Emily
Deitada em uma das camas do pequeno quarto em que fui intimada a ficar com Bryan, me virava de um lado para o outro, inquieta, o tédio tomou conta de mim rapidamente e a curiosidade também, quero muito saber o que está acontecendo.
Por que meu pai começou a agir estranho depois daquele ataque? Por que os pais de Bryan estavam aqui quando chegamos? Por que Calebe me deixa nervosa? Bem isso já é outra história.
Calebe é o garoto que apareceu de repente, e também é o mesmo que me encarou fixamente no outro dia naquele beco. Em relação ao ataque, eu ainda quero saber o que ou quem nos salvou, Calebe negou pelo menos parte do salvamento, mas eu tenho certeza que ele sabe o que aconteceu.
Aquela cena não sai da minha cabeça, ainda me causa arrepios.
* * * * * *
Eu me encolhi no carro, fechei os olhos e esperei que o outro batesse em nós.
Mas não houve barulho algum, quando abri os olhos eu fiquei paralisada.
— Mas... o que está acontecendo? — perguntei em um fio de voz.
O carro que iria bater em nós, estava flutuando a alguns metros do chão e dentro dele, havia duas criaturas estranhas de aparência horrível, a pele deles era rosa, com cicatrizes enormes e um líquido estranho saindo das mesmas, os olhos negros, os dentes afiados como os de um tubarão também não ajudavam a amenizar a repugnância que senti ao vê-los.
De repente, sem aviso algum, um garoto alto de pele clara, cabelos negros caindo sobre os ombros e vestido de preto em — plena luz do dia — pulou em cima do capô do carro que flutuava, as criaturas reagiram ao ataque do garoto, mas não tiveram muita sorte, ele os esfaqueou direto no coração, só não me pergunte como foi capaz, depois jogou algo lá dentro e pulou para o chão, o carro explodiu me assustando, e finalmente deixou de flutuar e caindo num baque extremamente barulhento.
Uma das partes mais estranhas foi que nenhum vizinho, nenhum mesmo, apareceu para saber o que estava acontecendo.
O garoto se dirigiu até a porta que ficava do meu lado e me ajudou a sair, Bryan e meu pai saíram logo em seguida, por incrível que pareça, não tinha medo dele, era como se nos conhecêssemos desde sempre.
— Como você fez aquilo? — perguntei saindo do transe — Foi muito louco.
— Fiz o quê? — perguntou com uma risada discreta, mas acredito que só eu percebi devido os cabelos dele estarem tampando parte do rosto.
— Fez o carro flutuar, matou aqueles seres estranhos e nojentos, o salto muito legal. — respondi — Lembrou agora?
— Eu fui treinado para mata-los e os saltos fazem parte, mas o carro flutuando não foi obra minha. — disse como se fosse a coisa mais normal do mundo.
— Você é o quê? Um soldado intergaláctico que luta com criaturas espaciais?
— Chega de perguntas, Emily, temos que sair daqui primeiro depois você questiona o que quiser. — disse meu pai me olhando fixamente.
O encarei revirando os olhos.
— Calebe, chame Allan! — ordenou meu pai ao garoto como se já o conhecesse.
— Calebe? Tipo o da bíblia? — perguntou Bryan.
Eu havia me esquecido dele, que péssima prima eu sou.
— Isso, “tipo” o da bíblia. — respondeu Calebe fazendo aspas com os dedos.
Ele chamou o tal Allan, por um rádio ou celular muito estranho não sei bem, e depois ficou conversando baixinho com meu pai.
— Tipo o da bíblia? — perguntei rindo.
— Não sei de onde saiu esse comentário, eu juro. — ele responde segurando a risada.
Eu apenas ri da cara engraçada que Bryan fez.
Depois de algum tempo um carro chegou e nos levou para uma espécie de instituição em um bairro muito afastado, o qual eu desconhecia.
Não entendi o porquê de não usarmos o carro do meu pai, qual a necessidade de chamar alguém para nos buscar?
Depois que estacionou em frente ao edifício, entramos e eu nem acreditei em quem estava nos esperando, os pais de Bryan, meus tios, Cristina e Luciano Müller.
