Hunter
Hunter estava na academia de luta, tarde da noite, com a raiva fervendo dentro de si, após remoer bastante o que aconteceu. Ele precisava descontar essa energia negativa em alguém ou em algo, e as luvas de boxe pareciam as melhores opções. Ele começou a bater com força, socos e chutes rápidos que ecoavam pelo salão vazio, e a todo momento, o loiro imagina o rosto daquele que Hunter, considerava um amigo. “Uma cobra venenosa que não percebi e acabou me destruindo”, ele pensou. Depois de alguns minutos, uma leve sensação de alívio começou a se espalhar pelo seu corpo, mas ainda faltava algo. Seu corpo estava suado e a cabeça permaneceu perturbada. Viver com essa verdade estava o matando. Ele precisava lutar contra alguém de carne e osso. Olhando em volta, percebeu que a academia estava praticamente vazia, mas, por obra do destino, naquele momento, Tomás passa pela porta, sorridente, cumprimentando um dos poucos que estavam ali. Hunter, riu de tanta raiva. A maratona de socos de poucos minutos, não serviram de nada. Pior, o loiro achava que ali, mataria o imbecil. Então, Tomás se aproximou. Hunter não lembrava que o desgraçado também frequentava aquele lugar. — Irmão, — disse ao se aproximar. O sorriso no rosto dele, só aumentou a vontade de Hunter de acabar com o babaca. — Pensei que estaria com a família, a essa hora. Hunter, ofegante, riu de desgosto, pegou sua garrafa d'água e bebeu quase que por completo. — É uma surpresa para você? — a pergunta foi dita com uma carga pesada de raiva. — Preciso treinar um pouco. A vida está me cobrando muito. — Está chateado com algo? Tomás sabia como andava a vida matrimonial do casal, afinal, rotineiramente, transava com a esposa do amigo. Óbvio que, em alguns momentos, se sentia mal por isso. Contudo, para se conformar, ele dizia ser uma forma de pagar, quando Hunter era um completo imbecil com ele e Emília. — Não! — o sorriso de deboche nem foi percebido. O ódio de Hunter crescia a cada segundo. — Quer lutar? — Apontou para o ringue. — Claro. — o coitado nem sabia onde estava se metendo. Uma das coisas que mais irritava Hunter era saber que o babaca agia como se nada tivesse acontecido, dava conselhos amorosos e agora, ele sabia que a cobra com quem cresceu, fodia a sua esposa, quando ele não estava olhando. Hunter esperou que o traíra se preparasse. Ele subiu no pódio e tentou pensar direito ou o mataria. Hunter suspirou, fechou os olhos e se concentrou. Tomás era magro e atlético, aceitou o desafio de imediato por já fazer isso outras vezes, só que agora a motivação era outra. O loiro ficou feliz pela oportunidade de esgotar seu ódio naquele que era a fonte do problema. Assumindo uma postura de combate, Hunter encarou Tomás e dirigiu um soco poderoso que o jogou nas cordas. O traíra pareceu confuso, mas Hunter continuou avançando, enquanto desferia uma série de golpes. Tomás tentava revidar, mas Hunter era rápido e habilidoso, usando seu conhecimento em artes marciais para desviar dos golpes e pressionar seu adversário. A luta seguiu intensa, com ambos os lutadores trocando golpes poderosos e esquivando dos ataques. Foi uma luta rápida, mas Hunter conseguiu vencer no final. Tomás, cansado e ofegante, estendeu a mão em sinal de respeito. Hunter aceitou a saudação, pois sabia que se continuasse, mataria ele. — O que deu em você? — Tomás, já sem as luvas, o confortou. — Que bicho mordeu você. — Uma cobra venenosa muito desagradável. — respondeu ríspido, fazendo uma cara que deixou Tomás sem reação. — Você trabalha demais. — Talvez seja esse o problema. — Hunter continuou. — Trabalho demais e esqueço que não vivo no paraíso. — Problemas em casa? Isso o deixou ainda mais puto. — Não quero falar sobre isso. — Somos amigos, sabe que pode contar comigo. Hunter gargalhou. — Tomás… — encarou o homem, que estava confuso. — Você já faz demais. Muito obrigado. Enquanto isso, Sarah estava esperando, ansiosa, a volta do seu pai, da cirurgia. Ela não conseguiu comer, nem descansar, depois de um dia cansativo. Passou todo tempo rezando e olhando as horas. Parecia um pesadelo no qual ela não conseguia acordar. Seu pai tinha que tirar um tumor na cabeça, uma cirurgia arriscada, e ainda por cima, poderia deixar sequelas. Ela estava sozinha, desesperada, sem saber o que fazer. Se saísse bem dessa situação, ainda tinha que ralar para conseguir o dinheiro para a faculdade. Ela amava fazer moda, criar design e tudo mais, e esse curso não tinha nas universidades gratuitas, por isso estava sob pressão. O relógio parecia ser seu maior inimigo. O sono chegou, mas ela não conseguiu dormir. Estava em uma sala de espera, com outras pessoas, a cadeira não era confortável e mesmo que fosse, dificilmente ela conseguiria fechar os olhos e descansar. “ Isso é mesmo uma merda, ” ele pensou.