Clarice estava encostada em seu carro, o rosto pálido, os olhos arregalados. À sua frente, uma enorme criatura avançava lentamente, como um predador prestes a fazer sua presa.Era maior que Dorian, seu corpo musculoso, coberto de pelos grisalhos, tinha garras enormes que brilhavam à luz da lua, e seus olhos, de um amarelo opaco, estavam fixos na jovem ruiva. O rosnado gutural e grotesco ecoou pela estrada enquanto Clarice se encolheu, e Dorian sentiu cada pelo de seu corpo se eriçar com a adrenalina. Precisava fazer alguma coisa, se preocuparia com o que era aquela maldita criatura depois. — Não... — Clarice murmurou, sua voz trêmula. Ela se encolheu ainda mais, as mãos tremendo enquanto tentava alcançar o celular, mas seus dedos escorregavam inutilmente.A criatura rugiu e Dorian podia jurar que sentiu a terra tremer sob seus pés, mas ele não perdeu tempo. Avançou como um raio, o chão tremendo sob o impacto de suas patas enquanto se lançava sobre a criatura.Os dois colidiram com
O ar estava pesado, com o cheiro de terra molhada e folhas esmagadas sob os pés de Sirius. Havia parado o carro logo a frente da casa de Clarice, e a grama baixa que fazia o caminho até a pequena varanda da garota parecia um tapete macio sob o caminhar do lobo. Clarice observava, pela janela, a imagem de Sirius, vestindo seu usual casaco de couro negro, elegante e sempre de expressão fechada, refletia uma aura de mistério. Enquanto o rapaz se aproximava, a ruiva suspirou, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha, estava conformada que sua vida jamais seria a mesma.Sirius bateu à porta três vezes, apenas um aviso formal de que havia chegado, já que ele percebeu Clarice na janela vigiando. A garota saiu da janela apenas para dar alguns passos em direção à porta, abrindo-a um pouco sem jeito, olhando para o rapaz.— Vim trazer as roupas — ele disse, sem rodeios, entrando na casa assim que Clarice deu passagem. Estava com uma bolsa no ombro e parecia tenso. A ruiva indicou as escad
No caminho de volta, apesar de parecer seguro e confiante, Sirius podia ver através da fachada de seu alfa, e ele percebia como Clarck parecia preocupado. Os ombros duros, quase imoveis enquanto andava, o olhar perdido entre as árvores enquanto seguiam para o carro. — Então… Ela sabe? — Sirius perguntou, quebrando o silêncio.A pergunta de ouro. O alfa finalmente havia encontrado sua companheira, e Sirius jamais imaginou que ele resistiria tantos dias sem marcá-la de uma vez. Será que finalmente ele havia contado sobre o vínculo? Aquela era a dúvida que corroía sua mente desde que Clarck o ligou falando que estava na casa da florista.Clarck não respondeu de imediato. Seu olhar fixo na trilha à sua frente mostrava que sua mente estava longe, ocupada com os pensamentos pesados que o atormentavam. Sirius repetiu a pergunta, mais uma vez, e Clarck, finalmente, falou.— Não — ele disse, a voz baixa. — Ela não sabe sobre o vínculo, não era nem para saber sobre os lobos. Sirius franziu a
— Não se aproxime daquela floricultura nunca mais, entendeu? — Clarck rosnou, sua voz baixa e perigosa. — Se não quiser virar uma rogue, uma renegada, me obedeça. Lembre-se que o maldito alfa dessa alcateia, sou eu! Você entendeu?Loren, sentindo o aperto em sua garganta aumentar, fechou os olhos, sentindo o mundo girar ao seu redor, sem conseguir respirar. Mas Clarck não a soltou.— Não me desafie de novo — ele disse, sua voz, agora mais grossa, mesclada a de Dorian, fez cada osso do corpo de Loren tremer. — Siga se caminho e não se meta em assuntos que não são da sua conta, loba!As outras lobas, que estavam assistindo em silêncio, pareciam em pânico. Elas olhavam para o chão, desviando os olhos de Clarck, que estava tão imponente, tão voraz, que ninguém ousava interromper. Loren, por sua vez, soltou um suspiro abafado, a raiva ainda pulsando em suas veias, mas estava consciente que se quisesse continuar tendo uma alcateia, se quisesse continuar perto de Clarck, a única coisa que po
