Henry Mendonça
Eu estava na sala conversando com meus pais quando Soninha entrou para apresentar para nós a nova empregada e porra! Que caralho de mulher gostosa! Porra, quem é essa mulher?
Fico hipnotizado pela sua beleza e a pele tão branca que me lembra uma porcelana e esses cabelos cor de fogo e os olhos... nossa, que olhos são esses? São de um azul que eu nunca vi na vida. Tão impressionantes, como uma jóia das mais raras...
Merda, eu não sou assim… se recomponha, porra! Quando foi que você ficou perdido assim por uma mulher?
Saio do meu transe e sorrio para ela, ainda impactado com a ruiva à minha frente. Me levanto, indo até elas e dar um beijo em minha Soninha. A mulher que eu tenho como uma segunda mãe, ela sempre cuidou de mim na minha infância.
— Soninha, estava morrendo de saudades! — Abraço e a rodo como fazia quando era mais novo e ela começa a rir.
— Menino, me põe no chão! — Rio da cara que ela faz e, enquanto isso, a mulher misteriosa só nos observa séria.
— Ai, já estou velha para essas coisas, menino. — Diz com os olhos brilhando de alegria e o rosto vermelho de vergonha.
— Imagina nós, Sônia, como acha que nós aguentamos? — Meu avô fala com uma expressão séria.
“Pronto, baixou o advogado nele...", eu acabo pensando, enquanto os meus olhos reviram de leve, enquanto um arquear brota em meus lábios.
Começo a rir.
— Bem, o papo está bom, mas eu vim aqui apresentar uma pessoa para vocês. Menina, vem aqui. — Ela fala apenas para aquela ruiva começar a andar em nossa direção. — Essa é a Luna, minha nova ajudante. — Mas o quê? Ela vai trabalhar aqui na casa dos meus avós? Fico olhando cada movimento seu, como um gavião pronto para atacar. Nesse momento algo muda, tudo em minha volta parece ficar mais lento como se o mundo estivesse em uma câmera lenta, e eu fico fascinado vendo-a sorrir, mas vejo algo triste e vazio em seus olhos.
Fico hipnotizado por aquele olhar intenso e angustiado, enquanto uma leve irritação me atinge, o que aconteceu com ela? Porque seus olhos são tão tristes? Isso desperta algo em mim, um desejo forte e intenso de cuidar dela.
Como advogado, eu tenho a obrigação de prestar atenção em todos os detalhes, a mulher à minha frente mascara seus sentimentos, mas eu? Consigo ver a tristeza no olhar dela, por mais que ela tente esconder. Notar essas coisas enquanto aquela vontade de protegê-la e mantê-la em um lugar que apenas eu possa ter acesso – para que nada nunca mais possa a afligir – me invade, me faz sentir sensações que eu nunca pensei que experienciaria antes como a corrente elétrica que passa por todo meu corpo, me fazendo arrepiar.
”Caralho, que sensação é essa?” Veio na minha mente, junto do pensamento de que aquela mulher parece um anjo, perfeita, triste e devastadoramente linda.
Mas… ela também é a empregada da casa dos meus avós – e eu tenho noção o suficiente para saber que isso é algo que coloca uma linha entre nós, ou melhor… um limite chamado: leis trabalhistas.
Engulo em seco e tento tirar a atenção da mulher à minha frente por conta disso, no entanto, eu… não consigo por muito tempo.
Meu cérebro parece entrar em colapso por um momento, porque quando eu olhei melhor para aquela ruiva, eu consegui ver todas as suas curvas marcadas naquele uniforme – o que me deixou puto, enquanto eu me perguntava quem tinha deixado ela trabalhar com uma roupa assim.
Ok. Eu vou me acalmar um pouco. Olhando com calma, esse uniforme é o mesmo dos outros funcionários, mas porque nela tem que ficar tão chamativo? Porra, essa mulher vai me foder!
— Prazer em conhecê-los. Como a dona Sônia falou, estou muito feliz em trabalhar aqui. — Ela dá um sorriso. Seus olhos vagueiam até onde estou, e me sinto ansioso e nervoso diante daquele olhar felino que parece vasculhar a minha alma.
Ah… quando foi que me senti assim na frente de uma mulher? Fico louco só de imaginá-la sorrindo assim para mim em outros momentos.
— Menina, seja bem-vinda. Eu me chamo Ana Mendonça. — Minha avó fala com ela.
— O prazer é todo meu, dona Ana.
