da torrada.— Sinal de que você precisava acordar. Mas enfim, vai, conta. Você tá com essa cara aí...Sentei à mesa, respirando fundo antes de soltar:— Anthony me ligou.Karen travou os lábios na mesma hora, desviando o olhar como se estivesse escondendo alguma coisa. Eu franzi a testa, estreitando os olhos para ela.— Karen... Como ele conseguiu meu número?Ela engoliu seco, deu um sorrisinho
Anthony NarrandoSaí do restaurante sentindo o sangue quente correndo nas veias. Encontrar Ana Kelly daquele jeito, por acaso, só me provava o óbvio: era questão de tempo até ela se entregar.A maneira como ela me olhava, tentando disfarçar o desconforto, me divertia. Não era medo, era resistência. E isso só me deixava mais instigado.Entrei no carro e bati as mãos no volante, ainda com um sorriso no rosto.— Tá fugindo até quando, princesa? — murmurei para mim mesmo.Peguei o celular e abri nossa última conversa. Pensei em mandar uma mensagem, mas decidi esperar um pouco. Não queria que ela achasse que eu estava desesperado.Mas a verdade é que eu estava obcecado.Ela não é como as outras. Não caí nas minhas investidas, não sorri fácil, e aquele olhar desafiador fazia meu ego gritar.Dirigi de volta para o escritório, ainda com a cena fresca na mente. Ela de cabelo preso, a pele limpa, sem exageros, sem tentar chamar atenção. Mas era impossível não notar.Ao chegar, saí do carro e fu
Ana Kelly Narrando O fim de semana chegou mais rápido do que eu esperava. Desde a última ligação de Anthony, eu tentei ignorá-lo, mas a verdade é que ele era insistente. Todos os dias ele mandava mensagens curtas, diretas, como se estivesse certo de que eu responderia. Não respondi nenhuma.Mas o problema é que eu pensava nele....Karen percebeu. — Você tá fugindo dele por quê? — perguntou enquanto se jogava no sofá ao meu lado. — Porque ele é perigoso. — Felei, e ela franziu a testa me encarando. — Perigoso como? Ele parece mais um milionário mimado do que um mafioso. — Não sei explicar… ele tem algo que… — Como se ele tivesse o mundo aos seus pés. — Te assusta? — Ela pergunta e eu fiquei em silêncio. Karen sorriu de lado. — Ou te atrai? — Revirei os olhos e me levantei. — Eu não vim pra cá pra me envolver com ninguém. — Falei com tom de voz um pouco alterado. — Mas você já tá envolvida, amiga. Só não percebeu ainda. Joguei uma almofada nela e subi para o quarto, bufando. Ma
Anthony narrando O olhar de Ana estava atento a cada movimento meu, e eu sabia que ela estava tentando se proteger, mas a maneira como ela me observava, um misto de desconfiança e curiosidade, me fazia saber que, mesmo tentando resistir, ela não estava completamente alheia ao que estava acontecendo entre nós. Ela entrou em meu jogo, mesmo que não admitisse. A noite estava boa, a conversa fluía, e eu podia sentir que ela começava a relaxar, mesmo que um pouco. Eu estava ali para conquistar sua confiança, para descobrir até onde ela iria se entregar a essa tensão que se criava entre nós. Não era só desejo físico — embora isso também estivesse claro, talvez mais claro para mim do que para ela. Mas havia algo mais. Algo que eu sabia que ela sentia também, mas que não queria aceitar. Quando finalmente saímos do restaurante, eu podia ver que ela estava dividida. A tensão no ar era palpável. Ela se virou para mim, como se estivesse tentando achar uma saída, e não pude evitar. Aproximei-me
