Capítulo 9: Lua cheia e lobos negros A noite caía devagar sobre Pinewood, tingindo o céu com tons de lilás e laranja. Depois que Loren deixou a floricultura, Clarice suspirou longamente, exausta, mas ansiosa. Não podia negar que a visita de Loren fora estranha e até constrangedora, a forma como a loira tentava reafirmar Clarck como seu narmorado foi incomoda a Clarice por algum motivo.Clarice verificou as últimas flores no balcão, ajustando um botão de rosa que insistia em se inclinar para o lado errado. Assim que trancou a porta da loja, Sarah apareceu com seu sorriso radiante e energia contagiante.Já estavam devidamente vestidas, Clarcie usava um vestido florido amarelo, com um decote bonito e tecido solto, seus cabelos estavam soltos e ela tinha uma maquiagem leve feita por Sarah dando enfase a cada traço bonito de seu rosto. — Pronta para se divertir? — perguntou Sarah, segurando uma bolsa pequena e chamativa.— Estou, eu acho! — respondeu Clarice, com uma empolgação um pouco
A noite já estava avançada quando o filme terminou, o grupo saiu do cinema e, enquanto Sarah se despediu de Clarice, a abraçando e entrando no carro de Tomás, Lucian olhou para a ruiva com um sorriso gentil:— É perigoso dirigir sozinha a essa hora — argumentou ele. — Posso te levar em casa se quiser. — Eu agradeço, mas prefiro ir sozinha — Clarice sorriu para suavizar a recusa. — Não quero te ocupar.— Tudo bem, mas toma meu número, me avisa quando chegar em casa — Lucian falou, sorrindo para ela com gentileza enquanto entrava em seu próprio carro. Clarice não demorou para entrar no carro, respirando aliviada por finalmente estar sozinha, gostava tanto de sua própria companhia e ficar segurando vela para sua amiga não era o melhor programa da noite, apesar de ter se divertido no cinema. No caminho de volta para casa, Clarice dirigia devagar pelas estradas desertas que cortavam a floresta. O silêncio era quase absoluto, exceto pelo motor do carro e o canto ocasional de insetos notu
Clarck estava inquieto.A noite parecia especialmente silenciosa, como se o mundo segurasse o fôlego em antecipação a algo terrível. No escritório da grande mansão da alcateia, ele percorria os papéis sobre a mesa, fingindo que estava concentrado em algum relatório financeiro da indústria, mas sua mente estava longe dali.“Está sentindo isso?”, Dorian falou pela primeira vez em horas, a voz sombria ressoando como um eco na cabeça de Clarck.— Sentindo o quê? — ele murmurou para si mesmo, embora já soubesse a resposta.Desde o pôr do sol, algo o incomodava. Um formigamento na nuca, como se olhos invisíveis o observassem. Algo além das fronteiras de seu território parecia estar em movimento, algo perigoso, com certeza. Ser um alfa lhe tinha seus ônus e bônus, e um desses bônus era sentir coisas que outros lobos não sentiam. Seus instintos eram muito mais fortes.“Um predador. Tem alguma coisa no nosso território… Não é um lobo como nos é… Eu tenho certeza que está perto dela!”Clarck es
Clarice estava encostada em seu carro, o rosto pálido, os olhos arregalados. À sua frente, uma enorme criatura avançava lentamente, como um predador prestes a fazer sua presa.Era maior que Dorian, seu corpo musculoso, coberto de pelos grisalhos, tinha garras enormes que brilhavam à luz da lua, e seus olhos, de um amarelo opaco, estavam fixos na jovem ruiva. O rosnado gutural e grotesco ecoou pela estrada enquanto Clarice se encolheu, e Dorian sentiu cada pelo de seu corpo se eriçar com a adrenalina. Precisava fazer alguma coisa, se preocuparia com o que era aquela maldita criatura depois. — Não... — Clarice murmurou, sua voz trêmula. Ela se encolheu ainda mais, as mãos tremendo enquanto tentava alcançar o celular, mas seus dedos escorregavam inutilmente.A criatura rugiu e Dorian podia jurar que sentiu a terra tremer sob seus pés, mas ele não perdeu tempo. Avançou como um raio, o chão tremendo sob o impacto de suas patas enquanto se lançava sobre a criatura.Os dois colidiram com
