— Desde quando voltou a Pinewood? Está com sua mãe? — Clarck continuou perguntando, dando alguns passos para trás, se aproximando de um vaso de tulipas para tentar inspirar um aroma que não fosse o dela e acalmar Dorian, que tornava ainda mais difícil resistir ao elo. — Eu lembro de você, era a menininha magrela filha da Elaina, certo? Menina, você cresceu bastante — Sirius falou, olhando-a de cima a baixo de um modo que Clarck precisou se controlar muito para não acabar rosnando. — Estou sozinha — Clarice respondeu, um pouco sem graça, voltando a caminhar em direção à bancada de laços. — Voltei há poucos dias, minha mãe… Bem, ela não está comigo, não mais. Enquanto a ruiva amarrava o laço na bonita cesta de presente, os três homens se entreolharam por um momento, percebendo o que aquela frase significava. — Sinto muito por sua perda — Bankov falou, num tom um pouco rasgado, enquanto sentia Dorian uivar em sua cabeça. O lobo não parava quieto, e ver o olhar triste de sua companhe
“Mãe… Mãe, por favor! Acorda, mãe!”Clarice abriu os olhos, apoiando a mão no peito, ofegante. O quarto ainda estava escuro, uma leve luz entrava pelas cortinas, a luz prateada da lua cheia. A madrugada ia alta e ela deveria estar descansando para pegar seu voo para Pinewood cedo no dia seguinte, mas fazia muito tempo que não conseguia dormir bem.Ela se levantou, os pés descalços tocando o chão frio. Suas cisas já estavam encaixotadas, não pretendia levar muito para sua nova “antiga” casa, apenas o essencial. A única coisa que ainda estava fora das poucas caixas era o porta-retrato que estava repousando ao lado do seu travesseiro. Uma foto da sua mãe, Elaina.As memórias do acidente que havia acontecido há somente um mês a assombravam todos os dias, e a culpa também. As últimas palavras de sua mãe para ela ainda estavam martelando em sua cabeça, ela jamais esqueceria e jamais deixaria de se culpar, afinal, Clarice quem estava na direção, ela quem perdeu o controle do carro. Em teor
A viagem de carro foi, de fasto, muito mais rápida. No caminho, Clarice descobriu que o nome do senhor era Jorge, e soube ainda que ele conhecia sua mãe desde que ela era uma pré-adolescente. Jorge ficou sentido pela notícia do falecimento de Elaina e afirmou que ele e sua esposa estariam disponíveis para ajudá-la na adaptação, já que a casa onde Clarice ficaria era bem afastada da zona principal da cidade. Levaram cerca de duas horas para chegar até Pinewood, e, assim que cruzaram a única avenida do lugar, Clarice notou como a cidade ainda era exatamente a mesma. Algumas lojas com fachada reformada, uma e outra lojinha mais recende, mas quase nada havia mudado, ainda era o mesmo lugarzinho frio e meio vazio de sempre, mas com pessoas acolhedoras. Seguiram pela avenida até cruzar a cidade, saindo da zona mais populada até a estrada que lavava a grande indústria de tecnologia e sustentabilidade que empregava boa parte das pessoas da região. Mas não chegaram tão perto dela, pararam v
O som dos móveis sendo arrastados ecoava pela casa, misturado ao ritmo suave da música que tocava do celular de Clarice. Ela havia aberto todas as janelas, permitindo que o ar fresco e o cheiro úmido da floresta entrassem, e a luz do fim da tarde iluminasse o ambiente.— Pronto — suspirou, limpando uma gota de suor da testa. — Último móvel.O cansaço começava a pesar em seus ombros, mas Clarice sabia que a sensação de estar naquela casa era tudo o que precisava para continuar. Já fazia horas que estava de pé, limpando cada canto, cada móvel coberto de poeira. Colocar tudo em ordem era a forma dela de lidar com as memórias e a saudade. O sofá da sala, onde ela e sua mãe costumavam passar as noites juntas assistindo séries de TV, estava agora limpo e convidativo. As cortinas brancas balançavam suavemente ao vento, trazendo uma sensação de paz que ela não sentia há muito tempo.“Parece que estou mais perto de você agora, mãe”, pensou, sentindo uma pontada de tristeza no peito. A música
