Ana Kelly Narrando
O fim de semana chegou mais rápido do que eu esperava. Desde a última ligação de Anthony, eu tentei ignorá-lo, mas a verdade é que ele era insistente. Todos os dias ele mandava mensagens curtas, diretas, como se estivesse certo de que eu responderia. Não respondi nenhuma.Mas o problema é que eu pensava nele....Karen percebeu. — Você tá fugindo dele por quê? — perguntou enquanto se jogava no sofá ao meu lado. — Porque ele é perigoso. — Felei, e ela franziu a testa me encarando. — Perigoso como? Ele parece mais um milionário mimado do que um mafioso. — Não sei explicar… ele tem algo que… — Como se ele tivesse o mundo aos seus pés. — Te assusta? — Ela pergunta e eu fiquei em silêncio. Karen sorriu de lado. — Ou te atrai? — Revirei os olhos e me levantei. — Eu não vim pra cá pra me envolver com ninguém. — Falei com tom de voz um pouco alterado. — Mas você já tá envolvida, amiga. Só não percebeu ainda. Joguei uma almofada nela e subi para o quarto, bufando. Mas lá no fundo, eu sabia que ela estava certa. Na noite de sábado, enquanto eu estava terminando de arrumar meu cabelo, meu telefone vibrou.....Era ele. "Estou indo te buscar. Desce em cinco minutos." Fiquei encarando a mensagem, pensando se deveria simplesmente ignorar. Mas antes que eu decidisse, Karen entrou no quarto. — Já tá se arrumando pra ele? — A que voz dela carregada de deboche. — Não. — Reponde seca. — Então por que tá linda desse jeito? — Olhei bem pra ela. Bufei. — Ele disse que tá vindo me buscar. — Falei e ela sorriu batendo palma.. — E você vai? — Responde já imaginando ele e a fatura dele. Suspirei. — Acho que sim. — Falei e ela se jogou na minha cama, eu olho para trás vendo o colchão ser afundar com o peso dela. Cinco minutos depois, desci. Anthony estava encostado no carro, vestido impecavelmente, com aquele sorriso convencido nos lábios. — Achei que fosse me deixar plantado. Falei e cruzei os braços. — Ainda dá tempo. — Falei e ele abriu a porta do carro. — Entra, Ana Kelly. Vamos fazer um trato: se não gostar do jantar, eu te deixo em casa sem insistir em mais nada. — Levantei uma sobrancelha. — Sem insistir? — Perguntei incrédula. — Promessa de homem. — Sorrir pelo nariz sem acreditar no que eu estava ouvindo. Pensei por um momento. — Tá bom. Mas se eu quiser ir embora antes do jantar acabar, você me leva..... — Ele sorriu. — Fechado. — Respondeu, rodando a chave do carro, seguindo para o restaurante Chegamos ao restaurante, ele estacionou, segurou minha mão e, juntos, fomos entrando enquanto o garçom nos conduzia até a mesa reservada. Não pude deixar de reparar em como Anthony parecia estar em seu elemento. Ele se movia com tanta naturalidade, como se já estivesse acostumado com aquele tipo de ambiente, e seus olhos percorriam as mesas ao nosso redor, recebendo olhares furtivos enquanto passávamos. — Então, Ana Kelly... — Ele começou, com aquele sorriso charmoso, mas que eu ainda não conseguia confiar. — O que é que você acha da ideia de se envolver com alguém como eu? Levantei uma sobrancelha, surpresa com a pergunta direta. Eu não estava esperando uma abordagem tão... clara. Respondi com um sorriso cético. — Você não tem medo de assustar as pessoas com esse jeito? — Respondi, tentando desviar, mas ele riu, sem perder a postura. — Se não assustou você até agora, acho que não vai assustar. — Ele jogou o cardápio para o lado e me encarou. — Pode me chamar de ousado, mas eu gosto de desafios. Olhei para ele, desconcertada, mas tentando não demonstrar o impacto que suas palavras estavam causando. A noite estava começando a tomar um rumo um pouco mais pessoal, algo que