O ar estava pesado, com o cheiro de terra molhada e folhas esmagadas sob os pés de Sirius. Havia parado o carro logo a frente da casa de Clarice, e a grama baixa que fazia o caminho até a pequena varanda da garota parecia um tapete macio sob o caminhar do lobo. Clarice observava, pela janela, a imagem de Sirius, vestindo seu usual casaco de couro negro, elegante e sempre de expressão fechada, refletia uma aura de mistério. Enquanto o rapaz se aproximava, a ruiva suspirou, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha, estava conformada que sua vida jamais seria a mesma.Sirius bateu à porta três vezes, apenas um aviso formal de que havia chegado, já que ele percebeu Clarice na janela vigiando. A garota saiu da janela apenas para dar alguns passos em direção à porta, abrindo-a um pouco sem jeito, olhando para o rapaz.— Vim trazer as roupas — ele disse, sem rodeios, entrando na casa assim que Clarice deu passagem. Estava com uma bolsa no ombro e parecia tenso. A ruiva indicou as escad
No caminho de volta, apesar de parecer seguro e confiante, Sirius podia ver através da fachada de seu alfa, e ele percebia como Clarck parecia preocupado. Os ombros duros, quase imoveis enquanto andava, o olhar perdido entre as árvores enquanto seguiam para o carro. — Então… Ela sabe? — Sirius perguntou, quebrando o silêncio.A pergunta de ouro. O alfa finalmente havia encontrado sua companheira, e Sirius jamais imaginou que ele resistiria tantos dias sem marcá-la de uma vez. Será que finalmente ele havia contado sobre o vínculo? Aquela era a dúvida que corroía sua mente desde que Clarck o ligou falando que estava na casa da florista.Clarck não respondeu de imediato. Seu olhar fixo na trilha à sua frente mostrava que sua mente estava longe, ocupada com os pensamentos pesados que o atormentavam. Sirius repetiu a pergunta, mais uma vez, e Clarck, finalmente, falou.— Não — ele disse, a voz baixa. — Ela não sabe sobre o vínculo, não era nem para saber sobre os lobos. Sirius franziu a
— Não se aproxime daquela floricultura nunca mais, entendeu? — Clarck rosnou, sua voz baixa e perigosa. — Se não quiser virar uma rogue, uma renegada, me obedeça. Lembre-se que o maldito alfa dessa alcateia, sou eu! Você entendeu?Loren, sentindo o aperto em sua garganta aumentar, fechou os olhos, sentindo o mundo girar ao seu redor, sem conseguir respirar. Mas Clarck não a soltou.— Não me desafie de novo — ele disse, sua voz, agora mais grossa, mesclada a de Dorian, fez cada osso do corpo de Loren tremer. — Siga se caminho e não se meta em assuntos que não são da sua conta, loba!As outras lobas, que estavam assistindo em silêncio, pareciam em pânico. Elas olhavam para o chão, desviando os olhos de Clarck, que estava tão imponente, tão voraz, que ninguém ousava interromper. Loren, por sua vez, soltou um suspiro abafado, a raiva ainda pulsando em suas veias, mas estava consciente que se quisesse continuar tendo uma alcateia, se quisesse continuar perto de Clarck, a única coisa que po
Clarice estava sentada na mesa da cozinha, os dedos trêmulos acariciando o vidro da xícara de café. O cheiro forte de café amargo invadia o ar, mas ela mal o sentia. Seu olhar estava fixo no celular em sua frente, a tela iluminada pela luz fraca da manhã. Ela hesitou por um momento, os pensamentos se atropelando, como poderia explicar tudo o que estava acontecendo para Sarah? Quando deixou a amiga no estacionamento do cinema, sua vida estava tão normal quanto deveria ser, mas agora? Agora ela precisava lidar com lobos, quase foi morta por uma criatura gigante e, principalmente, agora sabia que Clarck Bankov não era um humano comum, ele estava longe de ser isso. Com um suspiro profundo, Clarice finalmente começou a digitar a mensagem, suas mãos ainda tremendo. Ela sabia que tinha que falar com alguém, precisava desabafar antes que enlouquecesse completamente, principalmente agora que a ficha começava a cair. “Sarah, preciso de ajuda. Ontem, depois que fui pra casa, aconteceu tanta co