A manhã se levantava com um sol dourado e suave, banhando a clareira onde a matilha Garra Sangrenta se preparava para celebrar um dia que ficaria marcado para sempre na memória de todos. Depois de tantos desafios, lutas e rituais, os membros agora encontravam forças para sorrir. Hoje, a festa não era apenas uma comemoração de vitórias, mas o anúncio de novos laços e de um futuro promissor.Dois casamentos seriam celebrados naquele dia. Ao longe, o som alegre de risos e conversas misturava-se aos uivos que a natureza, como se quisesse participar da festa, entoava em harmonia. A decoração era primorosa, arranjos florais cuidadosamente dispostos, luzes cintilantes penduradas nas árvores e um tapete de pétalas que guiava os convidados até o altar improvisado em meio à natureza.No centro de toda essa celebração, duas uniões que se entrelaçavam com laços de sangue e afeto. Sarah, que se preparava para unir sua vida a de Gael, e Loren, que, com os olhos brilhando de emoção, aguardava o mome
Eiden, com a voz trêmula, mas decidida, completou: — Eu prometo cuidar de ti e proteger-te com todas as forças que me restam. Hoje, deixo para trás as sombras que me atormentavam e abraço, com toda a sinceridade, o amor que você me oferece. Que juntos possamos construir um caminho repleto de luz e esperança.As declarações foram acompanhadas de aplausos emocionados dos presentes. O altar se encheu de uma aura mágica, como se a própria natureza respondesse ao amor que ali se celebrava. Enquanto os votos eram selados com beijos ternos e sorrisos compartilhados, Clarice, que assistia a tudo com os olhos marejados, mal conseguia conter a felicidade. Para ela, ver Sarah e Loren unindo-se de forma tão profunda significava não só a concretização de um sonho, mas o início de uma nova família, uma família que, de tão unida, ultrapassava os laços de sangue e se transformava em puro amor.Após a cerimônia, os convidados foram conduzidos para a área do banquete. As mesas foram decoradas com simpl
Enquanto a festa seguia, Clarice subiu até um dos terraços que margeava o salão, de onde podia ver toda a clareira iluminada pela luz suave da lua. O ar fresco da noite a envolvia, e naquele instante ela se permitiu respirar fundo, sentindo cada emoção percorrer seu corpo. Foi então que seus olhos se depararam novamente com a figura de Sidônia, a deusa da umbra, que observava de longe, sobre um manto de sombras e luz.Sidônia parecia abençoar o evento com um olhar que misturava ternura e a firme certeza de que aquela união era apenas o começo de algo muito maior. Em seu semblante sereno, havia a promessa de que as histórias que se entrelaçavam naquele dia se transformariam em lendas, em memórias que atravessariam gerações.Com o coração em festa, Clarice murmurou para si mesma: — Que assim seja, que o amor nos guie e que cada nova história seja escrita com a tinta da esperança.Ao retornar para o salão, ela encontrou Sarah e Loren que a aguardavam com sorrisos amplos. As três se abraç
15 anos depoisA noite se fazia silenciosa e enigmática, com um céu sem lua, mas salpicado de incontáveis estrelas que, como pequenas lanternas, iluminavam a mata com um brilho tênue. Edla, aos 23 anos, corria pelas trilhas do bosque com uma determinação que misturava liberdade e um sentimento inexplicável de inquietude. Seus longos cabelos negros esvoaçavam a cada passo, e seu olhar, carregado de memórias e segredos, refletia a intensidade de uma alma que já havia vivido demais. Filha adotiva de Clarice, ela sempre fora parte de algo maior: a alcateia Garra Sangrenta. Porém, naquela noite, seu destino parecia conduzi-la para fora dos limites seguros que sempre a protegiam.Edla tinha o hábito de sair para correr longe do olhar atento de seu pai e das regras rígidas da alcateia. Sempre corria na forma de sua loba, Serenity, que se movia com velocidade. Pelo tamanho, ersa uma loba menor que o normal, era muito rápida e correr era como voar para ela. A conexão entre elas era profunda; S
