C9- SURTANDO

Não consigo acreditar que o meu pai fez isso comigo, não, eu não consigo, é demais para mim, olho no relógio e vejo que passa das vinte e uma horas, penso por mais alguns minutos, é final de semana e a noite está começando a ganhar vida, respiro fundo e depois de mais alguns minutos pego meu telefone e ligo para o Thomaz, ele cresceu comigo e sempre está disposto a sair comigo, se divertir, mas às vezes tenho a impressão que ele quer mais que a minha amizade, mas não costumo alimentar essa esperança, mesmo porque tenho ele apenas como um amigo leal, posso até dizer “o meu melhor amigo homem” ou até mesmo o irmão que não tenho.

— Alô! — atende no primeiro toque.

— Oi Thomaz, é a Heather…

— Eu sei, meu pai disse que você voltou, estou feliz de ter a minha amiga de volta. — Fala e escuto um suspiro do outro lado da linha.

— Eu estou pensando em ir em alguma balada, vamos?

— Não acho que seja uma boa ideia Heather, e sem falar que você acabou de voltar, eu…

— Relaxa, Thomaz, eu preciso sair e preciso de você, meu amigo. 

— Tudo bem, eu te pego na sua casa em uma hora.

— Eu sabia que podia contar com você.

Assim que desligo o telefone escuto uma batida na porta e a voz da minha mãe a seguir o que me deixa um pouco nervosa, eu pedi para não ser incomodada, sei bem que ela quer explicar o que o meu pai está tentando fazer, mas não estou disposta a isso, não mesmo…

Mais uma batida na porta e eu respiro fundo tentando me acalmar e depois caminho até a porta e abro e então vejo minha mãe parada de frente à porta com o meu pai a tiracolo…

— Eu pedi para não me incomodarem. — Falo sem emoção nenhuma na voz e vejo a minha mãe engolir em seco e então vejo nos braços do meu pai algumas pastas e ele logo entra sem me dar chance alguma de refutar.

— Filha, não adianta me expulsar, precisamos e vamos descansar.

— Eu estou saindo, não tenho tempo para conversinhas, pai.

— Heather Campbell, senta e me escuta.— Fala alterando o tom de voz e vejo que não é apenas o me pai, mas o empresário na minha frente e eu engulo em seco mesmo porque ele nunca falou comigo neste tom.

Sento-me na minha cama e sem esperar ele j**a na minha frente as pastas com os documentos...

— Abra e olhe detalhadamente os números finais, eu sempre estive a frente deste negócio, cuidei de cada detalhe, te dei o que estava ao meu alcance, a você e a sua mãe sem pedir nada em troca, eu te preparei para você assumir a empresa em um futuro próximo, então eu tenho certeza que você esta apta e entenderá o que estes números dizem. — Fala me encarando e em seguida senta-se no recamier e espera.

Assim que começo a conferir os números, vejo que a situação é mais complicada do que eu imaginava, mas isso não muda nada.

— Eu estou vendo, mas o que isso tem a ver comigo pai? Vocês podem ir aos bancos tentar renegociar a dívida. — Falo tentando argumentar sem precisar me colocar como um objeto a ser adquirido.

— Já tentamos filha, e não conseguimos, não podemos fazer nada.

— Pai, eu estava de saída quando vocês chegaram aqui, e...

— Não importa Heather, me escute bem filha.

A única pessoa que me estendeu a mão foi o meu amigo Edward e para receber a sua ajuda temos um acordo, você casará com o filho dele, e não tem como voltar com a minha palavra Heather, e o casamento será marcado logo, você aceitando ou não, você  não tem opção filha, você se casará com Axel Miller.

As palavras caem como uma bomba nos meus ouvidos, eu só posso ter escutado errado, isso não pode estar a acontecer, não mesmo.

— O quê? Pai, você disse Axel? Axel Miller, o filho de Edward Miller da Corporation Miller's? Aquele lunático, safado, mulherengo, imbecil, babaca? Você deve estar delirando pai se acha mesmo que eu serei trocada pelo pagamento de uma dívida, eu- não-vou- me - casar... Não vou e muito menos com ele...

— Heather, você não tem opção filha, você se casará com ele o mais rápido possível, esta foi a exigência que me foi feita e você vai cooperar comigo. — Meu pai fala ainda mais seco e eu me levanto e caminhando na direção da janela.

— Eu - não- sou- uma - moeda- de - troca, pai, você não tem esse direito... não mesmo. — Falo cada palavra mais e mais alto e vejo o pânico no rosto da minha mãe enquanto ela olha para o meu pai.

Respiro fundo e encaro os dois, que estão parados na minha frente e engulo em seco.

— Pai, você me conhece melhor que ninguém, sabe perfeitamente que eu não planejo casar, não agora, eu tenho planos, projetos futuros que envolvem a empresa, mas não vai ser uma dívida que vai mudar isso.

— Filha, eu sinto muito, mais uma dívida pode mudar tudo... E sim, eu te conheço bem, sei que não aceitar essa imposição, mas entenda, não temos chance, ou você casa, ou perderemos tudo, e eu tenho certeza que você não está disposta a abdicar da vida de luxo que você tem, e este casamento com o Axel pode nos fazer respirar, sem falar que ele pode nos ajudar a analisar onde erramos e assim conseguiremos sair disso.

