Ronaldo — Me daria a honra dessa dança? — estendi a mão para Margarida. Ela hesitou por um instante. Seus olhos carregavam um brilho inquieto, reflexo da recente interação com João. Eu percebia tudo. Ele não desviava o olhar dela nem por um segundo, enquanto sua acompanhante, claramente incomodada, tentava a todo custo chamar sua atenção. — Claro — ela sorriu, mas seu sorriso carregava algo a mais. O salão estava repleto de casais rodopiando sob a luz suave dos lustres. A melodia que preenchia o ambiente era tranquila, quase hipnótica. Segurei suas mãos delicadas, sua pele quente enviando uma descarga elétrica pelo meu corpo. Era como se o universo nos puxasse um para o outro, numa conexão silenciosa. Deslizei minha mão para sua cintura, puxando-a com delicadeza. Começamos a nos mover em sintonia, cada passo milimetricamente alinhado com a batida da música. — Tente não ficar ansiosa — murmurei, meu rosto próximo ao dela. — Eu estou... — ela suspirou, franzindo levemente
O dia que deveria ser de celebração se tornou o pior da minha vida.– Se você estiver mal, posso ficar em casa com você. – ofereci, me sentia mal em deixa-lo doente e sozinho em casa.Eu tinha uma viagem de negócios para tratar de uma possível parceria com outra companhia, as meu marido, João, acordou indisposto e doente, então, eu estava dividida entre ficar com ele e comemorar seu aniversário, ou ir nessa viagem.– Não precisa. – respondeu, como sempre, sem humor. – Eu vou ficar bem. Já tem um tempo que João está assim, tão frio e distante, agindo de forma arredia comigo, eu não sei mais o que fazer, já tentei de tudo para recuperarmos aquela chama de amor que nos envolveu quando nos casamos, mas parece que nada do que eu faço é suficiente. – Hoje é seu aniversário, meu amor, eu gostaria... quero dizer, acho que podemos comemorar juntos. – falei esperançosa. Eu esperava que ele pelo menos me desse um abraço, um beijo, me desejasse feliz aniversário, mas as coisas estavam estranha
De repente, tudo o que aconteceu em minha vida amorosa nos últimos anos se tornou uma mentira. E diversos questionamentos passavam pela minha cabeça, quando isso começou? Será que João nunca havia me amado? Enquanto dava passos para trás, minha mente vagava para algumas lembranças que foram sufocadas em meu subconsciente. Minha mente estava longe dali, mergulhada no passado, em cada cena que agora parecia ter um novo significado.Lembro-me com clareza de tudo, eu quem sempre estava atrás de João. Convidando-o para sair, era sempre eu que me oferecia para ajudá-lo com os estudos, tudo era eu, sempre eu. Me lembro que uma vez, ele estava sozinho em uma das mesas do refeitório, estava comendo e eu decidi me aproximar, me matriculei na mesma turma de administração que ele estava. *****lembrança“ – OI, João- cumprimentei eufórica. Já faz um tempo que sou apaixonada por ele, mas João nunca me deu muita bola.– Olá – respondeu como sempre. Nem grosseiro e nem amigável, sempre um tom de e
Ronaldo Em breve. Muito em breve, irei conquistar a companhia JS Group. O último obstáculo entre mim e o domínio absoluto dos maiores investimentos do país está prestes a cair. Meu maior inimigo, o atual chefe da empresa, não faz ideia do que está por vir. A cada movimento, me aproximo mais da vitória. – Estou muito perto de conquistar, meu amigo. Você vai ver – murmurei, um sorriso frio se formando em meus lábios. – Em breve, aquela companhia vai cair nas minhas... O carro freou bruscamente. Meu corpo foi jogado levemente para a frente, cortando minha fala no meio. O silêncio denso foi quebrado apenas pela respiração tensa de Alfred, meu motorista, que me olhou pelo espelho retrovisor, os olhos arregalados. – Ela apareceu de repente, senhor. Era uma mulher. Uma mulher? Minha mente girou. O que alguém estaria fazendo ali, na beira da estrada, àquela hora? – Confira se ela está bem. Agora. – ordenei, minha voz mais firme do que eu esperava. Sem esperar pela ação de Alfred, abri