eu não havia previsto. O garçom chegou com a carta de vinhos e, antes que eu pudesse fazer qualquer comentário, Anthony já estava escolhendo algo. Ele me olhou brevemente antes de se voltar para o sommelier. — Vou querer o melhor da casa. — Disse com confiança, e o sommelier assentiu com respeito, indo embora. Anthony então voltou sua atenção para mim. — E você, Ana Kelly? O que te atrai mais em um homem? A pergunta pegou de surpresa. Eu não esperava que ele fosse continuar nesse jogo de provocações. Respirei fundo, tentando manter a compostura. — Não gosto de clichês. — Falei séria. — Eu gosto de pessoas autênticas. Não estou aqui pra jogar joguinhos. — Ele sorriu, aparentemente satisfeito com minha resposta. — Autenticidade... gosto disso. — Ele se recostou na cadeira, como se estivesse realmente refletindo sobre minha resposta. — Acho que posso ser autêntico também. Mas só se você me deixar. Eu ri, mas não era um riso divertido. Era algo desconfortável. Queria que ele parasse com esse jogo, mas sabia que ele não iria parar tão cedo. — E qual é o seu jogo, Anthony? — Perguntei, encarando-o. — Você sempre tem que ser tão direto? Ele pareceu ponderar minha pergunta por um momento, antes de responder com um sorriso travesso. — Não é jogo, Ana Kelly. É só uma forma de mostrar o que eu quero. E o que eu quero agora é ver até onde você vai comigo. — Ele se inclinou um pouco para frente, seus olhos fixos nos meus. — Vamos ver se você aguenta o tipo de relação que eu estou propondo. Eu franzi a testa, sentindo um calafrio. Algo nele me deixava desconfortável, mas ao mesmo tempo, havia algo que eu não podia negar... ele era atraente de uma forma perigosa. — E o que você espera de mim? — Perguntei, sem saber o que mais esperar daquela conversa. — Quero ver se você vai deixar o medo te controlar, ou se vai me deixar te mostrar um novo tipo de vida. — Ele respondeu, com uma intensidade que me fez quase perder as palavras. Fiquei em silêncio, tentando processar o que ele estava dizendo. A ideia de ser controlada, de ser moldada por ele, me causava um conflito interno. Ao mesmo tempo, uma parte de mim queria saber o que ele tinha a oferecer, como se fosse uma linha tênue entre o perigo e o prazer. Quando o garçom retornou com o vinho, interrompendo o momento tenso, Anthony fez um gesto com a cabeça e ele derramou o vinho em nossas taças. — Vamos brindar ao que nos espera, então? — Ele disse, levantando sua taça. Eu hesitei por um instante, antes de erguer a minha. A ideia de seguir com ele nesse caminho perigoso ainda estava martelando na minha cabeça, mas de alguma forma, eu não conseguia parar. Talvez fosse a curiosidade, talvez fosse algo mais profundo, mas eu estava aqui. — Ao que nos espera. — Respondi, e os dois brindamos. A noite continuou, mas algo dentro de mim já sabia que esse jantar seria mais um ponto de virada, algo que eu talvez não pudesse deixar ir adiante........Anthony narrando O olhar de Ana estava atento a cada movimento meu, e eu sabia que ela estava tentando se proteger, mas a maneira como ela me observava, um misto de desconfiança e curiosidade, me fazia saber que, mesmo tentando resistir, ela não estava completamente alheia ao que estava acontecendo entre nós. Ela entrou em meu jogo, mesmo que não admitisse. A noite estava boa, a conversa fluía, e eu podia sentir que ela começava a relaxar, mesmo que um pouco. Eu estava ali para conquistar sua confiança, para descobrir até onde ela iria se entregar a essa tensão que se criava entre nós. Não era só desejo físico — embora isso também estivesse claro, talvez mais claro para mim do que para ela. Mas havia algo mais. Algo que eu sabia que ela sentia também, mas que não queria aceitar. Quando finalmente saímos do restaurante, eu podia ver que ela estava dividida. A tensão no ar era palpável. Ela se virou para mim, como se estivesse tentando achar uma saída, e não pude evitar. Aproximei-me
