— Um buquê de rosas e um ursinho, o que acha? — Clarice sugeriu ao cliente, que lhe era um tanto familiar.
Jhon parecia completamente convencido da sugestão da florista, então apenas assentiu, com um sorriso um pouco bobo, imaginando que Nora iria adorar presente inesperado.
— Ótimo, pode embalar então, você tem chocolates também? — ele perguntou, observando-a montar o buque com belas rosas vermelhas.
— Tenho, podemos fazer uma cestinha e colocar os chocolates dentro junto com o ursinho, o que acha?
— A ideia é ótima!
Enquanto conversavam, Jhon não se deu ao trabalho de procurar novas opções ou qualquer outra coisa, apenas passou a seguir a florista por todos os lados enquanto a via pegar as flores, os chocolates, embrulhando tudo numa bela cesta que faria qualquer mulher que gostasse daquele tipo de ato suspirar.
Clarice tinha um sorriso nos lábios enquanto arrumava a cesta, adorava preparar presentes para casais, aquele foi o primeiro desde a inauguração, já que, durante todo aquele dia, seu público se resumiu a mulheres buscando plantas para suas casas e substratos. Estava ao lado de algumas pelúcias embalando a cesta quando deu por falta do laço, como esquecer essa parte tão importante?
Clarice se virou para pegar os laços, dando alguns passos em direção à pequena estante nos fundos enquanto ajeitava as flores no buque quando, de súbito, sentiu o impacto de seus ombros, erguendo os olhos com um sorriso sem jeito para o cliente em quem havia esbarrado.
— Me descul… — ela começou a se desculpar, mantendo o sorriso, que congelou sob sua face ao encontrar os olhos intensos que a observavam.
O mesmo tom âmbar de que ela se lembrava.
— Clarice… Que surpresa — Clarck tentou seu máximo para parecer normal, ou o mais normal que conseguisse, visto que seus ombros estavam tensos e sua respiração superficial, já que ele tentava ao máximo não inspirar o cheiro doce e perfeito que ela tinha.
Se o fizesse, como resistiria?
— Você conhece a florista? — Jhon perguntou, totalmente alheio à situação.
— Acho que você não lembra de mim, eu já morei aqui quando era bem pequena, vocês viviam invadindo o quintal da minha casa — Clarice disse, voltando os olhos para Jhon, tentando evitar o olhar de Clarck.
Por algum motivo, os olhos dele lhe tiravam o fôlego de uma forma muito particular… A mesma sensação que sentia sempre que o via no quintal, quando era só uma menina admirando aquele trio de garotos sem controle pela janela.
Clarck havia mudado muito, mas, ao mesmo tempo, ainda parecia o mesmo menino aos olhos dela. Talvez fossem os olhos, sempre tão vividos. Ela se lembrava claramente de Bankov a encarando do quintal da casinha enquanto ela o espiava da janela, ele sempre acenava, e todos os dias deixava alguma coisa para ela perto do canteiro de tulipas.
E ela sempre ia buscar o “presente”. Às vezes era uma pera boita, às vezes uma flor diferente… Era uma das lembranças mais doces que Clarice tinha de Pinewood.
Será que Clarck se lembrava?
— Desde quando voltou a Pinewood? Está com sua mãe? — Clarck continuou perguntando, dando alguns passos para trás, se aproximando de um vaso de tulipas para tentar inspirar um aroma que não fosse o dela e acalmar Dorian, que tornava ainda mais difícil resistir ao elo. — Eu lembro de você, era a menininha magrela filha da Elaina, certo? Menina, você cresceu bastante — Sirius falou, olhando-a de cima a baixo de um modo que Clarck precisou se controlar muito para não acabar rosnando. — Estou sozinha — Clarice respondeu, um pouco sem graça, voltando a caminhar em direção à bancada de laços. — Voltei há poucos dias, minha mãe… Bem, ela não está comigo, não mais. Enquanto a ruiva amarrava o laço na bonita cesta de presente, os três homens se entreolharam por um momento, percebendo o que aquela frase significava. — Sinto muito por sua perda — Bankov falou, num tom um pouco rasgado, enquanto sentia Dorian uivar em sua cabeça. O lobo não parava quieto, e ver o olhar triste de sua companhe
— Jhon, paga logo, a gente tem que ir — Sirius falou, antes que o outro pudesse questionar. — Esqueceu daquela reunião importante? Dentro da floricultura, Clarice ouvia a fala dos dois restantes enquanto dividia sua atenção entre olhar para a porta e passar o cartão de Jhon na maquininha. Ela havia dito algo de errado? Por que Clark havia saído daquele jeito? — Ah, é! Por isso, Clarck saiu daquele jeito — Jhon falou, entrando na mentira do amigo. Mas os dois sabiam que não havia reunião nenhuma, e não faziam ideia do motivo para Clarck ter simplesmente saído daquela forma.Não era do feitio do alfa fazer aquele tipo de coisa, costumava ser um homem centrado, apesar de rude quando estava sem paciência. Por isso, obviamente o Beta e o Gamma sabiam que havia algo de errado.— Ele é muito ocupado, não é? — Clarice comentou, enquanto Jhon colocava a senha do cartão. — Vocês cresceram muito, agora têm muito o que fazer, não andam mais invadindo os quintais alheios, certo?A brincadeira a
