Anthony Narrando
Eu, Anthony Carter, 35 anos, CEO de uma das maiores empresas de tecnologia do país, sou conhecido por ser implacável. Não por prazer, mas porque aprendi, desde cedo, que a vida não tem piedade. Meu pai, Richard Carter, não teve a menor cerimônia em me ensinar isso. E eu aprendi bem a lição. O mundo é uma selva, e quem vacila morre. Simples assim. Minha empresa, minha reputação, meu controle — isso não está à venda. E a traição? Não, eu não tolero traição. Não aquelas dramáticas, que os tolos se apaixonam, mas as reais, as de quem se volta contra você. Lealdade é tudo. Ou você é meu, ou você não é. Foi isso que me fez quase explodir quando Carla entrou na minha sala com aquele semblante fechado. Sabia que algo estava errado antes mesmo dela abrir a boca. Ela entrou com aquela pasta nas mãos, o semblante sério demais, e o ar estava pesado. — Desculpe, Anthony, mas... preciso conversar com você. Eu a olhei com desconfiança. Carla sempre foi a mais eficiente, a mais leal, mas algo estava em sua voz, algo que fez meu instinto de alerta disparar. — O que houve? — Eu a desafiei, a tensão já começando a apertar o ar entre nós. Ela hesitou um segundo, e eu senti a mudança. Era raro ela vacilar, e isso me fez prender a respiração. — Eu... não posso mais trabalhar aqui. — Ela disse, calmamente, e eu ri, sem humor. — Como assim, "não pode"? Ela colocou a pasta sobre minha mesa, e quando abri, o ódio brotou instantaneamente: uma carta de demissão. Não. Isso não podia estar acontecendo. — Eu vou deixar a empresa. Eu... vou casar. — Carla disse, com uma tranquilidade que me cortou. A risada que saiu da minha garganta foi amarga, venenosa. — Casar? E você vem aqui me dizer que vai jogar tudo isso fora, por um casamento? O que ele tem de especial? — Eu a desafiava, o sangue fervendo em minhas veias. Ela me encarou, sem uma gota de hesitação. — Ele me dá paz, Anthony. E eu preciso disso. A palavra "paz" me fez sentir um calafrio. Paz? O que era isso? Uma desculpa de fracote para a mediocridade. — Paz? O que você acha que construiu comigo, Carla? Uma vida cheia de paz? Não existe paz nesse mundo, você sabe disso. Ela olhou para mim com frieza. A expressão dela não mudou. Não havia mais espaço para o Anthony que ela conhecia, e isso me fazia ferver de raiva. — Eu preciso disso, Anthony. — Ela falou, e só por um instante, eu percebi o peso da decisão dela. Eu não a tinha mais, e nem sabia como reagir a isso. Antes que eu pudesse responder, a porta se abriu com um estalo, e lá estava Bárbara, como sempre, entrando sem cerimônia, com aquele sorriso provocador. Ela não disse uma palavra. Apenas atravessou a sala, com aquele passo elegante e cheio de confiança, e foi direto para mim, sem nem um pingo de respeito por Carla. Quando se aproximou, me abraçou, como se não houvesse ninguém além de mim. Sem me dar chance de reagir, ela selou o abraço com um beijo quente e inesperado na minha boca. O estalo da raiva subiu na minha garganta. Eu queria empurrá-la, mas me vi paralisado por um segundo, minha mente começando a girar em torno daquela cena. Bárbara se afastou lentamente, me lançando um olhar cúmplice, e eu pude sentir a frieza nos olhos dela. Aquela mulher sempre soube como mexer comigo, como me tirar do sério. Mas Carla não era de ficar quieta. Ela levantou a voz, cortante e cheia de indignação. — Você está realmente fazendo isso, Bárbara? Entra na sala sem nem se importar com nada e ainda beijou ele na minha frente? — Ela estava tremendo de raiva, a voz dela se elevando. Bárbara não hesitou, deu um passo em direção a Carla, com o mesmo tom desafiador. — Você vai ter que aprender a lidar com a realidade, querida. Isso é o que Anthony quer. Você está apenas jogando fora uma vida cheia de possibilidades, enquanto ele... — Ela deu um sorriso sarcástico e olhou para mim. O ar ficou tenso. Eu podia sentir o ódio e a frustração em Carla, e eu... não sabia mais o que sentir. Meu corpo estava gelado, mas minha mente estava um caos. — Me respeite, Bárbara, ou você vai se arrepender — Carla gritou, o rosto vermelho de raiva. Eu podia ver a tensão crescendo. A briga estava prestes a explodir, e eu sabia que aquilo não acabaria bem. Bárbara, no entanto, não se intimidou. Ela se aproximou de Carla com uma atitude arrogante. — Você acha que vai me intimidar? Sério? — Bárbara provocou, rindo de forma desdenhosa. Antes