No Limite do Amor
No Limite do Amor
Por: Ester Azevedo
Capitulo 1

Luna Medeiros

É hoje que eu começo a trabalhar na casa dos Mendonça. 

Quando parei de trabalhar como empregada e comecei no meu primeiro estágio, pensei que nunca mais voltaria, e que tudo iria melhorar. Mas há alguns dias minha mãe passou muito mal, e fui às pressas levá-la ao hospital. 

Acabei gastando todas as minhas economias com os exames sem me importar, porque eu só queria saber o que estava acontecendo com a minha mãe, e em um deles foi detectado um câncer maligno na bexiga. Não me vi tendo muita escolha por conta da situação que acabou nos atingindo, ainda mais por conta dos medicamentos que precisei comprar, e entrei em contato com dona Sônia, uma amiga de longa data da minha mãe. 

Precisava desse trabalho, já que mesmo antes de descobrir a doença da minha mãe, as coisas aqui em casa não iam bem. E o dinheiro do estágio não era suficiente, e depois que  me mandaram embora – porque o escritório precisava fazer cortes de gastos e eles preferiram mandar um estagiário embora – tudo só piorou. Mas eu sinto que devo fazer até o impossível por ela, afinal, ela sempre se esforçou por mim e fez de tudo para que eu pudesse ter uma boa educação, e claro… pudesse fazer a minha faculdade de forma quase tranquila. 

Somos só nós duas, sempre foi assim, desde que eu posso me lembrar, e essa não é a primeira vez que enfrentamos dificuldades. Então, depois que dona Sônia me disse que tinha conseguido o emprego para mim na casa dos Mendonça, não acreditei. Era um sonho poder trabalhar perto de uma das famílias mais famosas no ramo jurídico, principalmente para uma futura advogada, como eu.

 Dona Sônia sempre nos ajudou e agora não quero abusar da sua boa vontade. 

Saio cedo, precisando chegar no horário na casa dos Mendonça que também eram conhecidos pelo esquema de segurança deles. Afinal, essa casa está mais para uma fortaleza, rodeada de seguranças e câmeras, do que realmente uma mansão. 

E depois de conseguir permissão para entrar assim que eu respondi todas as perguntas necessárias – por conta do protocolo da mansão – vou direto para a cozinha encontrar dona Sônia.

— Dona Sônia. — Chego a chamando.

— Oi, Luna, como você está? — Ela me pergunta preocupada, pois conhece a situação em que me encontro. 

Dona Sônia e minha mãe trabalhavam em uma casa há alguns anos, e desde então elas são amigas e principalmente, ela tem me ajudado bastante, desde que soube sobre a doença da mamãe.

— Eu estou bem, obrigada.

— Que bom, minha filha. E como está a sua mãe? — Ela diz, passando por mim, sorrindo, pegando algumas coisas para pôr na mesa.

— Está melhor, só precisa descansar por ordens do médico, mas vai ficar tudo bem. — Digo, ajudando-a com os pratos.

— Essa é uma ótima notícia, filha. Fico muito feliz em ver você fazendo de tudo por sua mãe, ela deve ter muito orgulho de você — ela me olha por alguns segundos enquanto me passa os talheres — Eu teria. — Ela dá um sorriso sincero.

— Obrigada, dona Sônia. Agora, por onde eu começo? — pergunto, notando muitas vozes na casa.

— Bom, Luna, hoje essa casa está cheia de gente, o que significa muito serviço para nós duas. Como disse pra você quando nos falamos por telefone, temos alguns funcionários para cada trabalho específico na casa. Você estará me ajudando diretamente em minhas funções. Basicamente, eu sou a governanta da casa, mas também faço as refeições, é algo que nunca quis mudar, na minha cozinha só eu mexo. – ela explica, o que me faz pensar que a dona Sônia não mudou nem um pouco, considerando o que a minha mãe me conta do tempo que as duas trabalhavam juntas. – Então você irá me ajudar com isso, preparar as refeições e pôr e retirar a mesa, entendeu? – Ela finalmente dá uma breve pausa para respirar. – Ah, e antes que eu me esqueça, aqui está seu uniforme. — Ela diz me entregando ele e eu lhe dou um sorriso.

