O Reencontro

Aeroporto,

—Antoine, nosso filho já devia ter aparecido; será que erramos a hora do vôo?

—Calma Valentina! É assim mesmo. Ele pode ter decidido sair por último do avião. Sabe como é nosso filho, não gosta de aglomerações em filas...

—Ah, eu não tenho paciência; saio pedindo licencinha e adianto o meu lado. Gerard puxou a você nesse sentido. Detesta impor sua posição.

—Está completamente enganada! Nosso filho não chegou aonde chegou por ser um Maria vai com as outras; pelo contrário. Se ele não tivesse a postura, determinação e visão das coisas; o Joaquim não o teria convidado para ser o CEO da sua Empresa. Nosso filho pode ser pacífico mas não um pau mandado como você diz .

—Não quis dizer com isso que ele seja lerdo, bem minha comparação com você teve cunho pejorativo. Eu só acho que ele vai ter problemas com aquelazinha da Dione. Ô criatura indigesta!

—Olha o nosso filho...!

—Meu amor...Que saudades !!- Valentina agarra no pescoço do filho que não solta até o pai tirar suas mãos dele

—Calma mãe – risos —estou aqui bem, e com saúde. Não tem mais com que se preocupar. E você meu velho, senti sua falta!

—Seu pai está ótimo! Deixa eu ver sua carinha meu bebê...

—Valentina, por favor! – Antoine pede que se afaste

—Está bem! Vou esperar que mate um pouquinho da saudade desse príncipe! Ah ...Deus foi bom comigo. Me deu um filho perfeito!

—Vamos filho pro carro; antes que sua mãe comece um monólogo da sua existência.

—Eu não tenho culpa de ter posto no mundo um homem sem defeitos! Esse orgulho como mãe eu tenho....

Antoine abraça seu filho e se distanciam conversando tranquilamente, enquanto Valentina continua falando sem parar sobre as inúmeras qualidades que enxerga no Gerard que nem se dá conta que fala sozinha.

...

MOYAS ESPORTIVOS

Escritório central Tijuca, Rio de Janeiro

—Eduardo, você como CFO nossa empresa, não pode esquecer que na minha ausência, o Gerard deve está a par das suas decisões. Juntos devem estudar o seja melhor para a saúde financeira da nossa filial no Brasil.

— Sim. Eu estou consciente Sr. Joaquim. Já ouvi muito falar do trabalho do Gerard no exterior, e fiquei surpreso dele aceitar vir para o Brasil. Claro, que sua Transnacional tem um porte que incentiva e atrai novos colaboradores; mas, sinceramente eu achei que ele fosse recusar.

—Recusar 35% a mais do que ele ganhava no Canadá? Isso que eu falo em dólar está né ouvindo Eduardo! Esse ruivo de uma figa, não veio aqui à passeio.

—Tenha compostura Dione. Isso são modos de se referir a um executivo do porte do Gerard? Não entendo sua antipatia?!

—PORQUE EU PODERIA SER A CO-CEO JUNTO COM ELE, ENTENDEU AGORA?- Eduardo franze o senho sem intender essa indignação toda.

—Dione, está totalmente descompensada. Saia por favor. Em casa conversamos .

—MA..

—Não tem mais nem menos. Já pedi que se retire. – Dione levanta e sai totalmente irritada da sala.

—Quero que me desculpem. A Dione ainda não aceita que eu saia da presidência mesmo sabendo do meu estado de saúde. Ela acredita que poderia me auxiliar sem precisar fazer nova contratação. É compreensível, mas não aceitável o modo que agiu

—Não se preocupe Sr., nós já conhecemos a personalidade da Dione, logo ela muda de opinião.

[1]CFO, Chief Financial Officer

...

Dione

“ Oi amiga, tá sabendo quem chegou de viagem? Já estou com os nervos a flor da pele. “

“ Quem criatura?”

“ Geraldo. Lembra que te falei de um amigo de infância que meu pai havia convidado a trabalhar na empresa? Pois é. Vai ser meu superior, vê se pode bicha?!”

“ Ai amiga, esse nome no pé do ouvido dá até arrepios!”

“ Quê? O nome Geraldo te dá arrepios? Só rindo!”

“Nãaao espinhosa; Gerard me dá arrepios! Me lembrei que mencionou que era francês”

“ Não. É o pai que é francês. E o pior de tudo, é que tenho que fazer a boa anfitriã num jantar que meus pais vão oferecer a família dele no sábado. Não suporto sua mãe; Já quase nos pegamos há um tempo atrás no salão.”

“Noossa, babado forte! Acho que deve tomar umas gotas para acalmar. Afinal, seus pais não merecem um barraco não acha? Muito menos o cara, que não te vê há séculos!

