Capitulo 2

  Henry Mendonça

Eu estava na sala conversando com meus pais quando Soninha entrou para apresentar para nós a nova empregada e porra! Que caralho de mulher gostosa! Porra, quem é essa mulher? 

Fico hipnotizado pela sua beleza e a pele tão branca que me lembra uma porcelana e esses cabelos cor de fogo e os olhos... nossa, que olhos são esses? São de um azul que eu nunca vi na vida. Tão impressionantes, como uma jóia das mais raras... 

Merda, eu não sou assim… se recomponha, porra! Quando foi que você ficou perdido assim por uma mulher?

Saio do meu transe e sorrio para ela, ainda impactado com a ruiva à minha frente. Me levanto, indo até elas e dar um beijo em  minha Soninha. A mulher que eu tenho como uma segunda mãe, ela sempre cuidou de mim na minha infância. 

— Soninha, estava morrendo de saudades! — Abraço e a rodo como fazia quando era mais novo e ela começa a rir.

— Menino, me põe no chão! — Rio da cara que ela faz e, enquanto isso, a mulher misteriosa só nos observa séria.

— Ai, já estou velha para essas coisas, menino. — Diz com os olhos brilhando de alegria e o rosto vermelho de vergonha. 

— Imagina nós, Sônia, como acha que nós aguentamos? — Meu avô fala com uma expressão séria. 

“Pronto, baixou o advogado nele...", eu acabo pensando, enquanto os meus olhos reviram de leve, enquanto um arquear brota em meus lábios.   

Começo a rir.

— Bem, o papo está bom, mas eu vim aqui apresentar uma pessoa para vocês. Menina, vem aqui. — Ela fala apenas para aquela ruiva começar a andar em nossa direção. — Essa é a Luna, minha nova ajudante. — Mas o quê? Ela vai trabalhar aqui na casa dos meus avós? Fico olhando cada movimento seu, como um gavião pronto para atacar. Nesse momento algo muda, tudo em minha volta parece ficar mais lento como se o mundo estivesse em uma câmera lenta, e eu fico fascinado vendo-a sorrir, mas vejo algo triste e vazio em seus olhos. 

Fico hipnotizado por aquele olhar intenso e angustiado, enquanto  uma leve irritação me atinge, o que aconteceu com ela? Porque seus olhos são tão tristes? Isso desperta algo em mim, um desejo forte e intenso de cuidar dela.

Como advogado, eu tenho a obrigação de prestar atenção em todos os detalhes, a mulher à minha frente mascara seus sentimentos, mas eu? Consigo ver a tristeza no olhar dela, por mais que ela tente esconder. Notar essas coisas enquanto aquela vontade de protegê-la e mantê-la em um lugar que apenas eu possa ter acesso – para que nada nunca mais possa a afligir – me invade, me faz sentir sensações que eu nunca pensei que experienciaria antes como a corrente elétrica que passa por todo meu corpo, me fazendo arrepiar.

”Caralho, que sensação é essa?” Veio na minha mente, junto do pensamento de que aquela mulher parece um anjo, perfeita, triste e devastadoramente linda.

Mas… ela também é a empregada da casa dos meus avós – e eu tenho noção o suficiente para saber que isso é algo que coloca uma linha entre nós, ou melhor… um limite chamado: leis trabalhistas. 

Engulo em seco e tento tirar a atenção da mulher à minha frente por conta disso, no entanto, eu… não consigo por muito tempo. 

Meu cérebro parece entrar em colapso por um momento, porque quando eu olhei melhor para aquela ruiva, eu consegui ver todas as suas curvas marcadas naquele uniforme – o que me deixou puto, enquanto eu me perguntava quem tinha deixado ela trabalhar com uma roupa assim.

Ok. Eu vou me acalmar um pouco. Olhando com calma, esse  uniforme é o mesmo dos outros funcionários, mas  porque nela tem que ficar tão chamativo? Porra, essa mulher vai me foder!

— Prazer em conhecê-los. Como a dona Sônia falou, estou muito feliz em trabalhar aqui. — Ela dá um sorriso. Seus olhos vagueiam até onde estou, e me sinto ansioso e nervoso diante daquele olhar felino que parece vasculhar a minha alma. 

Ah… quando foi que me senti assim na frente de uma mulher? Fico louco só de imaginá-la sorrindo assim para mim em outros momentos.

— Menina, seja bem-vinda. Eu me chamo Ana Mendonça. — Minha avó fala com ela.

— O prazer é todo meu, dona Ana.

— Querida, nós é que ficamos felizes. E você é muito bonita, uma princesa, tem porte de modelo. — Minha avó fala e elas sorriem juntas.

