capítulo 5

Sarah

2 Dias antes

Sarah estava exausta e chateada com tudo o que estava acontecendo.

Ela, por um momento, se segurou ao pensamento de que só precisaria se preocupar em repor suas economias para a faculdade; contudo, nada em sua vida era tão fácil. Então, recebeu a ligação do seguro e tudo caiu por terra.

Como se já não fosse ruim saber que teria que arcar com o pós-operatório e os remédios, pois o seguro a ligou dizendo que o hospital onde estavam cobrava taxas muito altas e não poderia arcar com mais essas despesas.

Ela ainda perdeu um bom tempo do seu dia, gritando e tentando resolver esse problema, mas por fim não conseguiu. Então, a loira, deixando seu pai no quarto, saiu e chorou por um bom tempo.

Ela não queria ser dramática; contudo, aquela situação estava a levando ao limite.

Ela estava cogitando, de tanta raiva, processar todos eles, pois achava um absurdo e humilhante como estavam os tratando.

Seu pai trabalhou duro todos esses anos. As únicas vezes que precisaram de auxílio médico foi quando ela torceu o tornozelo e infeccionou.

Ela tentou argumentar isso, mas nada teve efeito. Agora, tinha que esperar o dinheiro cair do céu.

No momento, Sarah estava desesperada, limpando as lágrimas no rosto e pensando no que fazer.

Veio em sua mente aquela conversa bizarra com Patrícia, que a ofereceu uma saída, só que essa não seria nada fácil, ou moral.

O G****e a ajudou nessa também, a levando, outra vez, para aquele site. Ela não queria pensar nas inúmeras possibilidades de aquilo dar errado.

Tudo o que desejava era resolver seus problemas, mas achava que isso lhe custaria muita coisa.

Era um caminho sem volta. Estaria sujeita a muita coisa. Ela ouviu sua amiga, lembrou das palavras, mas não era boba; entrou em fóruns e descobriu mais informações de mulheres que trabalhavam com esse site.

E descobriu que, apesar dos contratos, alguns passavam a mão onde não devia e elas não podia dizer nada, por ganharem muito dinheiro para estar ali.

Sarah sentou-se na porta de casa, olhou para o celular e não sabia o que fazer.

Ela passou a mão sobre seu rosto, limpando as lagrimas. Sabia que estava perdida e que, de alguma forma, tinha que engolir seu orgulho.

— Não tem outra forma. — Disse a si mesma. — Não tenho como ser orgulhosa nesse caso. Eu não tenho como pagar tudo isso. — Era como se alguém estivesse colocando uma faca em seu pescoço. Sarah não era santa, mas estava com medo de aceitar algo e passasse por mais humilhações, ou pior, fosse obrigada a fazer algo que não queria. — É hora de deixar os medos para depois e tentar… pelo menos tentar.

***

Após ter contatado um agente desse site estranho, Sarah não conseguia disfarçar a sua preocupação e ansiedade.

Seu pai, acordava e comia, com seu auxílio, sem saber que sua filha estava vendendo a alma para alguns demônios.

Hoje, Sarah teria que tirar fotos bem sugestivas e isso estava a deixando agoniada.

Ela não sabia como tudo isso funcionava, então, ficava criando situações e historias imaginarias para tapar esses imensos buracos na sua cabeça.

Bem, por debaixo dos panos, existia uma menina que faria loucuras entre quatro paredes. Contudo, aquela não era o caso, pois ela estaria sendo paga, os homens não eram da sua idade, classe social e ela não se atrairia nenhum pouco por eles.

Pelo menos era o que ela pensava.

Homem a escolheriam para ser sua acompanhante em algum evento ou qualquer outra situação. Então estaria vulnerável.

Apesar de Patrícia a explicar que não seria forçada a nada, como poderia se sentir confiante em sair com alguém, após receber uma gorda quantia, e o recusar, caso ele queria algo a mais?

Ela pensava em inúmeras situações que a deixava triste e desanimada, mas tinha que sorrir para as fotos, e parecer atrativa.

Como se já não fosse ruim, estar sujeita a libertinagem de homens desesperados. Ela tinha que interpretar um papel, uma mulher sexy e disposta a tudo.

Patrícia estava agindo como sua agente, dando conselhos, arranjando fotógrafos e auxiliando no contrato de confidencialidade.