— Querida, nós é que ficamos felizes. E você é muito bonita, uma princesa, tem porte de modelo. — Minha avó fala e elas sorriem juntas.
— Obrigada, a senhora que é linda. — Ela fala envergonhada.
— Como é seu nome mesmo?
— Luna Medeiros.
Luna combina com ela...
— Lindo nome, e esse sorriso lindo, como a lua que ilumina tudo. — Vejo o sorriso dela se ampliar ainda mais. Assim que minha avó a elogia.
— Obrigada, mas… assim vou ficar com vergonha. — Todos começam a rir e eu a observo, completamente fascinado com qualquer coisa que ela faz.
Essa porra não vai dar certo.
— Bom, vamos apresentar o resto da família para você. Este é meu marido, Manuel Mendonça. — Minha avó começa as apresentações.
— Prazer em conhecê-lo, seu Manuel.
— O prazer é meu, Luna. Seja bem-vinda.
— Obrigada.
— Estes são meus filhos, Miguel, Gabriel e Valentina.
— É um prazer te conhecer, Luna. — Meus tios e meu pai falam juntos.
— O prazer é todo meu.
— Agora vou te apresentar minhas noras. Esta é Rebecca, mulher do Gabriel, esta é Fernanda, mulher do Miguel. E este é meu genro Pedro, marido da Valentina.
— Prazer em conhecê-la. — Logo em seguida eles respondem juntos.
— Bom, e estas são minhas netas. Lara e Luara, filhas do Gabriel, e esta é a Mia, filha do Miguel.
— Oi, é um prazer conhecer você. — As meninas falam para ela.
— Oi, o prazer é todo meu. — Sempre que minha avó a apresenta a alguém, vejo que ela fica mais vermelha. E a cada resposta que dá, a vejo sorrir.
— E esses são os meus netos, Igor, filho do Miguel, e Henry, filho do Gabriel. Os outros, depois você conhece, Luna.
— Prazer em conhecê-la, Luna. Já disseram que você é linda, mas não tem como não dizer novamente. — Igor fala para ela com a cara mais safada do mundo.
Filho da puta! Quem ele acha que é para ficar dando em cima da Luna desse jeito?
Dou um murro no braço dele.
— Ai, Henry, tá doido, porra?
— Estou muito bem e cala a boca, Igor. — Falo para ver se esse merda cala a boca, e direciono o meu olhar para ela.
Porra, o que tá acontecendo comigo? Olha para o céu e respiro fundo, tentando me controlar.
— Sou Henry Mendonça. Prazer em conhecê-la.
Eu digo com a voz rouca, enquanto fico perdido naqueles olhos. Nunca vi nada parecido… Eles parecem me hipnotizar, a tristeza que antes habitavam neles foi substituída por algo ardente e intenso, eu sinto isso assim que a cumprimento e seus olhos me queimam por inteiro, como se me decifrassem apenas com um olhar.
— O prazer é meu. — Ela diz com a voz baixa e sinto suas mãos frias e trêmulas quando as toco.
— Seus olhos são impressionantes. — Acabo falando o que não saiu da minha mente. E me pergunto pela milésima vez, aonde foi parar o meu juízo?
— Só os olhos, primo? Tá cego, é? Tudo nela é impressionante! — Igor fala, dando uma olhada nos peitos dela. Isso me deixa louco e dou logo um murro nesse idiota de novo, só para deixar de ser abusado.
— Ai, caralho! De novo, Henry? Não fodeu hoje, não é? — Faz uma cara de sofrido, esse falso do caralho.
— Não é da sua conta, seu merda. — A vontade que eu tenho é de mostrar para esse filho da puta como vou foder com ele hoje no tatame.
— Meninos, parem! — Meu pai pede sério.
— Ele me deu um soco! — Igor responde. E suspiro mais uma vez.
— Sinto muito, me desculpe pela indelicadeza. — Digo formalmente, mas no fundo eu quero matar o Igor por me fazer perder a cabeça.
— Me desculpe por isso, Luna, não se incomode com o afeto excessivo do meu filho e sobrinho. — Meu pai diz descontraído, mas percebo no tom de voz a advertência pelo nosso comportamento.
— Não tem problema, seu Gabriel. — Luna diz, ainda com aquele arquear leve nos lábios.
— Bom, agora que todo mundo já se conhece, vamos indo, Luna?
— Claro, dona Sônia, com licença.
— Vá indo na frente, Luna, já te encontro.
