Quatro dias depoisVioletaAcordei motivada depois de uma noite na qual meu pai e Benjamin pareceram dois amigos de anos.Papai contou suas histórias de mais jovem, e Ben se interessou bastante.Presenciar isso me deixou emocionada. Foi a primeira vez que convidamos um namorado meu para um jantar. Fiquei nervosa, admito, pois Benjamin era de outra classe social e cresceu comendo e vivendo com tudo do bem e do melhor.Por incrível que pareça, eu só vim perceber isso na noite passada. Imaginei várias situações sobre o que tínhamos e o que queríamos juntos.Mas era tarde demais para pensar nisso. Ben e eu já tínhamos nos apaixonado. Eu vivia um amor que jamais pensei em viver, no entanto sentia aquele medo no peito de que algo na minha simplicidade o incomodasse ou o fizesse mudar de ideia sobre nós. Só que apesar disso ainda me incomodar, a refeição foi agradável e eu vi que meu pai estava prestando atenção em tudo, claramente avaliando-o.Levantei-me cedo, fiz o café como papai gostava
BenjaminMinha consciência não conseguia ficar quieta por um segundo desde o momento em que cheguei àquela plantação e vi o senhor Martini no chão tendo um infarto bem na minha frente.Ele já tinha dito o quão mal se sentia, só esperava que as coisas iriam melhorar com o tratamento e os remédios. Insisti para o levarà capital para ter médicos especializados e muito mais preparados, porém o homem se recusou, mesmo que sua filha tenha insistido mais do que tudo.E no momento, sem ele ali, Violeta estava em pedaços, chorando pela morte do seu pai.Ela não merecia isso.Os dois não mereciam. Ele era a sua única família presente. Eu sabia que seu tio paterno e sua prima de primeiro grau moravam próximos a eles e trabalhavam no mesmo lugar, porém Violeta e seu pai eram mais reclusos.Acabei descobrindo que meu amor pela mulher teimosa ia além do comum, e meu coração estava aflito por eu não saber o que fazer ou dizer.Ela se achava sozinha, mesmo eu estando ali.Eu sabia que sentimento era esse
VioletaDe uma hora para a outra minha vida mudou completamente e eu não sabia o que fazer.Tudo que eu tinha se desfez. Eu estava em uma casa vazia, e apesar de Benjamin e sua família terem me recebido de braços abertos em sua casa depois, eu não conseguia me sentir confortável com nada disso.Minha cabeça não parava de pensar no que aconteceu, no dia em que saí de casa e encontrei aquelas pessoas tentando ajudar o meu pai, sendo que não teria mais volta.Todos estavam no seu funeral, menos eu, poisme recusava a acreditar. Meu corpo estava velando seu caixão, mas minha cabeça ia para um universo onde consegui salvá-lo de alguma forma.Acredito que se não fosse por todo o apoio de Ben, eu não estaria de pé. Foi ele quem tomou a frente e cuidou de mim, e isso não tem preço. Ele provava seu amor, e dentro do meu peito eu sentia que o amava da mesma forma.O segundo dia naquela fazenda me sufocou com pensamentos sobre o meu pai. E a ideia de ir à capital conseguiu me tirar da bolha, mesmo
VioletaQuatro dias naquele lugar e eu já queria explodir. Eu não tinha nada para fazer e não sabia usar muitas coisas dali. Benjamin teve que sair para resolver assuntos de trabalho e eu fiquei naquele imenso apartamento olhando para o teto.Isso durou dois minutos, pois logo arranjei o que me ocupar. Peguei os produtos de limpeza que tinham e resolvi fazer uma faxina para passar o tempo.Se meu namorado visse isso me daria uma bronca. Ben me tratava como uma princesa e queria me dar presentes chiques queeu nem sabia usar.Ele era um amor.Nós nos divertíamos com alguns dos seus brinquedos eletrônicos, mas quando ele estava longe, eu não conseguia parar de pensar no que estava fazendo ali.Limpei cada espaçodo apartamento, descobrindo coisas novas sobre ele. Benjamin era muito inteligente.Encontrei fotos de suas conquistas. Achei até umálbumno qual tinha fotos da sua formatura. Fiquei babando nesse homem, que, desde cedo, era lindo.Depois vi seu closet repleto de roupas caras, ternos
