Hunter
Não me sinto à vontade em festas infantis, mas desde que meu filho nasceu, essas ocasiões se tornaram parte da minha vida. Liam é meu maior amor, um garotinho pequeno que sempre consegue o que quer com muito pouco esforço. Ser pai sempre foi um sonho meu, mas admito que o adiei por muito tempo. Minha vida não era a mais correta, sempre viajava a trabalho e meus relacionamentos, ou quase todos, não duravam muito tempo. Eu sempre gostei de estar no controle, de ter domínio. Ter dinheiro nas mãos significava ter tudo o que queria: conforto, bons lugares e mulheres. Já tive mulheres de todos os tipos, sempre buscando o prazer de uma noite. Poucas permaneceram por mais do que algumas semanas. Meu estilo de sexo não é convencional, não me limito às posições tradicionais como “papai e mamãe” ou “cavalgadas gostosas”. Gosto de ir além dos limites, experimentar cada parte do corpo, sentir o calor se transformando em um incêndio de prazer. Amo minha esposa, mas sinto falta da emoção. Quero ter o prazer de levá-la ao limite e testar muitas outras formas de sexo, mas Emília não faz muito esse estilo. Ela é o oposto do que gosto, mas ganhou meu coração. Nunca a trairia, isso seria um absurdo. Apesar de ser o oposto do que gosto, Emília mudou algo em mim. E nós decidimos nos casar. Cinco anos de casamento e um filho de dois anos, a qual é o centro do meu mundo. Quando Liam nasceu, tudo fez mais sentido para mim, mesmo que muitas vezes eu seja duro. Eu o amo desde o momento em que nasceu. Por isso estou cedendo, ao fazer coisas que eu, geralmente, não faria, como ir a festas infantis. Ao sair de casa, dei um beijo em minha esposa, que me lembrou que era o aniversário do nosso filho. Eu já sabia, mas o lembrete era sobre a comemoração com muitas pessoas e crianças, algo que ela fazia questão de organizar, embora eu soubesse que mais de vinte pessoas estariam lá, ou talvez até mais. A babá estava cuidando de Liam em seu quarto, então aproveitei um tempo com ele antes de sair para o trabalho. O dia transcorreu como todos os outros: assinatura de papéis, alguns vídeos, chamadas e pequenas reuniões com parceiros. Sempre fui focado no trabalho. Minha vida sexual era um tabu, mantida em segredo. Grandes empresários como eu não era santos fiéis, mas sempre mantínhamos as aparências. Minha secretária me avisou sobre o horário, que eu havia solicitado para ser mais cedo do que o pedido por Emília, pois ela sempre me acusava de me atrasar ou dar mais atenção ao trabalho do que à família. Não era comum para mim sair tão cedo. Fechei o computador, olhei para o relógio e saí dali o mais rápido possível. Sempre dava tudo o que Liam queria, e dessa vez não seria diferente. Então, pedi a minha assistente que comprasse um presente para meu filho, algo que as crianças da idade dele gostariam. Também pedi uma joia personalizada para Emília, juntamente com um grande buquê de flores. Ao voltar para casa, já podia ver todos os preparativos para aquela festa. Balões, azul-claro, comidas, toalhas de mesa brancas… A única pessoa que me viu chegar foi Glória, a empregada de anos, pela qual eu tinha um carinho especial. — Não sabia que chegaria tão cedo. — Ela disse com um sorriso gentil. — Não chegou ninguém, além do Tomás, ele deve estar com o Liam enquanto a senhora Miller tomar banho. — Obrigado, vou fazer uma surpresa a ela. — Dei uma piscadela antes de subir os degraus até o andar dos quartos. Deixei as flores com ela, para pôr em um vaso, assim como o presente de meu filho, levando comigo o colar de diamante, esperando por no pescoço de minha esposa, ainda com seu corpo nu. Tudo na minha vida estava feliz, estável e não havia mais nada que eu quisesse. Então entrei no quarto, segurando a joia, olhei para o lugar e ouvi os gemidos. Meus olhos ficaram vermelhos de raiva, cerrei o punho, tentando me controlar. Meu peito estava a ponto de explodir. Pensei em acabar com aquela cena, entrando e socando aquele filho da puta e expulsando a vadia da casa, então lembrei do meu filho. Isso me fez dar passos para trás, pensando, por alguns segundos, em todo o problema que isso poderia dar para nossas vidas. Virei nos calcanhares, passando pela porta, com os olhos cheios d’água, pensando em bater em alguma coisa. Glória, voltando de algum outro lugar, me viu e se preocupou. — Aconteceu alguma… — Sim, e não vou falar nada sobre isso. — A mulher se arrependeu de ter perguntado. A arrogância do chefe já era conhecida, mas a minha expressão lhe dizia que tivemos uma briga. — Eu não cheguei em casa, ninguém me viu aqui, não recebeu nada de mim. Vou sair e entrar como se nunca tivesse estado aqui, então, bico fechado, entendeu? A ameacei, apontando