Ana Kelly Narrando Eu ainda sentia o gosto dele nos meus lábios. O toque, a pressão, a intensidade daquele beijo... Meu corpo fervia, minha mente em guerra. Como ele, que mal me conhecia, conseguia me envolver desse jeito? Eu nunca quis me apegar a ninguém, mas Anthony parecia ter outros planos.Entrei em casa sentindo o coração disparado. Ele não saía da minha cabeça, e isso me irritava. Quem era esse cara? O que ele queria comigo? Ele sabia exatamente o que estava fazendo.Assim que pisei na sala, Karen me encarou de braços cruzados, já esperando fofoca.— E aí? Como foi? — Ela perguntou com aquele olhar curioso, pronta para ouvir cada detalhe.Me joguei no sofá, passei a língua nos lábios ainda sentindo o gosto do beijo e suspirei.— Eu não sei, Karen... — Comecei, tentando organizar os pensamentos. — Esse Anthony... Ele tem alguma coisa, sabe? O cara sabe exatamente o que fazer pra me deixar fora de controle. O beijo foi tão... intenso. Eu tentei resistir, mas não deu.Karen arqu
Karen Cristina Narrando A vida me deu limões, mas eu transformei em limonada com maracujá, gelo e tudo que tem direito. Quem me conhece sabe: Karen Cristina, 28 anos, 1,70m, sarada do jeito que a vida me fez e sem medo de ostentar. Não tem essa de se esconder, miga, porque eu me amo e pronto. Meu cabelo cacheado é volumoso, e se o vento bagunça, é porque eu sou dona do vento. E não, não sou dessas que fica chorando por nada, não. Se a vida me derrubou, eu levanto e vou para o rolê de cabeça erguida. Afinal, quem não luta, desiste. Agora, falar da Ana Kelly, minha amiga... Essa menina chegou aqui em casa toda perdida, os olhos tão confusos que eu soube logo: essa garota tá precisando de uma amiga de verdade. E eu, minha filha, sou amiga para todas as horas. Era um dia como outro qualquer quando disse que estava vindo. No outro dia, ela bateu na minha porta. A expressão dela, meio abatida, fez meu coração apertar. Eu sabia que ela tava fugindo de alguma coisa, mas eu não sou de perg
Capítulo: Anthony A mulher mexeu comigo de um jeito que eu nem sei explicar. Desde que senti o gosto da boca dela, não consegui mais esquecer. Putä que pariu, aquilo foi bom demais. Passei a noite inteira com a voz dela na minha cabeça, rodando sem parar, e por incrível que pareça, dormi melhor do que nunca. Acordei com o despertador apitando, bati a mão no botão e espreguicei forte antes de levantar de um pulo. Direto pro banheiro, rotina é rotina, e eu não saio de casa sem meu banho matinal. A água gelada bateu no meu corpo e deu aquele choque de realidade. Respirei fundo, esfregando o rosto, tentando organizar as ideias. Mas a verdade é que a única coisa que eu queria organizar era um jeito de ver a Ana de novo. Depois do banho, já saí do quarto com a toalha enrolada na cintura, vesti uma roupa leve e desci as escadas sentindo o cheiro do café da manhã que Josefa já tinha preparado. — Bom dia, patrão! — Josefa falou toda animada, já colocando a mesa. — Bom dia, minha velh