Filha eu só peço um ano, é muito?

— Pai, Axel Miller é conhecido no mundo dos negócios por sua frieza, egocentrismo, muitos homens de negócios o temem, eu não o conheço pessoalmente, mas já escutei falar sobre ele, a fama dele não é nada boa, está em capa das revistas com mulheres diferentes, você o conhece e ainda quem me forçar a casar com ele, me jogar nos braços desse homem sem escrúpulos? Pai, ele não vai facilitar nada.

— Heather Campbell, você não consegue fazer um sacrifício por seu velho pai?

Fecho os olhos ao escutar as palavras do meu pai, minha mente está uma bagunça, eu já não queria esse acordo, e após descobrir quem é o noivo pior ainda, então decido dar um tempo, talvez assim eu consiga pensar em alguma coisa para me livrar desse problema em que me meteram...

— Posso ao menos pensar pai?

— Claro Heather, mas pense em como lidar com o seu futuro marido, mesmo porque, o casamento é certeza, mesmo que nenhum de vocês queira, o casamento acontecerá, lembre-se é um acordo.

Assim que eles saem do meu quarto, caminho até a janela e fico olhando para o nada, em seguida jogo o jarro com as flores que estão no aparador fazendo barulho, começo a derrubar tido que esta na moeu caminho, a raiva me consome, como ele pôde fazer isso comigo, como?

As lágrimas rolam no meu rosto, o desespero é visível, mas darei um jeito de me livrar dessa enrascada, ahhh se vou...

Alguns minutos depois engulo a minha raiva e vou ao banheiro, me dou ao prazer de um banho na tentativa de aliviar o estresse doa últimos minutos, e assim que saio vestindo um roupão meu telefone toca, dou uma olhada e vejo ser o Thomaz, putz, nem acredito que já se passaram uma hora.

— Oi Thomaz, desculpa, tive um imprevisto e ainda não estou pronta, se importa em esperar um puco?

— Sem problemas, Heather, vou pedir um café e te esperar na sala.

— Obrigado amigo, vou tentar não demorar.

Assim que desligo vou ao closet e escolho um vestido curto tomara que caia com brilho que destaca os meus seios, um louboutin salto agulha preto, esfumaço meus olhos destacando bastante, e um batom vermelho sangue, confiro a make e dou um sorriso forçado.

— É Heather, aproveite a noite como nunca, hoje você esta liberada para beber todas, não deixe passar nada.

Após passar o perfume favorito, deixo meus cabelos soltos, caindo em cascata nos ombros, confiro mais uma vez o visual, pego a minha bolsa com o cartão e saio do quarto.

— Onde você vai filha? — O meu pai pergunta assim que me vê saindo do quarto.— Aliviar a minha mente de toda a merda que você jogou na minha cara, mas não pense que eu vou facilitar nada porque eu não vou, prometi pensar, mas não espere muito. — Falo e saio, mas não antes de ver a raiva estampada no seu rosto e ele trincando os dentes.

Desço a escada e o vejo sentado conversando com a minha mãe que parece aliviada com a presença dele.

— Uauuuu, nossa Heather, assim você vai fazer todos os homens da balada babarem em você. — Thomaz fala com um sorriso amarelo no rosto e eu dou um sorriso enquanto caminho na sua direção e o abraço forte.

— Saudades de você Thomaz, obrigado por aceitar o meu convite

— Não negaria um pedido seu, minha amiga, você sabe disso. 

Assim que ele termina de falar segura a minha mão.

— Dona Amber, vou sequestrar a sua filha essa noite e só vou devolver ela amanhã hein...

— Sem problemas, meu menino, eu confio em você. — Fala sorrindo e o abraça antes de sairmos.

— Obrigado.

Logo após se despedir da minha mãe seguimos até o carro e assim que estamos apenas nós dois longe dos ouvidos dos outros, ele me olha intensamente e suspira.

— Vai me contar o que aconteceu Heather? Eu te conheço muito bem.

— Agora não, Tom, agora não, me dá um tempo, ok, ainda não digeri.

— Sabe que vou te dar todo o tempo do mundo, mas conte comigo.

— Obrigado, Tom, de verdade.

— Para onde vamos? Hoje serei seu motorista, sei que você vai beber todas.

— Onde você preferir, mas me deixa beber ao limite ok, quero ficar bêbada...

— Pode deixar, vai ser molezinha, tem uma balada nova, estava mesmo pensando eme te levar para conhecer, afinal dois meses fora do país aconteceram algumas coisas...

— Nem me fala, mas vamos lá, quero conhecer o que temos de novo nesta cidade.

Logo em seguida ele liga o motor e finalmente estamos saindo desse mini hospício que minha casa se tornou, em menos de vinte e quatro horas que retornei para casa. 

Kell velloso

Olá, olha eu aqui novamente, rsrs, não sei se você já leu O Acordo 2 Segunda Chance, se já, este que está sendo postado aqui, é o primeiro livro, caso você não tenha lido, acompanhe esta história linda, se gostar, adicione na biblioteca, comente, vamos interagir, conto com você! Beijos de Luz!!!

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