C3- NA MANSÃO

Finalmente o final de semana chega e com ele a dor de cabeça que será este encontro com o meu pai, sei que vai ser mais um dia maçante, provavelmente cheio de surpresas e com certeza nada agradáveis.

Levanto e vou tomar um banho, para me manter o mais acordado possível e em seguida visto uma calça jeans e uma camisa polo e um tênis, me olho no espelho e dou uma bagunçada no cabelo, coloco meu relógio e o perfume, pego a chave do meu carro e saio do apartamento, assim que chego na garagem respiro fundo, entro no carro e sigo em direção à mansão dos meus pais, durante todo o caminho fico pensando no quê será que o meu pai vai aprontar hoje afinal não me disse nada, apenas exigiu a minha presença…

Depois de 40 minutos dirigindo paro em frente aos portões da bela casa, e assim que o segurança me você abre os portes, entro devagar, prefiro nem cumprimentar ninguém afinal sei que vou me estressar ainda mais do que já estou, deixo o carro estacionado em um dos pátios e assim que desço do carro vejo a minha mãe me esperando na porta de entrada, e vejo um misto de alegria e apreensão, sei que estou ferrado por causa desse olhar, a minha vontade é entrar novamente no carro e desaparecer daqui, mas crio coragem e vou em sua direção com o meu melhor sorriso.

Sei que sou um filho desnaturado, mas amo de paixão a minha mãe, ela sempre foi e sempre será o meu porto seguro, e ela sempre tenta amenizar as minhas brigas com o meu pai.

— Filho que bom que chegou, entre vamos aproveitar este momento, faz tempo que você não vem aqui, desde…

— Eu ei mãe, desde que eu e o velho brigamos.

— Não fale assim Axel, ele é o seu pai e sabe o que é melhor para você, e por favor tente não brigar de novo com ele, você sabe como ele é, afinal vocês dois são iguaizinhos.

— Mãe, não me compare a ele, sou muito diferente.

— Você quem pensa Axel, você é quem pensa, mas só eu sei como seu pai sempre foi… - Suspira.

Entramos na casa e me deparo com meu pai sentado na sala e assim que me vê levanta e vem em minha direção.

— Pensei que não viria mais seu ingrato...

— Não deveria ter vindo, mas fazer o que não é? Sou o único filho que vocês têm. — Alfineto e ele bufa, nada mais natural para mim, estou acostumado a essa reação dele, desde que brigamos da última vez.

— Posso saber o porquê me queria tanto aqui esse fim de semana? Sabia que eu tenho outras coisas para fazer Pai?

— Sei muito bem quais são as suas obrigações nos fins de semana, Axel, e é exatamente sobre elas que vamos falar hoje, estou cansado da sua devassidão, seu moleque, estou cansado das suas aventuras, sempre estampando as capas das revistas, sempre com uma mulher diferente, jogando o nosso nome na lama…

— Já chega pai, se me mandou vir aqui para me dar sermão, estou indo embora. — Levanto e assim que sigo em direção da porta, minha mãe surge na minha frente.

— Filho não vá, por favor, você acabou de chegar.

Vou falar com seu pai e ele não vai te dar sermão, teremos visitas, por favor, por favor meu filho.

— Quem vem aqui, mãe? Por que todo esse circo? — Falo erguendo as mãos já completamente sem paciência.

— Eu não sei filho, seu pai não falou comigo sobre isso, apenas que tudo poderia mudar hoje.

Volto para a sala ainda irritado sento-me junto a minha mãe, que com sabedoria conseguiu mudar o foco da conversa fazendo com que diminuísse a irritação e aos poucos a conversa foi ficando mais leve, depois de um tempo ali conversando seguimos para a área externa da casa onde tem um jardim diga-se de passagem maravilhoso.

Meu pai se aproxima de mim e começa a me perguntar como está indo os nossos negócios e me atento até onde ele quer chegar…

— Estava pensando em uma fusão na nossa empresa filho, claro que de uma forma que nos favoreça completamente, se é que me entende…

— Depende de que empresa o senhor esteja falando. Não é meu pai?

— Um amigo meu, ele conversou comigo e acho que podemos nos unir, ele virá almoçar conosco e queria você aqui para falarmos sobre isso, eu adoraria que você conhecesse a filha dele, pena que ela está viajando.

— Pode parar, pai, não tenta me empurrar mulher, mesmo porque você sabe perfeitamente que não vou me prender a nenhuma e se eu a conhecer será apenas para mais uma noite e apenas isso.

Você não tem jeito Axel, mas vamos deixar essa conversa para outra hora, porque o meu amigo vai chegar daqui a pouco e depois que conversarmos você verá que a fusão será aproveitável para nós.

Os minutos correm e finalmente escuto o motor de um carro parando e não demora muito lá está o tão aguardado amigo do meu pai, e quando me vê dá um sorriso meio amarelo, não sei bem o que significa, mas algo dentro de mim acendeu o alerta de que problemas estão a caminho, retornou aquele sorriso e ele se aproxima…

— Então, meu amigo, este é o seu tão falado filho Axel?

— É, sim, meu amigo, é ele mesmo, mas e aí sua filha vai voltar quando da viagem?

— A Heather voltará logo, os dias delas em Dubai estão acabando, não vejo a hora de ver a minha menina, espero que tudo dê certo…

— Tenho certeza que vai dar, pode confiar. — Escuto meu pai falar e logo em seguida um sorrisinho de cumplicidade surge nos lábios dos dois…

Bom meu amigo, fico muito feliz por este convite e também por poder compartilhar da presença do seu filho, lembro que só o vi quando era uma criança e olha só se tornou um rapaz muito bonito, e bastante conhecido também.

— Nem me fale, esse meu filho é um presente de grego para mim, mas com certeza logo isso vai mudar, está se saindo um ótimo CEO depois que assumiu nossa empresa, tem feito seu trabalho muito bem, a cada dia crescemos mais, e espero que isso cresça cada vez mais, que ao menos no trabalho seja parecido comigo.

Aos poucos a conversa foi ganhando um contorno maçante, conversa chata e devagar fui me afastando, ao me ver saindo minha mãe me acompanha.

— Filho já disse para não levar as palavras do seu pai tão a sério.

— Não é isso, mãe, esses dois estão armando e eu vou descobrir o que é antes do tempo, e tenho a impressão de que tem algo a ver com a filha desse amigo, não to gostando dessa proximidade deles dois, se a senhora sabe de algo, acho que já está na hora de me falar.

— Eu não sei filho, mas seja lá o que for, não afronte seu pai, você sabe que ele é capaz de te tirar da frente das empresas…

— Eu sei, mas não pedi para estar onde estou, mas vamos ver até onde o velho é capaz de ir, ele que não me venha jogar para cima de uma mulher mimada, mesmo porque, não tenho a mínima vontade de ter uma boneca de porcelana.

A propósito, preciso sair e ligar para uma pessoa que está chateada comigo e não sei o porquê, agora mãe deixa eu ir, a abraço em seguida e deixo um beijo em sua cabeça, vou para o meu carro e saio dali totalmente sufocado pelo almoço chato e que me deixou ainda mais desconfiado do que possa ser, estou saindo, mas com certeza as tramoias dos dois estão indo de vento em polpa;

Durante o retorno para o meu apartamento levo meu pensamento as palavras do meu pai, e de alguma forma isso me deixa com receio do que ele está tramando, algo me diz que devo ficar atento aos passos do meu pai, mesmo porque ele não aceita ser contrariado.

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