Capítulo 09 Anthony

Anthony Narrando

Saí do restaurante sentindo o sangue quente correndo nas veias. Encontrar Ana Kelly daquele jeito, por acaso, só me provava o óbvio: era questão de tempo até ela se entregar.

A maneira como ela me olhava, tentando disfarçar o desconforto, me divertia. Não era medo, era resistência. E isso só me deixava mais instigado.

Entrei no carro e bati as mãos no volante, ainda com um sorriso no rosto.

— Tá fugindo até quando, princesa? — murmurei para mim mesmo.

Peguei o celular e abri nossa última conversa. Pensei em mandar uma mensagem, mas decidi esperar um pouco. Não queria que ela achasse que eu estava desesperado.

Mas a verdade é que eu estava obcecado.

Ela não é como as outras. Não caí nas minhas investidas, não sorri fácil, e aquele olhar desafiador fazia meu ego gritar.

Dirigi de volta para o escritório, ainda com a cena fresca na mente. Ela de cabelo preso, a pele limpa, sem exageros, sem tentar chamar atenção. Mas era impossível não notar.

Ao chegar, saí do carro e fui direto para o elevador. Assim que as portas se abriram no andar da minha sala, dei de cara com Bárbara de novo, agora encostada na mesa da recepcionista.

— Tava te esperando. — Ela disse, mordendo o lábio inferior.

Revirei os olhos e continuei andando.

— Não tô com tempo pra isso, Bárbara.

— Desde quando você não tem tempo pra mim? — Ela veio atrás, jogando o cabelo para o lado.

Entrei na minha sala e ela veio junto.

— Sai.

— Qual o problema? — Ela cruzou os braços, irritada. — É alguma vadiä nova?

Fui até minha cadeira e me joguei , acendendo um charuto.

— Se toca, Bárbara. O que a gente teve já acabou faz tempo.

Ela bufou, mas não se moveu.

— Não acredito que tá dispensando isso tudo por causa de uma qualquer.

Joguei a fumaça para o lado e encarei ela, rindo de canto.

— A diferença entre você e ela é que ela não se j**a nos meus pés.

Ela ficou vermelha de raiva.

— Você vai se arrepender.

— Já ouvi isso antes. — respondi, voltando minha atenção para o telefone.

Bárbara bufou mais uma vez antes de sair batendo a porta.

Peguei o celular e, sem pensar muito, digitei:

"Ana Kelly, já decidiu quando vou te ver de novo?"

Eu sabia que ela ia resistir, mas não por muito tempo.

Acendi mais um charuto e encarei o celular, esperando a resposta dela. Mas Ana Kelly não respondeu de imediato.

Ri de canto. Ela queria bancar a difícil, mas eu sabia que estava na cabeça dela. Uma mulher que realmente não se importava teria me ignorado no restaurante, não teria ficado sem jeito ao me ver.

Soltei a fumaça devagar, tamborilando os dedos na mesa.

A porta se abriu de novo, dessa vez era Victor, meu advogado. Ele entrou sem cerimônia e jogou uma pasta sobre a mesa.

— A viagem tá confirmada. — ele disse.

— Já?

— Sim. Não tem como você escapar dessa, Anthony. Os investidores querem te ver pessoalmente.

Fechei os olhos por um instante. Eu gostava de negócios, mas naquele momento minha cabeça estava em outra coisa — ou melhor, em outra pessoa.

— Quantos dias?

— Três, no mínimo. Mas dependendo do que resolver por lá, pode ser até cinco.

Pensei rápido. Se eu ia viajar, precisava ver Ana Kelly antes.

— Me passa os detalhes depois.

— Já te mandei no e-mail.

Victor me olhou com atenção.

— O que tá acontecendo contigo? Desde quando você fica distraído desse jeito? — Ele perguntou eu apenas sorri, pegando meu celular de novo.

— Nada que te interesse. — Faiei e Victor riu, negando com a cabeça.

— Mulher. Só pode ser mulher.

Não confirmei nem neguei.

Quando ele saiu, olhei o celular mais uma vez. Nada.

Ana Kelly estava testando minha paciência.

Então, sem pensar duas vezes, disquei o número dela.

Ela atendeu na terceira chamada.

Ligação On

— Já tão me ligando agora? — disse, e pude ouvir um tom de ironia na voz dela.

Sorri, inclinando-me na cadeira.

— Senti sua falta.

Ela bufou.

— Dá pra sentir falta de alguém que você mal conhece?

— Dá quando esse alguém tem algo que me interessa.

Ela riu, e eu soube que a tinha pegado.

— E o que eu tenho que te interessa tanto?

Joguei mais fumaça para o lado e murmurei:

— Ainda tô descobrindo.

Ela ficou em silêncio por um segundo.

— Anthony, eu já te falei… não tô aqui pra arrumar confusão.

— Quem disse que é confusão?

— Se envolver com você me parece exatamente isso.

— Ou uma experiência interessante.

Ela riu de novo, mas não respondeu.

— Vem jantar comigo hoje. — propus.

— Nem pensar.

— Acha que consegue fugir de mim pra sempre?

— Acho que consigo não me envolver, e isso já é o bastante.

Soltei um riso baixo. Ela era teimosa, e isso só me deixava mais curioso.

— Então vamos fazer um trato. Se até o fim da semana você não quiser mais falar comigo, eu paro.

Ela hesitou.

— Isso me parece uma armadilha.

— Se fosse, você já teria caído.

Ela ficou em silêncio, e eu sabia que estava considerando.

— Pensa nisso. — acrescentei.

Ligação Off

Antes que ela pudesse recusar de novo, desliguei.

Eu sempre vencia. Ela só não sabia disso ainda.

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