Capítulo 2: Grama verde e olhos vermelhos - parte 2

No dia seguinte, Clarice despertou com o som suave do vento balançando as cortinas do quarto. O sol mal havia nascido, e os primeiros raios de luz invadiam o ambiente com delicadeza. Ela se espreguiçou, sentindo o corpo um pouco dolorido por ter dormido no quintal.

— Que ideia foi essa de dormir lá fora? — reclamou para si mesma, enquanto se levantava da cama. 

Caminhou até a cozinha, ligando a cafeteira. Precisava de um café forte para começar o dia. Hoje seria o dia de encontrar o local perfeito para a floricultura, não podia demorar, precisava pegar a boa estação para garantir que as flores cresceriam bem quando ela plantasse. 

Até que pudesse cuidar da própria produção, enquanto as suas flores não cresciam, ela precisaria de um fornecedor, mas já tinha um em mente, a mesma pessoa que lhe forneceria as sementes para que ela começasse a plantar suas   flores em seu grande quintal. 

Clarice tinha várias ideias em mente, e a ansiedade por começar logo era quase palpável.

Enquanto esperava o café ficar pronto, seus pensamentos voltaram à noite anterior. As pegadas na grama, os olhos vermelhos. O incômodo ainda estava lá, como uma sombra na sua mente.

"Foi só um sonho. Não pode ter sido real", pensou, tentando ignorar a sensação de que algo estava fora do lugar. Mas, ainda assim, resolveu dar uma olhada no quintal, só para ter certeza.

Vestiu um casaco leve e saiu da casa. O sol ainda era fraco, mas iluminava bem o terreno. Clarice caminhou até o local onde havia visto a grama amassada. As marcas ainda estavam lá, mas, agora, sob a luz do dia, pareciam menos ameaçadoras. Não era possível identificar de que animal eram, mas, definitivamente, algo grande havia passado por ali.

— Deve ser só algum bicho da floresta… Não tem motivo pra se preocupar. — disse em voz alta, tentando afastar o desconforto.

Depois de alguns minutos, ela voltou para dentro, determinada a seguir com seu dia. Tomou o café apressada, trocou de roupa e a primeira coisa que fez foi esperar, precisava receber o caminhão com sua mudança e também a empresa que iria trazer seu carro. O que não demorou muito a acontecer. O caminhão de mudança chegou bem cedo, antes das oito da manhã, as caixas ficaram espalhadas na sala e na cozinha e não demorou mais que quarenta minutos para os funcionários partirem, deixando a casa de Clarice calma novamente. 

Então, cerca de uma hora depois, a empresa que levaria seu carro parou na porta dela com um guincho. Clarice bateu um pouco de papo com o rapaz, que reclamou um pouco sobre a casa dela ser escondida quase no meio da floresta, mas pouco depois o carro dela estava devidamente estacionado e pronto para o uso. 

Só depois de tudo isso ela se arrumou e foi até a cidade, tinha um destino certo. 

Quando chegou ao centro de Pinewood, a cidadezinha estava acordando lentamente. As lojas abriam suas portas, e os poucos habitantes começavam a circular pelas ruas estreitas. Clarice caminhou até o local que havia visto nos classificados: uma pequena loja no centro, que parecia perfeita para a floricultura. As paredes de tijolos vermelhos e a fachada simples tinham um charme que a atraiu assim que ela começou a procurar por anúncios, antes mesmo de chegar a cidade.

Ela parou na frente da porta, observando o interior pela janela. A loja era pequena, mas acolhedora. Clarice já podia imaginar as prateleiras repletas de vasos e flores, o aroma suave de pétalas enchendo o ambiente.

— É aqui. — sussurrou para si mesma, com um sorriso nos lábios.

Empolgada, entrou na loja, onde foi recebida pela proprietária, uma mulher de meia-idade com um sorriso simpático. Haviam marcado de se encontrar para fechar negócio naquela manhã.

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