Ela era uma profissional nisso e deixou Sarah impressionada.

A amiga não queria levar Sarah a fazer essas coisas, assim como ela.

Pati já passou por muita merda, entrando nesse jogo, mas era a única forma de realmente ganhar dinheiro. Com o tempo, acabou se adaptando ao trabalho e gostando das regalias.

Na verdade, ela era uma das mais procuradas e sempre que desejava transar, não precisava se fazer de difícil.

A roupa que Sarah estava vestindo não era dela. Na verdade, eram todas de Patrícia, que escolhia o modelo que mais agradaria os clientes.

A morena estava certa que Sarah se tornaria a obsessão de muitos, pois era o padrão deles: uma loira com curvas naturais, pele clara, longos cabelos, belos peitos e uma bunda magnifica.

Se ficasse olhando fixamente para ela, avaliando-a, Pati achava que acabaria sendo atraída por ela.

Voltando ao trabalho, ela escolheu um vestido sexy, vermelho, que ficaria lindo na amiga e combinava com ela. Tinha um decote profundo, ia até metade da coxa, praticamente cobrindo só o que mais importava. O salto preto também era dela, e a máquina foi a própria Sarah quem fez.

— Você tem que sorrir. — Ela parou tudo e foi até ela depois que as fotos começaram, e Patrícia notou que a colega não estava confortável ou demonstrando sensualidade. — Não será difícil ser selecionada, acredite, você tem um privilégio muito grande, mas basicamente vai sorrir e sorrir ao lado de homens cheios de grana. É para isso que eles pagam.

— Vou tentar. — Revirou os olhos, chateando a amiga.

Patrícia não queria a forçar a nada, essa escolha foi da própria Sarah, mas se ela não se esforçasse, nem a sua beleza natural faria o milagre de convencer os clientes de a contratar.

— Não tente, faça, e dê aquele olhar sexy que os homens enlouquecem. — Aconselhou.

— Não preciso seduzir ninguém. — Murmurou. Por alguns segundos, Sarah parou, pensou e entendeu que estava sendo difícil. Afinal, era ela quem precisava desse dinheiro e tinha que seguir os conselhos da amiga, se quisesse ganhar alguma coisa. Então, decidiu fazer o que ela pediu e se saiu bem. Não era difícil ser sexy, já tinha todos os atrativos para isso, só precisava se esforçar. Depois, Patrícia foi até o fotografo, que estava concluindo tudo, no computador e olhou tudo o que ele registrou. — Então, tudo certo?

A colega a encarou, estava feliz, mas, no fundo, culpada por propor essas coisas para alguém como Sarah.

Ela era boa, gentil, e entendia que estava desesperada, ou não aceitaria fazer esse trabalho.

— Sim. — Sorriu. Antes de sair, beijou o carinha tatuado, que a pouco tirou as fotos da loira. Sarah não achou que eram namorados, com tudo o que Patrícia fazia. Afinal, que homem aceitaria isso? Saindo de perto dele, ela pegou a colega, entrelaçou seus braços e saiu do estúdio. — Você poderia ser modelo, sabia?

— Prefiro desenhar roupas e costura.

Era a sua maior paixão e sonho: ser uma estilista e ter uma das suas peças exposta em alguma loja de grife, ou em uma artista de cinema, quem sabe, no tapete vermelho.

— Acredito que assim que o recrutador vir as suas fotos ele vai te ligar no mesmo instante.

— Você conhece ele?

Ao sair do prédio, elas viram o céu alaranjado, o clima começava a esfriar e seguiram para pegar um táxi.

Estavam em Los Angeles, a cidade do cinema. Tudo ali era enorme, cheio de sofisticação e trabalho não era o que faltava.

Sarah até já apareceu em uma série qualquer, tomando café na rua em uma cena de segundos.

Aquele não era seu lugar, mas até que se divertiu.

— Conheço muita gente. — Patrícia falou, trazendo-a de volta para a realidade. — Sabe, você pode até gostar.

— Só estou fazendo isso para ajudar meu pai. — Foi direta.

Ela até se chateou com o pensamento da amiga. Sarah não era promíscua e nem queria ser.

— Claro, mas pode ganhar bastante saindo com esses empresários. — As dúvidas não a deixavam quieta.

