Algumas coisas em nossa vida não têm explicação. Eu estava em um local que, em meu coração, parecia familiar. Eu tinha certeza de que amava aquele lugar, mas minha mente ainda não estava clara. — Isso é lindo — afirmei, encantada. Havia uma propriedade rural com uma casa grande. Atrás das árvores que a cercavam, um rio e uma cachoeira compunham a paisagem. Mais ao longe, um curral onde vários cavalos corriam livres. O cenário parecia saído de um sonho. — Meu Deus, que lugar incrível — murmurei novamente, admirada. — É uma propriedade da família. Eu vinha muito aqui quando era criança — Ronaldo comentou, pensativo. — Meus pais pensaram em vender quando nos mudamos, mas eu implorei para deixarem para mim. Desde então, venho sempre que quero ficar sozinho. — E então, o que eu estou fazendo aqui? — sorri, brincando. — Você está aqui porque agora eu quero ficar sozinho com você... — Ele deu de ombros, mas ao ver meu olhar surpreso, pigarreou e corrigiu: — Com a sua companhia.
Quando estacionei o carro no jardim, Margarida demorou alguns segundos para sair, sua boca abriu e eu sei que ela queria dizer algo, mas nenhum de nós estava preparado para falar qualquer coisa. É verdade. Eu quase a beijei, e se não fosse o celular e depois o caseiro, só Deus sabe o que teria acontecido depois.Finalmente, saímos do carro. Erick havia ligado e avisado que um dos maiores acionistas do grupo JS havia aceitado conversar comigo a respeito de suas ações na empresa. — Eu preciso ir a um restaurante, vou jantar com Abraham Wilson, você conhece? — perguntei quando chegamos em casa. — Sim, ele era muito amigo do meu pai. Faz muito tempo que não o vejo, você acha que posso ser necessária? Porque eu posso ajudar. — falou, seus olhos parecendo muito esperançosos. — Sim, eu acho que você será muito necessária, venha comigo. — chamei. — Sairemos as sete.— Está bem, até lá. E... Obrigada pelas flores, eu amei, elas são lindas. — falou, sorrindo e cheirando o buquê que ela não
O dia que deveria ser de celebração se tornou o pior da minha vida.– Se você estiver mal, posso ficar em casa com você. – ofereci, me sentia mal em deixa-lo doente e sozinho em casa.Eu tinha uma viagem de negócios para tratar de uma possível parceria com outra companhia, as meu marido, João, acordou indisposto e doente, então, eu estava dividida entre ficar com ele e comemorar seu aniversário, ou ir nessa viagem.– Não precisa. – respondeu, como sempre, sem humor. – Eu vou ficar bem. Já tem um tempo que João está assim, tão frio e distante, agindo de forma arredia comigo, eu não sei mais o que fazer, já tentei de tudo para recuperarmos aquela chama de amor que nos envolveu quando nos casamos, mas parece que nada do que eu faço é suficiente. – Hoje é seu aniversário, meu amor, eu gostaria... quero dizer, acho que podemos comemorar juntos. – falei esperançosa. Eu esperava que ele pelo menos me desse um abraço, um beijo, me desejasse feliz aniversário, mas as coisas estavam estranha
De repente, tudo o que aconteceu em minha vida amorosa nos últimos anos se tornou uma mentira. E diversos questionamentos passavam pela minha cabeça, quando isso começou? Será que João nunca havia me amado? Enquanto dava passos para trás, minha mente vagava para algumas lembranças que foram sufocadas em meu subconsciente. Minha mente estava longe dali, mergulhada no passado, em cada cena que agora parecia ter um novo significado.Lembro-me com clareza de tudo, eu quem sempre estava atrás de João. Convidando-o para sair, era sempre eu que me oferecia para ajudá-lo com os estudos, tudo era eu, sempre eu. Me lembro que uma vez, ele estava sozinho em uma das mesas do refeitório, estava comendo e eu decidi me aproximar, me matriculei na mesma turma de administração que ele estava. *****lembrança“ – OI, João- cumprimentei eufórica. Já faz um tempo que sou apaixonada por ele, mas João nunca me deu muita bola.– Olá – respondeu como sempre. Nem grosseiro e nem amigável, sempre um tom de e