— Nossa… ele é perfeito! — Digo, olhando meu uniforme. É uma das roupas mais lindas que já vi. Sei que é um uniforme padrão de todos os funcionários, e por mais que seja extremamente bonito, me sinto envergonhada porque sei que ele vai ficar marcado em mim. Dona Valentina foi um amor em fazer ele sob medida, mas… sempre tenho esse problema com as minhas roupas. — Dona Sônia, esse é meu uniforme mesmo?

— Querida, você pode me chamar só de Sônia — ela coloca a mão em meu ombro brevemente ao dizer — E respondendo sua pergunta, sim, esse é seu uniforme. 

Deixo um sorriso escapar quando eu escuto isso, porque no fim, eu ainda não consigo acreditar, afinal, esse uniforme é tão lindo quanto os que eu vejo em filmes. 

— Que bom que você gostou do uniforme. — Ela diz com um arquear leve nos lábios e eu concordo.

— Sim, ele é lindo, mas é diferente dos uniformes que já usei. — Comento, admirada. É a primeira vez que uso um uniforme tão bonito assim.

— Ele é diferente porque foi a Valentina quem fez, todos os uniformes dos funcionários são feitos por ela, cada uniforme tem um detalhe diferente, é a marca registrada dela. — Fico parada, olhando para ela. Não acredito que foi a Valentina Mendonça quem fez este uniforme.

Dona Sônia olha para mim com uma expressão que deixa claro como está louca para rir da minha surpresa.

— Não acredito, dona Sônia, sério? Nossa… ela é uma das melhores estilistas que já vi. — Eu amo cada trabalho da Valentina Mendonça. Ela é minha estilista preferida.

— Querida, a Valentina faz tudo com muito carinho. — Dona Sônia parece uma mãe orgulhosa ao dizer — Mas eu tenho que concordar que todas as roupas dela são maravilhosas. Mas agora? Vamos trabalhar, que hoje essa casa está cheia de Mendonça e também cheia de trabalho.

— Sério? É alguma data especial?

— E lá tem data especial para esses meninos aparecerem? Já estou até ficando louca com os meus meninos. — Ela fala com os olhos brilhando. 

Eles pareciam significar muito para ela.

— Então a família toda está aqui?

— Sim. 

Ai, meu Deus! Agora me bateu um frio na barriga, do nada...

— Dona Sônia, agora eu fiquei nervosa. — Falo tremendo, sem saber por onde começar. 

Eu não sei o que deu em mim, eu nunca fiquei tão nervosa assim antes, nem quando eu estava esperando o resultado da faculdade de direito. 

— Fica tranquila, minha filha! Essa família é a mais humilde que já vi. Com eles, não tem frescura, todos irão te acolher muito bem. — Ela fala, tentando me acalmar. 

Respiro fundo e tento acreditar em suas palavras, mesmo ainda estando nervosa. Decido focar em realizar um ótimo trabalho, eu preciso disso, e é o que importa. Nada vai me abalar, vou deixar qualquer medo e insegurança de lado.

— É, a senhora tem razão. Vamos começar?

— Primeiro, vou te apresentar à família Mendonça.

Eita, é agora que vou morrer de vez ou ter um infarto, tinha que ser logo para a família toda…?

— Está bem, dona Sônia. Vou só me trocar e já encontro a senhora. 𑁋 Eu digo, e depois termino de me vestir no quarto de empregada que foi disponibilizado para mim.  

Assim que saio, encontro dona Sônia na cozinha me esperando para irmos até a sala, onde toda a família parecia me esperar.

Escuto várias vozes e gente rindo quando chegamos na sala, apenas para todos pararem o que estavam fazendo e olharem para nós. E antes que dona Sônia fale algo, o homem de costas para nós se vira, com um sorriso de tirar o fôlego, e os olhos… Ah... os olhos, meu Deus, são impressionantes de tão lindos. 

Sinto algo passar por todo o meu corpo quando seus olhos queimam em minha pele, uma corrente de energia que me faz arrepiar. Céus, que homem é esse?

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