o dedo em seu rosto, fazendo com que ela engolisse em seco. Glória balançou a cabeça várias vezes, para se certificar de que havia entendido o recado. Saí da casa, chutando tudo o que via pela frente. Entrei no carro, afastando-me dali, buscando acalmar-me e esfriar a cabeça, embora soubesse que seria uma tarefa impossível. Parei alguns metros adiante. Olhei para o vazio, refletindo sobre minha vida, sobre o que testemunhei e sobre o turbilhão de emoções que me invadia. — A desgraçada tomou os meus melhores anos e agora me trai? — Murmurei com tanta raiva que poderia assustar qualquer um. — Bem, pelo menos tenho meu Liam, e ela vai se arrepender de ter me traído com o desgraçado do Tomás. Após passar um bom tempo desabafando e praguejando contra os traidores, respirei fundo e comecei a pensar. Ninguém sabia que eu havia descoberto a traição. Conhecia as leis, e não me importava se ela tentasse me roubar alguns milhões na separação, desde que meu filho ficasse comigo. Isso, eu não abriria mão. Por enquanto, agiria como se nada tivesse acontecido. Suportaria essa dor no peito, mas planejava me vingar. No entanto, eu me conhecia o suficiente para saber que minha fúria poderia arruinar tudo, inclusive o meu plano para desmascarar os traidores. Portanto, precisaria encontrar uma forma de me controlar. — Darei o troco — murmurei, recostando-me no banco do carro. — Ela não saberá de nada até que esteja em maus lençóis.SarahQuando ela chegou nesse lugar não sabia exatamente onde estava se metendo. Seu maior sonho era ser estilista, ganhar dinheiro com seus modelos e cuidar do seu pai, que sempre cuidou dela sozinho desde que a loira era um bebê.Aquele homem a ensinou o certo e o errado, a entender as entrelinhas e ser mais inteligente que os expertos, pois sempre iriam arranjar uma forma de passar a perna nela.Sarah nunca foi a menininha delicada ou a certinha em tudo. Para seu pai, seguir as regras e não se meter em encrenca já era o bastante. Sem falar também na moral que os moldavam. Fazer o certo sempre, respeitar e nunca esquecer desses passos.Quando a carta da faculdade chegou, seu coração foi à boca, mal pode parar em pé. Àquela altura, ela já trabalhava com uma costureira vizinha, mas o que realmente lhe rendia dinheiro para pagar as contas e ajudar seu pai era o emprego em uma sorveteria.Eles não eram miseráveis nem passavam fome, porém, todos os dias ela assistia seu pai sair cedo
HunterHunter estava na academia de luta, tarde da noite, com a raiva fervendo dentro de si, após remoer bastante o que aconteceu. Ele precisava descontar essa energia negativa em alguém ou em algo, e as luvas de boxe pareciam as melhores opções. Ele começou a bater com força, socos e chutes rápidos que ecoavam pelo salão vazio, e a todo momento, o loiro imagina o rosto daquele que Hunter, considerava um amigo.“Uma cobra venenosa que não percebi e acabou me destruindo”, ele pensou.Depois de alguns minutos, uma leve sensação de alívio começou a se espalhar pelo seu corpo, mas ainda faltava algo. Seu corpo estava suado e a cabeça permaneceu perturbada. Viver com essa verdade estava o matando.Ele precisava lutar contra alguém de carne e osso. Olhando em volta, percebeu que a academia estava praticamente vazia, mas, por obra do destino, naquele momento, Tomás passa pela porta, sorridente, cumprimentando um dos poucos que estavam ali. Hunter, riu de tanta raiva. A maratona de socos
Após passar longas semanas com seu pai, no pós-operatório, depois que ele acordou, Sarah então se voltou ao novo problema que era: o seguro e o dinheiro.Tudo ali era difícil para quem não tinha nenhum dólar na conta. Ela tinha que ganhar dinheiro rápido, pois logo chegariam as parcelas da universidade, sem contar na moradia e comida.Depois de um dia cheio, ela se deitou na cama de solteiro, que tinha o quarto dividido, na universidade. Estar ali custava caro, mas era o mais próximo e fácil, pois a casa de seu pai ficava a quilômetros dali, e ela não tinha um carro.Sara tomou coragem, levantou e buscou por uma roupa para vestir depois do banho. Ela, então, notou Patrícia, que entrava com a toalha enrolada ao corpo, indo para seu guarda-roupa e escolhendo uma peça.Patrícia era uma mulher linda, não muito mais velha que Sarah. Pelo que a loira sábia, ela também tinha uma origem humilde, porém, sempre que aparecia, esbanjava luxo.Roupas, joias e muito mais. Praticamente só Sarah v