— Tudo bem. — Ela sai e fico louco, obcecado e viciado por mais dela. A vontade que tenho é tê-la na minha frente apenas lá, parada, me olhando com aqueles olhos hipnotizantes, e aquele sorriso que me faz querer descobrir qual gosto ela tem.
Luna Medeiros Depois de ter ajudado dona Sônia com as coisas na cozinha, eu fui arrastada mais uma vez para o meio dos Mendonça, e céus… é impressionante como a genética dos Mendonça é boa, eles são muito parecidos. Lindos. E a característica principal são os olhos azuis. Mas eu ainda não consigo parar de pensar no homem que veio falar com dona Sônia. Ele tem muito carinho por ela, era nítido.Mas… eu também não consegui tirar da minha cabeça a forma que ele me olhou… porque eu comecei a sentir coisas estranhas. Senti o meu coração acelerar como louco quando aqueles olhos que pareciam dois topázios me encararam de forma intensa, enquanto eu sentia um calor preencher todo o meu corpo, principalmente no meu rosto. Só que para minha sorte – ou melhor, graças a Deus – dona Ana veio falar comigo e tirei minha atenção dele,caso contrário… acho que eu iria enlouquecer. Mas quem disse que eu consegui me manter muito tempo longe daquele homem? Porque assim que dona Ana começou a me puxar de
Luna Medeiros Depois do episódio na sala de jantar, não o vi mais nem mesmo no almoço, dona Sônia que levou seu almoço para o escritório, e lá ele ficou durante toda a tarde. Fiquei tão perdida em pensamentos que me esqueci totalmente das horas e vi que iria me atrasar para a apresentação.— Droga! — Xingo vendo que vai ser impossível pegar um ônibus e metrô, e ainda chegar na hora, o que eu faço? — Tudo bem, menina? — Na hora me dou conta da dona Sônia e dele sentados à mesa da cozinha, ele toma uma xícara de café enquanto me encara como se quisesse me devorar. — Está, sinto muito pelo linguajar. — Acabo dizendo depois que coloco a minha cabeça (mesmo que levemente) no lugar.— Não parece tudo bem. Algum problema? — Henry diz e fico mais nervosa ainda, porque ele falou com aquela voz rouca que mal parecia real.— É que acabei me atrasando, tenho uma apresentação de um trabalho e não vou conseguir chegar a tempo.— Não seja por isso, eu levo você. — Diz, se levantando e percebo qu
Henry MendonçaMas que merda!Fico me perguntando o que eu estava pensando para encurralar essa menina e dizer o que eu disse.Droga! Tenho que parar de pensar nela! Reúno todas as minhas forças e saio da despensa sem me verem, devo ficar longe dessa mulher ou então ela será a minha ruína.— Henry. — Viro e dou de cara com o meu pai.— Pai? — Falo um tanto surpreso, afinal… eu não esperava ver ele hoje…— Quero falar com você lá no escritório. Vamos, seu tio e seu primo estão nos esperando.— Certo…. — Fiquei um tanto desconfiado ao ouvir aquelas palavras do meu pai, mesmo assim, fui até o escritório com ele (e ali já percebi que a conversa não seria nada boa).— Sentem-se. — Meu tio fala com uma expressão séria.— Bom, eu vou ser direto no assunto.— Pode dizer, pai.— Eu quero tanto você quanto o Igor longe da Luna. — Ele aponta para nós dois. Mas que porra é essa? Eu virei um adolescente para ser repreendido desse jeito?— Posso saber o porquê disso, tio? — Meu tio vira para o Ig
Luna MedeirosDepois daquele episódio onde eu tive uma crise de pânico, tentei ao máximo me acalmar porque ainda tinha que ir para a faculdade. Não vejo a hora de me formar logo. Eu estou cada vez mais perto de ter o meu diploma, por isso me sinto cada vez mais ansiosa. Então, fui à faculdade, mas nem assim aqueles malditos olhos azuis saíam da minha cabeça. O que está acontecendo com você, Luna? O que tem de diferente naquele homem que te fez se sentir assim?Mesmo me perguntando isso milhares de vezes, eu ainda não sei como responder. Voltando para casa, eu tentei tirar ele da minha cabeça, esquecê-lo, – mas logo me lembro de tudo que minha mãe e eu temos passado por causa do seu problema de saúde, e isso tem me tirado o sono há muito tempo. Talvez fosse até melhor continuar pensando em Henry Mendonça. Ou era o que eu estava pensando antes de escutar de longe a voz da minha mãe me chamando.— Oi, mãe. Como se sentiu hoje? Os remédios ainda estão te deixando sonolenta?— Oi, filh
