Gerard continuava embaixo da ducha como se alí estivera protegido dos questionamentos, das dúvidas. Ele só desejava que o chão se abrisse e o engolisse. Se a Dione estivesse em silêncio, era sinal de fumaça em breve. Ele desliga a ducha permanecendo com aa mãos posta no azulejo do banheiro pensativo. Sua cabeça dava voltas, não sabia mais o que diria para convencer Dione ou qualquer um que sua vida lhe pertencia, que era falível e essa idéia do ser perfeito era utopia. Ele estava farto de toda manipulação em nome do amor que viveu na adolescência com as cobranças da sua mãe. Diante da sua condição seria um a menos a jogar-lhe pedras. Gerard é surpreendido com a porta do Blindex ser aberta: Dione lhe entrega seu roupão e uma toalha. Ele se sente confortado pelo gesto. Ela o olha com serenidade nós profundos olhos azuis que demonstrava tristeza. Dione tem ímpeto de beija-lo, abraça -lo, talvez o fizesse sentir-se menos culpado de uma situação ultrapassada e sem mais sentido. Ela perceb
ZimbábueDois meses depois...-Vamos mamãe, não quero chegar atrasada no aeroporto.-Calma Dione, falta muito tempo. Deixa de agonia que isso não é bom para a bebê.-Minha filha não tem frescuras, ela vai puxar a mim. Uma mulher com sangue nas veias. -Hahaha, que tolinha. Nunca ouviu dizer que as meninas puxam geneticamente aos pais? Veja você, saiu a cara e personalidade do seu avô paterno.-Meu avô era um homem forte, bonito; não é atoa que saí com olhos engatinhados -risos. -Misericórdia da minha netinha, se sair com esse sangue esquentado, o pobre do Gerard não vai aguentar a dose dupla.-Minha Safira será uma negra linda, poderosa e autêntica como a mãezinha dela.-Deixa o pai ouvir isso. Até parece que ele não tem direito que sua filha tenha suas características.-Estou farta mamãe de ver mães negras serem chamadas de babás dos póprios filhos .-Mas toda mãe é babá mesmo- risos. Deixe de preconceito bobo. -Aah, vamos embora. Gerard e os outros já devem estar lá nos esperando.
Algumas semanas depois...-Bom dia Ivete, posso falar com o Gerard? -Bom dia Alice. Gerard não está atendendo mais as modelos de campanha. Passou essa pasta para Dione. -Mas como pode ser isso? Ah não!! Ele sempre dava o voto de minerva; isso só pode ser coisa daquela...-Daquela o quê Alice?-Dione chega escutando sua última fala. -sua barriga está bem acentuada.-Oi Dione. É que ...-Eu ouvi bem o que disse. Pois bem, meu marido não atende mais as modelos como a Ivete lhe informou. Se quiser vir até minha sala lhe explico melhor.-Tudo bem, eu te acompanho.Dione está usando um modelito que mostra sua gravidez adiantada. Alice perde a noção e faz a pergunta sem filtro.-Você está mais gordinha não é mesmo Dione, saiu da dieta não foi?-risos-Venha Alice, sente-se!-Dione oferece água, ela recusa. -Bem, eu me casei como você deve ter visto nas redes sociais. Foi uma cerimônia discreta no Zimbabue porque já esperamos demais. -É , eu vi a cerimônia. Foi linda, que lugar paradisíaco.-
O Nascimento “Mamãe, pega as bagagens da Safira que a bolsa estourou. ““Aonde você está Dione?”“ Aqui no banheiro, mas tô com medo de me mexer.”“ Calma, vou subir pra te auxiliar, sua filha não vai nascer agora”.“ Rápido mamãe, que vai nascer “.“ Não desliga o celular, já estou subindo as escadas, respira... respira.-Dolores chega ao banheiro.-Prontinho, já cheguei. Me dá esse celular que vou avisar ao Gerard.-Mamãe, a cabeça dela é grande, como vai passar por aqui?-Você fez o curso juntamente com seu marido, sabe muito bem que a natureza é sábia, vai dar tudo certo.-Mas eu vou ficar aqui de pé sem fazer nada?-Meu amor. Sua nenê não vai nascer agora, nem dor está sentindo. Provavelmente fará uma cesariana.-Nem pensar! Ninguém mete o bisturi em minha barriguinha chapada.-Chapada que nem uma melancia.-Acha mesmo que não terei parto normal?-Não sei Dione, vamos aguardar orientação da sua obstetra após o exame.-Estou suja mamãe, será que posso tomar um banho na banheira, a
