Luna Medeiros
Depois daquele episódio onde eu tive uma crise de pânico, tentei ao máximo me acalmar porque ainda tinha que ir para a faculdade. Não vejo a hora de me formar logo. Eu estou cada vez mais perto de ter o meu diploma, por isso me sinto cada vez mais ansiosa. Então, fui à faculdade, mas nem assim aqueles malditos olhos azuis saíam da minha cabeça.
O que está acontecendo com você, Luna? O que tem de diferente naquele homem que te fez se sentir assim?
Mesmo me perguntando isso milhares de vezes, eu ainda não sei como responder.
Voltando para casa, eu tentei tirar ele da minha cabeça, esquecê-lo, – mas logo me lembro de tudo que minha mãe e eu temos passado por causa do seu problema de saúde, e isso tem me tirado o sono há muito tempo.
Talvez fosse até melhor continuar pensando em Henry Mendonça. Ou era o que eu estava pensando antes de escutar de longe a voz da minha mãe me chamando.
— Oi, mãe. Como se sentiu hoje? Os remédios ainda estão te deixando sonolenta?
— Oi, filha, estou bem, não se preocupe, agora me conta como foram esses primeiros dias no trabalho? Desculpe por ter te deixado de lado esses dias.
— Mãe, a senhora não me deixou de lado, são os remédios, eu entendo. Ocorreu tudo bem, eles me receberam muito bem.
— Que bom, meu amor. Então, eles são tudo aquilo que falam deles? — Minha mãe pergunta o que todo mundo quer saber. E eu acabo sorrindo pela sua empolgação.
— Bom, uma boa parte sim, são muito rigorosos com a segurança, são educados, simpáticos e bem unidos.
— Nossa, que bom, eles parecem ser bem humildes, né?
— É, mãe, eles são, não tem essas frescuras que todo rico tem. E a senhora, como foi seu dia, passou bem? Dona Sônia sempre pergunta pela senhora e manda um beijo. — Decido parar de falar dos Mendonça e mudo de assunto.
— Hoje acordei bem melhor, filha, os remédios e o repouso estão fazendo efeito. Sônia é um anjo, nunca poderei agradecê-la totalmente por tudo.
— Graças a Deus, mãe. Você vai ver que logo vai ficar melhor.
— Deus te ouça, minha filha. — Ela diz com um sorriso fraco, — Vamos jantar?
— Vamos. Vou apenas tomar um banho. — Eu digo e dou um beijo em sua testa antes de sair para o banheiro.
Logo após o jantar com a minha mãe, nós conversamos mais um pouco sobre a faculdade, mas ela sempre voltava no assunto Mendonça por algum motivo, e eu sempre mudava de assunto em seguida, até que decidi ir para o meu quarto estudar um pouco. Eu tentei me concentrar, mas o moreno não saía da minha cabeça e isso se tornou uma coisa impossível.
— Droga, Luna, por que você está pensando nele? — Reclamo comigo mesma, estou ficando louca.
A noite passa devagar e eu foco em terminar alguns trabalhos da faculdade mesmo que os meus pensamentos sempre voltem para ele.
Eu precisava focar, mas como isso não parecia ser possível, eu decidi ir até o quarto da minha mãe e checá-la.
Quando eu entro em seu quarto, a vejo dormir, e isso me deixa um pouco aliviada. Eu ando sem fazer barulho, dou um beijo suave em sua testa e saio.
Volto para o meu quarto lembrando de tudo o que aconteceu esses dias e especialmente essa tarde.
Meu Deus, e se alguém tivesse entrado e nos visse juntos?
Não. Isso não pode acontecer.
Ele não pertence ao meu mundo, nem eu ao dele.
Eu seria apenas a sua próxima aventura; eu sei disso e é exatamente por isso que preciso manter esse homem longe de mim, custe o que custar.
Eu não posso me envolver com ele, tenho que pensar na minha mãe e no meu emprego.
Mas depois de passar horas batendo cabeça com trabalhos e uma mente totalmente dominada por pensamentos sobre Henry, eu ainda não havia chegado a uma solução e simplesmente… adormeço.