que as coisas pudessem escalar ainda mais, eu precisar falar com firmeza, minha raiva já tinha se transformando em frieza. — Chega. — Olhei para Carla e vi que ela estava prestes a responder. — Você já tomou sua decisão. Vá. Não espere que eu mude de ideia. Bárbara ainda estava, de braços cruzados, observando com prazer o desespero de Carla. Quando ela se virou para ir embora, Bárbara deu uma última olhada para mim. — Isso é o que você quer, Anthony? Uma vida vazia de lealdade e paz? — Ela perguntou, com um tom de ironia, antes de sair, deixando-me com a sensação de que havia perdido mais do que imaginava. Eu fiquei, sozinho, com a raiva se dissolvendo em um vazio profundo. Eu havia perdido. Perdi Carla, e ainda pior, perdi o controle de tudo. Ela acha que vai se casar, mas não vai mesmo, só se eu estiver morto........Anthony NarrandoO silêncio entre mim e Bárbara era quase tão grande quanto a merda que ela acabara de presenciar.— Você precisa superar isso. Ela não é a primeira a te deixar, e não será a última. — Bárbara soltou, quebrando o silêncio.— Se veio aqui pra dar lição de moral, a porta é a mesma por onde Carla saiu. — Firmei a voz, e ela revirou os olhos.Bárbara sorriu de lado, aquele maldito sorrisinho de quem acha que entende tudo.— Um dia você vai perceber que não pode controlar tudo. Mas talvez seja tarde demais quando isso acontecer. — Ela se virou para a porta.— Some logo da minha frente. — Cuspi as palavras.Ela saiu, e a única coisa que ficou foi o barulho do meu próprio sangue fervendo.Meu maxilar travava. Minhas mãos fechavam com tanta força que as unhas quase rasgavam a pele. O gosto amargo da traição de Carla ainda queimava minha língua.Odiava perder. E odeio ainda mais perder pra alguém que não merece.Levantei bruscamente, empurrando a cadeira para trás. Fui até a ja
Ana Kelly NarrandoO vento frio da cidade me atingiu assim que desci do ônibus. A sensação era de que o mundo ao meu redor era maior do que eu conseguiria lidar. Meu nome é Ana Kelly, tenho 25 anos. Até ontem eu tinha um emprego, hoje eu sou uma turista, morena, de cabelos negros e longos, um corpo que, dentro dos seus padrões, pode até chamar atenção.Mas, vim de um relacionamento abusivo. Na verdade, o motivo de eu estar aqui, nesta cidade, é porque precisava deixar o passado para trás e dar a volta por cima.Prédios altos se erguiam, suas sombras cobrindo as calçadas apressadas, e o som incessante de carros e buzinas me deixava levemente tonta. “Bem-vinda à metrópole”, pensei, tentando reunir coragem para dar meu primeiro passo naquele novo cenário.Uníca coisa feliz nesta cidade nova, é Karen, minha melhor amiga, ela conseguiu um quarto para mim em seu apartamento minúsculo. O plano é simples: eu ficarei aqui até encontrar um emprego e estabilizar minha vida.Saí dos meus pensame
Anthony Narrando A fumaça do meu cigarro se dissipava no ar, subindo como se quisesse escapar da cidade que parecia me engolir. Eu observava a rua vazia, o som das buzinas distantes ecoando na madrugada. Mas minha mente estava fixada em Ana Kelly. Ela tinha saído do bar sem nem olhar para trás, como se não tivesse deixado uma marca em mim. Mas ela deixou. — Interessante — murmurei, soltando uma baforada de fumaça e segurando o copo de whisky com mais força do que o normal. Não estava com pressa de voltar para casa. Algo me dizia que ainda tinha algo em aberto. Fiquei ali, absorvendo o clima da cidade, tentando entender o que ela significava, mas também sentindo uma provocação constante. Aquela mulher não era fácil. E eu gostava disso. Nenhuma mulher que virasse as costas para mim era comum. Eu não aceitava isso. Nunca aceitei. O barman passou por mim novamente, limpando o balcão sem pressa. — Conhece ela? — perguntei, jogando a pergunta como se fosse uma conversa qualquer, mas na
Anthony Narrando Ela balançou a cabeça negandö, ainda com cara de quem estava dormindo. Mas ao me ver, o sorriso se desfez rapidamente. Não era mais a mesma Carla de antes. — Você, aqui? Fala sério cara. — Ela falou com um tom ácido, tentando disfarçar a surpresa com um olhar desconfiado. — Claro que sim, Carla. Não tenho tempo para joguinhos. — Disse, empurrando a porta com força e entrando. Ela tentou recuar, mas não tinha mais espaço. — Achou que ia sair assim, sem mais nem menos? Que ia arrumar um "romancezinho" e me deixar? — Minha voz saiu em um rosnado. Ela cruzou os braços, tentando manter a pose. — Eu te avisei, Anthony. Eu não sou mais sua secretária. Não sou mais nada. Você só queria essa vida de merdä, cheia de mulheres e putarïa. Eu queria um amor, algo real. Eu ri, não de diversão, mas de desdém. Carla sempre foi assim, cheia de ilusão, pensando que eu ia mudar por ela. O problema é que ela não me conhecia como pensava que conhecia. — Amor? — Falei, me aproximand