Margarida Acordei novamente, minha cabeça doía e o homem que me salvou... como era mesmo seu nome? Ainda estava ali, sentado na poltrona ao lado da cama, com a garotinha nos braços, os dois com os olhos presos em mim. Senti um arrepio passar por todo o meu corpo ao vê-lo me olhando tão intensamente. Sentei-me na beira da cama do hospital. Ele retirou um cartão do bolso e estendeu na minha direção. Baixei o olhar e fiquei observando o papel em minhas mãos. O nome dele estava ali, acompanhado do número de telefone e do nome da empresa onde trabalhava: Empresa. RV Group. Uau. — O meu papai é muito bom, ele vai cuidar de você, é só ligar para ele. — a menininha falou. O homem, deu um pequeno sorriso ao ouvi-la e balançou a cabeça, achando graça. — Se precisar de qualquer coisa, me procure e eu cuidarei de você. — Ele disse, de forma séria. Seu olhar parecia sincero, mas eu não podia confiar em ninguém agora. – Tudo bem, eu agradeço pela ajuda. – respondi de forma calma. A voz
Eu estava me olhando no espelho. Vestia um vestido lindo, que Ana me emprestou, eu ainda não havia voltado em casa e só pretendia voltar quando fosse para pegar o que era meu de volta. – Tem certeza que quer ir sozinha? – questionou, preocupada. – Tenho, eu preciso disso. – suspirei. – Eu volto logo. – Tudo bem, mas se precisar de mim, me avise. – falou com o olhar pesaroso. Eu estava vivendo o pior momento da minha vida, mas não deixaria que isso me transformasse em uma pobre coitada. Pedi um táxi e fui até a empresa de Ronaldo, eu sabia que ele estaria lá.Caminhei pelos corredores da empresa com passos firmes, mas minha mente estava em ebulição. A cada passo, meu peito ardia com a possibilidade do que poderia acontecer a seguir. Eu precisava encarar João, precisava ouvir da boca dele o que já começava a parecer óbvio. Meu coração batia forte, mas não era medo. Era raiva. Uma raiva sufocante que me impelia para frente.Empurrei as portas do escritório de João sem sequer anunciar
– Me arrepender? Ora, Margarida, não seja idiota, você não tem quase nada mais. Eu transferi tudo, minha empresa cresceu muito mais do que a companhia dos seus pais. Não seja burra, vou dar-lhe um cheque, para que você suma rápido da minha vida e pare de me importunar, assim o divórcio andará mais rápido, entrarei em contato com o advogado. – afirmou, como se eu não passasse de uma mulher qualquer a quem ele estava dando uma esmola.Ri, zombando de sua falta de caráter.– Eu não preciso do seu dinheiro. Mas concordo, vamos nos divorciar logo. Guarde minhas palavras, João. Vai se arrepender de tudo que me fez.Sem esperar mais nada ali, me retirei daquele lugar. Saí de cabeça erguida, mas meu coração estava chorando e meus sentimentos estavam destruídos. A culpa começava a me corroer, como eu fui tão burra e não percebi os sinais? Eles sempre estiveram lá.Voltei para a casa de Anna e passei um tempo sozinha, no quarto de hóspedes, pensando em quais passos eu deveria dar.– Eu sei que
Quase me engasguei com o café quente. Meu coração disparou, e meus dedos apertaram instintivamente a xícara, como se aquilo pudesse me ancorar à realidade. Ele me encarava com uma expressão séria, mas havia um brilho divertido em seus olhos.— Co-como assim? — gaguejei, sentindo minha mente tentar desesperadamente se agarrar à lógica.— Você disse que gostaria de falar com o CEO do grupo RV. Pois bem, aqui estou eu. Muito prazer, Margarida. Eu sou Ronaldo Valvani, dono do grupo RV. — Ele falou devagar, como se saboreasse cada palavra antes de dar um gole no café, completamente no controle da situação.Minha boca abriu e fechou algumas vezes, mas nenhuma palavra saiu.— Eu... Eu achei que... Você que disse que trabalhava lá. — Minha voz saiu vacilante, ainda tentando processar tudo.— E trabalho. Sou o dono. — confirmou, e um sorriso brincou em seus lábios.O ar parecia rarefeito. Como eu não tinha descoberto isso antes? Como alguém como ele podia ser o CEO e, ao mesmo tempo, se passar