Na alcateia Garra sangrentaO mau humor do alfa era quase tangivel a qualquer um que o visse caminhando em direção a casa do druida. Aquele não era um caminho comum para Clarck, não costumava visitar Guillaume com frequência, primeiro porque não gostava dele, afinal, diferente de todos, Guillaume não tinha medo de ser rude com Clarck, segundo porque a filha do druida herdara a mesma coragem o pai, e aquilo o irritava profundamente. A casa simples de madeira ficava bem adentro da floresta, ainda dentro do terreno da matilha, mas longe de onde havia mais movimentação, já que o druida preferia a paz que somente a mata poderia proporcionar. Clarck não se deu ao trabalho de bater, empurrou a porta e entrou na pequena casa sem vergonha ou receio algum, vendo o druida sentado numa poltrona a frente da lareira. Diferente de Clarck, Guillaume tinha traços nativos, seus cabelos eram longos, indo até abaixo os ombros, castanhos e perfeitamente lisos, os olhos castanhos eram astutos e os traços
Quando as portas da floricultura se abriram naquela manhã, Clarice respirou fundo. Estava cansada por ter dormido mal durante a noite. Sons estranhos vindos da mata ao redor de sua casa haviam perturbado seu sono.“Talvez seja bom fazer uma cerca...”, murmurou enquanto arrastava um vaso grande com uma pequena palmeira para fora da loja, permitindo que a planta tomasse o sol matinal.Embora estivesse com tudo organizado, ela não esperava movimento antes das dez da manhã. Por isso, quando um carro luxuoso parou em frente à loja, ela franziu o cenho. A ruiva, vestida em seu uniforme habitual — uma blusa branca com o logotipo da floricultura bordado, combinada com jeans skinny e um boné preto que protegia seus olhos do sol —, limpou as m&at
— Tenho certeza de que ela estaria orgulhosa de você.Clarice engoliu em seco, surpresa com o gesto. Mas Clarck queria tanto tocá-la que sequer se importou se aquilo iria soar estranho, aqueles poucos segundos valeram a pena, certamente. Quando Bankov afastou a mão, inclinou-se e deixou um beijo suave na bochecha dela, tão próximo dos lábios que a pele de Clarice esquentou no mesmo instante.Antes que ela pudesse dizer algo, Clarck já estava a caminho da porta, segurando o buquê.— Preciso ir! Cuide-se, Clarice — disse antes de sair.Assim que ele se foi, o som do sininho na porta anunciando outro cliente trouxe Clarice de volta à realidade. Era Sarah, a jovem que conhecera na noite ante
As primeiras luzes da manhã mal haviam tocado os campos ao redor da alcateia, mas o humor de Loren já estava tão denso quanto a neblina que cobria o vale. Há dois dias, Clarck a evitava. Ele sequer lhe dava explicações, apenas se distanciava quando ela estava perto, ou fingia que ela não estava presente durante os momentos comuns da alcateia. E aquilo já estava deixando a loira completamente furiosa, afinal, que homem ousaria ignorá-la desse jeito?“Um homem que já encontrou sua companheira…”, Solara cantarolou, a loba tinha prazer em frustrar as esperanças de Loren com o alfa, afinal, ela desejava encontrar seu companheiro destinado. — A companheira dele sou eu — Loren sussurrou para s mesma, enquanto saia de seu quarto e caminhava em direção à sala de estar. Sabia que Clarck tirava um tempo por ali durante algumas manhãs, então, já que ele não se dava ao trabalho de falar com ela, talvez ela mesma devesse o encurralar. Estava perfeitamente vestida e arrumada, maquiagem leve, ca