Ana Kelly Narrando Fiquei encarando o telefone por um bom tempo, a tela iluminando meu rosto na penumbra do quarto. Meu dedo passava distraidamente sobre a tela, sem coragem de responder a mensagem de Anthony. Ele me deixou desconfortável, mas ao mesmo tempo, havia algo intrigante em sua insistência. Respirei fundo antes de finalmente tomar a decisão de responder. Toquei na tela, digitando uma resposta rápida, mas antes de enviar, hesitei. Ele tinha sido claro sobre o que queria: saber se eu queria falar com ele ou se era sobre o emprego que ele mencionou. Mas eu sabia que ele estava indo rápido demais. Algo em seu tom, na forma como ele se expôs, me fez perceber que ele não estava interessado apenas em um simples trabalho. Demorei para responder, a mente girando. No momento em que decidi que devia enviar algo para não deixar o silêncio tomar conta, o telefone vibrou novamente. Era ele, mais uma vez. Olhei a tela e hesitei mais um pouco, mas acabei atendendo. A voz dele veio
Anthony Narrando Quando desliguei o telefone, ainda estava com um sorriso estampado no rosto. Ela atendeu. Ela atendeu! Era o que eu mais queria. E mal sabia ela, mas ela seria minha. Tudo o que ela não percebeu na nossa conversa era que eu só estava começando o jogo. Cada palavra dela, cada resistência, só me fazia querer mais. Fiquei ali, com o telefone na mão, encarando a tela por mais um momento, tentando entender o que acontecia dentro de mim. Ela foi rude, direta demais, sem nenhuma emoção. Quase fria. E me perguntei: por que? Eu, que sempre consegui tudo o que queria — seja nos negócios, seja nas mulheres — não entendia como ela não se derretia ao meu charme. Não era normal. Nenhuma mulher, até agora, me enfrentou dessa maneira. Mas algo nela... algo nela mexeu comigo. Ela mal sabe, mas ela vai ser minha, eu só preciso ter paciência. Um sorriso involuntário apareceu no meu rosto enquanto a ideia se firmava na minha cabeça. Não era só desejo. Era mais. Algo mais profundo. A
Ana Kelly NarrandoDesci as escadas devagar, sentindo ainda o peso da noite mal dormida. O cheiro de café fresco invadiu minhas narinas antes mesmo de eu chegar à cozinha. Quando coloquei os pés no cômodo, Karen já estava sentada à mesa, comendo uma torrada, e me olhou com aquele ar de quem já sabia que eu tinha algo para contar.— Bom dia, dorminhoca! — Ela disse, com um sorriso malandro. — Dormiu bem?Revirei os olhos, pegando uma xícara e me servindo de café antes de responder.— Dormir? Mal fechei os olhos e você já estava pulando na minha cama.Ela deu de ombros, mastigando mais um pedaço da torrada.— Sinal de que você precisava acordar. Mas enfim, vai, conta. Você tá com essa cara aí...Sentei à mesa, respirando fundo antes de soltar:— Anthony me ligou.Karen travou os lábios na mesma hora, desviando o olhar como se estivesse escondendo alguma coisa. Eu franzi a testa, estreitando os olhos para ela.— Karen... Como ele conseguiu meu número?Ela engoliu seco, deu um sorrisinho
Anthony NarrandoSaí do restaurante sentindo o sangue quente correndo nas veias. Encontrar Ana Kelly daquele jeito, por acaso, só me provava o óbvio: era questão de tempo até ela se entregar.A maneira como ela me olhava, tentando disfarçar o desconforto, me divertia. Não era medo, era resistência. E isso só me deixava mais instigado.Entrei no carro e bati as mãos no volante, ainda com um sorriso no rosto.— Tá fugindo até quando, princesa? — murmurei para mim mesmo.Peguei o celular e abri nossa última conversa. Pensei em mandar uma mensagem, mas decidi esperar um pouco. Não queria que ela achasse que eu estava desesperado.Mas a verdade é que eu estava obcecado.Ela não é como as outras. Não caí nas minhas investidas, não sorri fácil, e aquele olhar desafiador fazia meu ego gritar.Dirigi de volta para o escritório, ainda com a cena fresca na mente. Ela de cabelo preso, a pele limpa, sem exageros, sem tentar chamar atenção. Mas era impossível não notar.Ao chegar, saí do carro e fu