Luana DutraA cada dia que passava, eu sentia que a fazenda recuperava um pouco mais da sua antiga vida. As marcas do incêndio, embora ainda presentes em nossas memórias, já não dominavam tanto o cenário ao nosso redor. As plantações estavam verdinhas novamente, e os animais pareciam mais tranquilos. Foi um período duro, mas todos nós nos empenhamos muito para reconstruir o que foi destruído.— Jonas, você está vendo isso? — perguntei, apontando para o horizonte onde o sol começava a se pôr, pintando o céu de laranja e rosa. — É como se a fazenda tivesse renascido das cinzas.Jonas sorriu, aquele sorriso que me aquecia o coração.— Estou vendo, Luana. A gente conseguiu. Foi difícil, mas conseguimos. — ele passou o braço em volta dos meus ombros, me puxando para mais perto. — E tudo isso só foi possível porque tivemos um ao outro.O cansaço dos últimos dias estava começando a se dissipar, dando lugar a uma sensação de realização. Cada pedaço da fazenda reconstruído era um testemunho da
O sol se levantava preguiçosamente sobre a fazenda, espalhando uma luz dourada que refletia nas folhas ainda úmidas do orvalho da manhã. Caminhei pelo pátio, sentindo o cheiro fresco da terra e o murmúrio das árvores ao vento. A fazenda tinha uma nova energia, uma vibração de prosperidade e crescimento que me fazia sorrir involuntariamente.Jonas estava perto do celeiro, conversando com alguns dos trabalhadores. Ele gesticulava com entusiasmo, e a equipe parecia animada. Aproximando-me, ouvi parte da conversa.— Precisamos verificar a irrigação do novo campo de milho. — disse ele. — Se tudo estiver em ordem, começamos o plantio na próxima semana.— Está tudo sob controle, Jonas. — respondeu Pedro, um dos nossos trabalhadores mais antigos. — A colheita será boa este ano.Jonas assentiu, satisfeito. Quando ele me viu, seu rosto se iluminou.— Bom dia, Luana. — ele disse, aproximando-se para um rápido beijo. — Dormiu bem?— Muito bem, e você? — perguntei, sorrindo de volta.— Também. Ach
Eu cavalgava pela fazenda, sentindo a brisa suave no rosto e o cheiro fresco da terra molhada após a chuva. Meu cavalo, um belo alazão chamado Sol, trotava com um ritmo constante, e eu me sentia em paz, como se nada pudesse perturbar aquele momento de tranquilidade.De repente, um som ensurdecedor quebrou o silêncio. Um tiro. O estalo seco ecoou pelos campos, e Sol se assustou, levantando as patas dianteiras e relinchando de pavor. Tentei segurá-lo, mas ele estava fora de controle. Antes que pudesse reagir, fui lançada ao ar, o mundo girando ao meu redor em um borrão de cores e sons.A queda foi brutal. Senti o impacto na cabeça e tudo escureceu.Quando abri os olhos, a luz branca e fria do hospital me cegou momentaneamente. Pisquei algumas vezes, tentando ajustar minha visão. A dor latejava em minha cabeça, e senti meu corpo pesado, como se estivesse preso à cama.— Luana, graças a Deus você acordou! — a voz de Jonas veio ao meu lado, rouca e trêmula. Virei a cabeça lentamente e o vi
Jonas OliveiraA tarde estava serena na fazenda. A brisa suave trazia o cheiro das flores-do-campo, e o sol começava a se pôr, tingindo o céu de tons alaranjados. Eu e Luana estávamos sentados na varanda, observando a paisagem. — Sabe, Luana — comecei, com um sorriso brincalhão nos lábios —, você já pensou em como vai ser quando tivermos filhos?Ela me olhou surpresa, mas logo sorriu de volta, deixando escapar um leve riso.— Já está pensando nisso, Jonas? — É sempre bom planejar o futuro. — repliquei, pegando sua mão. — Eu imagino a gente correndo atrás dos nossos pequenos por aqui. Talvez um garoto e uma garota. O que acha?Ela riu mais alto, o som doce e contagiante.— Eu acho que você está se adiantando, mas não posso negar que a ideia é interessante. Como você imagina eles?Fechei os olhos por um instante, visualizando a cena.— Bom, nosso filho vai ser forte e destemido, igual a você. E nossa filha, inteligente e determinada, como a mãe dela. Eles vão crescer correndo pelos ca
