Anthony Narrando
Ela balançou a cabeça negandö, ainda com cara de quem estava dormindo. Mas ao me ver, o sorriso se desfez rapidamente. Não era mais a mesma Carla de antes. — Você, aqui? Fala sério cara. — Ela falou com um tom ácido, tentando disfarçar a surpresa com um olhar desconfiado. — Claro que sim, Carla. Não tenho tempo para joguinhos. — Disse, empurrando a porta com força e entrando. Ela tentou recuar, mas não tinha mais espaço. — Achou que ia sair assim, sem mais nem menos? Que ia arrumar um "romancezinho" e me deixar? — Minha voz saiu em um rosnado. Ela cruzou os braços, tentando manter a pose. — Eu te avisei, Anthony. Eu não sou mais sua secretária. Não sou mais nada. Você só queria essa vida de merdä, cheia de mulheres e putarïa. Eu queria um amor, algo real. Eu ri, não de diversão, mas de desdém. Carla sempre foi assim, cheia de ilusão, pensando que eu ia mudar por ela. O problema é que ela não me conhecia como pensava que conhecia. — Amor? — Falei, me aproximando. Você é só mais uma, Carla. Só mais uma que se apaixonou por essa porrä de fachada que eu te dei. Agora, você quer "viver um amor", mas a realidade é outra. Você sempre soube que comigo não tem essa porrä de amor. Só é, e pronto. Ela ficou em silêncio por um momento, mas o sorriso dela foi o que me fez explodir. — Você não muda, não é? Sempre com esse discurso, sempre jogando as mulheres fora como se fosse nada. — Ela pegou o telefone e começou a digitar. — Vou chamar a polícia, Anthony. Isso já é demais. Eu dei um passo à frente e enfiei o dedo na cara dela, o meu tom se tornando mais ameaçador. — Não vai chamar ninguém, Carla. — Eu sussurrei, mais calmo, mas com a raiva borbulhando por dentro. Isso aqui não vai ficar assim, entendeu? Você não tem ideia do que você está fazendo. Ela tentou dar um passo atrás, mas a fúria dela foi rápida. Ela apertou o botão para fazer a chamada, e no momento seguinte, ouvi o barulho da sirene se aproximando. A adrenalina aumentou, mas eu não estava nem um pouco preocupado com a polícia. — Vai, chama! Vai ser mais fácil terminar com você do que lidar com essa situação. — Eu gritei, em um tom de desprezo. Ela estava começando a entender que, no meu mundo, não tinha espaço para fraqueza. Ela se aproximou, ainda tentando manter a pose, mas não ia durar muito. — Você nunca vai mudar, não é? — Ela disse, com a voz tremendo de raiva. — Você é um lixo, Anthony. Só isso, um lixo. Eu segurei ela pelo pescoço com força, meu olhar frio. Ela engoliu em seco, mas não tentou se soltar. Sabia o que viria. — Eu que dispenso as mulheres, Carla. As mulheres não me dispensam. — Falei, com a voz baixa, controlada, sem pressa. Com a mão aberta, dei um tapa seco no rosto dela. Não coloquei muita força, mas o impacto fez ela travar os dentes e me olhar com ódio puro. Ela parecia prestes a explodir, e eu não podia deixar isso passar. Queria ver até onde ela ia. — Eu te odeio, Anthony. Eu te odeio com todas as minhas forças, eu te odeio. — Ela gritou, a raiva transbordando. — Sabe por quê? Porque eu vou ficar com o Richard. Porque ele, sim, é um homem de verdade. O que ela não sabia é que estava mexendo com algo que não devia. Eu mantive o olhar fixo nela, e cada palavra dela parecia um insulto ainda maior. Ela não parou, e isso só me fazia ficar mais irritado. Começou a despejar um monte de acusações. — Você acha que eu não sei? Todas as secretárias que você arrumava eram suas amantes, não é? E as outras, as que você ficava escondido, que a Bárbara vivia jogando indireta? Você não tem limites! Eu queria rir. Aquela Carla, que se achava dona da verdade, estava se afundando a cada palavra. O que ela não entendia é que ninguém ali mandava em mim. Eu era quem controlava, quem decidia. — Você não sabe de nada. Você acha que sabe? — Falei, rindo baixinho, quase com desdém. — Você não vai casar, Carla. Se depender de mim, você nem chega no altar. Eu não tô aqui porque eu te amo, não. Eu tô aqui porque o 'não' vem de mim, não de você. Ela deu um passo para trás, mas o ódio não sumia de seus olhos. A frustração dela me dava mais prazer do que eu gostaria de admitir. Ela respirou fundo, tentando se controlar, mas a dor estava estampada em seu rosto. De repente, a expressão mudou. Não havia mais bravata, não havia mais a mulher forte e destemida que antes me desafiava. Agora, ela parecia vulnerável, quase quebrada. — Eu só quero ser feliz, Anthony. Eu nunca quis te afrontar. Eu só… só… queria uma chance de ser feliz. — Ela começou a chorar, as lágrimas escorrendo pelo rosto, mas eu não estava disposto a ter pena dela. Era tarde demais para isso. Eu soltei um suspiro pesado. — Não adianta