Em breve. Muito em breve, irei conquistar a companhia JS Group. O último obstáculo entre mim e o domínio absoluto dos maiores investimentos do país está prestes a cair. Meu maior inimigo, o atual chefe da empresa, não faz ideia do que está por vir. A cada movimento, me aproximo mais da vitória.
– Estou muito perto de conquistar, meu amigo. Você vai ver – murmurei, um sorriso frio se formando em meus lábios. – Em breve, aquela companhia vai cair nas minhas...
O carro freou bruscamente. Meu corpo foi jogado levemente para a frente, cortando minha fala no meio. O silêncio denso foi quebrado apenas pela respiração tensa de Alfred, meu motorista, que me olhou pelo espelho retrovisor, os olhos arregalados.
– Ela apareceu de repente, senhor. Era uma mulher.
Uma mulher? Minha mente girou. O que alguém estaria fazendo ali, na beira da estrada, àquela hora?
– Confira se ela está bem. Agora. – ordenei, minha voz mais firme do que eu esperava.
Sem esperar pela ação de Alfred, abri a porta do carro e saí. O vento cortante da noite tocou minha pele, mas minha atenção estava totalmente voltada para a figura caída alguns metros adiante. Meus passos se tornaram apressados, o chão sob meus pés parecia distante. Meu coração martelava contra as costelas quando finalmente me ajoelhei ao lado dela.
Antes que Alfred pudesse fazer qualquer coisa, tomei-a nos braços. Seu corpo estava quente, mas frágil. Seu rosto, suavemente iluminado pelos faróis do carro, despertou algo profundo dentro de mim. Um arrepio subiu pela minha espinha.
– Vamos, leve-nos ao hospital! – ordenei, minha voz carregada de urgência.
No carro, a deitei cuidadosamente, sua cabeça repousando sobre minhas pernas. Ela tinha um arranhão na testa, nada muito grave, mas sua respiração estava irregular. Meus dedos roçaram sua pele fria, e um tremor percorreu meu corpo.
Observei cada detalhe de seu rosto. Algo nela parecia familiar, mas era impossível. Eu não a conhecia. Ou conhecia? Uma onda de déjà vu me atingiu com força, e a sensação de proteção e posse cresceu dentro de mim.
Minha garganta secou.
Quem era ela? Por que sua presença me causava esse turbilhão de emoções?
O destino, sorrateiro e imprevisível, acabara de colocar essa mulher no meu caminho. Mas por quê? E, mais importante... o que isso significava para mim?
egurei a mulher em meus braços enquanto corria para o hospital, sentindo o peso de seu corpo inerte contra o meu. O pânico tomava conta de mim, e cada segundo parecia se arrastar cruelmente. Meu coração batia descompassado, e a única coisa que eu conseguia pensar era que não podia deixá-la assim. O suor escorria pela minha testa, e minha mente insistia em imaginar o pior. Quem era ela? O que havia acontecido antes de desmaiar?
Assim que chegamos ao hospital, os enfermeiros a tiraram dos meus braços e a colocaram em uma maca. Fiquei parado por um momento, sem fôlego, observando enquanto a levavam apressadamente para dentro da ala de atendimento. Meu peito subia e descia com a respiração ofegante, e minhas mãos tremiam ao passá-las pelos cabelos. O corredor branco e impessoal do hospital parecia ainda mais frio naquela noite.
Fui até a recepção, tentando encontrar um pouco de calma enquanto preenchia os papéis necessários. As palavras pareciam embaralhadas diante dos meus olhos, e o som ao meu redor soava abafado, como se eu estivesse preso dentro de um pesadelo. Tudo o que queria era uma resposta, uma garantia de que ela ficaria bem.
Os minutos se arrastaram como horas. Meu pé batia impaciente contra o chão enquanto eu fitava a porta fechada da sala de atendimento. Pessoas passavam de um lado para o outro, conversas se misturavam no ar, mas eu estava alheio a tudo. Apenas esperava. Esperava que aquela mulher desconhecida abrisse os olhos novamente.
Após uma eternidade, um médico saiu do corredor e veio em minha direção. Levantei-me num impulso, esperando ansioso por suas palavras.
— Ela está bem — disse ele, com um tom tranquilizador. — Os exames não apontaram nada grave. Ela apenas entrou em estado de choque, o que causou o desmaio.
Soltei um suspiro longo, sentindo o peso do medo se dissipar um pouco. Passei as mãos pelo rosto, tentando organizar os pensamentos. Agradeci ao médico e fui até o quarto onde ela estava descansando.
Ao abrir a porta, vi seu rosto pálido contra o travesseiro, os olhos piscando lentamente ao despertar. Ela parecia frágil, perdida. O quarto estava silencioso, e o som ritmado dos monitores cardíacos era a única coisa que preenchia o ambiente. Meu peito se apertou com uma mistura de alívio e preocupação.
— Onde estou...? — Sua voz saiu fraca, mas carregada de confusão.
Sentei-me ao seu lado, tentando não parecer invasivo.
— No hospital — expliquei. — Você desmaiou na rua e eu te trouxe para cá.
Ela piscou algumas vezes, processando minhas palavras. Seus olhos vagavam pelo quarto, tentando assimilar a situação. Então, suavemente, um sorriso cansado surgiu em seus lábios.
— Obrigada… — disse, ainda parecendo exausta. — Quem é você?
Hesitei por um instante antes de responder.
— Meu nome é Ronaldo. Eu estava passando quando vi você cair.