HunterOs dias passaram e Hunter ficava remoendo aquela cena em sua mente, pensando em diversas situações em que os dois poderiam estar juntos. Quando viajava a negócio, quando trabalhava até tarde. Quando isso começou?Desde o casamento, ou melhor, desde que a viu, seus olhos se fecharam para qualquer outra. Ela sabia o seduzir, tanto que ele não viu o que estava acontecendo debaixo do seu nariz.Há quanto tempo isso vinha acontecendo debaixo do meu nariz?Hunter se questionava por tudo. Até se culpava pelo o corrido. Afinal, se Emília estava o traindo, era porque ele deixou isso acontecer.Se Hunter não tivesse chegado mais cedo naquele dia, nunca teria descoberto a traição. Sua desilusão deveria prevalecer, nessa situação, porém, o ódio e raiva prevaleciam.Tomás e ele cresceram no mesmo nicho. Os pais dele frequentavam os mesmos lugares que os de Hunter. Naturalmente fizeram amizade.Foram para a mesma faculdade, e se formaram no mesmo ano. Agora, ele tentava se manter no ramo
Sarah2 Dias antesSarah estava exausta e chateada com tudo o que estava acontecendo. Ela, por um momento, se segurou ao pensamento de que só precisaria se preocupar em repor suas economias para a faculdade; contudo, nada em sua vida era tão fácil. Então, recebeu a ligação do seguro e tudo caiu por terra.Como se já não fosse ruim saber que teria que arcar com o pós-operatório e os remédios, pois o seguro a ligou dizendo que o hospital onde estavam cobrava taxas muito altas e não poderia arcar com mais essas despesas.Ela ainda perdeu um bom tempo do seu dia, gritando e tentando resolver esse problema, mas por fim não conseguiu. Então, a loira, deixando seu pai no quarto, saiu e chorou por um bom tempo. Ela não queria ser dramática; contudo, aquela situação estava a levando ao limite. Ela estava cogitando, de tanta raiva, processar todos eles, pois achava um absurdo e humilhante como estavam os tratando. Seu pai trabalhou duro todos esses anos. As únicas vezes que precisaram de au
SarahDonald Watts — 58 anosUma noite casual, regada a bebidas e roda de conversas de negócios. Acompanhante. Duração de três horas…Como Patrícia havia dito, eles logo responderam. Isso não era uma grande surpresa, pois Sarah tinha o perfil de qualquer homem com muito dinheiro disposto a pagar caro por uma mulher bonita, para exibir na frente dos amigos. Mas… Sarah se surpreendeu com o convite casual que chegou no meu endereço de e-mail que criou só para isso. Ela ficou nervosa, eu li tudo, até as letras minúsculas, esperando encontrar qualquer absurdo.Perdeu um bom tempo se questionando e se perguntando por que um homem com tanto dinheiro e posição precisava exibir uma loira jovem e sensual. Fútil. A palavra era fútil. A loira passou a noite lendo os contratos, tanto os da agência quanto as do seu cliente, ela o achou. Ela o achou formal e educado, mas nunca confiaria nisso, ainda mais vindo de alguém que iria lhe pagar para ser sua acompanhante. Eram um amontoado de palavra
HunterSentado em sua cadeira habitual, onde trabalhava diariamente, ele não conseguia parar de pensar na loira da noite passada.A pele macia, o perfume doce. Aquela mulher conseguiu deixá-lo louco com um só olhar. Ele sentiu que ela queria estar ao seu lado, da mesma forma que não pôde tirar os olhos dela, a loira fez o mesmo. Obviamente, não era nada para o velho que a acompanhava. Donald tinha esposa e filhos e, pela forma como se comportou ontem, não era uma de suas amantes. Ele sabia como tinha achado. A agência de acompanhantes era bem conhecida no meio em que vivia.Empresários que odiavam estar sozinhos, sem um troféu. Eles disputavam quem levaria a mais linda e gostosa para seus encontros. Idiotas! Ele nunca usou esse recurso, mulheres ao seu redor querendo uma casquinha, não lhe faltava, mas confessou que aquela mulher chamou a sua atenção.— Você está me ouvindo? — Henry falava à sua frente, com o cenho franzido, olhando-o chateado. — Estou falando a meia hora e você p
Emília estava pensativa, sentada em uma cadeira confortável, em frente a uma janela de vidro, olhando para o dia claro, de um hotel em que costuma frequentar, quando deseja encontrar Tomás, às escondidas.Ela sempre se assegurava de que não era seguida, de que seu marido nunca descobriria. Ela não fazia ideia de que Hunter viu de primeira mão a traição, no qual não teve escrúpulos ou decência de esconder aquele dia. Emília gostava do marido, mas amava muito mais o dinheiro que ele tinha. Na verdade, sua verdadeira paixão era Tomás, um galinha que só deu bola para ela depois que ela se casou com seu melhor amigo.Hunter não sabia que estava alimentando uma cobra, confessando coisas pessoais, o que instigou Tomás a tentar domar a mulher por quem seu amigo caiu como um patinho.Emília não era nada além de uma amante, para Tomás. Ela era apenas mais uma entre muitas. Hunter conhecia o amigo, apesar de não ter notado a traição. Ele sabia que Tomás largaria Emy assim que fossem descober