Acordo no dia seguinte com o som do despertador, e olhando ao redor vejo meu reflexo no espelho da mesinha ao lado da minha cama. Eu estou uma completa bagunça e isso está refletindo no meu corpo, eu levanto, tomo um banho e coloco a primeira roupa que encontro no guarda-roupa.
Saio do quarto direto para a cozinha e encontro minha mãe pondo a mesa.
— Bom dia, mãe. — Falo, dando um beijo nela.
— Bom dia, filha.
— Nossa, mãe, vou tomar café rápido, tenho que chegar cedo no trabalho.
— Você vai, mas só depois de se alimentar direito, ainda está cedo, não se preocupe e priorize sua saúde, por favor.
Ela pede e eu sorrio.
— Está bem, mãe.
De repente, o telefone começa a tocar e minha mãe sai para atender. Minutos depois, ela volta pálida, mas não fala nada, embora seja bem óbvio que algo aconteceu.
Levanto-me imediatamente preocupada com o seu estado.
— Mãe, você está bem?
— Estou, filha, é só o calor… — Ela diz e eu olho para ela e noto suas mãos trêmulas.
Está claro que é uma mentira.
— Mãe, não é o calor. Foi essa ligação que a senhora recebeu. Me diz, quem era?
— Não era ninguém, filha, era engano. — Ela insiste e eu vejo em seu rosto que ela está escondendo algo; eu não vou pressioná-la com isso, não, no seu estado, ela não pode ficar nervosa.
— Tá bom, mãe. Ainda está se sentindo mal? — Pergunto porque estou preocupada com ela e ela me dá um sorriso fraco, tentando me convencer de que está bem.
— Não, filha, já passou, estou bem agora, pode ir para o trabalho, vai ficar tudo bem.
— Tem certeza? Está bem mesmo?
— Sim, meu amor, eu estou bem, agora é melhor você ir, senão vai chegar atrasada.
Suspiro.
— Ok, eu já vou, mas se a senhora se sentir mal, me liga que eu venho correndo, ok? Você sabe que é a coisa mais importante pra mim.
Ela coloca uma mão sobre a minha, enquanto sorri.
— Está bem, filha, eu te amo, vai com Deus.
— Eu também te amo, mãe. — Respondo enquanto abraço ela e a beijo.
Eu infelizmente não podia continuar em casa, então saio decidida a descobrir quem que ligou e o que foi dito para deixá-la assim. Eu não iria insistir e perguntar a ela — mas ainda iria descobrir.
Meia hora depois e aqui estou, dentro do ônibus que pego todos os dias, fora a longa caminhada que ainda tenho pela frente até chegar na casa dos Mendonça. Mas não reclamo, eu sei que logo essa realidade vai mudar e no momento é toda essa jornada que garante o tratamento e os remédios da minha mãe.
Ao chegar na casa dos Mendonça, assim que entro vejo dona Sônia e a cumprimento.
— Bom dia, dona Sônia.
— Bom dia, menina.
— Você parece feliz, dona Sônia, aconteceu algo de especial?
— Que nada, menina, eu sou assim mesmo e você, como está a sua mãe?
— Graças a Deus, ela está bem melhor.
— Que bom, meu anjo.
— Essa casa está num silêncio… é sempre assim? Ninguém diz que naquele dia estava uma agitação.
— É, Luna, quando meus meninos não estão aqui, fica assim, um silêncio danado, mas não se acostuma não, daqui a pouco eles chegam. —Ela fala sorrindo e eu acabo rindo também. Essa dona Sônia ama os meninos dela.
— Dona Sônia, você nunca me falou da sua família. Mamãe também não é muito de falar sobre o relacionamento de vocês duas. — Comento e ela sorri.
— Ahhhh, menina, eu tenho família, os Mendonça são a minha família, já que eu não tive filhos, mas a Rebecca, mulher do Gabriel, é minha sobrinha. Suas mãe tem os motivos dela, meu bem, Sophia sempre foi assim.
— Sério? Não sabia que Rebecca era sua sobrinha. Mas é… minha mãe é assim mesmo.
— Pois é, meu irmão é casado com a mãe dela, eles tiveram dois filhos, o Renan e a Rebecca.
— Então está tudo em família.