Henry MendonçaAssim que saí do escritório, a única coisa que eu queria era chegar logo em casa e tomar um longo banho, mas como sempre, nada na minha vida acontece como eu quero, já que eu tenho uma pedra no meu caminho e essa pedra se chama Igor Mendonça. E claro que quando eu entrei em casa, a primeira coisa que eu encontrei foi ele muito bem sentado no meu sofá, como se fosse a porra do dono do lugar.— Não sabia que eu tinha visita. — Entro, batendo a porta com força e o desgraçado sorri.— Calma, cara, vim aqui te chamar para dar uma volta.— Não estou muito afim, Igor.— Ahhhh... Cara, fala sério, vai ser divertido.— É sério, Igor, não estou afim. — Falo, me jogando no sofá.— Ahhh... Moreno, não se faz de difícil comigo. — Ele diz, zoando com a minha cara e eu o fulmino com o olhar.— Vai se ferrar, Igor, já disse que não. Eu disse, porque ele já ia começar com a putaria. — Me fala, isso é pela conversa que tivemos na casa da vovó?— Também.— Também? E qual é o outro mot
Luna Medeiros A noite de ontem foi horrível, a briga com o Henry mexeu comigo, e o jeito que ele falou me trouxe lembranças que eu sempre quis esquecer, enterrar no mais profundo do meu consciente, mas ainda não consigo. O passado ainda é uma área delicada da minha vida, e eu sei que não estou bem há anos, mas não consigo encarar todos os meus medos e traumas de frente.É difícil ter que admitir isso tudo e por mais que eu saiba que preciso, sim, de tratamento psicológico — não tenho tempo e nem dinheiro para isso. Eu tenho que cuidar da minha mãe, tenho que terminar minha faculdade, tenho que fazer coisas demais por mim e por ela. São prioridades nas quais os meus problemas relacionados ao meu passado não podem se intrometer. Ainda assim, eu decidi que não vou dar esse gosto para ele; não vou desistir. Por mais que aquela briga tenha acabado comigo. Não. Eu preciso do trabalho e não vou deixar mais homem nenhum me tratar assim. Ele até pode achar que está fazendo o melhor para mim
Henry MendoçaA Luna vai ser minha, ela quer tanto quanto eu, vejo em seus olhos e sei que ela também sente esse magnetismo que nos leva até o outro.Não vou desistir, eu tentei lutar contra isso, e acabei sendo impulsivo por achar que estava fazendo a coisa certa, mas depois de sentir o gosto dela, não posso perdê-la.Mesmo com uma papelada enorme para ser analisada, é difícil esquecer o beijo que dei nela… porque Luna parecia uma droga no meu organismo, completamente viciante, ao ponto de fazer a minha cabeça girar. Eu apenas afrouxo a gravata e tiro uns minutos de descanso. Até que meu estresse diário passa pela porta como um furacão.— Licença que eu já tô entrando — ele diz ao se aproximar da minha mesa, colocando alguns papéis em cima dela — E dê uma olhada nessa pasta, parece que outro caso chegou pra você, e aparentemente é um dos grandes. — Bom, vamos ver… — eu abro levemente a pasta, dando uma olhada por cima — Um homem foi acusado de assassinar a própria filha?— Algo do
Luna MedeirosTalvez eu e o Henry tenhamos avançado rápido demais em nossa relação. Mas ainda que eu queira negar, não consigo ficar mais nem um minuto longe dele — mesmo que a ordem certa na perspectiva da sociedade seria nos conhecermos melhor, ficarmos e só então namorar. Com o Henry não existe essa palavra no dicionário, já que falei que o certo seria nos conhecermos, mas ele disse que poderíamos fazer isso enquanto namorávamos.Eu entendo.Nem todo mundo vê um relacionamento casual com bons olhos, — e sinceramente? Eu gosto do preceito de namorar apenas alguém que você queira em sua vida de forma permanente. Henry parece ver as coisas desse modo também — mas ainda existe aquele medo dentro de mim. Tudo está diferente dessa vez, mas eu não sei o que sentir, só sei que meu coração quer estar perto dele, mesmo com o medo de que algo dê errado, mesmo com o passado me assustando. Ele me pergunta se aceito ser sua e me deixo cair na imensidão dos seus olhos… o que sinto agora não é