Laranjeiras, Rio de Janeiro Brasil Anos atrás...—VIENS ME CHERCHER. JE SUIS LÀ!- Gerard—PARE DE PALHAÇADA! NÃO ENTENDO NADA QUE DIZ- Grita Dione—ESTOU DIZENDO QUE VENHA ME PEGAR, ESTOU AQUI...-Gerard—Ah, não vou mais brincar com você. Está se afastando muito. Quero ir pra casa.- Dione corre para dentro do grande casarão do final do século XIX que pertenceu aos seus avós, hoje abriga sua família.—O que houve Dione? Está com a cara emburrada outra vez!- sua mãe Dolores pergunta, já sabendo a resposta.—É o Geraldo mãe, ele não sabe brincar! Fica falando francês comigo e eu não entendo nada! —Querida, não é Geraldo que pronuncia. É Gerard, com “d”mudo ao final- interrompe a mãe do garoto.—"d”, mudo?! – Dione sai às gargalhadas pelos corredores deixando um eco que irrita muito a Valentina Durand.—Não repare, ela é só uma menina e bem mais nova que o Gerard. Será mais fácil, se ele falar português quando brincarem, vai melhorar a comunicação entre eles.—Dolores, meu filho está se
Aeroporto,—Antoine, nosso filho já devia ter aparecido; será que erramos a hora do vôo?—Calma Valentina! É assim mesmo. Ele pode ter decidido sair por último do avião. Sabe como é nosso filho, não gosta de aglomerações em filas...—Ah, eu não tenho paciência; saio pedindo licencinha e adianto o meu lado. Gerard puxou a você nesse sentido. Detesta impor sua posição.—Está completamente enganada! Nosso filho não chegou aonde chegou por ser um Maria vai com as outras; pelo contrário. Se ele não tivesse a postura, determinação e visão das coisas; o Joaquim não o teria convidado para ser o CEO da sua Empresa. Nosso filho pode ser pacífico mas não um pau mandado como você diz .—Não quis dizer com isso que ele seja lerdo, bem minha comparação com você teve cunho pejorativo. Eu só acho que ele vai ter problemas com aquelazinha da Dione. Ô criatura indigesta! —Olha o nosso filho...!—Meu amor...Que saudades !!- Valentina agarra no pescoço do filho que não solta até o pai tirar suas m
Gerard—Bom dia, mãe! Meu pai já acordou? —Bom dia meu amor, ainda não. Seu pai aos domingos relaxa um pouco mais. E como está sendo pra você digerir aquele jantar enfadonho no casarão centenário? Aposto que está tão acostumado com o moderno, que aquilo te provocou nostalgia, rsrsrs.—Pelo contrário. Não via a hora de entrar alí de novo. Tenho boas recordações. Me admira ver que pensa assim da casa dos seus amigos!—Ah fofinho, só não gosto de velharia. Nada contra eles.—Velharia? Aquele casarão elegante nas Laranjeiras é cobiçado por muitas famílias mãe. É uma arquitetura do século passado que foi erguido com muito esmero. Amo aquele lugar; amo principalmente o jardim.—Amor da mamãe, vamos deixar os Moya um pouco de lado e pensar no que vai fazer para recepcionar seus velhos amigos do Brasil. À Alicinha me ligou. Quer te ver. —Não precisa nada disso mãe. Eu vou enterrar a cara na empresa logo. Preciso descansar. Aos poucos vejo cada um deles. E deixa Alicinha no canto de
Moya Esportivo—Bom dia, Lucrécia! —Bom dia, Duda! Hoje é o grande dia não é mesmo?—O pessoal da diretoria já estão na sala de reunião?—Não querido, ou a bonita, não estaria aqui.-Lucrécia mexe seu capuccino enquanto revira os olhos.—Sempre bancando a engraçada! —Vou chorar? Só quero ver a cara do CEO. Dizem que é francês!—Não. Eu já o conheci, ele é filho de francês. É um bom Brasileiro, assim como nós. —Se for bom meu caro, só saberemos depois. Só quero é ver a cara da sua amada.—A Dione? Ah, eles são amigos de infância! —Sério? Então está explicado a escolha do Sr. Joaquim. Preteriu à alguém de sua confiança, aos subalternos da empresa,rsrs—Mas ser amigo de infância da filha dele é uma coisa, gerir sua empresa é outra bem diferente. Eles não se vêem há vinte anos.—Bom, pelo que sei, o chefe estava monitorando os passos do candidato há mais de um ano. Antes mesmo de saber que estava doente. Mas Achei que a Dione tinha chance de ser a escolhida. Diz Lucrécia —Eu também a