— Pois é, menina, mas vamos começar a arrumar essas coisas, depois que os meninos chegam, minha cozinha vira uma zona de guerra. — Ela diz mudando de assunto e eu sinto algo estranho me incomodar, mesmo assim, acabo rindo junto com ela.
A tarde passa tão depressa que nem vejo o tempo passar. Diferente das outras casas nas quais já trabalhei, essa é a mais calma, fora os patrões que são maravilhosos e entendem que faço faculdade. Eles sabem que tenho que sair mais cedo algumas vezes durante a semana e isso ajuda muito.
Nossa, tenho que ir logo embora, senão acabo chegando atrasada na faculdade.
Eu penso, mas logo quando estou saindo, esbarro em alguém.
— Me desculpa, eu não... — Paro de falar quando olho para cima e percebo quem está na minha frente.
— Não tem problema, Luna, ainda não.
— Como é?
— Vou ser direto. Eu quero você. — Ele diz com aquele tom autoritário — Mas acredite, Luna, eu não quero machucá-la. Você não sabe o quanto é difícil querer alguém assim… Por mais que a deseje como um louco — murmura — Não posso fazer isso com você. É por isso que quero que você vá embora daqui e não volte mais para trabalhar.
Oi? não acredito no que acabei de escutar. Ele é louco ou o quê?
— Dr. Henry, não estou entendendo o que o senhor está querendo dizer. — Digo ainda pasma com a falta de noção desse homem. O que ele tem de gostoso, tem de doido.
— Você entendeu muito bem, quero que não volte mais aqui. Fui claro?
Esse homem definitivamente é louco. É a única explicação.
— Dr. Henry, vou ser sincera com o senhor, preciso do trabalho, minha mãe está doente e não vou sair só porque o senhor quer. — Eu digo de forma direta, já me estressando.
Alguém tem que impor limites nesse homem! Ele não pode fazer tudo o que pensa só porque é bonito e tem esses olhos… quê? Foco, Luna!
— Luna... porra, eu só quero o seu bem. — Ele grunhe — É melhor você fazer o que estou te pedindo, vai ser melhor assim, senão você vai se machucar… nós dois vamos. — Ele fala como se estivesse com dor. E eu sinto meu coração apertar.
— Você está se escutando? — Pergunto incrédula — Está me ameaçando? Porque se estiver, eu não tenho medo do senhor e mais uma vez vou dizer: NÃO VOU SAIR DO EMPREGO! ISSO É LOUCURA! — Acabo gritando com esse idiota, mas porra, quem ele pensa que é? Para me pedir para ir embora assim? Ele acha que dinheiro cai do céu? Que você encontra um emprego a cada esquina no Brasil? Em que mundo esse homem vive? Porque certamente não é o mesmo que eu.
Mas antes que eu tenha tempo de terminar a minha linha de pensamento, percebo que já estou presa contra a parede.
— Luna… não complique ainda mais as coisas… — ele rosna — Se soubesse tudo que eu quero fazer com você agora… SÓ VÁ EMBORA E NÃO VOLTE MAIS! — Ele grita suplicante.
— VOCÊ QUE É LOUCO! SE ACHA QUE PODE MANDAR EM MIM, ESTÁ MUITO ENGANADO, E ME SOLTA! — Rujo — VOCÊ ME DIZ ISSO TUDO E AGORA GRITA COMIGO PARA QUE EU VÁ EMBORA DO EMPREGO? EU NÃO ENTENDO VOCÊ, HENRY!
Minhas palavras saem cheias de raiva e o bastardo fica só me olhando com esse olhar sombrio. Eu sinto como se ele estivesse se segurando para não me devorar ali mesmo.
— Vou te avisar mais uma vez, Luna, quero que vá embora, é para o seu bem. Se é pelo dinheiro, não fique preocupada, eu pago até o dobro do que a minha avó te paga, só para você ir embora. Só faça o que eu te peço, por favor.
Ele ainda assim insiste e eu solto um riso sem vida e bufado.
Isso tem que ser uma piada.
— Como é? EU NÃO QUERO O SEU DINHEIRO. VOCÊ PENSA QUE EU SOU O QUÊ, UMA PUTA? — Falo furiosa e enojada, Henry Mendonça é realmente um idiota prepotente!
