Luna Medeiros
Depois de ter ajudado dona Sônia com as coisas na cozinha, eu fui arrastada mais uma vez para o meio dos Mendonça, e céus… é impressionante como a genética dos Mendonça é boa, eles são muito parecidos. Lindos. E a característica principal são os olhos azuis. Mas eu ainda não consigo parar de pensar no homem que veio falar com dona Sônia. Ele tem muito carinho por ela, era nítido.
Mas… eu também não consegui tirar da minha cabeça a forma que ele me olhou… porque eu comecei a sentir coisas estranhas.
Senti o meu coração acelerar como louco quando aqueles olhos que pareciam dois topázios me encararam de forma intensa, enquanto eu sentia um calor preencher todo o meu corpo, principalmente no meu rosto.
Só que para minha sorte – ou melhor, graças a Deus – dona Ana veio falar comigo e tirei minha atenção dele,caso contrário… acho que eu iria enlouquecer.
Mas quem disse que eu consegui me manter muito tempo longe daquele homem? Porque assim que dona Ana começou a me puxar de um lado para o outro como se eu fosse uma boneca, eu acabei parada de frente para o homem mais bonito que já vi, seu jeito confiante deixa meu coração acelerado.
E olhando bem… consegui ver quem é o homem misterioso.
Era Henry Mendonça.
E quem não o conhece?
Se falam da beleza dos pais, ele puxou tudo e mais um pouco. Sem falar na fama de pegador – que eu, honestamente, consegui entender muito bem porque ele a tinha.
O dia passou tão depressa que logo escureceu e fui para casa. Cansada, mas feliz porque agora eu e minha mãe ficaremos bem.
Sempre que chego em casa encontro minha mãe me esperando, só que hoje foi diferente… porque ela estava dormindo no sofá com uma expressão tranquila em seu rosto – coisa que eu não via há algum tempo.
Então, fechando a porta da sala com cuidado, pego a manta que está enrolada em seu pés, a cobrindo. Sorrio acariciando sua cabeça e saio para não acordá-la.
Mas assim que eu cheguei no meu quarto, a única coisa que povoava meus pensamentos foi Henry Mendonça, que ficava aparecendo na minha mente com aquele sorriso, e… aquele cabelo jogado para trás, que ficava lindo nele – apesar de que, com aquela beleza toda, aquele homem devia ficar bonito até vestindo um saco de batatas.
Eu quase não consegui dormir enquanto pensava sobre isso, e ficava feliz que provavelmente eu poderia o ver de novo no dia seguinte, mesmo que… de longe. Mas quando eu fui notar, estava muito tarde, e eu? Ia poder ter no máximo umas 6 horas de sono, se eu tivesse sorte, então… eu tive que me forçar a dormir o mais rápido que podia, apenas para acordar com o despertador quase que no pulo.
Saio cedo de casa e deixo o café pronto para a minha mãe, e vou direto para o trabalho, sentindo o meu coração disparado por conta da pressa que me invadiu com tudo.
E assim que chego na frente da mansão – a tempo, graças a tudo de mais sagrado – vejo um carro de luxo entrar, e algo me diz que sei muito bem quem é o dono desse carro.
Entro na cozinha e me deparo com dona Sônia com tudo pronto para pôr a mesa de café da manhã.
— Bom dia, dona Sônia. — Digo sorrindo, indo até ela e dou-lhe um beijo na bochecha.
— Bom dia, menina, vejo que hoje está feliz. — Fala sorrindo para mim.
— E como eu não estaria? Estou feliz porque sinto que tudo vai melhorar.
— Com certeza, mas sabe porque? Você se esforça para isso. — Diz e concordo.
— Vou me trocar e encontro a senhora na sala de jantar, tudo bem?
— É claro, já deixei tudo preparado, só faltam essas coisas.
Quando ela vai saindo, me lembro de avisá-lá que terei que sair mais cedo.
— Dona Sônia, quase me esqueci, vim mais cedo porque terei que sair meia hora antes do meu horário normal, tenho um trabalho da faculdade para apresentar, tem algum problema?
— É claro que não. Nesse horário da tarde só ficam a dona Ana e seu Manuel na mansão, então não tem problema, só me avise antes, caso eles precisem de algo.
— É claro.
Falo e a vejo sair e vou para o quarto de empregada para me trocar.
E assim que entro na sala de jantar, eu o vejo, lindo, do mesmo jeito que me lembrava. O que mais me atrai num homem é o olhar. O olhar muitas vezes te diz mais do que um gesto ou um monte de palavras sem significado, e os olhos dele me dizem muito. Fico do lado da dona Sônia e começamos a servir o café da manhã, assim que paro do lado dele sinto todos os pelos do meu corpo se arrepiarem, e só fico mais nervosa ainda com a forma que ele me encara.
— Café ou suco, senhor? — Pergunto nervosa e sinto minhas mãos trêmulas.