— Socorro! — implorou Edla, a voz agora mais fraca, quase um sussurro perdido na imensidão da noite. Tentou se debater, mas cada movimento era contido pela força brutal do monstro. A pressão das garras, o peso do corpo, a sensação de estar sendo tragada para um abismo sem retorno, tudo a deixava à beira da rendição.A respiração tornou-se cada vez mais curta, o medo transformando-se em uma paralisia que ameaçava roubar-lhe a última faísca de esperança. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, misturando-se à sujeira da floresta, e cada lágrima era como um adeus silencioso a um futuro que agora parecia incerto e sombrio. Ela sentia o cheiro de sua própria vulnerabilidade, o gosto amargo da derrota iminente, e em meio a tudo isso, um pensamento persistente: ela não queria morrer ali, sem respostas, sem ao menos um último suspiro de liberdade.Tinha certeza de que iria morrer."Caleb… Me ajude por favor!", ela chamou mais uma vez, implorando para que seu irmão ouvisse o link mental e viesse s
“Mãe… Mãe, por favor! Acorda, mãe!” Clarice abriu os olhos, apoiando a mão no peito, ofegante. O quarto ainda estava escuro, uma leve luz entrava pelas cortinas, a luz prateada da lua cheia. A madrugada ia alta e ela deveria estar descansando para pegar seu voo para Pinewood cedo no dia seguinte, mas fazia muito tempo que não conseguia dormir bem. Ela se levantou, os pés descalços tocando o chão frio. Suas cisas já estavam encaixotadas, não pretendia levar muito para sua nova “antiga” casa, apenas o essencial. A única coisa que ainda estava fora das poucas caixas era o porta-retrato que estava repousando ao lado do seu travesseiro. Uma foto da sua mãe, Elaina. As memórias do acidente que havia acontecido há somente um mês a assombravam todos os dias, e a culpa também. As últimas palavras de sua mãe para ela ainda estavam martelando em sua cabeça, ela jamais esqueceria e jamais deixaria de se culpar, afinal, Clarice quem estava na direção, ela quem perdeu o controle do carr
— Pronto — suspirou, limpando uma gota de suor da testa. — Último móvel.Depois de finalmente se instalar, Clarice passou o dia organizando sua casa para que ela ficasse com cara de lar, acolhedora e para que a fizesse ficar mais perto de sua mãe. Mas uma casa fechada e vazia leva tempo para ser um lar, por isso, a faxina foi mais cansativa do que ela imaginou.— Já fiz muito por hoje — murmurou para si mesma, desligando a música e pegando uma garrafa de água que estava na bancada.Seus braços doíam, e as pernas estavam pesadas, mas o importante é que tudo estava finalmente limpo e arrumado, e que agora a casa estava, mais uma vez, vivida, exatamente como ela se lembrava.O crepúsculo já tomava conta do horizonte, e as estrelas começavam a surgir, uma a uma, pontilhando o céu com sua luz suave. Clarice fechou os olhos por um instante, sentindo o cheiro de terra molhada e das plantas que cresciam ao seu redor. O silêncio profundo da floresta a envolvia, apenas quebrado pelo som dista
No dia seguinte, Clarice despertou com o som suave do vento balançando as cortinas do quarto. O sol mal havia nascido, e os primeiros raios de luz invadiam o ambiente com delicadeza. Ela se espreguiçou, sentindo o corpo um pouco dolorido por ter dormido no quintal.— Que ideia foi essa de dormir lá fora? — reclamou para si mesma, enquanto se levantava da cama. Caminhou até a cozinha, ligando a cafeteira. Precisava de um café forte para começar o dia. Hoje seria o dia de encontrar o local perfeito para a floricultura, não podia demorar, precisava pegar a boa estação para garantir que as flores cresceriam bem quando ela plantasse. Até que pudesse cuidar da própria produção, enquanto as suas flores não cresciam, ela precisaria de um fornecedor, mas já tinha um em mente, a mesma pessoa que lhe forneceria as sementes para que ela começasse a plantar suas flores em seu grande quintal. Clarice tinha várias ideias em mente, e a ansiedade por começar logo era quase palpável.Enquanto espe