Ronaldo Em breve. Muito em breve, irei conquistar a companhia JS Group. O último obstáculo entre mim e o domínio absoluto dos maiores investimentos do país está prestes a cair. Meu maior inimigo, o atual chefe da empresa, não faz ideia do que está por vir. A cada movimento, me aproximo mais da vitória. – Estou muito perto de conquistar, meu amigo. Você vai ver – murmurei, um sorriso frio se formando em meus lábios. – Em breve, aquela companhia vai cair nas minhas... O carro freou bruscamente. Meu corpo foi jogado levemente para a frente, cortando minha fala no meio. O silêncio denso foi quebrado apenas pela respiração tensa de Alfred, meu motorista, que me olhou pelo espelho retrovisor, os olhos arregalados. – Ela apareceu de repente, senhor. Era uma mulher. Uma mulher? Minha mente girou. O que alguém estaria fazendo ali, na beira da estrada, àquela hora? – Confira se ela está bem. Agora. – ordenei, minha voz mais firme do que eu esperava. Sem esperar pela ação de Alfred, abri
Margarida Acordei novamente, minha cabeça doía e o homem que me salvou... como era mesmo seu nome? Ainda estava ali, sentado na poltrona ao lado da cama, com a garotinha nos braços, os dois com os olhos presos em mim. Senti um arrepio passar por todo o meu corpo ao vê-lo me olhando tão intensamente. Sentei-me na beira da cama do hospital. Ele retirou um cartão do bolso e estendeu na minha direção. Baixei o olhar e fiquei observando o papel em minhas mãos. O nome dele estava ali, acompanhado do número de telefone e do nome da empresa onde trabalhava: Empresa. RV Group. Uau. — O meu papai é muito bom, ele vai cuidar de você, é só ligar para ele. — a menininha falou. O homem, deu um pequeno sorriso ao ouvi-la e balançou a cabeça, achando graça. — Se precisar de qualquer coisa, me procure e eu cuidarei de você. — Ele disse, de forma séria. Seu olhar parecia sincero, mas eu não podia confiar em ninguém agora. – Tudo bem, eu agradeço pela ajuda. – respondi de forma calma. A voz
Eu estava me olhando no espelho. Vestia um vestido lindo, que Ana me emprestou, eu ainda não havia voltado em casa e só pretendia voltar quando fosse para pegar o que era meu de volta. – Tem certeza que quer ir sozinha? – questionou, preocupada. – Tenho, eu preciso disso. – suspirei. – Eu volto logo. – Tudo bem, mas se precisar de mim, me avise. – falou com o olhar pesaroso. Eu estava vivendo o pior momento da minha vida, mas não deixaria que isso me transformasse em uma pobre coitada. Pedi um táxi e fui até a empresa de Ronaldo, eu sabia que ele estaria lá.Caminhei pelos corredores da empresa com passos firmes, mas minha mente estava em ebulição. A cada passo, meu peito ardia com a possibilidade do que poderia acontecer a seguir. Eu precisava encarar João, precisava ouvir da boca dele o que já começava a parecer óbvio. Meu coração batia forte, mas não era medo. Era raiva. Uma raiva sufocante que me impelia para frente.Empurrei as portas do escritório de João sem sequer anunciar
– Me arrepender? Ora, Margarida, não seja idiota, você não tem quase nada mais. Eu transferi tudo, minha empresa cresceu muito mais do que a companhia dos seus pais. Não seja burra, vou dar-lhe um cheque, para que você suma rápido da minha vida e pare de me importunar, assim o divórcio andará mais rápido, entrarei em contato com o advogado. – afirmou, como se eu não passasse de uma mulher qualquer a quem ele estava dando uma esmola.Ri, zombando de sua falta de caráter.– Eu não preciso do seu dinheiro. Mas concordo, vamos nos divorciar logo. Guarde minhas palavras, João. Vai se arrepender de tudo que me fez.Sem esperar mais nada ali, me retirei daquele lugar. Saí de cabeça erguida, mas meu coração estava chorando e meus sentimentos estavam destruídos. A culpa começava a me corroer, como eu fui tão burra e não percebi os sinais? Eles sempre estiveram lá.Voltei para a casa de Anna e passei um tempo sozinha, no quarto de hóspedes, pensando em quais passos eu deveria dar.– Eu sei que