Ana Kelly Narrando Eu ainda sentia o gosto dele nos meus lábios. O toque, a pressão, a intensidade daquele beijo... Meu corpo fervia, minha mente em guerra. Como ele, que mal me conhecia, conseguia me envolver desse jeito? Eu nunca quis me apegar a ninguém, mas Anthony parecia ter outros planos.Entrei em casa sentindo o coração disparado. Ele não saía da minha cabeça, e isso me irritava. Quem era esse cara? O que ele queria comigo? Ele sabia exatamente o que estava fazendo.Assim que pisei na sala, Karen me encarou de braços cruzados, já esperando fofoca.— E aí? Como foi? — Ela perguntou com aquele olhar curioso, pronta para ouvir cada detalhe.Me joguei no sofá, passei a língua nos lábios ainda sentindo o gosto do beijo e suspirei.— Eu não sei, Karen... — Comecei, tentando organizar os pensamentos. — Esse Anthony... Ele tem alguma coisa, sabe? O cara sabe exatamente o que fazer pra me deixar fora de controle. O beijo foi tão... intenso. Eu tentei resistir, mas não deu.Karen arqu
Karen Cristina Narrando A vida me deu limões, mas eu transformei em limonada com maracujá, gelo e tudo que tem direito. Quem me conhece sabe: Karen Cristina, 28 anos, 1,70m, sarada do jeito que a vida me fez e sem medo de ostentar. Não tem essa de se esconder, miga, porque eu me amo e pronto. Meu cabelo cacheado é volumoso, e se o vento bagunça, é porque eu sou dona do vento. E não, não sou dessas que fica chorando por nada, não. Se a vida me derrubou, eu levanto e vou para o rolê de cabeça erguida. Afinal, quem não luta, desiste. Agora, falar da Ana Kelly, minha amiga... Essa menina chegou aqui em casa toda perdida, os olhos tão confusos que eu soube logo: essa garota tá precisando de uma amiga de verdade. E eu, minha filha, sou amiga para todas as horas. Era um dia como outro qualquer quando disse que estava vindo. No outro dia, ela bateu na minha porta. A expressão dela, meio abatida, fez meu coração apertar. Eu sabia que ela tava fugindo de alguma coisa, mas eu não sou de perg
Capítulo: Anthony A mulher mexeu comigo de um jeito que eu nem sei explicar. Desde que senti o gosto da boca dela, não consegui mais esquecer. Putä que pariu, aquilo foi bom demais. Passei a noite inteira com a voz dela na minha cabeça, rodando sem parar, e por incrível que pareça, dormi melhor do que nunca. Acordei com o despertador apitando, bati a mão no botão e espreguicei forte antes de levantar de um pulo. Direto pro banheiro, rotina é rotina, e eu não saio de casa sem meu banho matinal. A água gelada bateu no meu corpo e deu aquele choque de realidade. Respirei fundo, esfregando o rosto, tentando organizar as ideias. Mas a verdade é que a única coisa que eu queria organizar era um jeito de ver a Ana de novo. Depois do banho, já saí do quarto com a toalha enrolada na cintura, vesti uma roupa leve e desci as escadas sentindo o cheiro do café da manhã que Josefa já tinha preparado. — Bom dia, patrão! — Josefa falou toda animada, já colocando a mesa. — Bom dia, minha velh
Ana Kelly Narrando Cruzei os braços e encarei Anthony, tentando manter a compostura. O homem tinha a audácia de me jogar um pedido de casamento na cara como se fosse a solução mágica pra minha vida. Respirei fundo, porque se eu não organizasse meus pensamentos, ia acabar mandando ele pra puta que pariu sem nem perceber. — Olha, Anthony, eu vim até aqui porque, sim, você tá insistindo demais. Mas também porque eu realmente preciso de um emprego. Eu tô na cidade há pouco tempo e não quero depender da Karen pra tudo. Sei que ninguém tem obrigação de arcar com minhas despesas, e não acho justo jogar isso pra cima dela. — Ele me cortou antes que eu continuasse. — Por isso que eu não quero você como minha funcionária. Quero você como minha mulher. — Dei uma gargalhada debochada, balançando a cabeça. — Tá de brincadeira comigo, né? Você tá me achando o quê? Uma coitadinha? Quer que eu me case com você pra bancar minhas contas? Pra me marcar nessa cidade como a mulher do Anthony? Os olh