— Café puro — ele sorri ao dizer – E me chame de Henry, por favor, quando me chama de senhor, eu me sinto velho que nem o meu pai. — Acabo rindo quando ele diz, enquanto sirvo uma xícara de café, e nesse momento… odeio a forma como o meu corpo responde a ele. Minhas mãos traidoras não param de tremer, estou vendo a hora que irei derramar o café todo nele…
No entanto, para minha total surpresa, ele apenas toma de uma das minhas mãos o bule de café juntamente com a xícara e ele mesmo se serve. Mas, mesmo que rapidamente, eu sinto aquela mesma onda de energia passear por nós dois.
— Sinto muito, senhor… Não sei o que houve comigo. — Falo, enquanto me pergunto o que está acontecendo comigo.
— Já disse, me chame de Henry, não se preocupe com isso, não foi nada.
Sorrio agradecida e vejo dona Sônia me chamando, saio apressada, querendo me libertar desse turbilhão de sentimentos.
— Tudo bem, menina? Você está vermelha, Henry disse alguma coisa? — Pergunta preocupada e me abano, indo até a geladeira da cozinha para beber um pouco de água.
— Está tudo bem, dona Sônia, ele só pediu para chamá-lo pelo nome. Aqui está um calor, não é? — Falo bebendo mais água.
Esse homem… vai me fazer enlouquecer alguma hora!
— Ahhh, então é isso? Se ele pediu, não vejo problema, todos os Mendonça são assim. — Dona Sônia diz ao colocar a mão em meu ombro. — Mas, menina… a temperatura está normal, está se sentindo mal?
— Não, dona Sônia, estou bem, não tem com que se preocupar. — Sorrio.
Luna, sua mentirosa, você só está com a buceta pegando fogo! Mas tirando isso? Tudo normal…
Luna Medeiros Depois do episódio na sala de jantar, não o vi mais nem mesmo no almoço, dona Sônia que levou seu almoço para o escritório, e lá ele ficou durante toda a tarde. Fiquei tão perdida em pensamentos que me esqueci totalmente das horas e vi que iria me atrasar para a apresentação.— Droga! — Xingo vendo que vai ser impossível pegar um ônibus e metrô, e ainda chegar na hora, o que eu faço? — Tudo bem, menina? — Na hora me dou conta da dona Sônia e dele sentados à mesa da cozinha, ele toma uma xícara de café enquanto me encara como se quisesse me devorar. — Está, sinto muito pelo linguajar. — Acabo dizendo depois que coloco a minha cabeça (mesmo que levemente) no lugar.— Não parece tudo bem. Algum problema? — Henry diz e fico mais nervosa ainda, porque ele falou com aquela voz rouca que mal parecia real.— É que acabei me atrasando, tenho uma apresentação de um trabalho e não vou conseguir chegar a tempo.— Não seja por isso, eu levo você. — Diz, se levantando e percebo qu
Henry MendonçaMas que merda!Fico me perguntando o que eu estava pensando para encurralar essa menina e dizer o que eu disse.Droga! Tenho que parar de pensar nela! Reúno todas as minhas forças e saio da despensa sem me verem, devo ficar longe dessa mulher ou então ela será a minha ruína.— Henry. — Viro e dou de cara com o meu pai.— Pai? — Falo um tanto surpreso, afinal… eu não esperava ver ele hoje…— Quero falar com você lá no escritório. Vamos, seu tio e seu primo estão nos esperando.— Certo…. — Fiquei um tanto desconfiado ao ouvir aquelas palavras do meu pai, mesmo assim, fui até o escritório com ele (e ali já percebi que a conversa não seria nada boa).— Sentem-se. — Meu tio fala com uma expressão séria.— Bom, eu vou ser direto no assunto.— Pode dizer, pai.— Eu quero tanto você quanto o Igor longe da Luna. — Ele aponta para nós dois. Mas que porra é essa? Eu virei um adolescente para ser repreendido desse jeito?— Posso saber o porquê disso, tio? — Meu tio vira para o Ig
Luna MedeirosDepois daquele episódio onde eu tive uma crise de pânico, tentei ao máximo me acalmar porque ainda tinha que ir para a faculdade. Não vejo a hora de me formar logo. Eu estou cada vez mais perto de ter o meu diploma, por isso me sinto cada vez mais ansiosa. Então, fui à faculdade, mas nem assim aqueles malditos olhos azuis saíam da minha cabeça. O que está acontecendo com você, Luna? O que tem de diferente naquele homem que te fez se sentir assim?Mesmo me perguntando isso milhares de vezes, eu ainda não sei como responder. Voltando para casa, eu tentei tirar ele da minha cabeça, esquecê-lo, – mas logo me lembro de tudo que minha mãe e eu temos passado por causa do seu problema de saúde, e isso tem me tirado o sono há muito tempo. Talvez fosse até melhor continuar pensando em Henry Mendonça. Ou era o que eu estava pensando antes de escutar de longe a voz da minha mãe me chamando.— Oi, mãe. Como se sentiu hoje? Os remédios ainda estão te deixando sonolenta?— Oi, filh
