Capítulo 08 Ana Kelly

Ana Kelly Narrando

Desci as escadas devagar, sentindo ainda o peso da noite mal dormida. O cheiro de café fresco invadiu minhas narinas antes mesmo de eu chegar à cozinha. Quando coloquei os pés no cômodo, Karen já estava sentada à mesa, comendo uma torrada, e me olhou com aquele ar de quem já sabia que eu tinha algo para contar.

— Bom dia, dorminhoca! — Ela disse, com um sorriso malandro. — Dormiu bem?

Revirei os olhos, pegando uma xícara e me servindo de café antes de responder.

— Dormir? Mal fechei os olhos e você já estava pulando na minha cama.

Ela deu de ombros, mastigando mais um pedaço da torrada.

— Sinal de que você precisava acordar. Mas enfim, vai, conta. Você tá com essa cara aí...

Sentei à mesa, respirando fundo antes de soltar:

— Anthony me ligou.

Karen travou os lábios na mesma hora, desviando o olhar como se estivesse escondendo alguma coisa. Eu franzi a testa, estreitando os olhos para ela.

— Karen... Como ele conseguiu meu número?

Ela engoliu seco, deu um sorrisinho sem graça e tentou fingir que não sabia de nada.

— Ah... Sei lá...

Cruzei os braços, levantando a sobrancelha, já sabendo a resposta antes mesmo de ouvir.

— Karen, você passou meu número pra ele?

Ela fez uma careta e colocou as mãos para cima, se rendendo.

— Amiga, calma! Eu tava dormindo, ele mandou mensagem e eu só... passei.

Soltei um suspiro, passando a mão no rosto.

— E eu achando que ele era vidente.

Karen riu, tentando aliviar o clima.

— Ai, Ana, pelo amor de Deus, qual o problema? O cara é bonito, bem-sucedido... Você não perde nada em conhecer melhor.

Revirei os olhos, pegando um pedaço de bolo no prato.

— O problema, Karen, é que eu não tô aqui pra isso. Eu vim pra recomeçar, pra viver tranquila, não pra ter macho me ligando no meio da madrugada se achando meu dono.

Ela revirou os olhos.

— Ai, para de drama! Conhecer gente nova não mata ninguém. E, sinceramente, depois daquele teu ex escroto, um pouco de diversão não faria mal.

Respirei fundo, deixando a tensão sair aos poucos. Karen tinha razão em parte. Eu precisava seguir em frente, mas não sabia se Anthony era a melhor pessoa pra isso.

— Tá bom, tá bom. Eu entendi sua intenção, obrigada. Mas faz um favor? Não passa mais meu número pra ninguém sem me avisar.

Ela colocou a mão no peito, fingindo indignação.

— Prometo, majestade!

Soltei um riso e tomei mais um gole de café, já me sentindo mais leve. Talvez fosse um bom dia para deixar as preocupações de lado e apenas aproveitar.

Terminamos o café da manhã com Karen toda animada, enquanto eu ainda tentava processar os últimos acontecimentos.

— E aí, quais são os planos pro dia? — perguntei, esperando que ela falasse sobre trabalho ou algo do tipo.

Mas Karen sorriu de lado e bateu a mão na mesa.

— Hoje eu tô à sua disposição, madame. Vou te apresentar essa cidade direito.

Levantei uma sobrancelha.

— Sério? Achei que você ia trabalhar.

— E te deixar aqui entediada? Nunca! Vamos dar um rolê, conhecer os melhores lugares. Sorveteria, bares, as lanchonetes que eu mais gosto... Quem sabe até um karaokê mais tarde.

Soltei uma risada, me levantando junto com ela.

— Tá bom, me convenceu. Vamos nessa.

Saímos de casa e passamos horas explorando a cidade. Karen ia me mostrando cada canto, explicando onde as pessoas costumavam se reunir, onde a comida era boa, e até onde rolavam os melhores drinks.

— Aqui, Ana, essa sorveteria tem o melhor milkshake da cidade. Sério, você precisa provar. — Ela falou eu olhei para o lugar e me animei.

— Então bora pedir um! — falei rindo, entrando com ela na sorveteria.

Depois de muito andar, acabamos entrando em um restaurante para almoçar. Eu estava distraída, olhando o cardápio, quando senti alguém esbarrar em mim.

— Opa, foi mal— comecei a falar, mas parei assim que ergui o olhar.

Era Anthony.

Ele sorriu de canto, com aquele olhar intenso de sempre.

— Bom te ver de novo, Ana Kelly.

Fiquei sem reação por um segundo. Karen olhou para mim e depois para ele, arqueando a sobrancelha.

— Te achei. — Ele disse baixinho, sem tirar os olhos de mim.

E foi ali que eu soube... Esse encontro não foi coincidência.

— Eu não estava perdido senhor Anthony. — Falei rindo sem graça.

Meu corpo travou por um instante ao encarar Anthony tão de perto. O jeito que ele me olhava, como se já soubesse que ia me encontrar, me deixou desconfortável.

— Te achei. — Ele repetiu, sem tirar os olhos de mim, e um arrepio subiu pela minha espinha.

Karen, que até então só observava, resolveu se meter.

— Ué, vocês marcaram de se encontrar? — perguntou, cruzando os braços.

— Não. — respondi rápido, antes que ele inventasse alguma coisa.

— Ainda não. — Anthony corrigiu, um sorrisinho de canto no rosto.

Suspirei, tentando manter a calma.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntei, tentando não demonstrou um nervosismo.

Ele enfiou as mãos nos bolsos da calça, inclinando levemente a cabeça.

— Almoçando. E você?

— O mesmo. — falei seca, mas ele continuava com aquele olhar intenso, analisando cada detalhe.

Karen pigarreou e puxou o cardápio da minha mão.

— Vamos pedir, Ana? Ou tem alguma coisa que precisa ser resolvida primeiro? — ela lançou um olhar sugestivo para mim.

Anthony riu baixinho.

— Espero que esteja aproveitando a cidade.

— Estou, obrigada. — Respondi firme, tentando deixar claro que não queria prolongar a conversa.

Ele ficou me encarando por mais alguns segundos e então olhou para Karen.

— Cuida bem dela. — disse, como se desse uma ordem.

Karen revirou os olhos e riu.

— Ela não precisa de babá. — Falou cheia de graça.

Ele ignorou o comentário e voltou a me encarar antes de dar um passo para trás.

— Nos vemos em breve, Ana Kelly. — Falou me olhando de cima embaixo.

E sem dizer mais nada, virou as costas e saiu do restaurante.

Soltei um suspiro pesado, sentindo meu coração acelerado.

— Ana… o que foi isso? — Karen perguntou de olhos arregalados.

— Eu queria saber também. — Respondi, ainda sentindo o peso daquele olhar em mim.....

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