Eles só nos cumprimentaram e nos acompanharam até o elevador que nos levou a um andar onde quase não se via pessoas, depois fomos conduzidos até uma porta grande de madeira, onde eles e outras pessoas estranhas com uniformes, padrão acho eu, entraram com meu pai que, deu a entender, esqueceu que Bryan e eu estávamos ali também.
Mas os seguranças que ficavam do lado de fora nos barraram e Calebe que estava um pouco atrás disse que não poderíamos entrar porque não estávamos autorizados, apenas membros da corporação podiam, ou algo assim, então pediu para dois homens que estavam por perto nos conduzir a um lugar onde pudéssemos esperar.
Conduziram-nos por um longo corredor até uma porta de ferro, entramos e a porta foi trancada, como se não confiassem que fossemos permanecer ali.
* * * * * *
E agora estamos aqui presos, famintos e entediados.
Pelo menos podiam ter oferecido algo para beber, não seria uma tortura total ficar “presa”.
— Ele é um pouco estranho, não acha? — perguntou Bryan.
— Quem?
— Aquele tal de Calebe! — responde.
— Só porque ele não é “tipo o da bíblia”, não quer dizer que seja estranho. — provoco rindo.
— Deixa de ser criança, estou falando sério.
— Eu sei, Bryan.
Na verdade, no começo o achei meio estranho, mas no caminho para cá ele me pareceu um garoto normal, até me ajudou a descer do carro, meio clichê, porém, fofo.
— Que lugar é esse mesmo? E que diabos meus pais estão fazendo aqui? — perguntou Bryan me tirando novamente dos devaneios.
— Não sei, nunca ouvi falar, e sobre seus pais estarem aqui, sei menos ainda. — respondo — E desde quando você diz "diabos"?
Eu também queria saber o que está acontecendo, meu pai sempre fora misterioso sobre a vida dele e o trabalho que o permitia ter tanto tempo livre, estou começando a pensar que ele é um mafioso... pensando bem, ele é muito cauteloso, o tempo todo.
Alguns minutos depois, o nosso tédio mortal foi interrompido por um estrondo que conseguiu fazer o prédio inteiro abalar (assim acho eu).
Bryan se levantou em um pulo e começou a bater na porta pedindo para abrirem, não demorou muito e ele desistiu, apesar da movimentação do lado de fora, ninguém o atendeu.
Eu tentei abrir a porta e ela se mexeu facilmente, esperei alguém entrar, mas ninguém apareceu.
— A porta está aberta, Bryan. — disse me virando para ele.
— Não estava aberta quando tentei, tenho certeza disso. — respondeu estranhando.
— Esquece isso, vamos logo.
Dirigi-me ao corredor com Bryan logo atrás.
A movimentação parou e o corredor estava vazio novamente, o que era estranho, podia jurar que ouvi passos próximos a nós, não é possível que todos tenham sumido.
Começamos a andar mais depressa e quando chegamos perto da sala onde meu pai entrou, vi a porta aberta e a sala vazia, passamos direto e nos dirigimos ao elevador, aperto o botão para descer, várias vezes, porém nada acontece.
De repente um buraco enorme se abriu no chão e uma criatura meio lagarto, meio cachorro, meio cobra ou sei lá o que, saiu do mesmo, fico paralisada, Bryan arregala tanto os olhos que pensei que fossem estourar, só que eu não estou achando graça no momento.
A criatura vem em nossa direção soltando um líquido escuro e pegajoso de sua grande boca, da qual também saiam presas grandes e muito afiadas.
Calebe aparece de repente e ataca a criatura, o elevador finalmente resolveu se mover e chegar até aqui.
— Entrem, agora! — gritou Calebe, antes de correr ao encontro da criatura.
— É para já! — disse Bryan, me puxando para dentro do elevador e apertando o botão para fechar a porta logo em seguida.
A última visão que tive, foi a de Calebe jogando algo naquele bicho horrível e se afastando em seguida.
Bryan e eu estávamos parados no elevador esperando ele chegar logo ao primeiro andar e eu estava começando a me apavorar devido aos barulhos que vinham lá de baixo à medida que nos aproximamos.
O elevador parou e a porta se abriu, tomei um susto com a cena que se estendeu a minha frente.