“ Essas coisas só acontecem comigo. Não há folga. Sempre tenho que lutar contra a realidade e meu sonho. Quando acho que estou a salvo, vem uma péssima notícia e me dá uma rasteira.” Sarah se condenou por estar pensando assim. Essa não era hora de lamentar, mas ela não conseguia se segurar. “Como vou reverter isso? Como arranjarei dinheiro para cobrir, custear da faculdade? ” Para não acabar pegando no sono, ela pegou de telefone e buscou por ideias. “Encontrar mais um emprego? Pedir dinheiro ao banco?” essa última opção seria a pior que faria, pois os juros seriam o olho da cara. Sarah avistou o médico que fez o procedimento em seu pai, levantou com um pulo, e foi até ele. — Então, senhor… desculpa, esqueci seu nome. — Deu um sorriso de nervoso. — Fique calma, tudo o correu bem. — A tranquilizou. — Seu pai está sendo levado para o quarto e estou confiante de que ele ficará bem. Alegre e agradecida, ela tomou a liberdade de abraçar o homem que ela nem conhecia. Depois, se envergonhou. O médico, então, a levou para o quarto onde seu pai estava. Ela o viu com a cabeça enfaixada, dormindo, e encheu os olhos de água. Ela sabia que esse momento era decisivo, pois poderia não acordar. Por isso, se apegou a Deus e rezou para que tudo acabasse bem.Após passar longas semanas com seu pai, no pós-operatório, depois que ele acordou, Sarah então se voltou ao novo problema que era: o seguro e o dinheiro.Tudo ali era difícil para quem não tinha nenhum dólar na conta. Ela tinha que ganhar dinheiro rápido, pois logo chegariam as parcelas da universidade, sem contar na moradia e comida.Depois de um dia cheio, ela se deitou na cama de solteiro, que tinha o quarto dividido, na universidade. Estar ali custava caro, mas era o mais próximo e fácil, pois a casa de seu pai ficava a quilômetros dali, e ela não tinha um carro.Sara tomou coragem, levantou e buscou por uma roupa para vestir depois do banho. Ela, então, notou Patrícia, que entrava com a toalha enrolada ao corpo, indo para seu guarda-roupa e escolhendo uma peça.Patrícia era uma mulher linda, não muito mais velha que Sarah. Pelo que a loira sábia, ela também tinha uma origem humilde, porém, sempre que aparecia, esbanjava luxo.Roupas, joias e muito mais. Praticamente só Sarah v
HunterOs dias passaram e Hunter ficava remoendo aquela cena em sua mente, pensando em diversas situações em que os dois poderiam estar juntos. Quando viajava a negócio, quando trabalhava até tarde. Quando isso começou?Desde o casamento, ou melhor, desde que a viu, seus olhos se fecharam para qualquer outra. Ela sabia o seduzir, tanto que ele não viu o que estava acontecendo debaixo do seu nariz.Há quanto tempo isso vinha acontecendo debaixo do meu nariz?Hunter se questionava por tudo. Até se culpava pelo o corrido. Afinal, se Emília estava o traindo, era porque ele deixou isso acontecer.Se Hunter não tivesse chegado mais cedo naquele dia, nunca teria descoberto a traição. Sua desilusão deveria prevalecer, nessa situação, porém, o ódio e raiva prevaleciam.Tomás e ele cresceram no mesmo nicho. Os pais dele frequentavam os mesmos lugares que os de Hunter. Naturalmente fizeram amizade.Foram para a mesma faculdade, e se formaram no mesmo ano. Agora, ele tentava se manter no ramo
Sarah2 Dias antesSarah estava exausta e chateada com tudo o que estava acontecendo. Ela, por um momento, se segurou ao pensamento de que só precisaria se preocupar em repor suas economias para a faculdade; contudo, nada em sua vida era tão fácil. Então, recebeu a ligação do seguro e tudo caiu por terra.Como se já não fosse ruim saber que teria que arcar com o pós-operatório e os remédios, pois o seguro a ligou dizendo que o hospital onde estavam cobrava taxas muito altas e não poderia arcar com mais essas despesas.Ela ainda perdeu um bom tempo do seu dia, gritando e tentando resolver esse problema, mas por fim não conseguiu. Então, a loira, deixando seu pai no quarto, saiu e chorou por um bom tempo. Ela não queria ser dramática; contudo, aquela situação estava a levando ao limite. Ela estava cogitando, de tanta raiva, processar todos eles, pois achava um absurdo e humilhante como estavam os tratando. Seu pai trabalhou duro todos esses anos. As únicas vezes que precisaram de au
