CAPÍTULO 4

A Chegada e o Desespero dos Maridos

A noite no hospital parecia interminável, uma sucessão de minutos que se arrastavam lentamente. Enquanto eu passava de um quarto para o outro, tentando me concentrar na recuperação de Maria, Laura, Jordana e Martina, os outros membros da família, que estavam aguardando informações, começaram a chegar.

A tensão no ar era palpável, e a espera havia deixado todos à beira do desespero. Sabíamos que o pior já havia passado, mas ainda não podíamos comemorar. A recuperação das nossas mulheres estava longe de ser garantida.

Heitor, com seus cabelos grisalhos e os ombros sempre tão firmes, estava mais abalado do que jamais vi. Ele andava de um lado para o outro no corredor, a cada segundo passando a mão na testa, tentando parecer calmo, mas seus olhos denunciavam o turbilhão interno.

Sabíamos que ele tinha um coração forte, mas ver sua esposa Maria, uma mulher de personalidade tão marcante, entre a vida e a morte, o estava consumindo de uma maneira que ele não podia esconder.

— Eu não consigo entender. — Ele murmurou, mais para si mesmo do que para qualquer um ao seu redor. — Como isso pode ter acontecido? Ela... ela não merecia isso.

Ao seu lado, Horácio não conseguia esconder sua dor também. O semblante sério, que ele costumava carregar com tanta confiança, agora estava marcado pela agonia.

Sabíamos que ele se preocupava profundamente com Martina, mas jamais imaginei que ele fosse mostrar tanta fragilidade.

Sua voz falhava quando perguntava sobre o estado de saúde dela, e sua ansiedade se refletia em cada palavra que saia de seus lábios.

— Martina... ela vai ficar bem, não vai? — Ele perguntava a um médico que passava apressado pelos corredores, mas suas palavras pareciam vazias, como se ele já soubesse a resposta.

Ele estava tentando manter a compostura, mas os olhos dele traíam o medo que ele sentia. A mulher que ele amava estava lutando pela vida, e nada parecia suficientemente bom para aplacar sua preocupação.

Teodoro, por outro lado, estava mais quieto, mais sombrio. Ele era o chefe da máfia argentina, um homem que já tinha visto mais do que a maioria dos outros, mas a visão de sua esposa, Jordana, naquela cama de hospital, em estado crítico, parecia ser algo que ele não soubera como lidar.

Ele não costumava demonstrar emoções, mas naquele momento, seu olhar distante e sua postura rígida diziam tudo. Quando ele entrou no quarto de Jordana, apenas a observou por um longo tempo, como se tentasse absorver a realidade daquela situação. Ele não disse nada, mas o aperto de suas mãos era suficiente para mostrar o quanto ele estava devastado.

— Ela vai ficar bem, não vai? — Ele perguntou a um médico, sem esperar resposta, como se quisesse se convencer de que sua esposa, a mulher que sempre fora uma guerreira, iria sair dali viva e forte como antes. Mas a incerteza no fundo dos seus olhos dizia que ele não acreditava totalmente nisso.

Javier, por sua vez, era o mais calado dos quatro. O rosto tenso e os olhos tão duros quanto as pedras nas montanhas. Ele era o patriarca da família, o homem que sempre teve um plano para tudo, mas não conseguia controlar o que estava acontecendo ali.

Laura, sua esposa, estava inconsciente, e ele sabia que a recuperação dela seria lenta. A queimadura em seu corpo era terrível, e o desgaste emocional parecia maior do que qualquer dor física.

Cada vez que ele se aproximava do leito dela, a sensação de impotência se agravava. Ele não sabia o que fazer, mas sua presença ao lado dela era constante, como se ele acreditasse que, com sua companhia, ela pudesse encontrar forças.

— Você precisa lutar, Laura. Por nós... pelos nossos filhos. — Ele sussurrava para ela, apesar de não saber se ela podia ouvir. A angústia dele era algo que eu nunca havia visto antes. Ele não era um homem que se entregava facilmente ao desespero, mas naquela noite, ele parecia estar à beira do limite.

Enquanto os maridos se debatiam com seus próprios sentimentos e emoções, a tensão no hospital só aumentava. A preocupação com as esposas os deixava à beira da loucura. A espera parecia interminável, e, mesmo que cada um deles tentasse, de alguma forma, controlar seus medos, não havia nada que pudesse aliviar a dor deles.

Foi então que a porta se abriu, e um novo fôlego entrou na sala de espera. O grupo que havia ido ao México chegou. Mateus, Joana, Jonh e Paola entraram com uma energia que fez todos os olhares se voltarem para eles. O ar pareceu mais leve, como se a chegada de pessoas que entendiam a profundidade da dor que todos estavam sentindo fosse de alguma forma aliviar um pouco o peso que todos carregavam.

Luna e Théo, os dois líderes do grupo, estavam no meio , com os rostos sérios, mas seus olhos eram a mistura de alívio e de preocupação.

Sabíamos que a chegada deles significava que a missão estava completa, mas o que restava era enfrentar a realidade do que acontecia naquele momento.

— Como estão? — Luna perguntou, sua voz tranquila, mas marcada pela dor que todos sentiam. Ela sabia o que estava acontecendo, mas sua calma era quase tangível, como se ela fosse a âncora em meio à tempestade que tomava conta de todos.

O olhar de Heitor, Horácio, Teodoro e Javier se suavizou ao ver o grupo entrar, mas o desespero não havia desaparecido.

Eles sabiam que a luta pela recuperação de suas esposas estava apenas começando, e as próximas semanas seriam cruciais. O futuro deles estava nas mãos da medicina, mas o amor e a força de suas esposas seriam o que realmente as traria de volta.

Javier olhou para Luna, e sua expressão era de um homem exausto. Ele não disse nada, mas o aperto de sua mão ao se aproximar dela indicava o quanto ele confiava nela.

A chegada do grupo não significava que as coisas estavam resolvidas, mas, ao menos, agora havia uma sensação de que todos estavam juntos para enfrentar o que quer que viesse pela frente.

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