— VOCÊ NÃO ENTENDE QUE EU ESTOU FAZENDO ISSO PARA O SEU BEM? CARALHO! VOCÊ VAI EMBORA SIM! E NÃO VAI VOLTAR MAIS, ME ENTENDEU? SE VOCÊ VOLTAR, IRÁ SE ARREPENDER DISSO, PORQUE EU JURO, LUNA, VOU FAZÊ-LA SOFRER! — O bastardo me ameaça e sai, me deixando assim, sem entender nada do que acabou de acontecer.
Droga, as lágrimas apenas surgem e eu começo a chorar.
— IDIOTA, IMBECIL QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA ME HUMILHAR ASSIM?
Eu grito, mas já não importa mais, ele não está ali, não tem ninguém ali. Eu estou sozinha, humilhada e largada outra vez.
As lágrimas vem antes que eu consiga controlar e eu choro em silêncio por horas até chegar em casa.
Eu me deito porque no fim, eu só quero esquecer tudo o que passei, mas nem mesmo isso parece me ajudar.
Eu não sei bem como cheguei em casa, tudo está uma completa confusão dentro de mim, minha mente parece prestes a desligar. A raiva, a tristeza e aquela dor agonizante que eu sentia no peito, pareciam se abraçar para me enlouquecer e o meu corpo já não me atendia direito.
Nada parecia funcionar e a cada segundo que passava, minha cabeça parecia focada em me torturar, em me lembrar.
Eu deveria ter ido para a faculdade, mas não consegui, eu falhei de novo, como falhei daquela vez. Eu fiz tudo errado.
E enquanto esses malditos pensamentos invadiam minha cabeça, eu me dei conta. Henry, mesmo sem ter noção, me trouxe aquelas lembranças do passado; e de repente, eu estava lá de novo. Eu sentia aquela dor de novo.
Eu começo a chorar e a gritar pela minha mãe, a droga de outra crise de pânico está para começar, e com falta de ar eu me desespero e começo a arranhar meus braços numa tentativa falha de que a dor me traga de volta para a realidade e me leve para longe dos sentimentos que começam a me sufocar.
Eu só quero que pare.
Tem que parar.
Eu não aguento mais.
— MÃE… MÃE...!
— Filha, o que você... — Ela para de falar quando percebe o meu estado e vem para o meu lado.
— MÃE… E… EU T... TÔ COM… COM FALTA DE A... AR.
Começo a soluçar e a gaguejar, tudo ao mesmo tempo. E quando me dou conta, eu não sei mais onde focar, não sei como pensar. Eu só quero que tudo pare, só quero ficar longe dessa m*****a sensação de que eu estou sempre errada.
Eu não quero ouvir.
Não quero falar.
Eu não quero mais continuar, não quero viver.
Seria mais fácil se eu não estivesse ali.
Seria mais fácil se eu nunca tivesse nascido.
— Filha, olha para a mamãe, respira fundo, eu estou aqui com você. — Ela diz e eu me lembro.
Eu tenho minha mãe.
Eu não posso.
Não posso parar.
Não posso desistir.
Eu me forço a continuar e começo a respirar fundo, no início com muita dificuldade, mas aos poucos, o ar parece entrar novamente em meus pulmões e eu vou lentamente me acalmando. E aquela sensação de que o mundo inteiro iria me destruir vai passando, a vontade de simplesmente desistir vai sumindo, mas eu continuo chorando por tudo o que passei naquela noite e por hoje.
— Mãe, fica comigo, não me deixa só, por favor… — eu peço com a voz embargada e ela sorri pra mim, um sorriso doce pelo qual eu faria qualquer coisa.
— Vou ficar aqui com você, meu anjo, agora durma, mamãe está aqui. — Ela diz e eu acabo dormindo nos braços dela, com a esperança de que um dia vou esquecer tudo aquilo que aquele monstro fez comigo anos atrás. Eu só queria poder esquecer tudo, ou pelo menos não sentir mais.