O grande salão da entrada está completamente tomado por
Desde pequena, eu via as outras crianças passeando com seus pais e no dia das mães, a maioria delas tinha a quem presentear, eu me sentia mal, pois, eu não tinha uma mãe, meu pai sempre fez tudo o que podia para cuidar de mim e se esforçou ao máximo para que eu esquecesse esse fato, depois que descobri que meu pai vem mentindo para mim a vida toda isso mudou, descobri que ele tem me protegido de muito mais do que eu consigo imaginar. Agora eu irei descobrir tudo o que ele escondeu sobre sua vida e sobre minha mãe. Eu estou sentada em minha cama e meu pai está sentado em um sofá ao meu lado. — Bem... Emily eu vou começar pela história do surgimento dos caçadores, superficialmente é claro, para poder explicar o que aconteceu com a sua mãe, a nossa história na verdade... OK? — perguntou me olhando. — Está bem pai, mas sem enrolações dessa vez, já é difícil demais não ter lembranças dela. — Certo, sem enrolaçõess... Vou tentar me lembrar de cada detalhe. — O que eu vou te contar é o
Vitória corria rapidamente em direção a bandeira, que estava hasteada na colina, suas pernas já estavam reclamando e sua respiração pesava, mesmo assim ela não iria parar enquanto não chegasse. Avistou a bandeira vermelha logo a sua frente. Não foi preciso muito esforço para chegar até ela, o seu único obstáculo era Sofia, a qual aparecera de repente em seu campo de visão, e agora estava quase vencendo o jogo. Aquela nanica podia ser bem rápida quando queria, e difícil de pegar também, mas vitória não desistiria fácil, tinha que ganhar o jogo para mostrar a Jadem que ela é e sempre será melhor do que Emily, aquela nojenta sem graça, era ela quem deveria ser a namorada dele, vinha almejando por isso desde sempre, e esse sonho foi destruído pela chegada de uma patricinha mimada que nem ao menos sabia manejar uma adaga. — Acho melhor você desistir anãzinha. — disse com um sorriso endiabrado no rosto. Sofia apenas deu-lhe um sorriso angelical e apressou-se em pegar a bandeira. — Sua
Raise City – C.N.M. Valery Os meus passos são os únicos sons ecoando pelo local, os corredores da corporação ficam completamente vazios há essa hora. Caminhei até a sala de reuniões e peguei todos os documentos secretos, que a corporação tem tentando manter em segredo, e coloquei dentro de uma pasta grande, peguei outros que estavam dentro de uma gaveta, tive que arromba-la primeiro, mas foi moleza. Andei rapidamente para fora do local, tinha que sair dali o mais rápido possível, não queria que me descobrissem, a corporação está sendo corrompida aos poucos e eu tenho que descobrir quem é a maçã podre, mas, é claro que eles não acreditam em mim, porém eu vou provar minha teoria. Estava perto do elevador, quando um barulho me chamou a atenção, a parede do corredor, aonde eu acabara de passar, caiu e duas garotas e um garoto estavam caídos em cima do que sobrou dela, mas o que me chamou a atenção foi o fato de uma delas, ser minha filha. — O que está acontecendo? — perguntei me ap
Mansão Morgan: 16:58PM Antony Estou prestes a embarcar no avião, rumo à Raise City, pois terei que resolver esses contratempos o mais rápido possível e pessoalmente, os imprestáveis que me cercam não servem para cuidar de um moleque atrevido, imagine o que aconteceria se estivessem no comando. Ainda bem que, aquele caçador está do meu lado, como comandante das tropas demoníacas, logo terei as armas de Benjamin. Tenho que pegar a garota logo, para evitar possíveis problemas. A mãe dela me foi útil por um tempo, creio que agora será mais útil ainda. Embarco no avião e o espero decolar. O bom de ser um milionário, é que podemos ter nosso próprio avião. Imagine um avião à sua disposição e de seus "amigos". Os humanos conseguem essas façanhas porque são bem criativos, pena que também são burros, tolos e fracos, vivem se preocupando com coisas supérfluas, e fazendo guerras imbecis, o que me deixa feliz, pois isso é bom para os meus "negócios." Felizmente, esse é o mal da humanidade. Me
