Capitulo 3

 Luna Medeiros

Depois de ter ajudado dona Sônia com as coisas na cozinha, eu fui arrastada mais uma vez para o meio dos Mendonça, e céus… é impressionante como a genética dos Mendonça é boa, eles são muito parecidos. Lindos. E a característica principal são os olhos azuis. Mas eu ainda não consigo parar de pensar no homem que veio falar com dona Sônia. Ele tem muito carinho por ela, era nítido.

Mas… eu também não consegui tirar da minha cabeça a forma que ele me olhou… porque eu comecei a sentir coisas estranhas. 

Senti o meu coração acelerar como louco quando aqueles olhos que pareciam dois topázios me encararam de forma intensa, enquanto eu sentia um calor preencher todo o meu corpo, principalmente no meu rosto. 

Só que para minha sorte – ou melhor, graças a Deus – dona Ana veio falar comigo e tirei minha atenção dele,caso contrário… acho que eu iria enlouquecer. 

Mas quem disse que eu consegui me manter muito tempo longe daquele homem? Porque assim que dona Ana começou a me puxar de um lado para o outro como se eu fosse uma boneca, eu acabei parada de frente para o homem mais bonito que já vi, seu jeito confiante deixa meu coração acelerado.  

E olhando bem… consegui ver quem é o homem misterioso. 

Era Henry Mendonça.

E quem não o conhece?

Se falam da beleza dos pais, ele puxou tudo e mais um pouco. Sem falar na fama de pegador – que eu, honestamente, consegui entender muito bem porque ele a tinha.

O dia passou tão depressa que logo escureceu e fui para casa. Cansada, mas feliz porque agora eu e minha mãe ficaremos bem. 

Sempre que chego em casa encontro minha mãe me esperando, só que hoje foi diferente… porque ela estava dormindo no sofá com uma expressão tranquila em seu rosto – coisa que eu não via há algum tempo. 

Então, fechando a porta da sala com cuidado, pego a manta que está enrolada em seu pés, a cobrindo. Sorrio acariciando sua cabeça e saio para não acordá-la.

Mas assim que eu cheguei no meu quarto, a única coisa que povoava meus pensamentos foi Henry Mendonça, que ficava aparecendo na minha mente com aquele sorriso, e… aquele cabelo jogado para trás, que ficava lindo nele – apesar de que, com aquela beleza toda, aquele homem devia ficar bonito até vestindo um saco de batatas. 

Eu quase não consegui dormir enquanto pensava sobre isso, e ficava feliz que provavelmente eu poderia o ver de novo no dia seguinte, mesmo que… de longe. Mas quando eu fui notar, estava muito tarde, e eu? Ia poder ter no máximo umas 6 horas de sono, se eu tivesse sorte, então… eu tive que me forçar a dormir o mais rápido que podia, apenas para acordar com o despertador quase que no pulo. 

Saio cedo de casa e deixo o café pronto para a minha mãe, e vou direto para o trabalho, sentindo o meu coração disparado por conta da pressa que me invadiu com tudo.  

E assim que chego na frente da mansão – a tempo, graças a tudo de mais sagrado – vejo um carro de luxo entrar, e algo me diz que sei muito bem quem é o dono desse carro.

Entro na cozinha e me deparo com dona Sônia com tudo pronto para pôr a mesa de café da manhã.

— Bom dia, dona Sônia. — Digo sorrindo, indo até ela e dou-lhe um beijo na bochecha.

— Bom dia, menina, vejo que hoje está feliz. — Fala sorrindo para mim.

— E como eu não estaria? Estou feliz porque sinto que tudo vai melhorar.

— Com certeza, mas sabe porque? Você se esforça para isso. —  Diz e concordo.

— Vou me trocar e encontro a senhora na sala de jantar, tudo bem?

— É claro, já deixei tudo preparado, só faltam essas coisas. 

Quando ela vai saindo, me lembro de avisá-lá que terei que sair mais cedo.

— Dona Sônia, quase me esqueci, vim mais cedo porque terei que sair meia hora antes do meu horário normal, tenho um trabalho da faculdade para apresentar, tem algum problema?

— É claro que não. Nesse horário da tarde só ficam a dona Ana e seu Manuel na mansão, então não tem problema, só me avise antes, caso eles precisem de algo.

— É claro.

Falo e a vejo sair e vou para o quarto de empregada para me trocar.

E assim que entro na sala de jantar, eu o vejo, lindo, do mesmo jeito que me lembrava. O que mais me atrai num homem é o olhar. O olhar muitas vezes te diz mais do que um gesto ou um monte de palavras sem significado, e os olhos dele me dizem muito. Fico do lado da dona Sônia e começamos a servir o café da manhã, assim que paro do lado dele sinto todos os pelos do meu corpo se arrepiarem, e só fico mais nervosa ainda com a forma que ele me encara.

— Café ou suco, senhor? — Pergunto nervosa e sinto minhas mãos trêmulas.

— Café puro — ele sorri ao dizer – E me chame de Henry, por favor, quando me chama de senhor, eu me sinto velho que nem o meu pai. — Acabo rindo quando ele diz, enquanto sirvo uma xícara de café, e nesse momento… odeio a forma como o meu corpo responde a ele. Minhas mãos traidoras não param de tremer, estou vendo a hora que irei derramar o café todo nele…

No entanto, para minha total surpresa, ele apenas toma de uma das minhas mãos o bule de café juntamente com a xícara e ele mesmo se serve. Mas, mesmo que rapidamente, eu sinto aquela mesma onda de energia passear por nós dois.

— Sinto muito, senhor… Não sei o que houve comigo. — Falo, enquanto me pergunto o que está acontecendo comigo.

— Já disse, me chame de Henry, não se preocupe com isso, não foi nada.

Sorrio agradecida e vejo dona Sônia me chamando, saio apressada, querendo me libertar desse turbilhão de sentimentos.

— Tudo bem, menina? Você está vermelha, Henry disse alguma coisa? — Pergunta preocupada e me abano, indo até a geladeira da cozinha para beber um pouco de água.

— Está tudo bem, dona Sônia, ele só pediu para chamá-lo pelo nome. Aqui está um calor, não é? — Falo bebendo mais água.

Esse homem… vai me fazer enlouquecer alguma hora!

— Ahhh, então é isso? Se ele pediu, não vejo problema, todos os Mendonça são assim. — Dona Sônia diz ao colocar a mão em meu ombro. — Mas, menina… a temperatura está normal, está se sentindo mal?

—  Não, dona Sônia, estou bem, não tem com que se preocupar. —  Sorrio. 

Luna, sua mentirosa, você só está com a buceta pegando fogo! Mas tirando isso? Tudo normal…

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