SarahDonald Watts — 58 anosUma noite casual, regada a bebidas e roda de conversas de negócios. Acompanhante. Duração de três horas…Como Patrícia havia dito, eles logo responderam. Isso não era uma grande surpresa, pois Sarah tinha o perfil de qualquer homem com muito dinheiro disposto a pagar caro por uma mulher bonita, para exibir na frente dos amigos. Mas… Sarah se surpreendeu com o convite casual que chegou no meu endereço de e-mail que criou só para isso. Ela ficou nervosa, eu li tudo, até as letras minúsculas, esperando encontrar qualquer absurdo.Perdeu um bom tempo se questionando e se perguntando por que um homem com tanto dinheiro e posição precisava exibir uma loira jovem e sensual. Fútil. A palavra era fútil. A loira passou a noite lendo os contratos, tanto os da agência quanto as do seu cliente, ela o achou. Ela o achou formal e educado, mas nunca confiaria nisso, ainda mais vindo de alguém que iria lhe pagar para ser sua acompanhante. Eram um amontoado de palavra
HunterSentado em sua cadeira habitual, onde trabalhava diariamente, ele não conseguia parar de pensar na loira da noite passada.A pele macia, o perfume doce. Aquela mulher conseguiu deixá-lo louco com um só olhar. Ele sentiu que ela queria estar ao seu lado, da mesma forma que não pôde tirar os olhos dela, a loira fez o mesmo. Obviamente, não era nada para o velho que a acompanhava. Donald tinha esposa e filhos e, pela forma como se comportou ontem, não era uma de suas amantes. Ele sabia como tinha achado. A agência de acompanhantes era bem conhecida no meio em que vivia.Empresários que odiavam estar sozinhos, sem um troféu. Eles disputavam quem levaria a mais linda e gostosa para seus encontros. Idiotas! Ele nunca usou esse recurso, mulheres ao seu redor querendo uma casquinha, não lhe faltava, mas confessou que aquela mulher chamou a sua atenção.— Você está me ouvindo? — Henry falava à sua frente, com o cenho franzido, olhando-o chateado. — Estou falando a meia hora e você p
Emília estava pensativa, sentada em uma cadeira confortável, em frente a uma janela de vidro, olhando para o dia claro, de um hotel em que costuma frequentar, quando deseja encontrar Tomás, às escondidas.Ela sempre se assegurava de que não era seguida, de que seu marido nunca descobriria. Ela não fazia ideia de que Hunter viu de primeira mão a traição, no qual não teve escrúpulos ou decência de esconder aquele dia. Emília gostava do marido, mas amava muito mais o dinheiro que ele tinha. Na verdade, sua verdadeira paixão era Tomás, um galinha que só deu bola para ela depois que ela se casou com seu melhor amigo.Hunter não sabia que estava alimentando uma cobra, confessando coisas pessoais, o que instigou Tomás a tentar domar a mulher por quem seu amigo caiu como um patinho.Emília não era nada além de uma amante, para Tomás. Ela era apenas mais uma entre muitas. Hunter conhecia o amigo, apesar de não ter notado a traição. Ele sabia que Tomás largaria Emy assim que fossem descober
Sarah acordou cedo para fazer uma corrida e limpar a mente. O dia à frente seria agitado novamente com os cuidados com seu pai e a faculdade.Esses últimos dias a colocaram em lugares que ela nunca pensou que estaria e ela descobriu que não eram onde ela queria estar. Ser anônima lhe dava liberdade para fazer o que quisesse e viver bem. No entanto, nesses eventos, ela se sentia presa em uma caixa cheia de cobras, incapaz de se mover sem chamar atenção.Ela rezava para que isso acabasse logo, libertando-a desses acordos infelizes. Patrícia se encaixava bem em tudo isso. Ela se acostumou a se exibir, receber presentes e ficar perto desses homens ricos e pervertidos.Sarah parou em frente à casa onde seu pai mora, colocou as mãos nos joelhos e respirou por alguns instantes para recuperar o fôlego. Ao entrar na casa, ela viu que seu pai já estava acordado. Por enquanto, ele não fazia muito, apenas dava alguns passos, andava pela casa e tomava banho.A rotina tinha se tornado bem mais
SarahMe arrumei no quarto onde dividia com Patrícia, mesmo que ela não usasse muito. Hoje não nos encontramos, passei a tarde em uma loja onde encontrei tecido de boa qualidade e que serviram para alguns modelos que faria para expor no trabalho que me foi pedido.Deixei tudo do lado da cama, os esboços, em cima da cama, enquanto eu me olhava no espelho, com esperança de que o vestido que vesti fosse bonito o suficiente para não decepcionar meu contratante.Esses ricaços se importavam além da conta com a beleza e por mais que eu tenha nascido com o privilégio de ser quase um padrão, uma roupa elegante era o que se esperava de uma acompanhante de luxo.Assim que constatei que estava apropriada para a ocasião, peguei meu celular e chaves, saindo do quarto.Alguns dos meninos que dormiam nos quartos vizinhos me encararam, cochichando uns com os outros. Não me importei.Marquei para encontrar alguns metros dali, para ninguém desconfiar. Dessa vez eu estava preparada para lidar com tudo.