“ Tem razão. Não será sempre mesmo. Vou me policiar amiga. Não vou dar esse gostinho pra aquele maracujá de gaveta “

“Rsrsrs, Assim você me mata de rir sua doida. “

“ Pode rir à vontade querida, coisa vai ser quando eu te contar o pós jantar. “

“ Na boa, pega leve por seus pais. Eles não merecem; e o cara, tão pouco!”

“ Eu sei, estou só me divertindo. Ele até que não era um garoto chato. Mas nos distanciamos na adolescência por causa dela. Cheguei a vê-lo aos dezesseis anos , ufa! Que gato ficou, imagino agora. Mas a mãe é uma megera.”

“Fofa, você nutre um amor platônico pelo bofe bonitão. Já vi tudo!”

“ Que nada! Éramos amigos de infância, só isso. Ele nunca sequer olhou pra mim com interesse “

“ Ah minha amiga, ele era só um garoto. Nessa idade, não sabem demonstrar bem os sentimentos; Mas se rolar, vai fundo e deixa a megera se afogar no próprio veneno.”

“Eu nunca que me apaixonaria pelo filho de uma dondoca preconceituosa e barraqueira !”

“ Dondoca você também é. Barraqueira será ou não. rsrsrs.

“ Ah, fala sério baby! Você bem que podia vir a esse jantar disfarçada de homem. Eu sei que você consegue. Me ajudaria bastante sua presença.”

“Ai amiga, sei não! Vai que na hora eu dou uma desviada de pescoço rsrsrs, tú vai se lascar inteirinha.“

“Por favorzinho, vêm amiga. Eu sei que os anos de dramaturgia te fizeram ganhar vários prêmios e essa barba e esses músculos enganam até o papa. “

“ Hum, isso se eu não for com meu salto stiletto.”

“Ai você quer estragar minha brincadeira. Como é... Topa ou não topa!”

“Até que eu toparia, se não fosse um jantar pra apresentar o CEO da sua empresa. Eu nem trabalho lá, sem contar que o Eduardo vai está.”

“ Não vai não! Você vai no lugar dele. Eduardo tem estado muito pegajoso. Tenho dado só uns pegas nele quando bebo. Só isso!”

“ Nossa, mas isso é drástico! Sendo assim... Sábado estarei lá, com a voz do Bonner rsrsrs”.

“ Menos baby, menos . Agora preciso desligar. A gente se fala beijo”

“ Beijo “

...

O Jantar

Dione...

O Rafael foi o primeiro a chegar, na verdade, o “baby.” Estava trajando um esporte fino que me deixou de boca aberta. Se não o conhecesse, jamais diria que é uma boneca com barba super estilosa, estava usando um blase azul marinho, camisa azul clarinha e um um jeans num tom escuro com bota cano curto marrom. A bicha arrasou no look. Até meu pai ameaçou rir. Minha mãe é super fã das suas peças de teatro.

Não posso deixar de mencionar que eu me superei nas mechas em cobre para deixar minha pele mais iluminada. Meu vestido, um frente única de seda com renda sobre o tecido na cor salmão um pouco acima do joelho; a saia dava idéia de movimento marcando bem a cintura. Usei uma sandália salto 10 na cor bege, maquiagem discreta. Tomei uma taça de vinho para relaxar enquanto conversava com Rafael. Meia hora se passou. Logo ouço as vozes na sala principal. Meu coração quase que saía pela boca só de imaginar que Valentina estava chegando de braços dados com o filho idolatrado. Tratei de engolir o medo. Olhei pro Rafael e me levantei indo ao encontro dos convidados. A sala de jantar ficava após um grande corredor; até chegar a eles parecia que ia morrer. Geraldo logo me aparece como uma visão do Olimpo. Uau! Parecia que o corredor era infinito. Ele me olhava de longe observando cada passo que eu dava naquele look show. Modéstias a parte; eu sou gata.

Tratei de segurar minha ansiedade que fazia a minha jugular pulsar horrores! Vislumbrava um belo homem a medida que o corredor do casarão nos estreitava o encontro. Estava lindo num blase escuro, camisa rosa clarinha, numa calça social chino azul marinho. Despojado e bonito pra cacete. A barba curta ruiva como os cabelos. Um olhar penetrante de um azul acinzentado, nunca soube definir ao certo. Só sei que não desviamos os olhos um do outro.

—Dione rsrs, quanto tempo! – ele aperta minha mão de um modo formal e dá um beijo no rosto.

—Gerard, você não mudou nada! Digo, que continua com a mesma fisionomia de alguns anos atrás.

—Obrigada, mas não sabia que havia me visto. Por que não me chamou?

—Estava acompanhado, não quis atrapalhar.

—Nossa, Dione. Você se tornou uma bela mulher. Não que a infância ocultasse sua beleza, mas era algo de menina . Mas agora sua exuberância está estampada.