Raise City- Mansão MacGregor Valery Desligo o telefone e me dirijo para a biblioteca, onde as crianças estão me esperando. — Pronto, avisei ao seu pai que estão bem e que ficarão aqui um pouco mais. Sortes que Carlos não fez perguntas, como sempre, acha que a Vitória aprontou outra das suas. — digo rindo. Vitória me encara cinicamente enquanto Calebe fingi estar lendo um livro. A única que não se pronunciou desde que chegamos aqui é Emily. Ela está quieta demais, e isso me preocupa bastante. Pelo que Calebe me contou, ela conseguiu sozinha, atordoar e matar vários demônios, o que é muito estranho para uma caçadora iniciante, mas a julgar quem ela é, posso facilmente acreditar nisso, ainda mais com a família que ela tem. Carlos acha que está fazendo bem à filha dele, porém ele só fez mal a pobre menina. — Acho que temos uma longa conversa pela frente, cheia de perguntas, certo Emily? Vitória? — pergunto encarando as duas. — É o que parece mãe! — Vitória diz aos pulos. Ela adora
Base das tropas de Antony: Ala Norte- segundo andar. Emily Acordei em uma sala, ou melhor, um quarto muito grande, de paredes brancas, o teto parecia emitir luz própria, era todo iluminado. A cama continha apenas uma colcha branca e fina a cobrindo, dois travesseiros simples e eu. Não havia mais nada no local, a não ser uma porta na cor creme e uma poltrona na mesma cor, na qual Jadem estava sentado me observando atentamente. O encarei por alguns minutos, as lembranças voltaram com força total. Meus olhos começaram a marejar, porém eu não iria demonstrar à ele o quanto estava machucada. A sua traição doeu muito! Como eu pude ser tão burra? Era bom demais para ser verdade. — Dormiu bem? — ele perguntou. Como ele pode ter a audácia de me perguntar tal coisa, como se nada tivesse acontecido? Eu não posso admitir isso. Eu já errei uma vez, não farei novamente. — O que você acha? — perguntei cerrando os punhos. Me levantei da cama e tentei arrumar o meu cabelo que estava uma bagunça
Raise City - Base subterrânea Secreta da Corporação CalebeHoje mais cedo, fui informado das frustrações que Antony passou, e o quão irritado ele está. Não é difícil imaginar que ele tratou logo de se preparar para um novo ataque contra os Caçadores! Porém dessa vez será mais forte e os seus aliados estarão presentes, para garantir o sucesso da "missão". Fico feliz em saber que ainda há lugares secretos, onde nem o conhecimento de Antony, foi capaz de encontrá-los. Anoiteceu há pouco tempo, mas a movimentação aqui está cada vez pior. Todos estão preocupados. Trabalham sem descanso para garantir a segurança do local e a execução detalhada de cada plano. Estamos nos preparando para uma guerra. Uma guerra que nem mesmo sabemos o final, ou como podemos vence-la. Como poderíamos combater o desconhecido? É algo além de nós. Para piorar a tensão, o anjo apareceu há algumas horas, e nos disse que deveríamos lutar sem medo. Mesmo que a maioria de nós vá morrer. Não foi uma motivação, pare
Raise City - LPAR: Laboratório de Pesquisa ALBERT RAISE Antony Uma das minhas atividades favoritas é misturar DNA animal e demoníaco. As vezes utilizo DNA humano. Já consegui até sangue de anjo, o que não foi fácil, pois essas criaturas repugnantes são difíceis de pegar. Enfim, para a minha digníssima pessoa, não há limites, não há nada que possa me parar. Sou invencível e hoje provei isso, colocando aqueles Caçadores para correr. Meu plano inicial era matar todos, porém não deu muito certo, mas já é o suficiente. Agora posso me concentrar, única e exclusivamente, em minhas obras primas. Os Criatos. Uma raça completamente nova e cruel, capaz de botar medo em qualquer anjinho. De onde estou, posso ver as novas coletas de DNA, que acabaram de chegar. Algumas vieram da luta de hoje cedo, outras foram coletadas no submundo, através dos portais demoníacos. — Antony. — Jadem diz se aproximando. — O que foi agora, seu imprestável? — questiono. — Ouvimos rumores, sobre os Caçadores do