A fazenda estava mais tranquila naquele dia. As folhas dançavam ao vento, criando uma melodia suave que acalmava meu coração. Jonas e eu havíamos passado por tantas dificuldades, mas estávamos finalmente em paz, pelo menos por enquanto. Estávamos sentados no alpendre, observando o pôr do sol tingir o céu de laranja e rosa.— Eu nunca me canso dessa vista. — disse Jonas, apertando minha mão.— É realmente lindo. — respondi, encostando minha cabeça no ombro dele.Havia uma sensação de alívio no ar, como se a tempestade que nos cercava tivesse finalmente passado. Eu me sentia mais leve, mais esperançosa. Os últimos meses foram difíceis, com o incêndio na fazenda, as investigações sem respostas, e os problemas com Mariana. No entanto, o amor que compartilhávamos se mostrava uma força inabalável.— Você lembra como foi os primeiros dias quando cheguei na fazenda? — perguntei, olhando para ele.— Claro. Você parecia assustada, mas determinada.Sorri, lembrando-me dos primeiros dias. A fazen
Meses depois...— Olha como o campo está lindo hoje, Jonas — comento, ajustando o xale sobre os ombros enquanto caminhar debaixo do sol leve da manhã. Minha mão repousa ternamente sobre o ombro dele, e nossa filha Sofia está aconchegada em meus braços, dormindo tranquilamente. O vento acaricia seu rostinho pequeno e perfeito, e eu não consigo deixar de me maravilhar com o milagre que é ter uma família assim.Jonas sorri, um sorriso que ilumina o rosto dele, revelando a felicidade e o orgulho que ele sente. Como eu amava aquele homem cada vez mais e seria assim até o fim de nossas vidas. Eu não duvidava nenhum pouco que fosse assim!— Está mesmo. E ainda bem que o sol apareceu para nós.A fazenda parece mágica hoje, como se o amor que sentimos por Sofia e entre nos pudesse ser visto nas cores vibrantes dos campos e nas flores que estão começando a brotar novamente depois do inverno. O verde das plantações se estende até onde a vista alcança, e as árvores frutíferas estão começando a m
Luana Dutra Eu estava na fazenda de Jonas Oliveira há menos de uma semana, no entanto, parecia uma eternidade. A rotina era dura, mas eu precisava manter minha mente ocupada e, acima de tudo, longe do meu passado. Jonas era um homem reservado, sempre focado no trabalho e exigente, porém justo. Eu o respeitava muito por isso.Era uma tarde ensolarada e eu havia terminado de cuidar das plantações mais cedo do que o previsto. Com um pouco de tempo livre, decidi explorar um pouco mais a fazenda. Havia uma velha cabana que me intrigava desde que cheguei. Parecia abandonada, com tábuas soltas e janelas empoeiradas. Decidi que era hora de matar a curiosidade.Empurrei a porta que rangeu em protesto, como se tivesse sido esquecida pelo tempo. Lá dentro, o ar estava pesado, impregnado de poeira e memórias. A luz do sol entrava em feixes pelas frestas das janelas, iluminando o interior escuro. Haviam móveis cobertos com lençóis brancos, que mais pareciam fantasmas do passado. Em um canto, uma
Estou no celeiro, organizando algumas ferramentas. O cheiro de feno fresco invade minhas narinas, e sinto uma sensação de paz, algo que há muito tempo não experimentava. Desde que cheguei à fazenda, minha vida tem sido uma correria, porém, uma boa correria. Trabalhar aqui tem me ajudado a esquecer meu passado, mesmo que apenas temporariamente. Porém, hoje sinto uma inquietação diferente. Algo dentro de mim me diz que hoje será um dia diferente.Enquanto ajeito uma enxada no canto, vejo Jonas se aproximar. Ele carrega uma caixa pesada de pregos e a coloca no chão ao meu lado. Seu rosto está coberto de suor, mas ele sorri, como sempre.— Luana, precisamos consertar a cerca do pasto sul hoje. Está com um buraco grande e as vacas podem escapar.— Claro, Jonas. Pegarei as ferramentas necessárias.Trabalhamos juntos em silêncio por alguns minutos. A presença de Jonas é reconfortante, apesar de sua aparência rude. Ele tem sido mais que um patrão; tem sido um amigo, alguém em quem posso confi