—Obrigada rsrs, mas...deixa-me apresentar o Rafael.

—Muito prazer, Rafael

—Obrigada, prazer em lhe conhecer Gerard. A Dione estava agorinha falando dos bons tempos de criança de vocês!

—Ah, finalmente a Dione reencontra seu amiguinho de infância. Como vai querida?

—Olá Valentina, seja bem vinda! Estou bem, obrigada.

—Venham para sala meus queridos – disse Dolores.

—Mas então Gerard, qual a sensação de está de novo no Rio de janeiro?

—Confesso Sr. Joaquim, que nada paga esse calor humano que temos no nosso país. Seu convite veio me salvar. Já estava prestes a ir para Londres.

—Eu fiquei surpresa de você ter escolhido o Brasil, já que há uma de nossas companhias em Toronto.

—Eu sei. Estive lá visitando por uma semana as instalações da fábrica. Depois o escritório. Me inteirei de suas funcionalidades. Mas posso garantir que está bem assessorada. Escolhi o Brasil a pedido do seu pai que me situou do seu estado de saúde.

—Certamente o Gerard iria preferir ficar no Canadá. Mas nossa amizade não tem preço. Eu particularmente, amei está com meu filho por perto.

— Bem, é que eu não sabia que você já estava tão decidido em assumir o cargo. Papai não me disse que estava definido?!

—Eu não tenho como agradecer ao Joaquim ,Dione. Nossa amizade só vem se estreitando mais e mais. Trazer meu filho de volta após longos anos foi um presente.

—Meu velho companheiro Antoine. Eu vi seu menino crescer praticamente. Ele e minha Dione eram muito unidos. Nada mais justo que os unir agora profissionalmente.

—Espero que isso não tenha causado nenhum desconforto pra você, Dione. – diz ironicamente a Valentina, mãe do Gerard

—De modo algum. Será um prazer. Compartilhamos na infância tantos momentos bons, nada mais justo que dar continuidade na idade adulta.- Valentina sentiu a provocação mas resolveu engolir.

— Gerard, me acompanha até aqui fora por favor, quero lhe mostrar algo.- Dione não perde tempo e mostra a Valentina, quem é que vai dar as cartas alí.

—Mas claro; estou curioso pra ver!

“Ele a segue admirando seu caminhar suave, porém firme e cheio de charme ao tocar nos cabelos alisando uma mecha até às pontas enquanto vira para olhar para ele. É instantâneo a química entre os dois. Eles param numa determinada árvore no jardim. É uma grande mangueira. Então ela pega o celular e foca a lanterna para que ele leia algo na Árvore “:

—Você se lembra o que escreveu aqui? Lê!

—” Amigos para sempre, Dione e Gerard”. – Nossa, éramos tão baixinhos rsrsrs, olha a altura que em está escrito. Confesso que estou emocionado por você lembrar dessa inscrição e ela ter permanecido tão intacta apesar dos anos.

— Ela permaneceu intacta e perfeita porque eu sempre que vinha aqui e acendia a inscrição. Assim ela sempre esteve nítida na árvore e dentro de mim.

—Dione, eu não sei nem o que dizer...

—Não precisa dizer nada. Só queria que soubesse que ainda existe aquela menina aqui dentro, a mesma que estava ao seu lado quando escreveu isso. Vamos ter divergências no trabalho. Mas isso não mudará tudo o que vivemos.

—Eu nunca esqueceria disso.- Deixa eu te mostrar uma coisa que guardo na minha carteira.- ele tira uma mexa de cabelo plastificada.

—Gerard! Isso é uma mexa do meu cabelo que te dei quando você se mudou. Como pôde ter guardado!

—Da mesma maneira que você manteve a inscrição viva. Até hoje não entendi por que minha mãe nos fez mudar pra tão longe daqui. Ela parou de visitar vocês e eu fui mantido em tantas tarefas que mal respirava.

—Esquece isso. Você está aqui de novo, na nossa árvore favorita. Veja o balanço, ainda é o mesmo. Mandei trocar as cordas rsrsrs.

—Estou surpreso com tamanha dedicação. Mas eu esperava não menos que isso. Sempre a tive como minha melhor amiga. – Valentina grita da varanda, que o jantar será servido.

—Vamos? Não quero que sua mãe te leva pra longe de novo.

—Ela não têm mais poder algum sobre mim. Eu cresci. Vamos lá.

“ Tudo transcorreu bem. Os ânimos estavam equilibrados. Rafael (baby) se mantinha sem falhas, até a Dolores estava impressionada, só não entendia o porquê do disfarce. Eles conversaram animadamente. Após o jantar, trocaram telefones e cada um seguiu seu destino.”

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