CAPÍTULO 3

Javier

O Peso da Incerteza

Os minutos pareciam horas. Cada batida de meu coração ressoava em meus ouvidos enquanto o hospital se tornava um lugar cada vez mais distante da realidade que conhecíamos. Maria, Laura, Jordana e Martina estavam agora sob os cuidados intensivos, mas a cada passo que eu dava pelos corredores frios, o peso da incerteza me esmagava mais e mais.

A cada vez que passava pela sala de espera, sentia que havia algo mais pesado no ar, uma tensão crescente. O impacto da explosão não só abalou a estrutura do hotel, mas também destruiu a confiança que todos nós tínhamos na segurança e na estabilidade. Eu olhava para os rostos dos outros familiares que aguardavam notícias, e a cada olhada, eu via a mesma dor. Sabíamos que a vida que tínhamos antes disso jamais seria a mesma. No entanto, havia uma verdade inegável: todas estavam lutando. A força delas era inegável. E isso, por mais frágil que fosse, ainda era a nossa esperança.

Primeiro, a notícia de Martina. Sua condição estava estabilizada, mas era difícil dizer se ela se recuperaria completamente. A explosão havia causado danos internos graves, e os médicos faziam o impossível para manter sua pressão arterial estável. Ela estava em coma induzido, e sua luta era silenciosa, como uma chama que, mesmo fraca, não se apaga facilmente.

Laura estava melhorando, mas ainda não podia ser considerada fora de perigo. A queimadura no rosto e nos braços era severa, e a dor era evidente cada vez que ela tentava falar. No entanto, seus olhos estavam mais vivos, e seus dedos se moviam lentamente, um sinal de que ela estava voltando de um lugar distante. A respiração dela era agora regular, embora ainda tivesse que ser monitorada de perto.

Jordana parecia estar se recuperando de uma forma que me deixava confuso. Ela estava consciente, mas exausta. Os médicos diziam que o trauma não era tão profundo quanto o de Martina, mas ela ainda estava em um estado muito delicado. Ela não falava muito, mas seus olhos seguiam cada movimento na sala. A expressão dela mostrava uma inquietude, como se estivesse tentando processar o que havia acontecido.

Maria foi a última a acordar. Ela estava em estado de choque, o corpo e a mente aparentemente sobrecarregados pela intensidade do que tinha acabado de viver. Porém, quando seus olhos se abriram pela primeira vez, o alívio foi quase imediato. Sua expressão séria ainda dominava seu rosto, mas havia um leve sorriso, como se dissesse “estou aqui e não vou desistir”. Ela estava fraca, mas o olhar dela transmitia uma força inegável.

Eu não sabia o que esperar. Cada uma delas tinha uma batalha interna que não podia ser vista. A pressão do trauma não era apenas física; era mental, emocional. A explosão tinha rasgado algo dentro delas, algo que jamais poderia ser consertado com remédios. O tempo seria o maior aliado agora, mas, ao mesmo tempo, o maior inimigo.

As noites no hospital pareciam intermináveis. Cada vez que a luz do sol começava a nascer, eu olhava para o relógio e sentia que não estava mais vivendo, apenas existindo. Eu não sabia qual seria o próximo passo, mas tinha que manter a esperança. A ideia de vê-las de volta à sua plena força parecia um sonho distante, algo que poderia ser atingido apenas por uma reviravolta milagrosa.

Martina, com sua força inabalável, foi a primeira a acordar completamente, mas estava longe de ser a mesma. Seu corpo ainda estava fraco e em recuperação, mas a mente dela estava alerta. Quando me aproximei de seu leito, ela olhou para mim com um sorriso cansado.

— Estamos longe disso, não é? — ela sussurrou, a voz fraca.

— Sim, mas estamos lutando. — Respondi, sentindo o nó na garganta.

As palavras de Martina permaneceram comigo por horas. Sabíamos que não era o fim, mas a verdade era que a estrada à frente seria árdua. Ela ainda tinha muito para aprender, e o que nos aguardava não seria simples.

Laura, por outro lado, estava mais consciente a cada hora que passava. Ela tentava manter a cabeça erguida, mas sabia que os dias à frente seriam difíceis. Suas queimaduras a deixavam em um estado de dor constante. Eu a via tentando disfarçar, mas a verdade estava ali, clara em seus olhos. Ela era uma lutadora, mas até os mais fortes precisam de descanso.

Jordana era o mistério. Em momentos, ela parecia completamente fora de si, em outros, seus olhos ficavam fixos, como se estivesse tentando entender tudo o que aconteceu. Eu sabia que o trauma psicológico seria tão desafiador quanto as feridas físicas. E, no entanto, ela se recusava a permitir que isso a dominasse.

Maria era a mais tranquila, mas eu sabia que o silêncio dela não significava que não estivesse lidando com sua dor. Seus olhos brilhavam com uma intensidade que não permitia que ninguém se aproximasse sem ser cauteloso. A explosão a havia mudado, mas o que eu mais temia era o que ela não estava dizendo.

Em cada um daqueles quartos, havia uma luta silenciosa. Eu sabia que não seria uma recuperação fácil. O que tínhamos agora era apenas o começo, e o futuro era incerto. Mas, por alguma razão, a ideia de vê-las de volta ao que eram, fortes e resolutas, ainda me dava esperança. Estávamos juntos, e essa união, por mais frágil que fosse, era nossa maior força.

A vida, assim como o tempo, é imprevisível. Não sabíamos o que nos esperava, mas um fato era certo: nada nos impediria de lutar.

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