Henry MendonçaAssim que saí do escritório, a única coisa que eu queria era chegar logo em casa e tomar um longo banho, mas como sempre, nada na minha vida acontece como eu quero, já que eu tenho uma pedra no meu caminho e essa pedra se chama Igor Mendonça. E claro que quando eu entrei em casa, a primeira coisa que eu encontrei foi ele muito bem sentado no meu sofá, como se fosse a porra do dono do lugar.— Não sabia que eu tinha visita. — Entro, batendo a porta com força e o desgraçado sorri.— Calma, cara, vim aqui te chamar para dar uma volta.— Não estou muito afim, Igor.— Ahhhh... Cara, fala sério, vai ser divertido.— É sério, Igor, não estou afim. — Falo, me jogando no sofá.— Ahhh... Moreno, não se faz de difícil comigo. — Ele diz, zoando com a minha cara e eu o fulmino com o olhar.— Vai se ferrar, Igor, já disse que não. Eu disse, porque ele já ia começar com a putaria. — Me fala, isso é pela conversa que tivemos na casa da vovó?— Também.— Também? E qual é o outro mot
Luna Medeiros A noite de ontem foi horrível, a briga com o Henry mexeu comigo, e o jeito que ele falou me trouxe lembranças que eu sempre quis esquecer, enterrar no mais profundo do meu consciente, mas ainda não consigo. O passado ainda é uma área delicada da minha vida, e eu sei que não estou bem há anos, mas não consigo encarar todos os meus medos e traumas de frente.É difícil ter que admitir isso tudo e por mais que eu saiba que preciso, sim, de tratamento psicológico — não tenho tempo e nem dinheiro para isso. Eu tenho que cuidar da minha mãe, tenho que terminar minha faculdade, tenho que fazer coisas demais por mim e por ela. São prioridades nas quais os meus problemas relacionados ao meu passado não podem se intrometer. Ainda assim, eu decidi que não vou dar esse gosto para ele; não vou desistir. Por mais que aquela briga tenha acabado comigo. Não. Eu preciso do trabalho e não vou deixar mais homem nenhum me tratar assim. Ele até pode achar que está fazendo o melhor para mim
Henry MendoçaA Luna vai ser minha, ela quer tanto quanto eu, vejo em seus olhos e sei que ela também sente esse magnetismo que nos leva até o outro.Não vou desistir, eu tentei lutar contra isso, e acabei sendo impulsivo por achar que estava fazendo a coisa certa, mas depois de sentir o gosto dela, não posso perdê-la.Mesmo com uma papelada enorme para ser analisada, é difícil esquecer o beijo que dei nela… porque Luna parecia uma droga no meu organismo, completamente viciante, ao ponto de fazer a minha cabeça girar. Eu apenas afrouxo a gravata e tiro uns minutos de descanso. Até que meu estresse diário passa pela porta como um furacão.— Licença que eu já tô entrando — ele diz ao se aproximar da minha mesa, colocando alguns papéis em cima dela — E dê uma olhada nessa pasta, parece que outro caso chegou pra você, e aparentemente é um dos grandes. — Bom, vamos ver… — eu abro levemente a pasta, dando uma olhada por cima — Um homem foi acusado de assassinar a própria filha?— Algo do
Luna MedeirosTalvez eu e o Henry tenhamos avançado rápido demais em nossa relação. Mas ainda que eu queira negar, não consigo ficar mais nem um minuto longe dele — mesmo que a ordem certa na perspectiva da sociedade seria nos conhecermos melhor, ficarmos e só então namorar. Com o Henry não existe essa palavra no dicionário, já que falei que o certo seria nos conhecermos, mas ele disse que poderíamos fazer isso enquanto namorávamos.Eu entendo.Nem todo mundo vê um relacionamento casual com bons olhos, — e sinceramente? Eu gosto do preceito de namorar apenas alguém que você queira em sua vida de forma permanente. Henry parece ver as coisas desse modo também — mas ainda existe aquele medo dentro de mim. Tudo está diferente dessa vez, mas eu não sei o que sentir, só sei que meu coração quer estar perto dele, mesmo com o medo de que algo dê errado, mesmo com o passado me assustando. Ele me pergunta se aceito ser sua e me deixo cair na imensidão dos seus olhos… o que sinto agora não é