Quando o carro do alfa estacionou bem em frente à asa da matilha, Loren empertigou a postura, os olhos brilhando enquanto encarava Clarck, que saia do veículo com uma expressão séria e ombros tensos. — Ele é tão bonito… — Vick, uma das melhores amigas de Loren, falou, com um risinho, batendo o ombro no da amiga. — Acho bom prender logo ele, se não alguém pode roubar. — Eu rasgo a garganta da vadia que tentar — Loren respondeu, dando um tapinha na coxa da amiga enquanto levantava. Não demorou para que ela ajeitasse os cabelos, loiros e longos, com ondas perfeitas, e puxasse o decote da blusa um pouco mais para baixo, deixando o volume dos seios ainda mais visíveis. Era uma mulher linda, não havia como negar isso, a pele levemente bronzeada, os olhos verdes e lábios bem desenhados, apesar de não serem grossos. Muitos lobos estavam mais que dispostos a estarem com ela, mesmo que ela não fosse sua companheira destinada. Mas Loren só queria um lobo, o melhor deles. — Como estou? — pe
Quando a noite chegou e, assim como todas as lojas, a floricultura sussurros do vento baixou as portas, Clarice finalmente respirou aliviada. Depois de organizar as flores e umedecer a terra das plantas que precisavam de água a noite, a garota finalmente saiu pela portinha lateral da floricultura. A lua estava cheia e, como sempre, a brisa noturna fria de Pinewood soprava levemente, levando o aroma delicioso de flores recém-colhidas que exalava da floricultura pelo bairro. Os cabelos ruivos de Clarice estavam presos num coque delicado, algumas mechas escapando aqui e ali, ela usava um sobretudo marrom que ocultava suas roupas simples de trabalho. Seus passos em direção a seu carro eram lentos e despreocupados, estava tão contente com o resultado da floricultura que sequer tinha pressa de chegar em casa. Estava com a chave em mãos quando passos apressados chamaram sua atenção, fazendo-a se virar. — Droga! Não acredito que fechou! — uma garota baixinha com a farda de um café que hav
Na alcateia Garra sangrentaO mau humor do alfa era quase tangivel a qualquer um que o visse caminhando em direção a casa do druida. Aquele não era um caminho comum para Clarck, não costumava visitar Guillaume com frequência, primeiro porque não gostava dele, afinal, diferente de todos, Guillaume não tinha medo de ser rude com Clarck, segundo porque a filha do druida herdara a mesma coragem o pai, e aquilo o irritava profundamente. A casa simples de madeira ficava bem adentro da floresta, ainda dentro do terreno da matilha, mas longe de onde havia mais movimentação, já que o druida preferia a paz que somente a mata poderia proporcionar. Clarck não se deu ao trabalho de bater, empurrou a porta e entrou na pequena casa sem vergonha ou receio algum, vendo o druida sentado numa poltrona a frente da lareira. Diferente de Clarck, Guillaume tinha traços nativos, seus cabelos eram longos, indo até abaixo os ombros, castanhos e perfeitamente lisos, os olhos castanhos eram astutos e os traços
Quando as portas da floricultura se abriram naquela manhã, Clarice respirou fundo. Estava cansada por ter dormido mal durante a noite. Sons estranhos vindos da mata ao redor de sua casa haviam perturbado seu sono.“Talvez seja bom fazer uma cerca...”, murmurou enquanto arrastava um vaso grande com uma pequena palmeira para fora da loja, permitindo que a planta tomasse o sol matinal.Embora estivesse com tudo organizado, ela não esperava movimento antes das dez da manhã. Por isso, quando um carro luxuoso parou em frente à loja, ela franziu o cenho. A ruiva, vestida em seu uniforme habitual — uma blusa branca com o logotipo da floricultura bordado, combinada com jeans skinny e um boné preto que protegia seus olhos do sol —, limpou as m&at
— Tenho certeza de que ela estaria orgulhosa de você.Clarice engoliu em seco, surpresa com o gesto. Mas Clarck queria tanto tocá-la que sequer se importou se aquilo iria soar estranho, aqueles poucos segundos valeram a pena, certamente. Quando Bankov afastou a mão, inclinou-se e deixou um beijo suave na bochecha dela, tão próximo dos lábios que a pele de Clarice esquentou no mesmo instante.Antes que ela pudesse dizer algo, Clarck já estava a caminho da porta, segurando o buquê.— Preciso ir! Cuide-se, Clarice — disse antes de sair.Assim que ele se foi, o som do sininho na porta anunciando outro cliente trouxe Clarice de volta à realidade. Era Sarah, a jovem que conhecera na noite ante
As primeiras luzes da manhã mal haviam tocado os campos ao redor da alcateia, mas o humor de Loren já estava tão denso quanto a neblina que cobria o vale. Há dois dias, Clarck a evitava. Ele sequer lhe dava explicações, apenas se distanciava quando ela estava perto, ou fingia que ela não estava presente durante os momentos comuns da alcateia. E aquilo já estava deixando a loira completamente furiosa, afinal, que homem ousaria ignorá-la desse jeito?“Um homem que já encontrou sua companheira…”, Solara cantarolou, a loba tinha prazer em frustrar as esperanças de Loren com o alfa, afinal, ela desejava encontrar seu companheiro destinado. — A companheira dele sou eu — Loren sussurrou para s mesma, enquanto saia de seu quarto e caminhava em direção à sala de estar. Sabia que Clarck tirava um tempo por ali durante algumas manhãs, então, já que ele não se dava ao trabalho de falar com ela, talvez ela mesma devesse o encurralar. Estava perfeitamente vestida e arrumada, maquiagem leve, ca