Luana DutraIr à cidade era sempre uma pausa bem-vinda da rotina da fazenda. Eu e Raquel, uma das trabalhadoras, tínhamos várias coisas para comprar. A lista era longa, mas o clima leve e as conversas descontraídas faziam o tempo passar rápido.Andávamos pelo mercado, verificando preços e escolhendo os melhores produtos. O dia estava ensolarado, e a cidade parecia especialmente vibrante. Eu me senti relaxada, quase esquecendo das preocupações que deixara na fazenda.De repente, senti um puxão forte e algo gelado encostando na minha cabeça. Meu corpo ficou tenso, e a adrenalina disparou.— Não se mexa, Luana. — disse uma voz familiar e aterrorizante. Era Mariana.— Mariana? O que você está fazendo? — perguntei, tentando manter a calma, apesar do pânico que sentia.— Cala a boca! Você arruinou minha vida! — ela gritou, a voz trêmula de raiva. Senti a arma pressionando ainda mais contra minha cabeça. A situação era surreal, como se eu estivesse presa em um pesadelo.— Mariana, por favor,
A fazenda estava mais tranquila naquele dia. As folhas dançavam ao vento, criando uma melodia suave que acalmava meu coração. Jonas e eu havíamos passado por tantas dificuldades, mas estávamos finalmente em paz, pelo menos por enquanto. Estávamos sentados no alpendre, observando o pôr do sol tingir o céu de laranja e rosa.— Eu nunca me canso dessa vista. — disse Jonas, apertando minha mão.— É realmente lindo. — respondi, encostando minha cabeça no ombro dele.Havia uma sensação de alívio no ar, como se a tempestade que nos cercava tivesse finalmente passado. Eu me sentia mais leve, mais esperançosa. Os últimos meses foram difíceis, com o incêndio na fazenda, as investigações sem respostas, e os problemas com Mariana. No entanto, o amor que compartilhávamos se mostrava uma força inabalável.— Você lembra como foi os primeiros dias quando cheguei na fazenda? — perguntei, olhando para ele.— Claro. Você parecia assustada, mas determinada.Sorri, lembrando-me dos primeiros dias. A fazen
Meses depois...— Olha como o campo está lindo hoje, Jonas — comento, ajustando o xale sobre os ombros enquanto caminhar debaixo do sol leve da manhã. Minha mão repousa ternamente sobre o ombro dele, e nossa filha Sofia está aconchegada em meus braços, dormindo tranquilamente. O vento acaricia seu rostinho pequeno e perfeito, e eu não consigo deixar de me maravilhar com o milagre que é ter uma família assim.Jonas sorri, um sorriso que ilumina o rosto dele, revelando a felicidade e o orgulho que ele sente. Como eu amava aquele homem cada vez mais e seria assim até o fim de nossas vidas. Eu não duvidava nenhum pouco que fosse assim!— Está mesmo. E ainda bem que o sol apareceu para nós.A fazenda parece mágica hoje, como se o amor que sentimos por Sofia e entre nos pudesse ser visto nas cores vibrantes dos campos e nas flores que estão começando a brotar novamente depois do inverno. O verde das plantações se estende até onde a vista alcança, e as árvores frutíferas estão começando a m
Luana Dutra Eu estava na fazenda de Jonas Oliveira há menos de uma semana, no entanto, parecia uma eternidade. A rotina era dura, mas eu precisava manter minha mente ocupada e, acima de tudo, longe do meu passado. Jonas era um homem reservado, sempre focado no trabalho e exigente, porém justo. Eu o respeitava muito por isso.Era uma tarde ensolarada e eu havia terminado de cuidar das plantações mais cedo do que o previsto. Com um pouco de tempo livre, decidi explorar um pouco mais a fazenda. Havia uma velha cabana que me intrigava desde que cheguei. Parecia abandonada, com tábuas soltas e janelas empoeiradas. Decidi que era hora de matar a curiosidade.Empurrei a porta que rangeu em protesto, como se tivesse sido esquecida pelo tempo. Lá dentro, o ar estava pesado, impregnado de poeira e memórias. A luz do sol entrava em feixes pelas frestas das janelas, iluminando o interior escuro. Haviam móveis cobertos com lençóis brancos, que mais pareciam fantasmas do passado. Em um canto, uma