— Obrigada, a senhora que é linda. — Ela fala envergonhada.

— Como é seu nome mesmo? 

— Luna Medeiros.  

Luna combina com ela...

— Lindo nome, e esse sorriso lindo, como a lua que ilumina tudo. — Vejo o sorriso dela se ampliar ainda mais. Assim que minha avó a elogia.

— Obrigada, mas… assim vou ficar com vergonha. — Todos começam a rir e eu a observo, completamente fascinado com qualquer coisa que ela faz. 

Essa porra não vai dar certo.

— Bom, vamos apresentar o resto da família para você. Este é meu marido, Manuel Mendonça. —  Minha avó começa as apresentações.

— Prazer em conhecê-lo, seu Manuel.

— O prazer é meu, Luna. Seja bem-vinda.

— Obrigada.

— Estes são meus filhos, Miguel, Gabriel e Valentina.

— É um prazer te conhecer, Luna. — Meus tios e meu pai falam juntos.

— O prazer é todo meu. 

— Agora vou te apresentar minhas noras. Esta é Rebecca, mulher do Gabriel, esta é Fernanda, mulher do Miguel. E este é meu genro Pedro, marido da Valentina.

— Prazer em conhecê-la. —  Logo em seguida eles respondem juntos.

— Bom, e estas são minhas netas. Lara e Luara, filhas do Gabriel, e esta é a Mia, filha do Miguel.

— Oi, é um prazer conhecer você. — As meninas falam para ela.

— Oi, o prazer é todo meu. — Sempre que minha avó a apresenta a alguém, vejo que ela fica mais vermelha. E a cada resposta que dá, a vejo sorrir.

— E esses são os meus netos, Igor, filho do Miguel, e Henry, filho do Gabriel. Os outros, depois você conhece, Luna.

— Prazer em conhecê-la, Luna. Já disseram que você é linda, mas não tem como não dizer novamente. — Igor fala para ela com a cara mais safada do mundo. 

Filho da puta! Quem ele acha que é para ficar dando em cima da Luna desse jeito?

Dou um murro no braço dele.

— Ai, Henry, tá doido, porra?

— Estou muito bem e cala a boca, Igor. — Falo para ver se esse  merda cala a boca, e direciono o meu olhar para ela. 

Porra, o que tá acontecendo comigo? Olha para o céu e respiro fundo, tentando me controlar.

— Sou Henry Mendonça. Prazer em conhecê-la.

Eu digo com a voz rouca, enquanto fico perdido naqueles olhos. Nunca vi nada parecido… Eles parecem me hipnotizar, a tristeza que antes habitavam neles foi substituída por algo ardente e intenso, eu sinto isso assim que a cumprimento e seus olhos me queimam por inteiro, como se me decifrassem apenas com um olhar. 

— O prazer é meu. — Ela diz com a voz baixa e sinto suas mãos frias e trêmulas quando as toco. 

— Seus olhos são impressionantes. — Acabo falando o que não saiu da minha mente. E me pergunto pela milésima vez, aonde foi parar o meu juízo? 

— Só os olhos, primo? Tá cego, é? Tudo nela é impressionante! — Igor fala, dando uma olhada nos peitos dela. Isso me deixa louco e dou logo um murro nesse idiota de novo, só para deixar de ser abusado.

— Ai, caralho! De novo, Henry? Não fodeu hoje, não é? — Faz uma cara de sofrido, esse falso do caralho.

— Não é da sua conta, seu merda. — A vontade que eu tenho é de mostrar para esse filho da puta como vou foder com ele hoje no tatame.

— Meninos, parem! — Meu pai pede sério.

— Ele me deu um soco! — Igor responde. E suspiro mais uma vez.

— Sinto muito, me desculpe pela indelicadeza. —  Digo formalmente, mas no fundo eu quero matar o Igor por me fazer perder a cabeça.

— Me desculpe por isso, Luna, não se incomode com o afeto excessivo do meu filho e sobrinho. — Meu pai diz descontraído, mas percebo no tom de voz a advertência pelo nosso comportamento.

— Não tem problema, seu Gabriel. — Luna diz, ainda com aquele arquear leve nos lábios. 

— Bom, agora que todo mundo já se conhece, vamos indo, Luna?

— Claro, dona Sônia, com licença.

— Vá indo na frente, Luna, já te encontro.

— Tudo bem. — Ela sai e fico louco, obcecado e viciado por mais dela. A vontade que tenho é tê-la na minha frente apenas lá, parada, me olhando com aqueles olhos hipnotizantes, e aquele sorriso que me faz querer descobrir qual gosto ela tem.

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