Deixar o que queria de lado certamente não era alo que Loren fazia com frequência, por isso estava no jardim, pouco depois do treino dos guerreiros, que era ministrado por Sirius. Ela estava sentada numa das pedras do jardim, brincando com uma flor como se fosse um momento casual, enquanto seus olhos afiados acompanhavam Sirius, que estava cruzado o jardim em direção a casa central da alcateia. — Sirius! — chamou, acenando com a mão.Ele parou e se aproximou, os ombros relaxados e o sorriso fácil de sempre.— Loren? Aconteceu alguma coisa?Ela sorriu, ajustando uma mecha de cabelo para trás da orelha.— Ah, nada de mais, só estou meio entediada, pensando em dar um pulinho na cidade. Soube que vocês fora pra lá e vi que Nora ganhou umas flores lindas do Jhon. Onde vocês compraram? Queria dar um pulinho lá. Sirius inclinou a cabeça, parecendo confuso com a pergunta, mas dando de ombros, afinal, mulheres costumavam gostar de flores e coisas assim, não é?— Ah, sim. Fomos resolver umas
Capítulo 9: Lua cheia e lobos negros A noite caía devagar sobre Pinewood, tingindo o céu com tons de lilás e laranja. Depois que Loren deixou a floricultura, Clarice suspirou longamente, exausta, mas ansiosa. Não podia negar que a visita de Loren fora estranha e até constrangedora, a forma como a loira tentava reafirmar Clarck como seu narmorado foi incomoda a Clarice por algum motivo.Clarice verificou as últimas flores no balcão, ajustando um botão de rosa que insistia em se inclinar para o lado errado. Assim que trancou a porta da loja, Sarah apareceu com seu sorriso radiante e energia contagiante.Já estavam devidamente vestidas, Clarcie usava um vestido florido amarelo, com um decote bonito e tecido solto, seus cabelos estavam soltos e ela tinha uma maquiagem leve feita por Sarah dando enfase a cada traço bonito de seu rosto. — Pronta para se divertir? — perguntou Sarah, segurando uma bolsa pequena e chamativa.— Estou, eu acho! — respondeu Clarice, com uma empolgação um pouco
A noite já estava avançada quando o filme terminou, o grupo saiu do cinema e, enquanto Sarah se despediu de Clarice, a abraçando e entrando no carro de Tomás, Lucian olhou para a ruiva com um sorriso gentil:— É perigoso dirigir sozinha a essa hora — argumentou ele. — Posso te levar em casa se quiser. — Eu agradeço, mas prefiro ir sozinha — Clarice sorriu para suavizar a recusa. — Não quero te ocupar.— Tudo bem, mas toma meu número, me avisa quando chegar em casa — Lucian falou, sorrindo para ela com gentileza enquanto entrava em seu próprio carro. Clarice não demorou para entrar no carro, respirando aliviada por finalmente estar sozinha, gostava tanto de sua própria companhia e ficar segurando vela para sua amiga não era o melhor programa da noite, apesar de ter se divertido no cinema. No caminho de volta para casa, Clarice dirigia devagar pelas estradas desertas que cortavam a floresta. O silêncio era quase absoluto, exceto pelo motor do carro e o canto ocasional de insetos notu
Clarck estava inquieto.A noite parecia especialmente silenciosa, como se o mundo segurasse o fôlego em antecipação a algo terrível. No escritório da grande mansão da alcateia, ele percorria os papéis sobre a mesa, fingindo que estava concentrado em algum relatório financeiro da indústria, mas sua mente estava longe dali.“Está sentindo isso?”, Dorian falou pela primeira vez em horas, a voz sombria ressoando como um eco na cabeça de Clarck.— Sentindo o quê? — ele murmurou para si mesmo, embora já soubesse a resposta.Desde o pôr do sol, algo o incomodava. Um formigamento na nuca, como se olhos invisíveis o observassem. Algo além das fronteiras de seu território parecia estar em movimento, algo perigoso, com certeza. Ser um alfa lhe tinha seus ônus e bônus, e um desses bônus era sentir coisas que outros lobos não sentiam. Seus instintos eram muito mais fortes.“Um predador. Tem alguma coisa no nosso território… Não é um lobo como nos é… Eu tenho certeza que está perto dela!”Clarck es