Ela suspirou e fechou os olhos novamente, parecendo aliviada. Mas antes que adormecesse, sua mão deslizou levemente sobre o lençol, como se buscasse algo. Um gesto involuntário que me prendeu ali, observando-a.
Talvez não nos conhecêssemos, mas naquele momento, eu não conseguiria simplesmente ir embora. Algo nela me fazia querer ficar. E isso era assustador.
Acordei novamente, minha cabeça doía e o homem que me salvou... como era mesmo seu nome? Ainda estava ali, sentado na poltrona ao lado da cama, os olhos presos em mim. Senti um arrepio passar por todo o meu corpo ao vê-lo me olhando tão intensamente. Sentei-me na beira da cama do hospital. Ele retirou um cartão do bolso e estendeu na minha direção. Baixei o olhar e fiquei observando o papel em minhas mãos. O nome dele estava ali, acompanhado do número de telefone e do nome da empresa onde trabalhava: Empresa. RV Group. Uau.— Se precisar de qualquer coisa, me procure e eu cuidarei de você. — Ele disse. Seu olhar parecia sincero, mas eu não podia confiar em ninguém agora.– Tudo bem, eu agradeço pela ajuda. – respondi de forma calma. A voz veio de perto, grave e carregada de preocupação. Levantei os olhos e vi Ronaldo me encarando. Seus olhos escuros analisavam meu rosto, como se tentassem decifrar o que havia acontecido.– Margarida? – me chamou. Me perguntei como ele saberia meu n
Eu estava me olhando no espelho. Vestia um vestido lindo, que Ana me emprestou, eu ainda não havia voltado em casa e só pretendia voltar quando fosse para pegar o que era meu de volta. – Tem certeza que quer ir sozinha? – questionou, preocupada. – Tenho, eu preciso disso. – suspirei. – Eu volto logo. – Tudo bem, mas se precisar de mim, me avise. – falou com o olhar pesaroso. Eu estava vivendo o pior momento da minha vida, mas não deixaria que isso me transformasse em uma pobre coitada. Pedi um táxi e fui até a empresa de Ronaldo, eu sabia que ele estaria lá.Caminhei pelos corredores da empresa com passos firmes, mas minha mente estava em ebulição. A cada passo, meu peito ardia com a possibilidade do que poderia acontecer a seguir. Eu precisava encarar João, precisava ouvir da boca dele o que já começava a parecer óbvio. Meu coração batia forte, mas não era medo. Era raiva. Uma raiva sufocante que me impelia para frente.Empurrei as portas do escritório de João sem sequer anunciar
– Me arrepender? Ora, Margarida, não seja idiota, você não tem quase nada mais. Eu transferi tudo, minha empresa cresceu muito mais do que a companhia dos seus pais. Não seja burra, vou dar-lhe um cheque, para que você suma rápido da minha vida e pare de me importunar, assim o divórcio andará mais rápido, entrarei em contato com o advogado. – afirmou, como se eu não passasse de uma mulher qualquer a quem ele estava dando uma esmola.Ri, zombando de sua falta de caráter.– Eu não preciso do seu dinheiro. Mas concordo, vamos nos divorciar logo. Guarde minhas palavras, João. Vai se arrepender de tudo que me fez.Sem esperar mais nada ali, me retirei daquele lugar. Saí de cabeça erguida, mas meu coração estava chorando e meus sentimentos estavam destruídos. A culpa começava a me corroer, como eu fui tão burra e não percebi os sinais? Eles sempre estiveram lá.Voltei para a casa de Anna e passei um tempo sozinha, no quarto de hóspedes, pensando em quais passos eu deveria dar.– Eu sei que
O dia que deveria ser de celebração se tornou o pior da minha vida.– Se você estiver mal, posso ficar em casa com você. – ofereci, me sentia mal em deixa-lo doente e sozinho em casa.Eu tinha uma viagem de negócios para tratar de uma possível parceria com outra companhia, as meu marido, João, acordou indisposto e doente, então, eu estava dividida entre ficar com ele e comemorar seu aniversário, ou ir nessa viagem.– Não precisa. – respondeu, como sempre, sem humor. – Eu vou ficar bem. Já tem um tempo que João está assim, tão frio e distante, agindo de forma arredia comigo, eu não sei mais o que fazer, já tentei de tudo para recuperarmos aquela chama de amor que nos envolveu quando nos casamos, mas parece que nada do que eu faço é suficiente. – Hoje é seu aniversário, meu amor, eu gostaria... quero dizer, acho que podemos comemorar juntos. – falei esperançosa. Eu esperava que ele pelo menos me desse um abraço, um beijo, me desejasse feliz aniversário, mas as coisas estavam estranha
De repente, tudo o que aconteceu em minha vida amorosa nos últimos anos se tornou uma mentira. E diversos questionamentos passavam pela minha cabeça, quando isso começou? Será que João nunca havia me amado? Enquanto dava passos para trás, minha mente vagava para algumas lembranças que foram sufocadas em meu subconsciente. Minha mente estava longe dali, mergulhada no passado, em cada cena que agora parecia ter um novo significado.Lembro-me com clareza de tudo, eu quem sempre estava atrás de João. Convidando-o para sair, era sempre eu que me oferecia para ajudá-lo com os estudos, tudo era eu, sempre eu. Me lembro que uma vez, ele estava sozinho em uma das mesas do refeitório, estava comendo e eu decidi me aproximar, me matriculei na mesma turma de administração que ele estava. *****lembrança“ – OI, João- cumprimentei eufórica. Já faz um tempo que sou apaixonada por ele, mas João nunca me deu muita bola.– Olá – respondeu como sempre. Nem grosseiro e nem amigável, sempre um tom de e