Jonas OliveiraEncontrei com o Gustavo na cidade. Fazia tempo que não nos víamos, mas a amizade continuava a mesma. Depois de resolver umas coisas no mercado, ele sugeriu que fôssemos até o bar do Pedro. Não queria parecer mal-educado, então concordei.Entramos no bar, e o cheiro de cerveja e amendoim torrado me trouxe lembranças antigas. Gustavo pediu duas cervejas e sentamos num canto mais afastado. Não demorou muito para ele tocar no assunto que eu sempre evito.— Jonas, faz quanto tempo mesmo? — ele perguntou, quebrando o silêncio.Fiquei um tempo olhando para a cerveja, girando o copo na mesa. Sabia do que ele estava falando, porém, não estava pronto para responder. No entanto, não poderia evitar para sempre.— Faz cinco anos — respondi, tentando manter a voz firme.Ele assentiu, parecendo escolher as próximas palavras com cuidado. Eu sabia que a preocupação dele era genuína, mas não estava preparado para o que viria a seguir.— E até quando você vai ficar de luto? — a pergunta s
Luana DutraA tarde estava quente, e eu mal tinha começado a segunda metade do meu dia de trabalho. Estava no celeiro, organizando algumas ferramentas, quando ouvi passos firmes se aproximando. Reconheci de imediato: era Helena, uma das trabalhadoras mais antigas da fazenda. Tinha algo no olhar dela que não me agradava.— Luana — começou ela, sem rodeios —, podemos conversar?Me endireitei, limpando as mãos na calça jeans. Helena não era de fazer cerimônia, mas o tom dela era diferente hoje, mais carregado.— Claro, Helena. O que foi?Ela cruzou os braços, olhos semicerrados.— Tenho visto como você e Jonas têm estado próximos ultimamente.Suspirei, tentando manter a calma. Já sabia onde isso ia parar.— Jonas é meu patrão, Helena. Estamos apenas trabalhando juntos para manter a fazenda funcionando bem.Ela deu um passo à frente, invadindo meu espaço pessoal.— Não me venha com essa, Luana. Todo mundo aqui já percebeu que há algo mais entre vocês dois. Não finja que é só trabalho.Me
Jonas OliveiraA manhã na fazenda estava fresca, e o sol refletia nas águas do rio, criando um espetáculo de brilhos e sombras. Decidi caminhar até a margem, buscando um momento de paz antes de enfrentar o trabalho do dia. Foi então que ouvi uma melodia suave, quase como um sussurro carregado pelo vento. Segui o som, curioso.Ao me aproximar, a visão de Luana apareceu. Ela estava sentada em uma pedra, cantando com os olhos fechados, totalmente alheia à minha presença. Sua voz, doce e serena, se misturava com o murmúrio do rio, criando uma harmonia que parecia mágica. Não consegui evitar; fiquei parado, apenas observando.Luana, tão envolvida em sua canção, não percebeu quando pisei em um galho seco, que estalou alto. Seus olhos se abriram de repente, arregalados de surpresa. Em um reflexo desajeitado, ela tentou se levantar rapidamente, mas acabou escorregando na pedra molhada, caindo de bunda no chão com um baque surdo.Corri até ela, preocupado.— Está tudo bem, Luana? — perguntei,
Luana DutraO telefone da fazenda estava ali, antigo e robusto, pendurado na parede da cozinha. Era um desses aparelhos que quase não se vê mais, com disco giratório e um fio em espiral que parecia ter vivido décadas de histórias. Havia uma sensação de urgência no ar enquanto eu me aproximava. A saudade misturada com o medo fazia meu coração bater descompassado. Precisava falar com minha mãe, precisava ouvir sua voz, precisava que ela soubesse que eu estava bem, mesmo que não pudesse revelar onde estava.Peguei o fone com mãos trêmulas e disquei os números com cuidado. Cada giro do disco parecia eternizar o momento, deixando meus nervos à flor da pele. Quando a chamada começou a conectar, senti um frio na espinha. O toque do outro lado parecia ecoar pelo tempo, e cada segundo parecia uma eternidade até que a voz conhecida e amada atendesse.— Alô? — a voz da minha mãe soou como um bálsamo. Um turbilhão de emoções me envolveu. Era a primeira vez que eu ouvia sua voz desde que tinha fug