BenjaminEu estava animado para mostrar a capital à Violeta, e até que ela se interessou por isso.Mas esse não era o seu mundo e algumas coisas a incomodaram.Não queria que minha namoradase sentisse deslocada. A minhavida ali era maluca e demais para ela. O trabalho me cobrava um enorme tempo longe de casa, e sem conhecer nada da cidade, ela estava reclusa.Eu já tinha decidido voltar para o interior;não só por Violeta, mas também por saber que a cidade grande já não era tudo o que eu mais queria.Quando eu estava na fazenda vi outro mundo com outros olhos eme conectei com o meu pai e com aquela gente.A simplicidade não me incomodou tanto.Aliás, aos meus 19 anos não existia internet e conexão como atualmente, o que permitia levar o trabalho e algumas coisas a mais a lugares simples como aquele.Eu estava conversando com meus sócios e encontrei modos de levar meus trabalhos para a fazenda. A advocacia não era um problema.Sempre que fosse necessário, eu poderia pegar um avião de pequeno
Três dias depoisVioletaMinha felicidade quase ofuscava o meu desconforto naquela cidade. Eu tinha até vergonha de pensar que o meu maior desejo era estar na capital, ver como era a vida longe da fazenda e despertar o interesse de estudar nesse lugar.Mas, por fim, tudo era diferente do que eu imaginava.As pessoas, ao notarem que eu não era dali ou ao escutarem o meu sotaque de interior, olhavam-me com arrogância e reviravam os olhos, pensando que eu não notaria o deboche.Estar com Benjamin na capital era mágico, até sairmos de casa e todos pensarem em como alguém como ele poderia estar com alguém como eu.Na noite passada fomos a uma comemoração na qual os amigos dele, tanto do trabalho quanto de outras épocas, estavam presentes. E foi aí que decidi ir embora. Eu não me encaixava naquele padrão e não conseguia respirar sem ouvir cochichos sobre nossa relação.Ouvi até uma das patricinhas dizendo que eu era uma interesseira e queme casaria com ele só por dinheiro.Normalmente, eu agia
VioletaEstávamos oficialmente casados e não existia mulher mais feliz no mundo do que eu.Benjamin e eu estávamos em uma quase lua de mel desde a noite passada, quando assinamos aqueles papéis, mesmo com meu coração estando na boca.Tudo na minha vida parecia uma montanha-russa de emoções,mas apior parte, para mim, era saber que meu pai não estava presente e que não me viu casando.Só que uma coisa no meu peito sentia que ele estava ali naquele momento.E já sendo a esposa de Benjamin, estávamos em meio aos lençóis brancos, acordando depois de uma noite emocionante que jamais pensei em ter.Parecia que ele não se cansava, pois já me acordou com beijos na nuca, acendendo o meu corpo com a chama do prazer. — Acordou bemdisposto —brinquei, aninhando-me a ele. O seu corpo quente me acolhia eseus beijos roubavam meu fôlego antes que eu pudesse respirar.— Acho que estar casado é um afrodisíaco.Era impressionante como ele me fazia rir com suas bobagens. — Você que é um depravado. — E pe
Três meses depoisVioleta—Esta já é a terceira vez que tenho que ajustar a cintura deste vestido —falou a costureira, que apertava o vestido branco no meu corpo.Eu não queria uma grande festa de casamento, mas depois de nos casarmos de última hora na capital, não iria recusar o pedido da mãe de Benjamin, que ficou chateada ao saber da novidade.—Você está engordando.—Que sensibilidade,hein?—reclamei. —Estou nervosa com tudo isso.Bem...Esse não era o motivo, mas também não era mentira. Depois que voltamos à fazendaas coisas mudaram.As pessoas me viam como a esposa do chefe e Ben constantemente me mimava. Não estávamos morando dentro da casa grande,apesar de ela ficar a alguns metros de onde morávamos.Ele optou por mais privacidade.Também, depois que retornamos, a lua de mel ficou ainda mais intensa. E por incrível que pareça, o playboy metido despertou o gosto para a vida familiar e para o trabalho no campo.Eu já tinha percebido que meu corpo estava mudando, eapesar da inexperiê