Margarida Acordei novamente, minha cabeça doía e o homem que me salvou... como era mesmo seu nome? Ainda estava ali, sentado na poltrona ao lado da cama, com a garotinha nos braços, os dois com os olhos presos em mim. Senti um arrepio passar por todo o meu corpo ao vê-lo me olhando tão intensamente. Sentei-me na beira da cama do hospital. Ele retirou um cartão do bolso e estendeu na minha direção. Baixei o olhar e fiquei observando o papel em minhas mãos. O nome dele estava ali, acompanhado do número de telefone e do nome da empresa onde trabalhava: Empresa. RV Group. Uau. — O meu papai é muito bom, ele vai cuidar de você, é só ligar para ele. — a menininha falou. O homem, deu um pequeno sorriso ao ouvi-la e balançou a cabeça, achando graça. — Se precisar de qualquer coisa, me procure e eu cuidarei de você. — Ele disse, de forma séria. Seu olhar parecia sincero, mas eu não podia confiar em ninguém agora. – Tudo bem, eu agradeço pela ajuda. – respondi de forma calma. A voz
Eu estava me olhando no espelho. Vestia um vestido lindo, que Ana me emprestou, eu ainda não havia voltado em casa e só pretendia voltar quando fosse para pegar o que era meu de volta. – Tem certeza que quer ir sozinha? – questionou, preocupada. – Tenho, eu preciso disso. – suspirei. – Eu volto logo. – Tudo bem, mas se precisar de mim, me avise. – falou com o olhar pesaroso. Eu estava vivendo o pior momento da minha vida, mas não deixaria que isso me transformasse em uma pobre coitada. Pedi um táxi e fui até a empresa de Ronaldo, eu sabia que ele estaria lá.Caminhei pelos corredores da empresa com passos firmes, mas minha mente estava em ebulição. A cada passo, meu peito ardia com a possibilidade do que poderia acontecer a seguir. Eu precisava encarar João, precisava ouvir da boca dele o que já começava a parecer óbvio. Meu coração batia forte, mas não era medo. Era raiva. Uma raiva sufocante que me impelia para frente.Empurrei as portas do escritório de João sem sequer anunciar
– Me arrepender? Ora, Margarida, não seja idiota, você não tem quase nada mais. Eu transferi tudo, minha empresa cresceu muito mais do que a companhia dos seus pais. Não seja burra, vou dar-lhe um cheque, para que você suma rápido da minha vida e pare de me importunar, assim o divórcio andará mais rápido, entrarei em contato com o advogado. – afirmou, como se eu não passasse de uma mulher qualquer a quem ele estava dando uma esmola.Ri, zombando de sua falta de caráter.– Eu não preciso do seu dinheiro. Mas concordo, vamos nos divorciar logo. Guarde minhas palavras, João. Vai se arrepender de tudo que me fez.Sem esperar mais nada ali, me retirei daquele lugar. Saí de cabeça erguida, mas meu coração estava chorando e meus sentimentos estavam destruídos. A culpa começava a me corroer, como eu fui tão burra e não percebi os sinais? Eles sempre estiveram lá.Voltei para a casa de Anna e passei um tempo sozinha, no quarto de hóspedes, pensando em quais passos eu deveria dar.– Eu sei que
Quase me engasguei com o café quente. Meu coração disparou, e meus dedos apertaram instintivamente a xícara, como se aquilo pudesse me ancorar à realidade. Ele me encarava com uma expressão séria, mas havia um brilho divertido em seus olhos.— Co-como assim? — gaguejei, sentindo minha mente tentar desesperadamente se agarrar à lógica.— Você disse que gostaria de falar com o CEO do grupo RV. Pois bem, aqui estou eu. Muito prazer, Margarida. Eu sou Ronaldo Valvani, dono do grupo RV. — Ele falou devagar, como se saboreasse cada palavra antes de dar um gole no café, completamente no controle da situação.Minha boca abriu e fechou algumas vezes, mas nenhuma palavra saiu.— Eu... Eu achei que... Você que disse que trabalhava lá. — Minha voz saiu vacilante, ainda tentando processar tudo.— E trabalho. Sou o dono. — confirmou, e um sorriso brincou em seus lábios.O ar parecia rarefeito. Como eu não tinha descoberto isso antes? Como alguém como ele podia ser o CEO e, ao mesmo tempo, se passar