No dia seguinte, Clarice despertou com o som suave do vento balançando as cortinas do quarto. O sol mal havia nascido, e os primeiros raios de luz invadiam o ambiente com delicadeza. Ela se espreguiçou, sentindo o corpo um pouco dolorido por ter dormido no quintal.— Que ideia foi essa de dormir lá fora? — reclamou para si mesma, enquanto se levantava da cama. Caminhou até a cozinha, ligando a cafeteira. Precisava de um café forte para começar o dia. Hoje seria o dia de encontrar o local perfeito para a floricultura, não podia demorar, precisava pegar a boa estação para garantir que as flores cresceriam bem quando ela plantasse. Até que pudesse cuidar da própria produção, enquanto as suas flores não cresciam, ela precisaria de um fornecedor, mas já tinha um em mente, a mesma pessoa que lhe forneceria as sementes para que ela começasse a plantar suas flores em seu grande quintal. Clarice tinha várias ideias em mente, e a ansiedade por começar logo era quase palpável.Enquanto espe
— Você deve ser Clarice, certo? — perguntou a mulher.— Sim, sou eu. — respondeu, apertando a mão da mulher com firmeza. — Estou muito interessada no espaço. Acho que é perfeito para o que eu preciso.As duas conversaram sobre os detalhes, e, em pouco tempo, Clarice já havia decidido: aquele seria o local onde realizaria o sonho de abrir a floricultura. Depois de algumas formalidades e de assinar o contrato de aluguel, Clarice saiu da loja com um sorriso satisfeito no rosto. Seu coração batia mais rápido, não apenas pela empolgação de começar seu próprio negócio, mas também pela sensação de estar dando um passo importante para honrar a memória de sua mãe.— É isso, mãe. — sussurrou para si mesma, olhando para o céu limpo. — Estou começando de novo, do jeito que você sempre quis.Ainda perdida em pensamentos, Clarice vagou pelas ruas tranquilas de Pinewood. O clima calmo e as poucas pessoas a cumprimentando a lembravam do quanto ela gostava de viver ali quando era criança. Havia uma ce
As cortinas pesadas evitavam que a luz do sol entrasse, o quarto grande e confortável estava completamente escuro e os lençóis farfalhavam a medida que Clarck se movia, erguendo seu corpo e se levantando da cama, deixando os lençóis para trás enquanto caminhava preguiçosamente em direção à mesa que havia no canto esquerdo, pegando seu celular e conferindo as horas. A luz da tela se acendeu e iluminou um pouco o quarto, tornando o rosto bonito dele visível em meio a escuridão. Os olhos cor de âmbar ainda estavam levemente avermelhados, encarando a tela do celular meio franzidos, assim como as sobrancelhas grossas. Ele passou a destra no rosto, puxando para trás os cabelos castanhos curtos que estavam levemente bagunçados, a medida que caminhava em direção à janela, já era tarde, ao menos para ele. O relógio na tela do celular marcavam sete e quarenta da manhã e ele tinha vinte minutos para se arrumar e entrar no carro, assim conseguiria chegar ao escritório antes do expediente dos fun
Assim que desceu as escadas e pisou os pés na imensa sala de jantar da grande casa que abrigava grande parte da matilha, Clarck ouviu a voz de seu pai ressoar atrás de si, bem como os passos rápidos dele, Donovan sabia que o filho fugiria assim que possível, então, sua única opção era alcançá-lo antes que ele conseguisse escapar.— Nem pense em fugir, garoto — o homeo disse, caminhando mais rápido e esticando o braço para segurar Clarck antes que este pudesse escapar. Apesar de seu filho já ser um homem formado e, inclusive, já ter ocupado o posto de alfa, Donavan ainda o tratava como um adolescente inconsequente às vezes. Não podia evitar ver o filho como um filhote que ainda precisava de instruções. — Bom dia para você também, pai — Clarck resmungou, com um pequeno sorriso, batendo no ombro de seu pai e o cumprimentando. Eram muito parecidos, mas Clarck conseguia ser ainda mais alto que Donavan, e também mais forte, mesmo que só um pouco. Fora isso, os traços, a cor âmbar dos olh