Aquele foi o primeiro dia de Clarice.
A inauguração da floricultura foi um sucesso, bem, ao menos foi melhor do que ela imaginou que seria.
No dia anterior ela foi até o local para receber o seu carregamento de flores e plantas, tinha de rosas a suculentas, e levou o dia inteiro para arrumar tudo dentro da loja, decorar as prateleiras, organizar os buques prontos e pendurar a fachada que trouxe consigo na viagem, desenhada por sua própria mãe antes do acidente.
O instalador a colocou no dia anterior, as ove da noite, mas ela não se importou em ficar lá até mais tarde esperando isso, ver a placa ali lhe deu uma força de ânimo e lhe aqueceu o coração.
“Floricultura Sussurros do vento”, era esse o nome que Elaina desejava colocar e foi esse o nome que Clarice colocou. Sua mãe dizia que o vento levava o aroma das flores para os apaixonados, sussurrando no ouvido deles juras de amor. Sua mãe sempre foi uma mulher muito romântica, apesar de nunca ter se envolvido com ninguém além de seu pai, quem Clarice nunca conheceu.
Quando o seu primeiro dia acabou, havia vendo vários buques, principalmente de rosas, e também muitas suculentas. Os comerciantes do centro foram extremamente receptivos e vários compraram flores e plantinhas para decorar suas lojas. Dorinha e Jorge a visitaram logo cedo e a senhora fez questão de deixar uma marmitinha com almoço para ela logo que a tarde chegou, já que Clarice mal teve tempo de respirar naquele dia.
Estava apenas colocando as plantas maiores para dentro antes de fechar, o movimento do dia foi ótimo e ela estava feliz, com certeza passaria em algum lugarzinho para comprar um lanche antes de ir para casa e dormiria como uma pedra para acordar bem cedinho no dia seguinte.
Mas antes que ela fechasse de fato, um carro preto elegante parou a frente da floricultura.
Do lado de fora, Clarck, Jhon e Sirius discutiam dentro do carro sobre o que Jhon deveria comprar. Quais tipos de flores mulheres como Nora gostam? Ele estava nervoso, tudo o que queria era agradá-la.
— Tenho certeza que o que você comprar ela vai gostar — Clarck disse, saindo do carro e sentindo o cheiro de rosas e tulipas acerta-lhe em cheio no rosto.
Era tão forte, quase sufocante.
Mas desde quando cheiravam tão bem assim?
A intensidade do cheiro o distraiu tanto que, quando percebeu, Sirius e Jhon já havia entrado no estabelecimento, e ele precisou apressar o passo para alcançá-los. Ele caminhou rapidamente em direção a entrada, empurrando a portinha de vidro e ouvindo o sino tilintar. Dali, podia ouvir a voz de Jhon, mesclada a uma voz feminina risonha e doce que parecia cantar para ele.
Os olhos de Clarck se fiaram na figura pequena que mostrava a Jhon alguns buques e ursinhos de pelúcia, e ele lhe pedia conselhos quanto a sua escolha. Mas suas vozes soavam para Clarck como plano de fundo enquanto ele puxava o ar com força, inspirando o aroma delicioso que atiçava todos os seus sentidos. Não era somente o cheiro de flores, ele tinha certeza, não poderia ser. Era doce, arrepiava cada pelo de seu corpo, e fez Dorian rugir, deixando os olhos de Clarck vermelhos como fogo por um momento enquanto ele a olhava sorrir para Jhon de forma gentil e delicada.
“É ela!”, Doria rugiu, fazendo o coração de Clarck errar as batidas. “COMPANHEIRA!”
— Um buquê de rosas e um ursinho, o que acha? — Clarice sugeriu ao cliente, que lhe era um tanto familiar. Jhon parecia completamente convencido da sugestão da florista, então apenas assentiu, com um sorriso um pouco bobo, imaginando que Nora iria adorar presente inesperado. — Ótimo, pode embalar então, você tem chocolates também? — ele perguntou, observando-a montar o buque com belas rosas vermelhas. — Tenho, podemos fazer uma cestinha e colocar os chocolates dentro junto com o ursinho, o que acha? — A ideia é ótima! Enquanto conversavam, Jhon não se deu ao trabalho de procurar novas opções ou qualquer outra coisa, apenas passou a seguir a florista por todos os lados enquanto a via pegar as flores, os chocolates, embrulhando tudo numa bela cesta que faria qualquer mulher que gostasse daquele tipo de ato suspirar. Clarice tinha um sorriso nos lábios enquanto arrumava a cesta, adorava preparar presentes para casais, aquele foi o primeiro desde a inauguração, já que, durante todo
— Desde quando voltou a Pinewood? Está com sua mãe? — Clarck continuou perguntando, dando alguns passos para trás, se aproximando de um vaso de tulipas para tentar inspirar um aroma que não fosse o dela e acalmar Dorian, que tornava ainda mais difícil resistir ao elo. — Eu lembro de você, era a menininha magrela filha da Elaina, certo? Menina, você cresceu bastante — Sirius falou, olhando-a de cima a baixo de um modo que Clarck precisou se controlar muito para não acabar rosnando. — Estou sozinha — Clarice respondeu, um pouco sem graça, voltando a caminhar em direção à bancada de laços. — Voltei há poucos dias, minha mãe… Bem, ela não está comigo, não mais. Enquanto a ruiva amarrava o laço na bonita cesta de presente, os três homens se entreolharam por um momento, percebendo o que aquela frase significava. — Sinto muito por sua perda — Bankov falou, num tom um pouco rasgado, enquanto sentia Dorian uivar em sua cabeça. O lobo não parava quieto, e ver o olhar triste de sua companhe