Henry MendonçaFinalmente ela disse sim!A noite apenas tinha acabado de começar, mas eu ainda posso sentir o cheiro dela em meu corpo, ao ponto de fazer a minha cabeça girar, enquanto imagino ela nos meus braços. “Como alguém pode querer tanto uma pessoa assim em tão pouco tempo?” Acabou vindo à minha mente, porque tudo em mim chama por ela, e isso até agora parece loucura para mim — principalmente pelo fato de que eu faria qualquer coisa para fazê-la feliz. E agora eu posso porque ela é minha. Só minha. Mas assim que chego em casa, percebo que a noite vai ser longa, porque não paro de pensar nela um só minuto.Ou pelo menos, foi o que eu pensei, até ser pego de surpresa por alguém — vulgo, o meu estresse diário. — Caralho, Igor, está fazendo o quê aqui? — Acabo levando um susto com esse imbecil sentado no meu sofá, no escuro, como se fosse uma assombração.— Te esperando.— Me esperando para quê, porra? Virou esposa de filme de terror agora?— Estava com saudade de você, moreno
Clara D'LeonMas que merda! Tinha que ser aquela desgraçada! Desde que consegui ter minha tão sonhada noite com Henry, eu achei que tudo estaria resolvido, e que não demoraria muito para eu conseguir ele para mim, mas não… aquela sem classe tinha que estragar tudo na minha vida! Aquela desgraçada!Ela sempre fica no meu caminho, mas não dessa vez, Luna Medeiros! Você não vai ficar com o homem da minha vida! Ele é só meu!— Eu serei a futura senhora Mendonça e ninguém mais! Se para isso, tiver que te tirar do caminho, eu farei, ou eu não me chamo Clara D'Leon! — Eu acabo resmungando, enquanto cerro os meus punhos e penso em acabar com a vida daquela vadia! E por sorte, o meu apartamento não é tão longe do de Henry, então eu logo cheguei no meu apartamento e lembrei que preciso lidar com o Igor. “Achei que ele estaria do meu lado para conquistar o Henry, mas não... ele preferiu a morta de fome!” Acabo pensando, enquanto me pergunto o que todo mundo vê naquela mulherzinha sem sal! Ela
Alan D'LeonDefinitivamente minha irmã está louca!Querer comparar o que eu sinto pela Luna e chamar de doença é demais! O que ela sente pelo Henry isso, sim, é uma doença! A garota é louca!Mas até que o plano dela não é tão ruim assim — isso eu tenho que admitir — e saber que eu vou ter a Luna nos meus braços de novo, também é algo que… me faz querer ajudar a minha irmã em toda essa doideira dela — porque é algo que eu sempre quis, desde aquele dia, onde tudo mudou. E claro, eu não podia ignorar o quão surpreso fiquei quando soube que ela está com o Henry, a minha mulher! Eu fui o primeiro namorado dela, e eu vou ser o primeiro homem da vida dela. EU! Não o filho da puta do Mendonça.Eu e Henry estudamos juntos na escola, ele sempre foi o melhor, o mais amado… tudo que eu queria, o Henry tinha e tudo que era meu, ele pegava para ele. Sempre competindo comigo em tudo, em quem era o melhor! Como por exemplo, enquanto eu fazia faculdade aqui no Brasil, ele fez no exterior! E tudo iss
Luna MedeirosJá se passaram duas semanas desde que comecei a me relacionar com o Henry! E cada vez mais, me sinto mais apaixonada por esse homem. Meu coração falta sair pela boca quando o vejo, e quando ele me toca e me beija, sinto milhares de borboletas na minha barriga. É tão estranho, é como se o Henry estivesse marcado na minha pele, na minha mente e na minha alma. Mas ainda temos um problema, minha mãe.Bom.Ao menos era um problema para mim. Nunca imaginei que logo a minha mãe iria me pedir algo assim — mas ela pediu e agora eu me sinto pisando em ovos toda vez que ela pergunta algo sobre o Henry.Claro, eu entendo os seus motivos, mas nem todas as pessoas são iguais e ela julgar o Henry dessa forma me deixa triste.Mas também têm outra coisa da qual eu não posso correr, e isso é o fato de que eu preciso conhecer oficialmente os pais do Henry. Ele vem me cobrando isso há dias, e eu sei que não dá mais para evitar. Como é mesmo que ele disse?"Se eu já conheci a mãe da minh