Ana Kelly Narrando Cruzei os braços e encarei Anthony, tentando manter a compostura. O homem tinha a audácia de me jogar um pedido de casamento na cara como se fosse a solução mágica pra minha vida. Respirei fundo, porque se eu não organizasse meus pensamentos, ia acabar mandando ele pra puta que pariu sem nem perceber. — Olha, Anthony, eu vim até aqui porque, sim, você tá insistindo demais. Mas também porque eu realmente preciso de um emprego. Eu tô na cidade há pouco tempo e não quero depender da Karen pra tudo. Sei que ninguém tem obrigação de arcar com minhas despesas, e não acho justo jogar isso pra cima dela. — Ele me cortou antes que eu continuasse. — Por isso que eu não quero você como minha funcionária. Quero você como minha mulher. — Dei uma gargalhada debochada, balançando a cabeça. — Tá de brincadeira comigo, né? Você tá me achando o quê? Uma coitadinha? Quer que eu me case com você pra bancar minhas contas? Pra me marcar nessa cidade como a mulher do Anthony? Os olh
Anthony Narrando Eu andava de um lado para o outro dentro da sala, sentindo uma mistura de raiva e incredulidade. Nunca fui de levar um fora, ainda mais assim, na cara dura, na frente de todo mundo. O que essa mulher tem na cabeça? Qualquer outra teria aceitado sem pensar duas vezes. Mas não, Ana Kelly fez questão de me rejeitar.— Merda! — Rosnei, passando a mão no cabelo, tentando acalmar o sangue fervendo.Peguei o telefone e disquei rápido.Ligação On — Fica de olho nela. Quero saber onde vai, com quem fala, se tá precisando de alguma coisa. Mas sem ela perceber. — Fui direto ao ponto.— Pode deixar, chefe. — A voz do outro lado confirmou.Ligação Off Desliguei o celular e joguei ele na mesa. Se Ana Kelly achou que ia sair da minha vida assim, sem mais nem menos, estava enganada.A porta se abriu sem cerimônia, e Estevão entrou como se fosse dono do lugar. Fechou a porta atrás de si e abriu os braços.— De qual é, meu amigo? — Já chegou perguntandoCruzei os braços, soltando um
Ana Kelly NarrandoAinda não estava conseguia acreditar no que o Anthony fez. Saí do escritório sem nem olhar para trás, pensando: eu sou mesmo uma besta?. Só porque tenho essa carinha de boneca? Mas depois de tudo o que passei nas mãos do Vinícius, jamais cairia de cabeça em outro relacionamento sem saber onde estou pisando. Eu senti um arrepio só de lembrar do jeito que ele me olhou no primeiro dia, naquele bar. Na mesma noite, ele me ligou, me deixando em pânico. Meu coração disparava, e Karen insistia que eu deveria dar uma chance, que não devia ser dura nem comigo mesma, nem com ele.— Não me olha com essa cara — falei para Karen, que me olhava de cara fechada, porque eu não deixei ela lá em cima batendo boca com a Bárbara.— Com certeza aquela mulherzinha foi rejeitada por ele, né? Mulher rejeitada, eu conheço de longe. Mulher recalcada, conheço de vista... — Ela foi praticamente o caminho todo resmungando, falando mal da secretária do Anthony.Mas o jeito que aquela mulher me o
Ana Kelly Narrando Um dos funcionários, um homem de uns 30 e poucos anos, me olhou e sorriu. Ele parecia o tipo de pessoa que não fazia questão de ser simpático, mas algo na forma como me encarou fez eu perceber que ele estava curioso.— Você vai se dar bem aqui, hein — ele disse, dando uma olhada no meu jaleco. — Aqui é tudo tranquilo, mas a galera é exigente. Melhor já ir se acostumando.— Pode deixar que eu gosto de desafio — respondi, tentando passar confiança. Eu sabia que a tarefa não seria fácil, mas estava decidida a dar o meu melhor.Karen apareceu ao meu lado, sorrindo como uma criança no Natal. Ela estava visivelmente feliz com a situação.— Isso aí, amiga, você vai arrebentar! — disse ela, dando um tapinha nas minhas costas.— Eu espero — respondi, tentando esconder a ansiedade que ainda estava no meu peito. Olhei para o homem que tinha falado comigo antes. — E você, já trabalha aqui há quanto tempo?— Uns três anos — respondeu ele, agora me encarando com mais interesse.