— Jhon, paga logo, a gente tem que ir — Sirius falou, antes que o outro pudesse questionar. — Esqueceu daquela reunião importante? Dentro da floricultura, Clarice ouvia a fala dos dois restantes enquanto dividia sua atenção entre olhar para a porta e passar o cartão de Jhon na maquininha. Ela havia dito algo de errado? Por que Clark havia saído daquele jeito? — Ah, é! Por isso, Clarck saiu daquele jeito — Jhon falou, entrando na mentira do amigo. Mas os dois sabiam que não havia reunião nenhuma, e não faziam ideia do motivo para Clarck ter simplesmente saído daquela forma.Não era do feitio do alfa fazer aquele tipo de coisa, costumava ser um homem centrado, apesar de rude quando estava sem paciência. Por isso, obviamente o Beta e o Gamma sabiam que havia algo de errado.— Ele é muito ocupado, não é? — Clarice comentou, enquanto Jhon colocava a senha do cartão. — Vocês cresceram muito, agora têm muito o que fazer, não andam mais invadindo os quintais alheios, certo?A brincadeira a
Quando o carro do alfa estacionou bem em frente à asa da matilha, Loren empertigou a postura, os olhos brilhando enquanto encarava Clarck, que saia do veículo com uma expressão séria e ombros tensos. — Ele é tão bonito… — Vick, uma das melhores amigas de Loren, falou, com um risinho, batendo o ombro no da amiga. — Acho bom prender logo ele, se não alguém pode roubar. — Eu rasgo a garganta da vadia que tentar — Loren respondeu, dando um tapinha na coxa da amiga enquanto levantava. Não demorou para que ela ajeitasse os cabelos, loiros e longos, com ondas perfeitas, e puxasse o decote da blusa um pouco mais para baixo, deixando o volume dos seios ainda mais visíveis. Era uma mulher linda, não havia como negar isso, a pele levemente bronzeada, os olhos verdes e lábios bem desenhados, apesar de não serem grossos. Muitos lobos estavam mais que dispostos a estarem com ela, mesmo que ela não fosse sua companheira destinada. Mas Loren só queria um lobo, o melhor deles. — Como estou? — pe
Quando a noite chegou e, assim como todas as lojas, a floricultura sussurros do vento baixou as portas, Clarice finalmente respirou aliviada. Depois de organizar as flores e umedecer a terra das plantas que precisavam de água a noite, a garota finalmente saiu pela portinha lateral da floricultura. A lua estava cheia e, como sempre, a brisa noturna fria de Pinewood soprava levemente, levando o aroma delicioso de flores recém-colhidas que exalava da floricultura pelo bairro. Os cabelos ruivos de Clarice estavam presos num coque delicado, algumas mechas escapando aqui e ali, ela usava um sobretudo marrom que ocultava suas roupas simples de trabalho. Seus passos em direção a seu carro eram lentos e despreocupados, estava tão contente com o resultado da floricultura que sequer tinha pressa de chegar em casa. Estava com a chave em mãos quando passos apressados chamaram sua atenção, fazendo-a se virar. — Droga! Não acredito que fechou! — uma garota baixinha com a farda de um café que hav
Na alcateia Garra sangrentaO mau humor do alfa era quase tangivel a qualquer um que o visse caminhando em direção a casa do druida. Aquele não era um caminho comum para Clarck, não costumava visitar Guillaume com frequência, primeiro porque não gostava dele, afinal, diferente de todos, Guillaume não tinha medo de ser rude com Clarck, segundo porque a filha do druida herdara a mesma coragem o pai, e aquilo o irritava profundamente. A casa simples de madeira ficava bem adentro da floresta, ainda dentro do terreno da matilha, mas longe de onde havia mais movimentação, já que o druida preferia a paz que somente a mata poderia proporcionar. Clarck não se deu ao trabalho de bater, empurrou a porta e entrou na pequena casa sem vergonha ou receio algum, vendo o druida sentado numa poltrona a frente da lareira. Diferente de Clarck, Guillaume tinha traços nativos, seus cabelos eram longos, indo até abaixo os ombros, castanhos e perfeitamente lisos, os olhos castanhos eram astutos e os traços
Quando as portas da floricultura se abriram naquela manhã, Clarice respirou fundo. Estava cansada por ter dormido mal durante a noite. Sons estranhos vindos da mata ao redor de sua casa haviam perturbado seu sono.“Talvez seja bom fazer uma cerca...”, murmurou enquanto arrastava um vaso grande com uma pequena palmeira para fora da loja, permitindo que a planta tomasse o sol matinal.Embora estivesse com tudo organizado, ela não esperava movimento antes das dez da manhã. Por isso, quando um carro luxuoso parou em frente à loja, ela franziu o cenho. A ruiva, vestida em seu uniforme habitual — uma blusa branca com o logotipo da floricultura bordado, combinada com jeans skinny e um boné preto que protegia seus olhos do sol —, limpou as m&at
— Tenho certeza de que ela estaria orgulhosa de você.Clarice engoliu em seco, surpresa com o gesto. Mas Clarck queria tanto tocá-la que sequer se importou se aquilo iria soar estranho, aqueles poucos segundos valeram a pena, certamente. Quando Bankov afastou a mão, inclinou-se e deixou um beijo suave na bochecha dela, tão próximo dos lábios que a pele de Clarice esquentou no mesmo instante.Antes que ela pudesse dizer algo, Clarck já estava a caminho da porta, segurando o buquê.— Preciso ir! Cuide-se, Clarice — disse antes de sair.Assim que ele se foi, o som do sininho na porta anunciando outro cliente trouxe Clarice de volta à realidade. Era Sarah, a jovem que conhecera na noite ante