chorar agora. — Apontei o dedo para ela, minha voz ganhando um tom mais baixo, mais ameaçador. — Você tocou em algo que não devia. Agora, o que está feito, está feito. Ela tentava se recompor, mas a fragilidade dela era visível. Eu a encarei, sentindo uma mistura de desdém e raiva. Não queria ouvir mais aquelas desculpas. Aquilo era uma guerra, e ela não estava pronta para a batalha. — Fique esperta, você e o Richard. — Falei com uma calma mortal. — Porque eu estou indo embora agora, por minha vontade, não porque você está mandando. Mas se eu quiser, te jogo para fora desse apartamento. Te jogo para fora da sua cidade, e você sabe muito bem quem eu sou. Ela não disse nada. Só me olhou, tentando se manter firme, mas eu sabia que ali, ela já tinha perdido. Não era mais a mesma mulher que tinha se apaixonado por mim. Não era mais a Carla que me desafiava. Ela se afastou, e eu me virei para sair, mas antes que eu pudesse alcançar a porta, meu celular vibrou no bolso. Fui até a mesa, tirei o telefone e olhei a tela. Era a mensagem de Ana Kelly. Uma sensação de satisfação percorreu meu corpo. O sorriso se abriu involuntariamente no meu rosto. Sem dizer mais nada, empurrei Carla para o lado e abri a porta. O olhar dela era de uma mistura de raiva e desespero, mas eu não me importava. Minha atenção estava em outro lugar agora.......Ana Kelly Narrando Fiquei encarando o telefone por um bom tempo, a tela iluminando meu rosto na penumbra do quarto. Meu dedo passava distraidamente sobre a tela, sem coragem de responder a mensagem de Anthony. Ele me deixou desconfortável, mas ao mesmo tempo, havia algo intrigante em sua insistência. Respirei fundo antes de finalmente tomar a decisão de responder. Toquei na tela, digitando uma resposta rápida, mas antes de enviar, hesitei. Ele tinha sido claro sobre o que queria: saber se eu queria falar com ele ou se era sobre o emprego que ele mencionou. Mas eu sabia que ele estava indo rápido demais. Algo em seu tom, na forma como ele se expôs, me fez perceber que ele não estava interessado apenas em um simples trabalho. Demorei para responder, a mente girando. No momento em que decidi que devia enviar algo para não deixar o silêncio tomar conta, o telefone vibrou novamente. Era ele, mais uma vez. Olhei a tela e hesitei mais um pouco, mas acabei atendendo. A voz dele veio
Anthony Narrando Quando desliguei o telefone, ainda estava com um sorriso estampado no rosto. Ela atendeu. Ela atendeu! Era o que eu mais queria. E mal sabia ela, mas ela seria minha. Tudo o que ela não percebeu na nossa conversa era que eu só estava começando o jogo. Cada palavra dela, cada resistência, só me fazia querer mais. Fiquei ali, com o telefone na mão, encarando a tela por mais um momento, tentando entender o que acontecia dentro de mim. Ela foi rude, direta demais, sem nenhuma emoção. Quase fria. E me perguntei: por que? Eu, que sempre consegui tudo o que queria — seja nos negócios, seja nas mulheres — não entendia como ela não se derretia ao meu charme. Não era normal. Nenhuma mulher, até agora, me enfrentou dessa maneira. Mas algo nela... algo nela mexeu comigo. Ela mal sabe, mas ela vai ser minha, eu só preciso ter paciência. Um sorriso involuntário apareceu no meu rosto enquanto a ideia se firmava na minha cabeça. Não era só desejo. Era mais. Algo mais profundo. A
Ana Kelly NarrandoDesci as escadas devagar, sentindo ainda o peso da noite mal dormida. O cheiro de café fresco invadiu minhas narinas antes mesmo de eu chegar à cozinha. Quando coloquei os pés no cômodo, Karen já estava sentada à mesa, comendo uma torrada, e me olhou com aquele ar de quem já sabia que eu tinha algo para contar.— Bom dia, dorminhoca! — Ela disse, com um sorriso malandro. — Dormiu bem?Revirei os olhos, pegando uma xícara e me servindo de café antes de responder.— Dormir? Mal fechei os olhos e você já estava pulando na minha cama.Ela deu de ombros, mastigando mais um pedaço da torrada.— Sinal de que você precisava acordar. Mas enfim, vai, conta. Você tá com essa cara aí...Sentei à mesa, respirando fundo antes de soltar:— Anthony me ligou.Karen travou os lábios na mesma hora, desviando o olhar como se estivesse escondendo alguma coisa. Eu franzi a testa, estreitando os olhos para ela.— Karen... Como ele conseguiu meu número?Ela engoliu seco, deu um sorrisinho