Patrícia era linda, uma mulher do seu tamanho, cabelos castanhos escuros, um rosto fino, o padrão da beleza.

Era meio doidinha e sempre conseguia o que queria. Pelo que Sarah já viu, ela se adaptou bastante a esse estilo de vida.

Obviamente, estava com medo de perguntar algo e ser indelicada, contudo, as duas estavam mais próximas, graças a essa loucura, e Sarah não podia evitar a sua boca de fazer as perguntas.

— Sabe, tenho curiosidade sobre isso. — Começou, pensando que passaria dos limites dessa amizade que se construía. Contudo, Patrícia não se incomodava com nada disso. Na verdade, era natural, e como Sarah também se aventuraria nessa maluquice, não tinha o que esconder. — Quando começamos você já tinha tudo isso, as roupas, joias, mas vem de uma vida humilde. — a amiga riu, sabendo onde ela queria chegar. — Disse que existem todo tipo de preço, e ouvi você dizer…

— Você quer saber o que faço para ganhar tanto? — Patrícia não se ofendeu, estava até relaxada.

Quando começou, estava realmente assustada e se sentindo um lixo.

No entanto, Pati aprendeu a se adaptar e a ser mais esperta do que eles. Agora, sabia o que queria e como usar isso a seu favor.

— É que tudo isso é novo e não sei onde estou me metendo.

O motorista estava alheio a elas, mas com certeza ouvia a conversa.

— Como eu disse, você aceita o que acha que deve. — Começou, sem medo algum de ser julgada. — Quando comecei eu também estava assustada. Não queria ser radical, só estava ali para ganhar aquele dinheiro e ir embora. — Ela encostou-se no banco do carro e passou a olhar para o lado de fora, relembrando seu passado. — Até eu notar que era só mais um objeto de exposição. É isso que eles querem. Querem aparecer na mídia e dar a entender que estão por cima, no topo e com as mulheres mais sexy’s e bonitas, mesmo sendo um bando de idiota. Não minto, você pode passar por situações ruins, mas tem que mostrar que é você quem manda ali. Nenhum daqueles homens quer ser visto sendo deixado para trás enquanto a gostosa sai de cena. Aquele acordo é a sua arma. Se ele sair da linha e você não gosta, diz que usará a boca e dirá a todos quem ele realmente é.

— E o acordo de confidencialidade? — Sarah achou estranho.

— Leia bem as letras minúsculas dos contratos que você assina. E não abaixe a cabeça só porque ele está pagando.

— Isso é para me assustar?

— É para você ficar esperta. — Afirmou, virando o rosto e pegando em sua mão. — Não tenha medo, eles não vão te comer viva.

— Não é o que parece. — Murmurou.

— Ganho muito porque eles sempre me escolhem, uma noite de festa comigo é bem cara e estou disposta a tudo, desde que esteja no acordo que assinei. Sou eu quem decide se irei além ou não. — Sarah ficou pensativa. Os conselhos da colega até eram bons, mas não conseguia ficar confortável com isso.

— Então você…

— Com alguns transo, e uma foda comigo é bem cara, querida. — Os olhos de Sarah quase saíram das órbitas. Até o motorista ficou fora do radar. — Não é um absurdo, conheço aqueles homens. No início eu não fazia essas coisas, então fui ganhando confiança e perdendo a timidez.

— Então você aceita ficar com eles caso ...

— Não sou prostituta, só é um acordo por noite com homens com quem já saio. São bons, e se um homem que não conheço me manda mensagem pedindo sexo, no nosso primeiro encontro, recuso na hora.

— Então é assim que ganha tanto dinheiro? — Patrícia era uma mulher esperta e acreditava no que dizia; Sarah só não se imaginava fazendo o mesmo.

— Eles me presenteiam, me leva para viajem, muito disso fora do acordo.

— Então isso pode acontecer? — Sempre que ouvia, ela tinha mais para pensar.

— Sim, eles podem dar presentes, por fora dos acordos das agências, pois tudo o que ganha passa por eles, que tiram a parte e te dão a quantia que está naquele acordo específico, mas como nos encontramos fora da agência, tudo o que me dão é só meu. — Riu orgulhosa. — Mas sei que com você será diferente. Você é uma menina correta; ganhará o que precisa e cairá fora.

É. Estou torcendo para isso. Não quero me sujeitar a nada do que ela falou. — pensou.

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