O nervosismo me dominava. Eu estava prestes a entrar novamente naquela sala e dar de cara com João Santiago, meu ex-marido canalha. Meu estômago se revirava, e minhas mãos estavam frias, mas eu não podia hesitar. Olhei mais uma vez para o espelho, conferindo cada detalhe da minha aparência. Não queria que João me visse e achasse que eu estava sofrendo, mesmo que, no fundo, ainda houvesse uma ferida aberta pelo rumo que minha vida tomou.— Tem certeza de que é uma boa ideia se unir a esse Ronaldo Valvani? — Anna perguntou, cruzando os braços.— Ele é a única pessoa capaz de me ajudar — expliquei, firme. — E eu já te disse quem ele é. Quem sabe um dia eu apresente vocês dois — acrescentei, tentando sorrir.— Primeiro, quero que você vá lá e esfregue esse divórcio na cara daquele idiota — disse, com raiva evidente na voz. — Depois disso, sairemos para comemorar, querida.— Anna...— Nada disso. Vá e me conte tudo depois — suspirei e acenei, pegando minha bolsa.Eu estava cheia de expecta
Ronaldo — Tem certeza? — Erick me questionou, o olhar carregado de incerteza. — Você já a viu? — indaguei, sem tirar os olhos da estrada. — Não, mas... — Vai entender quando a vir — afirmei, sem espaço para dúvidas. — E Emma parece gostar dela, além de que... ela precisa de uma mãe. — E essa mãe seria sua esposa repentina? — perguntou, me encarando. Apenas dei de ombros. A verdade, no entanto, era que minha decisão não tinha nada a ver apenas com isso. Eu não estava assinando aquele contrato de casamento com Margarida apenas por sua beleza. Havia algo muito maior em jogo. Algo que beneficiaria a nós dois. Poucas pessoas conhecem o verdadeiro Ronaldo Valvani, CEO do Grupo RV. Já ouvi inúmeras histórias sobre mim, boatos criados por aqueles que não sabem nada sobre a minha vida. Algumas dessas histórias, confesso, nem eu mesmo sabia que havia "vivido". Gosto do anonimato. Não sinto necessidade de me expor. Quando criança, fui um garoto gordinho e alvo constante de
Margarida — Tem certeza que vai ficar bem? — Anna perguntou, com um olhar preocupado. — Sim. Eu confio nele. E era verdade. Era uma confiança que surgia de algum lugar inexplicável, quase instintiva. Como se, em algum momento, meu coração já soubesse que Ronaldo era alguém confiável. Alguém que não me deixaria cair. — Tudo bem… Mas se precisar de algo, me ligue. Vou aproveitar um pouco mais com o amigo bonitão dele. — brincou, piscando um olho. Soltei uma risada e a abracei apertado. — Obrigada por tudo, Anna. — Ei, nada disso, depois você chora. Agora vá aproveitar esse seu maridão! — ela suspirou dramaticamente, abanando-se como se estivesse com calor. — Que sorte a sua, hein? — Anna! — gargalhei, corando um pouco. Senti uma mão forte e quente pousar no meu ombro. Meu coração saltou antes mesmo de olhar para cima. Quando ergui o rosto, encontrei os olhos intensos de Ronaldo sobre mim. Ele não disse nada, mas o peso daquele olhar me fez prender a respiração
A primeira noite na mansão de Ronaldo me provocou um turbilhão de emoções. O lugar era imponente, sofisticado, mas ao mesmo tempo, havia algo estranhamente acolhedor nele. Eu não sabia explicar o motivo, mas sentia como se já pertencesse àquele ambiente. As paredes altas, os lustres imensos que projetavam um brilho suave sobre os móveis luxuosos, os corredores silenciosos… Tudo parecia ter um segredo a ser descoberto. Quando acordei pela manhã, fiquei horas no quarto, hesitante. A vergonha de sair e dar de cara com Ronaldo me paralisava. Meu coração batia acelerado ao lembrar da maneira como ele me olhara na noite anterior, com aquela intensidade quase indecifrável. Mas eu sabia que não poderia me esconder para sempre. Precisávamos conversar. Respirei fundo e, enfim, criei coragem para sair. O corredor estava vazio, o silêncio dominava o segundo andar da mansão, onde ficavam os quartos. Enquanto caminhava, uma ideia me ocorreu: eu poderia preparar um café da manhã como forma de ag