Capítulo 3

Ronaldo

Em breve. Muito em breve, irei conquistar a companhia JS Group. O último obstáculo entre mim e o domínio absoluto dos maiores investimentos do país está prestes a cair. Meu maior inimigo, o atual chefe da empresa, não faz ideia do que está por vir. A cada movimento, me aproximo mais da vitória.

– Estou muito perto de conquistar, meu amigo. Você vai ver – murmurei, um sorriso frio se formando em meus lábios. – Em breve, aquela companhia vai cair nas minhas...

O carro freou bruscamente. Meu corpo foi jogado levemente para a frente, cortando minha fala no meio. O silêncio denso foi quebrado apenas pela respiração tensa de Alfred, meu motorista, que me olhou pelo espelho retrovisor, os olhos arregalados.

– Ela apareceu de repente, senhor. Era uma mulher.

Uma mulher? Minha mente girou. O que alguém estaria fazendo ali, na beira da estrada, àquela hora?

– Confira se ela está bem. Agora. – ordenei, minha voz mais firme do que eu esperava.

Sem esperar pela ação de Alfred, abri a porta do carro e saí. O vento cortante da noite tocou minha pele, mas minha atenção estava totalmente voltada para a figura caída alguns metros adiante. Meus passos se tornaram apressados, o chão sob meus pés parecia distante. Meu coração martelava contra as costelas quando finalmente me ajoelhei ao lado dela.

Antes que Alfred pudesse fazer qualquer coisa, tomei-a nos braços. Seu corpo estava quente, mas frágil. Seu rosto, suavemente iluminado pelos faróis do carro, despertou algo profundo dentro de mim. Um arrepio subiu pela minha espinha.

– Vamos, leve-nos ao hospital! – ordenei, minha voz carregada de urgência.

— E o jantar com Emma, senhor? — perguntou preocupado. — Posso levar a moça ao hospital, depois o levo para casa.

— Eu ligo e aviso que chegarei atrasado, vamos rápido.

No carro, a deitei cuidadosamente, sua cabeça repousando sobre minhas pernas. Ela tinha um arranhão na testa, nada muito grave, mas sua respiração estava irregular. Meus dedos roçaram sua pele fria, e um tremor percorreu meu corpo.

Observei cada detalhe de seu rosto. Algo nela parecia familiar, mas era impossível. Eu não a conhecia. Ou conhecia? Uma onda de déjà vu me atingiu com força, e a sensação de proteção e posse cresceu dentro de mim.

Minha garganta secou.

Quem era ela? Por que sua presença me causava esse turbilhão de emoções?

O destino, sorrateiro e imprevisível, acabara de colocar essa mulher no meu caminho. Mas por quê? E, mais importante... o que isso significava para mim?

* *

Ergui a mulher em meus braços enquanto corria para o hospital, sentindo o peso de seu corpo inerte contra o meu. O pânico tomava conta de mim, e cada segundo parecia se arrastar cruelmente. Meu coração batia descompassado, e a única coisa que eu conseguia pensar era que não podia deixá-la assim. O suor escorria pela minha testa, e minha mente insistia em imaginar o pior. Quem era ela? O que havia acontecido antes de desmaiar?

Assim que entramos, os enfermeiros a tiraram dos meus braços e a colocaram em uma maca. Fiquei parado por um momento, sem fôlego, observando enquanto a levavam apressadamente para dentro da ala de atendimento. Meu peito subia e descia com a respiração ofegante, e minhas mãos tremiam ao passá-las pelos cabelos. O corredor branco e impessoal do hospital parecia ainda mais frio naquela noite.

Fui até a recepção, tentando encontrar um pouco de calma enquanto preenchia os papéis necessários. As palavras pareciam embaralhadas diante dos meus olhos, e o som ao meu redor soava abafado, como se eu estivesse preso dentro de um pesadelo. Tudo o que queria era uma resposta, uma garantia de que ela ficaria bem.

Os minutos se arrastaram como horas. Meu pé batia impaciente contra o chão enquanto eu fitava a porta fechada da sala de atendimento. Pessoas passavam de um lado para o outro, conversas se misturavam no ar, mas eu estava alheio a tudo. Apenas esperava. Esperava que aquela mulher desconhecida abrisse os olhos novamente.

Após uma eternidade, um médico saiu do corredor e veio em minha direção. Levantei-me num impulso, esperando ansioso por suas palavras.

— Ela está bem — disse ele, com um tom tranquilizador. — Os exames não apontaram nada grave. Ela apenas entrou em estado de choque, o que causou o desmaio.

Soltei um suspiro longo, sentindo o peso do medo se dissipar um pouco. Passei as mãos pelo rosto, tentando organizar os pensamentos. Agradeci ao médico e fui até o quarto onde ela estava descansando.

Mas fui parado antes de abrir a porta, por uma vozinha infantil que parecia muito preocupada.

— Papai — Emma me chamou.

Virei em sua direção, completamente assustado, ali não era um ambiente para ela.

— Filha, o que está fazendo aqui?! — indaguei. Olhei para o motorista atrás dela, o homem parecia igualmente nervoso.

— Senhor, ela insistiu que viesse vê-lo, Alfred avisou sobre o que aconteceu, não tive como conte-la, ela correu e entrou no carro, teria saído sozinha se eu não tivesse chegado a tempo. — explicou.

— Emma! — exclamei, repreendendo. — Deveria me esperar em casa.

— Eu sei, mas eu fiquei preocupada. — murmurou, os olhinhos marejados.

Suspirei.

— Tudo bem, fique comigo, vamos falar com a moça e então, vamos embora, tudo bem?

— Sim, papai.

Eu segurei em sua mão pequena e acenei para o motorista, avisando que cuidaria dela. Ao abrir a porta, vi o rosto pálido da desconhecida contra o travesseiro, os olhos piscando lentamente ao despertar.

Ela parecia frágil, perdida. O quarto estava silencioso, e o som ritmado dos monitores cardíacos era a única coisa que preenchia o ambiente. Meu peito se apertou com uma mistura de alívio e preocupação.

— Onde estou...? — Sua voz saiu fraca, mas carregada de confusão.

Sentei-me ao seu lado, tentando não parecer invasivo.

— No hospital — expliquei. — Você desmaiou na rua e eu te trouxe para cá.

Ela piscou algumas vezes, processando minhas palavras. Seus olhos vagavam pelo quarto, tentando assimilar a situação. Então, suavemente, um sorriso cansado surgiu em seus lábios.

— Obrigada… — disse, ainda parecendo exausta. — Quem é você?

Hesitei por um instante antes de responder.

— Meu nome é Ronaldo. Eu estava passando quando vi você cair.

— O papai está cuidando de você — Emma exclamou.

Nesse momento, ela pareceu focar em minha filha, seu rosto cansado pareceu relaxar aos poucos, sua voz cansada disse:

— Obrigada, imagino que seja ajudando.

— Sim, eu vim para ajudar — a menina falou sorridente. — A senhora está bem, tia? — perguntou preocupada.

— Viu ficar — a mulher sussurrou.

Ela suspirou e fechou os olhos novamente, parecendo aliviada. Mas antes que adormecesse, sua mão deslizou levemente sobre o lençol, como se buscasse algo. Um gesto involuntário que me prendeu ali, observando-a. Emma, com toda calma, segurou na mão da mulher, enquanto ela adormecia novamente.

Talvez não nos conhecêssemos, mas naquele momento, eu não conseguiria simplesmente ir embora. Algo nela me fazia querer ficar. E isso era assustador.

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