Anthony NarrandoSaí do restaurante sentindo o sangue quente correndo nas veias. Encontrar Ana Kelly daquele jeito, por acaso, só me provava o óbvio: era questão de tempo até ela se entregar.A maneira como ela me olhava, tentando disfarçar o desconforto, me divertia. Não era medo, era resistência. E isso só me deixava mais instigado.Entrei no carro e bati as mãos no volante, ainda com um sorriso no rosto.— Tá fugindo até quando, princesa? — murmurei para mim mesmo.Peguei o celular e abri nossa última conversa. Pensei em mandar uma mensagem, mas decidi esperar um pouco. Não queria que ela achasse que eu estava desesperado.Mas a verdade é que eu estava obcecado.Ela não é como as outras. Não caí nas minhas investidas, não sorri fácil, e aquele olhar desafiador fazia meu ego gritar.Dirigi de volta para o escritório, ainda com a cena fresca na mente. Ela de cabelo preso, a pele limpa, sem exageros, sem tentar chamar atenção. Mas era impossível não notar.Ao chegar, saí do carro e fu
Ana Kelly Narrando O fim de semana chegou mais rápido do que eu esperava. Desde a última ligação de Anthony, eu tentei ignorá-lo, mas a verdade é que ele era insistente. Todos os dias ele mandava mensagens curtas, diretas, como se estivesse certo de que eu responderia. Não respondi nenhuma.Mas o problema é que eu pensava nele....Karen percebeu. — Você tá fugindo dele por quê? — perguntou enquanto se jogava no sofá ao meu lado. — Porque ele é perigoso. — Felei, e ela franziu a testa me encarando. — Perigoso como? Ele parece mais um milionário mimado do que um mafioso. — Não sei explicar… ele tem algo que… — Como se ele tivesse o mundo aos seus pés. — Te assusta? — Ela pergunta e eu fiquei em silêncio. Karen sorriu de lado. — Ou te atrai? — Revirei os olhos e me levantei. — Eu não vim pra cá pra me envolver com ninguém. — Falei com tom de voz um pouco alterado. — Mas você já tá envolvida, amiga. Só não percebeu ainda. Joguei uma almofada nela e subi para o quarto, bufando. Ma
Anthony narrando O olhar de Ana estava atento a cada movimento meu, e eu sabia que ela estava tentando se proteger, mas a maneira como ela me observava, um misto de desconfiança e curiosidade, me fazia saber que, mesmo tentando resistir, ela não estava completamente alheia ao que estava acontecendo entre nós. Ela entrou em meu jogo, mesmo que não admitisse. A noite estava boa, a conversa fluía, e eu podia sentir que ela começava a relaxar, mesmo que um pouco. Eu estava ali para conquistar sua confiança, para descobrir até onde ela iria se entregar a essa tensão que se criava entre nós. Não era só desejo físico — embora isso também estivesse claro, talvez mais claro para mim do que para ela. Mas havia algo mais. Algo que eu sabia que ela sentia também, mas que não queria aceitar. Quando finalmente saímos do restaurante, eu podia ver que ela estava dividida. A tensão no ar era palpável. Ela se virou para mim, como se estivesse tentando achar uma saída, e não pude evitar. Aproximei-me
Ana Kelly Narrando Eu ainda sentia o gosto dele nos meus lábios. O toque, a pressão, a intensidade daquele beijo... Meu corpo fervia, minha mente em guerra. Como ele, que mal me conhecia, conseguia me envolver desse jeito? Eu nunca quis me apegar a ninguém, mas Anthony parecia ter outros planos.Entrei em casa sentindo o coração disparado. Ele não saía da minha cabeça, e isso me irritava. Quem era esse cara? O que ele queria comigo? Ele sabia exatamente o que estava fazendo.Assim que pisei na sala, Karen me encarou de braços cruzados, já esperando fofoca.— E aí? Como foi? — Ela perguntou com aquele olhar curioso, pronta para ouvir cada detalhe.Me joguei no sofá, passei a língua nos lábios ainda sentindo o gosto do beijo e suspirei.— Eu não sei, Karen... — Comecei, tentando organizar os pensamentos. — Esse Anthony... Ele tem alguma coisa, sabe? O cara sabe exatamente o que fazer pra me deixar fora de controle. O beijo foi tão... intenso. Eu tentei resistir, mas não deu.Karen arqu
Karen Cristina Narrando A vida me deu limões, mas eu transformei em limonada com maracujá, gelo e tudo que tem direito. Quem me conhece sabe: Karen Cristina, 28 anos, 1,70m, sarada do jeito que a vida me fez e sem medo de ostentar. Não tem essa de se esconder, miga, porque eu me amo e pronto. Meu cabelo cacheado é volumoso, e se o vento bagunça, é porque eu sou dona do vento. E não, não sou dessas que fica chorando por nada, não. Se a vida me derrubou, eu levanto e vou para o rolê de cabeça erguida. Afinal, quem não luta, desiste. Agora, falar da Ana Kelly, minha amiga... Essa menina chegou aqui em casa toda perdida, os olhos tão confusos que eu soube logo: essa garota tá precisando de uma amiga de verdade. E eu, minha filha, sou amiga para todas as horas. Era um dia como outro qualquer quando disse que estava vindo. No outro dia, ela bateu na minha porta. A expressão dela, meio abatida, fez meu coração apertar. Eu sabia que ela tava fugindo de alguma coisa, mas eu não sou de perg