Clarice estava sentada na mesa da cozinha, os dedos trêmulos acariciando o vidro da xícara de café. O cheiro forte de café amargo invadia o ar, mas ela mal o sentia. Seu olhar estava fixo no celular em sua frente, a tela iluminada pela luz fraca da manhã. Ela hesitou por um momento, os pensamentos se atropelando, como poderia explicar tudo o que estava acontecendo para Sarah? Quando deixou a amiga no estacionamento do cinema, sua vida estava tão normal quanto deveria ser, mas agora? Agora ela precisava lidar com lobos, quase foi morta por uma criatura gigante e, principalmente, agora sabia que Clarck Bankov não era um humano comum, ele estava longe de ser isso. Com um suspiro profundo, Clarice finalmente começou a digitar a mensagem, suas mãos ainda tremendo. Ela sabia que tinha que falar com alguém, precisava desabafar antes que enlouquecesse completamente, principalmente agora que a ficha começava a cair. “Sarah, preciso de ajuda. Ontem, depois que fui pra casa, aconteceu tanta co
— Ela sempre falou disso. A avó era conhecida por ser excêntrica, por suas crenças bizarras, mas ela sempre afirmava com tanta convicção. Ela me disse que as bruxas têm poderes, Clarice. Que podem ver o futuro, ler os pensamentos, até fazer feitiçarias. E sempre falava dos Bankov, como se eles fossem uma ameaça. Eu nunca entendi direito, até agora.E se a avó de Sarah tivesse as respostas que ela precisava? Talvez, encontrar algum sentido naquele caos todo acalmasse um pouco seu coração. — Nós poderíamos… Ir até sua avó? — Clarice sugeriu, já começando a pegar a bolsa e se dirigindo para a porta. — Talvez ela saiba algo que pode me ajudar a não enlouquecer de vez.Sarah ficou em silêncio por um momento, ponderando, antes de acenar com a cabeça.— Vamos. Eu confio em você, se acha que precisa disso, vamos. Mas… eu não garanto que a minha avó vai ser fácil de lidar. Ela é... bem peculiar.As duas saíram rapidamente da casa de Clarice, o carro de Sarah estava estacionado do lado de fora
As duas mninas entraram na casa de Ella, que exalava um cheiro de incenso delicioso que deixou Clarice mais calma. O local era simples,mas extremamente bonito, haviam varias plantas, roseiras em flor, e tudo era perfeitamente arrumado e organizado. Ella caminhava pela casa sempressa alguma, guiando as meninas em direção a sala de jantar, nas paredes, haviam alguns amuletos de vários tipos, em sua maioria amuletos de proteção. També haviam vários livros espalhados aqui e ali, algumas estantes abarrotadas. Quando hegaram a sala de jantar, as janelas estavam fechadas e toda a luz do ambiente vinha da luz amarelada baixa que deixava o loal ilumnado de forma leve. Ella se sentou numa as tres cadeiras que estavam dspostas na mesa redonda, a frente dela, um deck de tarot e alguns ristais ao redor da mesa. — Sentem-se meninas, vamos — Ella indicou as duas cadeiras, esperando as duas se sentarem. — Estava me preparando para tirar as cartas, sabia que alguém precisaria de respostas hoje…
Clarice sentiu o estômago revirar ao ver a carta, o esqueleto com a foice na mão, a morte iminente de algo. Mas ela sabia, no fundo, que a Morte não significava o fim. Era a transição, o renascimento, a mudança.— A Morte fala da transformação, Clarice. Algo em você está prestes a morrer, algo que vai liberar você para se tornar quem você realmente é. Mas lembre-se, cada mudança traz dor. E você não sabe a extensão do que precisará abrir mão.A bruxa a observava com intensidade, como se soubesse que aquelas palavras ressoavam em um lugar muito profundo de Clarice. Mas o pior ainda estava por vir.A última carta foi virada: O Diabo.A expressão de Ella se endureceu, e a sala ficou ainda mais densa. O Diabo, a carta mais temida do tarot. Representava os vícios, as tentações e, muitas vezes, os lados sombrios da própria alma.— O Diabo não é um inimigo externo, Clarice. Ele é você mesma. As escolhas que você fará, as dúvidas que vão te consumir... Mas há algo mais. O Diabo também fala so