Henry MendonçaAssim que saí do escritório, a única coisa que eu queria era chegar logo em casa e tomar um longo banho, mas como sempre, nada na minha vida acontece como eu quero, já que eu tenho uma pedra no meu caminho e essa pedra se chama Igor Mendonça. E claro que quando eu entrei em casa, a primeira coisa que eu encontrei foi ele muito bem sentado no meu sofá, como se fosse a porra do dono do lugar.— Não sabia que eu tinha visita. — Entro, batendo a porta com força e o desgraçado sorri.— Calma, cara, vim aqui te chamar para dar uma volta.— Não estou muito afim, Igor.— Ahhhh... Cara, fala sério, vai ser divertido.— É sério, Igor, não estou afim. — Falo, me jogando no sofá.— Ahhh... Moreno, não se faz de difícil comigo. — Ele diz, zoando com a minha cara e eu o fulmino com o olhar.— Vai se ferrar, Igor, já disse que não. Eu disse, porque ele já ia começar com a putaria. — Me fala, isso é pela conversa que tivemos na casa da vovó?— Também.— Também? E qual é o outro mot
Luna Medeiros A noite de ontem foi horrível, a briga com o Henry mexeu comigo, e o jeito que ele falou me trouxe lembranças que eu sempre quis esquecer, enterrar no mais profundo do meu consciente, mas ainda não consigo. O passado ainda é uma área delicada da minha vida, e eu sei que não estou bem há anos, mas não consigo encarar todos os meus medos e traumas de frente.É difícil ter que admitir isso tudo e por mais que eu saiba que preciso, sim, de tratamento psicológico — não tenho tempo e nem dinheiro para isso. Eu tenho que cuidar da minha mãe, tenho que terminar minha faculdade, tenho que fazer coisas demais por mim e por ela. São prioridades nas quais os meus problemas relacionados ao meu passado não podem se intrometer. Ainda assim, eu decidi que não vou dar esse gosto para ele; não vou desistir. Por mais que aquela briga tenha acabado comigo. Não. Eu preciso do trabalho e não vou deixar mais homem nenhum me tratar assim. Ele até pode achar que está fazendo o melhor para mim
Henry MendoçaA Luna vai ser minha, ela quer tanto quanto eu, vejo em seus olhos e sei que ela também sente esse magnetismo que nos leva até o outro.Não vou desistir, eu tentei lutar contra isso, e acabei sendo impulsivo por achar que estava fazendo a coisa certa, mas depois de sentir o gosto dela, não posso perdê-la.Mesmo com uma papelada enorme para ser analisada, é difícil esquecer o beijo que dei nela… porque Luna parecia uma droga no meu organismo, completamente viciante, ao ponto de fazer a minha cabeça girar. Eu apenas afrouxo a gravata e tiro uns minutos de descanso. Até que meu estresse diário passa pela porta como um furacão.— Licença que eu já tô entrando — ele diz ao se aproximar da minha mesa, colocando alguns papéis em cima dela — E dê uma olhada nessa pasta, parece que outro caso chegou pra você, e aparentemente é um dos grandes. — Bom, vamos ver… — eu abro levemente a pasta, dando uma olhada por cima — Um homem foi acusado de assassinar a própria filha?— Algo do
Luna MedeirosTalvez eu e o Henry tenhamos avançado rápido demais em nossa relação. Mas ainda que eu queira negar, não consigo ficar mais nem um minuto longe dele — mesmo que a ordem certa na perspectiva da sociedade seria nos conhecermos melhor, ficarmos e só então namorar. Com o Henry não existe essa palavra no dicionário, já que falei que o certo seria nos conhecermos, mas ele disse que poderíamos fazer isso enquanto namorávamos.Eu entendo.Nem todo mundo vê um relacionamento casual com bons olhos, — e sinceramente? Eu gosto do preceito de namorar apenas alguém que você queira em sua vida de forma permanente. Henry parece ver as coisas desse modo também — mas ainda existe aquele medo dentro de mim. Tudo está diferente dessa vez, mas eu não sei o que sentir, só sei que meu coração quer estar perto dele, mesmo com o medo de que algo dê errado, mesmo com o passado me assustando. Ele me pergunta se aceito ser sua e me deixo cair na imensidão dos seus olhos… o que sinto agora não é
Henry MendonçaFinalmente ela disse sim!A noite apenas tinha acabado de começar, mas eu ainda posso sentir o cheiro dela em meu corpo, ao ponto de fazer a minha cabeça girar, enquanto imagino ela nos meus braços. “Como alguém pode querer tanto uma pessoa assim em tão pouco tempo?” Acabou vindo à minha mente, porque tudo em mim chama por ela, e isso até agora parece loucura para mim — principalmente pelo fato de que eu faria qualquer coisa para fazê-la feliz. E agora eu posso porque ela é minha. Só minha. Mas assim que chego em casa, percebo que a noite vai ser longa, porque não paro de pensar nela um só minuto.Ou pelo menos, foi o que eu pensei, até ser pego de surpresa por alguém — vulgo, o meu estresse diário. — Caralho, Igor, está fazendo o quê aqui? — Acabo levando um susto com esse imbecil sentado no meu sofá, no escuro, como se fosse uma assombração.— Te esperando.— Me esperando para quê, porra? Virou esposa de filme de terror agora?— Estava com saudade de você, moreno