Capítulo 06 Ana Kelly

Ana Kelly Narrando

Fiquei encarando o telefone por um bom tempo, a tela iluminando meu rosto na penumbra do quarto. Meu dedo passava distraidamente sobre a tela, sem coragem de responder a mensagem de Anthony. Ele me deixou desconfortável, mas ao mesmo tempo, havia algo intrigante em sua insistência. Respirei fundo antes de finalmente tomar a decisão de responder.

Toquei na tela, digitando uma resposta rápida, mas antes de enviar, hesitei. Ele tinha sido claro sobre o que queria: saber se eu queria falar com ele ou se era sobre o emprego que ele mencionou. Mas eu sabia que ele estava indo rápido demais. Algo em seu tom, na forma como ele se expôs, me fez perceber que ele não estava interessado apenas em um simples trabalho.

Demorei para responder, a mente girando. No momento em que decidi que devia enviar algo para não deixar o silêncio tomar conta, o telefone vibrou novamente. Era ele, mais uma vez.

Olhei a tela e hesitei mais um pouco, mas acabei atendendo. A voz dele veio instantaneamente, sem qualquer tipo de espera.

Ligação On

— Oi, Ana, finalmente você decidiu atender. — A voz dele era firme, mas havia algo de… urgente nela. — Então, me diz, você quer conversar comigo ou é sobre o emprego mesmo?

Eu estava sem palavras por um segundo. Ele falava tão direto, como se já soubesse o que eu iria dizer. Respirei fundo, tentando manter a calma.

— Bom, eu pensei que fosse melhor falar sobre o emprego... — minha voz estava um pouco vacilante.

— Sério? — Ele soou levemente surpreso, o tom mudando um pouco. — Eu pensei que, quem sabe, a gente poderia falar sobre algo mais, algo mais interessante. Eu vi algo em você, Ana. Algo que não vejo em nenhuma outra mulher.

Fiquei em silêncio por alguns segundos. Isso não estava indo na direção que eu esperava. Ele estava indo rápido demais, e eu nem sabia como reagir.

— Anthony, a gente trocou poucas palavras. Como você pode ver algo assim em mim? — Respondi, tentando ser direta. — Eu sou nova aqui. Não estou atrás de nada, muito menos de relações.

Houve uma pausa. Eu podia sentir que ele estava pensando em algo antes de continuar.

— É exatamente isso que me fascina. Você não está atrás de nada, mas, mesmo assim, me atrai. — Ele falou com um tom de voz quase sedutor. — Quero te conhecer melhor, Ana. Não só como possível funcionária. Eu quero saber quem você é de verdade.

Eu ri nervosamente, tentando não demonstrar o quão incomodada estava. Isso era sério demais, rápido demais, e eu mal sabia quem ele realmente era.

— Você não pode me conhecer, Anthony. Você não passou nem 40 minutos perto de mim e mal trocamos cinco frases. — A minha voz vacilava, tentando manter o tom leve, mas a verdade é que aquilo estava me deixando desconfortável. — Como você pode já ter esse tipo de percepção sobre mim?

Ele deu uma risada suave, quase como se estivesse se divertindo com a minha resistência.

— Porque eu vejo mais do que você imagina, Ana. — Ele disse, com um tom possessivo. — Eu vejo você. Sei que tem muito mais por trás dessa sua fachada de menina séria. Quero descobrir cada pedacinho disso.

Eu tentei rir, mas meu estômago virou um pouco com a pressão. Era estranho demais, até mesmo para mim.

— Você é muito direto, Anthony... — Falei tentando manter o tom descontraído. — Eu não estou aqui para isso. Minha vibda para a cidade não foi em busca de um relacionamento, quem sabe uma amizade, mas nada mais.

Ele não parecia disposto a deixar aquilo passar.

— Amizade? Você está brincando, né? — Ele riu de novo, essa risada com um tom de certeza. — Acho que não, Ana. Eu vejo a forma como você me olha. Eu sei que você sente algo também. Não adianta fugir disso.

Eu balancei a cabeça, tentando desviar o foco. Estava ficando cansada disso.

— Você é insistente, sabia? — Eu disse, tentando desarmá-lo. — Mas, olha... já está tarde, eu estou com sono.

Ele pareceu perceber que eu estava começando a recuar um pouco, mas não desistiu. Ele foi mais suave dessa vez, mas ainda tinha aquele tom de quem não aceita um “não” como resposta.

— Eu vou deixar você dormir, Ana. Mas saiba que eu não desisto fácil. — Ele fez uma pausa. — Eu quero que você venha até o meu escritório amanhã. Vou esperar por você. Vou te mostrar a cidade.

Eu hesitei, me sentindo pressionada, mas ao mesmo tempo, algo dentro de mim queria ser firme.

— Tá bom. Amanhã eu não sei. Mas vamos ver um dia. — Eu disse, tentando soar mais tranquila, e então, sem esperar mais nada, desliguei o telefone rapidamente.

Ligação Off

Meu coração estava acelerado, mas eu estava determinada a manter distância. Eu sabia que não podia me deixar levar por aquele jogo que ele estava jogando. Ele podia ser charmoso, mas eu não estava à venda.

E, por mais que eu tentasse me convencer disso, havia algo dentro de mim que não estava tão certa assim.

Me levantei rapidamente, caminhando até o banheiro. Amarrando o cabelo num coque folgado alto, respirei fundo, encarando meu reflexo no espelho.

— Ana Kelly, Ana Kelly... — Falei baixinho, quase me xingando. — Você fugiu de um relacionamento abusivo e agora encontra um doido desses pela frente. Não sei se tô afim de trabalhar com alguém assim.

Suspirei, passando a mão pela testa, tentando espantar as dúvidas que estavam surgindo. Voltei para o quarto e me joguei na cama. Olhei para o telefone, ainda vibrando, e coloquei no modo silencioso. O dia estava amanhecendo e eu sabia que precisava descansar.

Mal eu fechei os olhos, senti o colchão afundar e Karen saltar na cama, me fazendo quase cair.

— Você é louca! Que horas são? — Perguntei, tentando equilibrar o sono com o susto.

Ela deu uma risada, animada como sempre, sem nem um pingo de noção de horário.

— São 9 horas da manhã, ué. — Ela respondeu, rindo da minha cara. Eu balancei a cabeça, ainda sem acreditar.

— Caramba, já? — Respondi, esticando os braços e me espreguiçando, tentando fazer sentido do que estava acontecendo. Fechei os olhos novamente, mas a ansiedade do dia já estava tomando conta de mim.

— É, já. O dia amanheceu! — Karen falou, como se fosse algo óbvio.

Respirei fundo, o cheiro de café começando a invadir o ambiente.

— Levanta logo e faz sua higiene. — Karen disse, com aquele tom de dona de casa mandona. — Vamos descer tomar café e depois dar uma volta.

Fiz uma careta, mas sabia que não ia adiantar discutir. Me levantei da cama e fui em direção ao banheiro. As coisas iam ficando cada vez mais complicadas, mas, ao mesmo tempo, não sabia se podia me dar ao luxo de recuar........

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP